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0.1 – Matemática Básica I

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(1)

- Departamento de Matem´atica Aplicada (GMA)

MATEM ´

ATICA B ´

ASICA

Notas de aula

- vers˜

ao 3

2009-1

Marlene Dieguez Fernandez

Observa¸c˜oes gerais

(2)

Sum´

ario

I

No¸c˜

oes de l´

ogica e conjuntos

2

1

Conjuntos

3

1.1 Conceito primitivo . . . 3

1.2 Formas de descrever conjuntos . . . 3

1.3 Atribui¸c˜ao de letra ou de nome a conjunto . . . 4

1.4 A rela¸c˜ao entre elemento e conjunto: o s´ımbolo 00 00 . . . . 4

1.5 Conjuntos especiais . . . 5

1.5.1 Conjuntos num´ericos . . . 5

1.5.2 Conjunto vazio . . . 5

1.5.3 Conjunto unit´ario . . . 5

1.5.4 Conjunto finito e conjunto infinito . . . 6

1.5.5 Conjunto universo . . . 6

1.6 Visualiza¸c˜ao: Diagrama de Venn . . . 6

2

Primeiras no¸c˜

oes de l´

ogica

6

2.1 Afirma¸c˜ao ou senten¸ca l´ogica . . . 6

2.2 O operador l´ogico 00n˜ao00 e os conectivos l´ogicos 00e00 00ou00 . . . . 7

2.2.1 O operador 00n˜ao00 . . . . 7

2.2.2 O conectivo 00e00 . . . . 7

2.2.3 O conectivo00ou00 . . . . 8

2.2.4 Nega¸c˜oes de 00e00 e de00ou00: Leis de De Morgan . . . . 8

2.3 Quantificadores . . . 9

2.3.1 O quantificador universal: 0000 . . . . 9

2.3.2 O quantificador existencial: 00 00 . . . . 9

2.3.3 As nega¸c˜oes de 0000 e de 0000. . . 10

2.4 Os conectivos l´ogicos = e ⇐⇒ . . . 10

2.4.1 O conectivo = (implica¸c˜ao) . . . 10

2.4.2 Quandop=⇒q´e falso? ou seja, quandop6=⇒q´e verdadeiro?. . . 12

2.4.3 O conectivo = (a rec´ıproca de =⇒) . . . 12

2.4.4 O conectivo ⇐⇒ (equivalˆencia) . . . 13

2.5 Defini¸c˜ao: o que ´e? . . . 14

2.6 Exemplos e contra-exemplos: quando usar? . . . 15

3

Outros conceitos da linguagem dos conjuntos

16

3.1 Igualdade, inclus˜ao e subconjuntos . . . 16

3.1.1 Igualdade de conjuntos. . . 16

3.1.2 Inclus˜ao e subconjunto . . . 17

3.1.3 A nega¸c˜ao de 00 00 . . . 17

3.1.4 Propriedades da inclus˜ao. . . 17

3.2 Opera¸c˜oes com conjuntos . . . 18

3.2.1 Uni˜ao e interse¸c˜ao . . . 18

3.2.2 Conjuntos disjuntos . . . 20

3.2.3 Diferen¸ca e complementar . . . 20

3.2.4 Propriedades das opera¸c˜oes e do complementar . . . 20

4

No¸c˜

oes da estrutura de teorias matem´

aticas: axioma, postulado, hip´

otese, tese,

defini¸c˜

ao, propriedade, Teorema, ...

21

5

ecnicas de Demonstra¸c˜

ao

22

5.1 Teste de todos casos admiss´ıveis . . . 23

5.2 M´etodo dedutivo . . . 23

5.3 Redu¸c˜ao ao absurdo e contradi¸c˜ao . . . 24

(3)

Parte I

No¸c˜

oes de l´

ogica e conjuntos

Introdu¸c˜ao

Porque estudar no¸c˜oes de l´ogica?

