Sistema de Forças e
Momento de um Binário
Referências:
Estática – Mecânica para Engenharia – Capítulo 4. Autor: R. C. Ribbeler.
2
Momento Resultante de um Sistema de Forças:
Se um corpo está sujeito à ação de um sistema de forças F1, F2, F3, etc, o momento resultante das forças em relação ao ponto O pode ser determinado pela soma vetorial dos momentos de cada força em relação a O.
ii i
RO
r
F
Exemplo: Um sistema de forças atua sobre uma chapa triangular, conforme mostrado na figura ao lado. Temos:
Resolução: Como todos os lados do triângulo são iguais, trata-se de um triângulo equilátero. Os ângulos do triângulo valem 60º cada um.
N 10 1 F N 6 2 F N 10 3 F N 6 4 F o
60 60o
o
60 As linhas de ação das forças F2 e F3
passam por O, portanto seus momentos são nulos. Apenas as forças F1 e F4
produzem momentos não nulos em relação ao pólo O.
; k k M ; k cm k cm M ˆ , ˆ , ˆ . ˆ . RO RO N.m 52 0 N.m 50 0 N 6 75 N 10 5 . ˆ , RO k
M 0 02N.m
cm 75 de braço cm 5 de braço 4 1 d d F F
F1 produz rotação anti-horária em relação ao ponto O. F4 produz rotação horária em relação a O.
5
Teorema de Varignon:
A
x y
z
r
1
F
2F
3
F
4F
O momento da resultante de diversas forças em relação a um ponto O é igual à soma dos momentos das várias forças em relação ao mesmo ponto.
O
41
i
i
F
M
Or
A
x y
z
R
O
r
41
i
i
F
r
M
O
M
O
r
R
Soma dos momentos das forças ... ... é igual ao momento da
Exemplo: as forças 𝑭1, 𝑭2, 𝑭3, 𝑭4 e 𝑭5 atuam sobre o cubo de aresta 1 m
mostrado na figura. Sabendo que 𝑭1 = 12𝑁, 𝑭2 = 3𝑁, 𝑭3 = 4𝑁, 𝑭4 = 10𝑁 e
Solução: como três as forças agem no ponto C, podemos calcular o momento da resultante dessas três forças atuando em C e, em seguida, somar esse valor com o momento da força atuando em B. A força agindo em A não produz momento pois sua linha de ação passa por O.
Ԧ
𝐹𝑅𝐶 = Ԧ𝐹1 + Ԧ𝐹2 + Ԧ𝐹3 → 𝐹Ԧ𝑅𝐶= −3𝑁 Ƹ𝒊 + 12𝑁 Ƹ𝒋 − 4𝑁𝒌
Ԧ
𝐹1 = 12𝑁 Ƹ𝒋; 𝐹Ԧ2 = −3𝑁 Ƹ𝒊; 𝐹Ԧ3 = −4𝑁𝒌
Escrevendo as forças vetorialmente:
Força resultante em C:
Vetor posição de C em relação a O: Ԧ𝑟𝑂𝐶 = 𝐶 − 𝑂 = 1𝑚 Ƹ𝒊 + 1𝑚 Ƹ𝒋 + 1𝑚𝒌
𝑀𝑂𝐶 =
Ƹ𝑖 Ƹ𝑗 𝑘
1 1 1
−3 12 −4
= −16 Ƹ𝒊 + 1 Ƹ𝒋 + 15𝒌 𝑁𝑚. Ԧ
𝐹4 = −10𝑁 Ƹ𝒊; 𝐹Ԧ5 = 5𝑁 Ƹ𝒋
Momento das forças agindo em C:
𝑀𝑂𝐵 =
Ƹ𝑖 Ƹ𝑗 𝑘 1 1 0 0 5 0
= 5𝑁𝑚𝒌.
Momento da força 𝐹Ԧ5 agindo em B:
Vetor posição de B em relação a O: Ԧ𝑟𝑂𝐵 = 𝐵 − 𝑂 = 1𝑚 Ƹ𝒊 + 1𝑚 Ƹ𝒋
m. 3
OB OC
OA F1 F2 F3 18 N.