Se um problema foi resolvido, ´e claro que a l´ogica foi usada para resolvˆe-lo, mas sem o conhecimento de v´arias informa¸c˜oes sobre o problema, de nada adiantaria simplesmente usar a l´ogica, n˜ao poder´ıamos ter encontrado a solu¸c˜ao. Na verdade, a l´ogica funciona fazendo a liga¸c˜ao ou conex˜ao entre v´arias informa¸c˜oes para poder concluir novas informa¸c˜oes.

O que pretendemos nesse in´ıcio de curso ´e formalizar alguns procedimentos l´ogicos ou itens da l´ogica, de forma que se criarmos o h´abito de aplicar esses procedimentos l´ogicos, com certeza n˜ao chegaremos a conclus˜oes erradas, t˜ao comuns. Al´em disso, tendo o claro conhecimento de quais s˜ao esses procedimentos l´ogicos, sempre poderemos recorrer a eles para encontrar a solu¸c˜ao ou as poss´ıveis solu¸c˜oes ou concluir que um problema n˜ao tem solu¸c˜ao, bem como compreender ou demonstrar teoremas.

A l´ogica e os conjuntos.

O uso dos procedimentos l´ogicos podem ser exemplificados em qualquer ´area de conhecimento humano, mas, por simplicidade e facilidade, a maioria dos nossos exemplos ser˜ao com conjuntos. Para isso, primeiramente vamos rever conceitos da linguagem dos conjuntos. A seguir veremos as primeiras no¸c˜oes de l´ogica. Aplicaremos essas no¸c˜oes de l´ogica a novos conceitos de conjuntos, voltaremos com mais no¸c˜oes de l´ogica que ser˜ao aplicados aos conjuntos. Isto ´e, formaliza¸c˜oes conceituais de itens da l´ogica e de conjuntos ser˜ao vistos paralelamente.

1

Conjuntos

1.1

Conceito primitivo

Umconjunto ´e uma cole¸c˜ao de objetos ou deelementos.

Observe que n˜ao precisamos especificar a natureza desses elementos, juntando alguns elementos, com similari-dade ou n˜ao entre eles, j´a conseguimos formar um conjunto.

Exemplos

1. os trˆes elementos carbono, hidrogˆeneo e oxigˆeneo formam um conjunto 2. gato, cachorro, cavalo e boi formam um conjunto

3. uva, ma¸c˜a, gato e cachorro formam um conjunto 4. os animais mam´ıferos formam um conjunto

5. os n´umeros inteiros entre 4 e 400 formam um conjunto

6. os n´umeros inteiros entre 1 e 10 junto com as 10 primeiras letras do alfabeto formam um conjunto 7. os n´umeros inteiros maiores do que−4 formam um conjunto

1.2

Formas de descrever conjuntos Um conjunto pode ser descrito por:

Listagem dos elementos entre chaves Exemplos

1. {uva, ma¸c˜a, gato, cachorro} 2. {−4,−2,0,2,4}

(4)

4. {20,40,60,· · · }

Observa¸c˜ao sobre o s´ımbolo00· · · 00. Quando s˜ao muitos os elementos a serem listados, podemos usar o s´ımbolo 00· · · 00no lugar de toda a listagem, desde que fique claro quais s˜ao os elementos que foram substitu´ıdos por 00· · · 00.

Indica¸c˜ao da propriedade de seus elementos. ´

E comum usar essa forma de descri¸c˜ao quando o conjunto tem muitos elementos. As propriedades podem estar ou n˜ao entre chaves, isto ´e,

– podemos descrever em palavras: conjunto dos elementos que possuem a propriedadeP – podemos descrever em s´ımbolos: {x ; x possui a propriedadeP }

No segundo caso00; 00 tem o significado de 00tal que00. Tamb´em ´e comum usar 00|00 significando00tal que00. Exemplos

1. Conjunto (ou esp´ecie) de animais mam´ıferos. 2. {X tal queX ´e animal mam´ıfero}.

3. {x;x´e n´umero inteiro par situado entre−100 e 100}. 4. {p| p= 20n e n= 1,2,3,4,· · · }

Aten¸c˜ao: em matem´atica ou em l´ogica temos que ser bem claros ou precisos, n˜ao pode haver d´uvida sobre a propriedade que descreve um conjunto.

Exemplo: conjunto de plantas bonitas n˜ao faz sentido, beleza n˜ao ´e propriedade porque ´e subjetiva.

1.3

Atribui¸c˜ao de letra ou de nome a conjunto

Por simplicidade, quando dentro de uma ou mais frases, precisamos nos referir a um mesmo conjunto v´arias vezes, ´e aconselh´avel atribuirmos uma letra a esse conjunto, o usual ´e letra mai´uscula. Neste caso dizemos que a letra ´e igual ao conjunto com significado de nome ou letra representar o conjunto.

Obs. pode ser uma palavra ou uma ´unica letra que representa o conjunto, o que acharmos conveniente. 1. Arepresenta o conjunto dos ´ımpares entre -100 e 100

A= conjunto dos ´ımpares entre -100 e 100

A={−99,−97,−95,−93, · · · ,93,95,97,99}

2. r´e o conjunto dos pontos equidistantes de dois pontos fixosAeB, todos no mesmo plano

r= conjunto dos pontos equidistantes de dois pontos fixos AeB, todos no mesmo plano

Aqui preferi usar a letra min´uscular, em geometria essa ´e a nota¸c˜ao usual para retas. Observe que o conjunto s˜ao os pontos de uma reta.

1.4

A rela¸c˜ao entre elemento e conjunto: o s´ımbolo 00 00

O s´ımbolo 00 00´e usado para dizer que um elementoapertence a um conjunto A, isto ´e,aA. O s´ımbolo 006∈ 00´e usado para dizer que um elementoan˜ao pertence a um conjunto A, isto ´e,a6∈A. Exemplos

1. SejaP = conjunto dos n´umeros pares. 1000∈P e 10016∈P.

2. SejaA= conjunto dos valores de xque s˜ao solu¸c˜oes da equa¸c˜ao (x−2)(x+ 10) = 0. Verifique que 2∈A , −10∈A, 06∈A.

(5)

1.5

Conjuntos especiais 1.5.1 Conjuntos num´ericos

Os seguintes conjuntos num´ericos ser˜ao estudados com detalhes mais adiante. Conjunto dos n´umeros naturais, denotado porN={1,2,3,· · · }

Provavelmente vocˆe est´a surpreso com o fato do n´umero zero n˜ao fazer parte desse conjunto. Aqui cabe uma observa¸c˜ao de carater geral: uma das mais importantes caracter´ısticas da Matem´atica ´e ser uma linguagem universal, por isso, usamos tantos s´ımbolos e conceitos. Se, na internet vocˆe usar um buscador para encontrar

<n´umeros naturais> ficar´a surpreso com a quantidade de sites de discuss˜ao se o zero ´e ou n˜ao um n´umero natural. Na verdade, estamos diante de um conceito matem´atico n˜ao universal, considerar ou n˜ao o zero um n´umero natural tem consequˆencias, precisamos fazer uma escolha ou conven¸c˜ao. ´E claro que o n´umero 0 ´e importante, por isso est´a inclu´ıdo nos inteiros. Quando 0 ´e convencionado natural, sempre que uma afirma¸c˜ao n˜ao for verdadeira paran= 0 ser´a preciso dizer que n´e natural,n >0. Quando um texto (livro, notas de aula, artigo, etc) fizer referˆencia aos n´umeros naturais, procure em algum lugar no texto qual a conven¸c˜ao usada para os naturais, em geral fica no in´ıcio, como estamos fazendo aqui.

Conjunto dos n´umeros inteiros, denotado porZ={· · ·,−3,−2,−1,0,1,2,· · · }. Conjunto dos n´umeros racionais, denotado porQ

Conjunto dos n´umeros reais, denotado porR Conjunto dos n´umeros complexos, denotado porC

Por enquanto, vamos admitir que se apresentamos um n´umero, sabemos dizer se esse n´umero pertence ou n˜ao pertence a cada um desses conjuntos. Exemplos,

1. 10N; 10Z; 10Q; 10R; 10C

2. −106∈N; −10∈Z; −10∈Q; −10∈R; −10∈C 3. 2

5 6∈N; 256∈Z; 25 Q; 25 R; 25 C

4. 26∈N; 26∈Z; 26∈Q; 2R; 2C

5. √−26∈N; √−26∈Z; √−26∈Q; √−26∈R; √−2∈C 1.5.2 Conjunto vazio

Se n˜ao h´a como listar elementos ou n˜ao h´a elemento que possui a propriedade do conjunto dizemos que esse ´e um conjunto vazio. Denotamos um conjunto vazio pelos s´ımbolos{ }ou∅.