Exemplo: No sistema de forças mostrado na figura, temos:
i - j
k R 3N ˆ 3N ˆ 18N ˆ
i
jM RO 9 N.m ˆ 9 N.m ˆ
Ԧ
𝐹1 = 18𝑁መ𝐤
Ponto A(3, 0, 0); Ponto B(0, 3, 0); Ponto C(0, 0, 3)
𝐶𝐴 = 𝐴 − 𝐶 = 3, 0, −3 , 𝐶𝐴 = 18 𝐵𝐶 = 𝐶 − 𝐵 = 0, −3, 3 , 𝐵𝐶 = 18
Ԧ
𝐹3= Ԧ𝐹3 𝑢ො𝐶𝐴 = 18 3
18, 0, − 3
18 = 3𝑁 Ƹ𝐢 − 3𝑁መ𝐤 Ԧ
𝐹2 = Ԧ𝐹2 𝑢ො𝐵𝐶 = 18 0, − 3 18,
3
18 = −3𝑁 Ƹ𝐣 + 3𝑁መ𝐤
𝑀𝑂1 = Ԧ𝑟𝑂𝐶 × Ԧ𝐹1 = 0
𝑀𝑂2 = Ԧ𝑟𝑂𝐵 × Ԧ𝐹2 = 3𝑚 Ƹ𝐣 × −3𝑁 Ƹ𝐣 + 3𝑁መ𝐤 = 9𝑁. 𝑚 Ƹ𝐢 𝑀𝑂3 = Ԧ𝑟𝑂𝐴 × Ԧ𝐹3 = 3𝑚 Ƹ𝐢 × 3𝑁 Ƹ𝐢 − 3𝑁መ𝐤 = 9𝑁. 𝑚 Ƹ𝐣
Calcule a força resultante e o momento resultante em relação a O.
Momento de um Binário (ou Conjugado):
Duas forças F e –F que tenham o mesmo módulo, linhas de ação paralelas e sentidos opostos formam um binário (ou conjugado).
F
F
-
Como a resultante das forças é zero, o corpo não é transladado, mas o momento das forças, por ser não nulo, fará o copo girar.
B
B A
.
A
O
r
F
r
F
r
r
F
M
r
r
r
B
A
vetor posição relativa de F em relação a –F; não depende do pólo O.
r
F
M
Momento do binário; não depende do pólo O.O vetor momento do binário, M, é perpendicular ao plano que contém as duas forças e seu módulo é dado por:
.
d
F
sen
F
r
M
F
F
-
M
d
Quando um binário atua sobre um corpo rígido, não importa onde atuam as duas forças que formam esse binário, nem o módulo e direção delas; a única coisa que importa é o momento do binário (módulo, direção e sentido).
0,15 m
100 N 100 N
z
x y
0,10 m 0,10 m
150 N 150 N
z
x y
0,10 m
0,10 m 150 N
150 N
z
x y
0,10 m
Binários Equivalentes:
M
15N.m
ˆj
jM 15N.m ˆ
jM 15N.m ˆ
Nas figuras ao lado, cada um dos três binários tem o mesmo momento M (mesma direção, sentido e mesmo módulo), portanto os três binários têm o mesmo efeito sobre a caixa, que é o de produzir uma rotação em torno do eixo y.
Resolução: O momento do binário vale:
N.m,
24
m
0,6
.
N
40
F
d
M
M
M
no sentido anti-horário.
O binário equivalente teve ter o mesmo momento e direção do binário original.
O braço de momento entre os pontos
A e B é d = 0,2 m.
m
.0,2
N.m
24
F
d
F
M
N.
120
F
Assim, para obtermos um binário equivalente, devemos aplicar nos pontos A e B forças
Exemplo: Dois binários agem sobre a viga. Determine a intensidade de 𝑭 de modo que o momento de binário resultante seja 450 Nm no sentido anti-horário. Onde atua, na viga, o momento do binário resultante?