Exemplos

1. O conjunto dos animais imortais ´e um conjunto vazio.

2. O conjunto dos n´umeros reais simultaneamente maiores do que zero e menores do que zero ´e vazio. 1.5.3 Conjunto unit´ario

Um conjunto ´e dito um conjunto unit´ario quando possui um ´unico elemento. Exemplos

1. A= conjunto dos pa´ıses pentacampe˜oes da Copa do Mundo at´e o ano de 2009. O Brasil ´e o ´unico elemento desse conjuntoA!!!

2. Conjunto dos n´umeros reais aproximados em duas casas decimais que resultam da extra¸c˜ao da raiz quadrada do n´umero 2.

O ´unico elemento desse conjunto ´e 1,41.

(6)

1.5.4 Conjunto finito e conjunto infinito

Um conjunto A ´e dito finito quando ´e poss´ıvel contar todos os seus elementos. O resultado dessa contagem ´e chamado de n´umero de elementos do conjunto A ou cardinal de A, denotado por # A, com valor poss´ıvel 0 ou n´umero natural.

Observa¸c˜oes

Elementos repetidos s˜ao contados uma ´unica vez.

Apesar de n˜ao ser poss´ıvel contar os elementos do conjunto vazio, por conven¸c˜ao e coerˆencia com o que ser´a visto adiante sobre outros conceitos de conjuntos (uni˜ao e interse¸c˜ao), diz-se que o conjunto vazio ´e finito e possui 0 elementos.

Se um conjunto n˜ao ´e finito podemos dizer qualquer uma das duas afirma¸c˜oes: o conjunto ´einfinitoou possui umainfinidade de elementos. Denota-se por #A=∞.

Exemplos

1. A={−100,−98,−96,−94, · · · ,94,96,98,100}´e finito. #A= 101. Verifique.

2. A= conjunto dos n´umeros reais simultaneamente maiores do que zero e menores do que zero ´e finito. #A= 0. 3. A={0,2,4,· · ·,94,96,98,100, . . .}´e infinito ou possui uma infinidade de elementos. #A=∞.

4. A= conjunto dos n´umeros reais entre -100 e 100 ´e infinito ou possui uma infinidade de elementos. #A=∞. 1.5.5 Conjunto universo

O conjunto Universo ´e o maior conjunto no contexto que estamos trabalhando (livro, cap´ıtulo de livro, tese, notas de aula, teoria, problema, etc).

Em alguns casos h´a necessidade de citar qual o conjunto Universo est´a sendo considerado, pois dependendo do conjunto universo, chega-se a conclus˜oes distintas. Por exemplo,Ax;x ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao 4x2= 25ª.

Se o conjunto universo (isto ´e, o conjunto em que devemos encontrar os valores de x) s˜ao os racionais ou os reais, encontramos duas solu¸c˜oes,x= 5

2 ex=52. Se o conjunto universo s˜ao os inteiros, n˜ao h´a solu¸c˜ao.

´

E usual explicitar o conjunto universo no in´ıcio, se no exemplo anterior o conjunto universo s˜ao os racionais, dever´ıamos ter escrito: Ax∈Q;x ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao 4x2= 25ª.

1.6

Visualiza¸c˜ao: Diagrama de Venn

Dado um conjunto, atribuimos uma letra a esse conjunto e envolvemos ou cercamos essa letra com uma curva fechada qualquer, como na figura ao lado. A curva e a letra formam o Diagrama de Venn, uma representa¸c˜ao visual do conjunto. A figura ao lado ´e o diagrama de Venn de um conjuntoA.

Quando estamos lidando com v´arios conjuntos e as rela¸c˜oes existentes entre eles, a representa¸c˜ao dos conjuntos em diagramas de Venn ´e particularmente ´

util. Veremos exemplos mais adiante.

A

2

Primeiras no¸c˜

oes de l´

ogica

2.1

Afirma¸c˜ao ou senten¸ca l´ogica

Uma afirma¸c˜ao pode ser considerada uma afirma¸c˜ao ou senten¸ca l´ogica quando for poss´ıvel atribuir um e s´o um dos dois valores a essa afirma¸c˜ao: verdadeiro ou falso.

Observa¸c˜oes

Algumas afirma¸c˜oes n˜ao s˜ao consideradas afirma¸c˜oes l´ogicas. Por exemplo, ”ma¸c˜a ´e uma fruta sem gra¸ca” tem muita subjetividade, uns v˜ao responder que ´e verdadeira, outros v˜ao responder que ´e falsa por causa do ”sem gra¸ca”. Logo essa n˜ao ´e uma afirma¸c˜ao l´ogica.

Se a afirma¸c˜ao fosse apenas ”ma¸c˜a ´e uma fruta”, todos iriam responder que ´e verdadeira. Logo essa ´e uma afirma¸c˜ao l´ogica.

(7)

Uma afirma¸c˜ao l´ogica pode ter um termo vari´avel ou indeterminado, por exemplo 00x´e um n´umero real00 . Dependendo do valor que se atribua `a letraxpodemos responder se a senten¸ca ´e verdadeira ou falsa. Neste caso, diz-se que ´euma afirma¸c˜ao aberta ou senten¸ca l´ogica aberta.

Caso n˜ao exista termo vari´avel ou indeterminado na afirma¸c˜ao, dizemos que ´e umaafirma¸c˜ao fechada ou senten¸ca l´ogica fechada. Por exemplo, 00o n´umero 10.000 ´e uma potˆencia de 1000´e uma afirma¸c˜ao l´ogica fechada e ´e verdadeira. 00o n´umero 300 ´e divis´ıvel por 10.00000´e uma afirma¸c˜ao l´ogica fechada e ´e falsa. E bastante comum usar a palavra´ proposi¸c˜ao em vez de afirma¸c˜ao. Assim, podemos substituir a palavra

afirma¸c˜ao pela palavra proposi¸c˜ao em tudo que foi dito acima. Ora vamos usar uma, ora outra.

Quando ´e pedido ”verificar queuma afirma¸c˜ao ou proposi¸c˜ao ´e verdadeira”, j´a est´a dito que ´e verdadeira, ´e s´o para provar que ´e verdadeira. Por exemplo,00Verifique que 2437 ´e um n´umero primo00, j´a est´a dizendo que ´e verdadeiro que o n´umero 2437 ´e primo, est´a sendo pedido para provar que ´e um n´umero primo. Quando ´e pedido ”verificar se uma afirma¸c˜ao ou proposi¸c˜ao ´e verdadeira”, n˜ao est´a dito que ´e verdadeira, a resposta pode ser uma das duas, verdadeira ou falsa. 00Verifique se 4693 ´e um n´umero primo00, n˜ao est´a afirmando que ´e verdaderio, nem que ´e falso, ´e preciso descobrir, a resposta poder´a ser verdadeira ou falsa. Muitas afirma¸c˜oes s˜ao da forma: ”suponha quexpossui a propriedadeP”. Neste caso a ´unica possibilidade

´expossuir a propriedadeP ser verdadeiro, isto ´e, no lugar de x, s´o podemos atribuir um valor que possui a propriedadeP.

Por simplicidade, podemos atribuir letras a uma afirma¸c˜ao, por exemplo 00p: suponha x um n´umero inteiro maior que 1000.

Uma afirma¸c˜ao pode ser uma afirma¸c˜ao ou senten¸ca simples, isto ´e, com uma ´unica senten¸ca, bem como pode ser uma afirma¸c˜ao ou senten¸ca composta, isto ´e, formada por v´arias afirma¸c˜oes, todas ligadas entre si por termos com significado l´ogico bem definido, chamados conectivos l´ogicos. Veremos alguns desses conectivos com detalhes nas pr´oximas se¸c˜oes.