Solução:
Decompondo as forças F e –F em componentes horizontais e verticais, vemos que
as componentes verticais estão na mesma linha de ação e seu momento de binário é zero.
𝑀𝑅 = 450 𝑁. 𝑚𝐤 = 2000𝑁. 0,15𝑚𝐤 + 𝐹. cos(30𝑜)0,125𝑚𝐤. 450 𝑁. 𝑚 = 2000𝑁. 0,15𝑚 + 𝐹. cos(30𝑜)0,125𝑚.
450 𝑁. 𝑚 − 300𝑁. 0,15𝑚 = 𝐹. cos(30𝑜)0,125𝑚.
𝐹 = 150 𝑁. 𝑚
cos 30𝑜 0,125𝑚 = 1386𝑁.
Exemplo:Três binários atuam no bloco mostrado na figura.
a) Determine o momento M do binário equivalente que atua sobre o bloco.
Resolução Nm; 150 m 0,6 . N 250 M : Plano Nm; 90 m 0,6 . N 150 M : Plano Nm; 160 m 0,8 . N 200 M : Plano z y x y x z x z y
a) Cálculo do momento total dos binários:
k
j
i
M
160
N.m
ˆ
90
N.m
ˆ
150
N.m
ˆ
b) Cálculo dos ângulos com os eixos x, y e z:
k
j
i
M
M
e
Mˆ
ˆ
ˆ
ˆ
237
150
237
90
237
160
;
5
,
47
o x
237
90
)
cos(
θ
y
237
150
)
cos(
θ
z
237
160
)
cos(
θ
xBinários Como Vetores:
•O vetor que representa um binário, conforme (a), é chamado de vetor binário.
•Um vetor binário é um vetor livre, sem ponto de aplicação, conforme (b).
•Podemos escolher o ponto de aplicação do vetor binário na origem do sistema de coordenadas, conforme (c), se for conveniente.
Decomposição de uma Força Dada em uma Força Aplicada em O
e um Binário:
• Existem situações onde é vantajoso transferir a força F aplicada num ponto A para o polo O.
•Aplicamos duas forças, F e –F, em O. Isso não altera em nada a ação da força original, pois a resultante dessas forças aplicadas em O é zero.
• Ficamos assim com uma força F aplicada em O e um binário de momento
MO = r X F, perpendicular a F.
Exemplo: Determine as componentes do binário equivalente aos dois binários da figura:
150 N
150 N
150 N 150 N
Acrescentamos um par de forças iguais e opostas atuando no mesmo ponto. Isso não muda as condições do problema, mas facilita o cálculo.
i.
i
M
x
200
N
.
0
,
45
m
90
N
m
Momento do binário no plano yz:j.
j
M
y
150
N
.
0
,
3
m
45
N
m
Momento do binário no plano xz:k.
k
M
z
150
N
.
0
,
225
m
33
,
75
N
m
Momento do binário no plano xy:Momento do binário resultante:
k. j
i
k
j
i
i
M
A
200
N
.
0
,
225
m
200
N
.
0
,
225
m
150
N
.
0
,
3
m
150
N
.
0
,
225
m
Momento da forças em relação ao ponto A:Como só temos binários atuando no sistema, a resultante das forças é
zero, e o momento total não depende da escolha do pólo, sendo o mesmo para qualquer pólo.
Solução alternativa
Vamos escolher o ponto A como pólo, e calcular o momento do sistema em relação a esse ponto:
k
j
i
M
A
90
N
m
45
N
m
33
,
75
N
m
Exemplo: Substitua o carregamento do sistema por uma força e momento de binário resultante equivalente no ponto A. Considere a barra como tendo espessura desprezível.
Força Resultante Equivalente em A:
𝑅𝑥 = 900 𝑁 𝑠𝑒𝑛 30𝑜 = 450𝑁.
𝑅𝑦 = −900 𝑁 𝑐𝑜𝑠 30𝑜 − 300 𝑁 = −779𝑁 − 300𝑁 = −1079𝑁
Solução
Momento de Binário Equivalente em A:
𝑀𝑅𝐴 = −900𝑁. 𝑐𝑜𝑠 30𝑜 . 0,75𝑚𝐤 − 300𝑁. 2,25𝑚𝐤 + 300𝑁. 𝑚𝐤 = −960 𝑁. 𝑚𝐤.