2.2

O operador l´ogico 00ao00 e os conectivos l´ogicos 00e00 00ou00 2.2.1 O operador 00ao00

A toda afirma¸c˜ao 00p00 corresponde uma afirma¸c˜ao 00n˜aop00 e denotamos 00p00. Observa¸c˜ao:

- Quando p ´e verdadeira, ∼p ´e falsa. - Quando p ´e falsa, ∼p ´e verdadeira.

Exemplos

1. p:−2 ´e um n´umero inteiro (p´e verdadeira) n˜ao p:−2 n˜ao ´e um n´umero inteiro (n˜aop´e falsa) 2. q: 10 ´e m´ultiplo de 3 (q´e falsa) n˜aoq: 10 n˜ao ´e m´ultiplo de 3 (n˜aoq´e verdadeira) 3. r: 38

10 est´a entre−4 e−3 (r´e verdadeira) ∼r:3810 n˜ao est´a entre−4 e−3 (∼r´e falsa)

4. p:x´e um n´umero maior do que zero ∼p:xn˜ao ´e um n´umero maior do que zero 5. p:x´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao 2x−1 = 4 n˜aop:xn˜ao ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao 2x−1 = 4 6. p:{x∈R; 2x−1 = 4}=©5

2

ª

n˜aop:{x∈R; 2x−1 = 4} 6=©5 2

ª

2.2.2 O conectivo 00e00

Dadas duas afirma¸c˜oes 00p00 e 00q00, podemos formar uma afirma¸c˜ao composta 00p e q00 tal que

(8)

1. p: 20 ´e par (V) q: 20 ´e maior do que 10 (V) peq: 20 ´e par e maior do que 10 (V) 2. p: 20 ´e par (V) q: 20 ´e menor do que 10 (F) peq: 20 ´e par e menor do que 10 (F) 3. p: 20 ´e ´ımpar (F) q: 20 ´e maior do que 10 (V) peq: 20 ´e ´ımpar e maior do que 10 (F) 4. p: 20 ´e ´ımpar (F) q: 20 ´e menor do que 10 (F) p∧q: 20 ´e par e menor do que 10 (F) 5. p: se x´e par ´e V q: se x ´e maior do que 10 ´e V peq: x ´e par e maior do que 10 ´e V

6. p: x∈A (V) q: x∈B (V) p∧q: x∈Aex∈B (V)

7. p: x∈A (V) q: x∈B (V) ∼q: x6∈B (F) p∧ ∼q: x∈Aex6∈B (F) 8. p: x∈A (V) ∼p: x6∈A (F) q: x∈B (V) ∼p∧q: x6∈Aex∈B (F)

9. p: x∈A (V) ∼p: x6∈A (F) q: x∈B (V) ∼q: x∈B (F) ∼p∧ ∼q: x6∈Aex6∈B (F) 2.2.3 O conectivo 00ou00

Dadas duas afirma¸c˜oes00p00 e00q00, podemos formar uma afirma¸c˜ao composta00pouq00 tal que 00pouq00 ´e verdadeira quando pelo menos uma das afirma¸c˜oes00p00 ou00q00 ´e verdadeira.

Uma outra nota¸c˜ao usual ´e00p q00. Usaremos indistintamente uma das duas: 00p ou q00 ou00p q00. Observa¸c˜ao:

O00ou00 l´ogico tem o mesmo significado do00e/ou00da nossa linguagem corrente.

Na linguagem corrente, apenas00ou00muitas vezes significa um ou outro, n˜ao os dois simultˆaneamente. Por exem-plo,00o documento dever´a ser assinado pelo diretor ou pelo sub-diretor00. Em l´ogica, este00ou00´e dito00ou exclusivo00. Exemplos

1. p: 20 ´e par (V) q: 20 ´e negativo (F) 00p q00: 20 ´e par ou negativo (V) 2. p: 20 ´e ´ımpar (F) q: 20 ´e positivo (V) 00p q00: 20 ´e ´ımpar ou positivo (V) 3. p: 20 ´e par (V) q: 20 ´e positivo (V) 00p q00: 20 ´e par ou positivo (V) 4. p: 20 ´e ´ımpar (F) q: 20 ´e negativo (F) 00p q00: 20 ´e ´ımpar ou negativo (F)

5. p: o carro avan¸cou sinal (V) q: o carro derrapou (V) 00p q00: o carro avan¸cou sinal ou derrapou (V) 6. p: o carro avan¸cou sinal (V) q: o carro derrapou (F) 00p q00: o carro avan¸cou sinal ou derrapou (V) 7. p: o carro avan¸cou sinal (F) q: o carro derrapou (V) 00p q00: o carro avan¸cou sinal ou derrapou (V) 8. p: o carro avan¸cou sinal (F) q: o carro derrapou (F) 00p q00: o carro avan¸cou sinal ou derrapou (F) 2.2.4 Nega¸c˜oes de 00e00 e de 00ou00: Leis de De Morgan

Dadas as afirma¸c˜oespeq, s˜ao v´alidas as seguintes leis: (I) (p e q) tem o mesmo significado de ∼p ou ∼q

(II) (p ou q) tem o mesmo significado de ∼p e ∼q

Para verificar (I), basta construir as quatro possiblidades para peq e verificar que em qualquer dos casos os resultados que aparecem na 6a. e 7a. coluna abaixo s˜ao iguais.

p q ∼p ∼q (peq) (peq) (∼p ou ∼q)

V V F F V F F

V F F V F V V

F V V F F V V

(9)

Para verificar (II), basta construir as quatro possiblidades para peq e verificar que em qualquer dos casos os resultados que aparecem na 6a. e 7a. coluna abaixo s˜ao iguais.

p q ∼p ∼q (pouq) (pouq) (∼p e ∼q)

V V F F V F F

V F F V V F F

F V V F V F F

F F V V F V V

Exemplos

1. (peq) : x´e par e positivo (peq) : xn˜ao ´e par ouxn˜ao ´e positivo

2. (pouq) : n´e m´ultiplo de 2 ou de 5 (pouq) : nn˜ao ´e m´ultiplo de 2 e n˜ao ´e m´ultiplo de 5 3. (peq) : 36 ´e m´ultiplo de 3 e de 2 (V) (peq) : 36 n˜ao ´e m´ultiplo de 3 ou n˜ao ´e m´ultiplo de 2 (F) 4. (peq) : 32 ´e m´ultiplo de 2 e de 5 (F) (peq) : 32 n˜ao ´e m´ultiplo de 2 ou n˜ao ´e m´ultiplo de 5 (V) 5. (peq) : 3∈A e4∈A (peq) : 36∈Aou46∈A

6. (pouq) : 8∈B ou10∈B (pouq) : 86∈B e106∈B

2.3

Quantificadores

2.3.1 O quantificador universal: 00 00

Quando queremos nos referir a todos os elementos de um conjuntoA, dizemos: para todox∈A, usamos o s´ımbolo ∀x∈A.

Outras formas de escrever, com mesmo significado: para qualquerx∈A, para qualquer que sejax∈A. Exemplos

1. √x≥0 ∀x; x∈R e x≥0

2. ConsidereA= conjunto dos m´ultiplos de 10. Podemos verificar que: ∀x∈A, x´e par. 2.3.2 O quantificador existencial: 00 00

Quando queremos nos referir a alguns dos elementos de um conjuntoA, dizemos: para algumx∈A, usamos o s´ımbolo ∃x∈A.

Exemplos

1. ∃x∈Rtal que√x >3. Neste caso existe uma infinidade de valores de x∈R, mas n˜ao s˜ao todos. 2. ∃x∈Qtal que 5x= 1. Neste caso existe apenas um valor dex∈Q, x= 1

5.

3. x2= 9 para algum xR, ou, escrevendo de outra forma, xR; x2= 9.