Força equivalente:
𝐹𝑥 = 200 𝑁 − 200𝑁 = 0
𝐹𝑦 = −400 𝑁
𝑀𝑅 = −200𝑁. 0,120𝑚 − 400.0,3. 𝑠𝑒𝑛 60𝑜
𝑀𝑅 = −84 𝑁. 𝑚
O momento equivalente é de 84 N.m no sentido horário.
Para que a força equivalente de 400 N na vertical para baixo produza um momento de 84 N.m no sentido horário, o braço dessa força, d, deve ser:
84 𝑁. 𝑚 = 400𝑁. 𝑑 → 𝑑 = 84
400 → 𝑑 = 0,21 𝑚 𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟏 𝒎
C
Portanto a distância OC até o ponto de aplicação da força equivalente deve ser:
OC = d/cos(60º) = 0,42 m ou 420 mm.
3 - 25
• Para mover a força F de A para um ponto diferente O’ deve-se aplicar naquele ponto um vetor binário diferente MO’
F r
M O'
• Os momentos de F em relação a O e a O’ estão relacionados.
F s M F s F r F s r F r M O O ' 'SOLUÇÃO:
a) Calculamos a força resultante para as forças mostradas e o binário resultante para os momentos das forças em relação a A.
b) Encontramos um sistema força-binário em B equivalente ao sistema força-binário em A.
c) Determinamos o ponto de aplicação para a força resultante de tal forma que seu momento em relação a A seja igual ao binário resultante em A.
Exemplo: Para a viga abaixo, reduza o sistema de forças dado a (a) um sistema força-binário equivalente em A, (b) um sistema força binário equivalente em B, e (c) a uma força única ou resultante.
Exemplo: continuação
3 - 27
SOLUÇÃO:
a) Calculamos a força e o binário resultantes em A.
j
j
j
jF R N 250 N 100 N 600 N
150
jR 600 N
i j
j i j i F r MAR
250 8 , 4 100 8 , 2 600 6 , 1
k
3 - 28
b) Encontramos um sistema força-binário em B
equivalente ao sistema força-binário em A.
A força fica inalterada pelo movimento do sistema força-binário de A para B.
jR 600 N
O binário em B é igual ao momento em relação a B do sistema força-binário encontrado em A.
k
kj i k R r M
MBR AR B A
m N 2880 m N 1880 N 600 m 8 , 4 m N 1880
kM BR 1000 Nm
O sistema força-binário obtido pela transferência de uma força F de um ponto A para um ponto O consiste em F e em um vetor binário MO = r X F, perpendicular a F.
Reciprocamente, qualquer sistema força-binário constituído de uma força R e de um vetor binário MO, mutuamente perpendiculares pode ser substituído por uma única força equivalente.
Observação Importante:
m. 3
OB OC
OA
N. 18
2 3
1 F F
F
Exemplo: No sistema de forças mostrado na figura, temos:
i
-
j
k
R
3N
ˆ
3N
ˆ
18
N
ˆ
i
j
M
O
9
N.m
ˆ
9
N.m
ˆ
i
-
j
k
i
j
M
R
•
O
3N
ˆ
3N
ˆ
1N
ˆ
•
9
N.m
ˆ
9
N.m
ˆ
•
M
O0
Mudança de Pólo:
Sejam A e B dois pontos distintos. O momento de um sistema de n forças Fi em relação a esses pólos é:
n i i n i i i i n i i i n i i iA
B
B
P
A
P
B
P
A
P
1 1 1 1,
F
F
M
M
F
F
M
M
B A B A
n i i i n i i iA
P
B
P
1 1F
M
F
M
A B
M
R
M
A
BB
A
M
A
M
B
A
B
R
.
Se soubermos o momento de um sistema de forças em relação ao pólo B, a resultante R desse sistema e o vetor posição AB, podemos achar o momento do sistema de forças em relação ao pólo A.