Neste caso existem dois valores dex∈R, s˜ao: x= +9 = +3 ou x=−√9 =−3. 4. Dada uma constante a∈R; a≥0, podemos afirmar que ∃x∈R; x2=a.

No casoa= 0 existe um valor dex∈Rque ´ex= 0

No casoa >0, existem dois valores dex∈R, s˜ao: x= +√a ou x=−√a.

Observa¸c˜ao: a seguir temos v´arias formas alternativas de escrever afirma¸c˜oes, todas com mesmo significado. A propriedade P ´e v´alida para algumx∈A.

(10)

Para pelo menos umx∈A, xpossui a propriedadeP.

Existex∈A tal que xpossui a propriedadeP (00 tal que00 pode ser substitu´ıdo por00 ; 00). Existe pelo menos umx∈A; xpossui a propriedadeP.

Existe algumx∈A; xpossui a propriedadeP. • ∃x∈A; xpossui a propriedadeP.

2.3.3 As nega¸c˜oes de 0000 e de 0000

A nega¸c˜ao de p: ∀x; x possui a propriedadeP ´e ∼p: ∃x; x n˜ao possui a propriedadeP A nega¸c˜ao de p: ∃x∈A; x possui a propriedadeP ´e ∼p: ∀x∈A; x n˜ao possui a propriedadeP

Mas a nega¸c˜ao de p tamb´em pode ser: ∼p: 6 ∃x∈A; x possui a propriedadeP Exemplos

1. p: x≥1 ∀x∈R (F) ∼p: ∃x∈R; x <1 (V) 2. p: ∀aconstante real, x2=a2 admite solu¸c˜ao real (V)

∼p: ∃aconstante real: x2=a2 n˜ao admite solu¸c˜ao real (F)

3. p: Existe algum planeta que possui seres vivos (V). Justificativa: o planeta Terra possui seres vivos. ∼p: Todos os planetas n˜ao possuem seres vivos (F). Justificativa: o planeta Terra possui seres vivos. 4. p: Existe algum planeta que n˜ao possui seres vivos (pode ser V ou pode ser F).

Por enquanto, n˜ao h´a justificativa para verdadeira nem para falsa.

∼p: Todos os planetas possuem seres vivos (pode ser F ou pode ser V, respectivamente)

2.4

Os conectivos l´ogicos = e ⇐⇒ 2.4.1 O conectivo = (implica¸c˜ao)

Dadas duas afirma¸c˜oes (ou proposi¸c˜oes) p e q

temos que a afirma¸c˜ao (ou proposi¸c˜ao) p = q ´e verdadeira quando

sempre que p ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira ent˜ao q tamb´em ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira

Em outras palavras, estamos supondo que s˜ao dadas duas afirma¸c˜oes, p e q e supomos tamb´em que p ´e verdadeira. Neste caso, quandop´e verdadeira, o que acontece comq? ´e verdadeira ou falsa? Se de alguma forma conseguirmos concluir queqs´o pode ser verdadeira, dizemos quep = q.

Observa¸c˜oes

Esse de 00alguma forma conseguimos concluir que ´e verdadeira00, podemos citar que algu´em j´a conseguiu provar a conclus˜ao ou que a conclus˜ao foi provada em algum lugar ou temos que provar a conclus˜ao. Existem v´arios m´etodos de prova, mais adiante veremos alguns.

H´a v´arias formas alternativas de escrever a afirma¸c˜ao ou proposi¸c˜ao p = q , todas com mesmo significado, algumas est˜ao listadas a seguir. Sugest˜ao: leia antes o exemplo 1.

– Se p ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira ent˜ao q ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira. – Se pent˜ao q.

p implica em q (da´ı vem a palavra implica¸c˜ao) – p implica q

pverdadeira ´e uma condi¸c˜ao suficiente paraqverdadeira. – p´econdi¸c˜ao suficiente paraq.

(11)

– Se ∼q´e verdadeira ent˜ao ∼p´e verdadeira.

Essa precisamos verificar que de fato tem o mesmo significado. Vejamos, primeiro estamos admitindo que q ´e verdadeira, isto ´e q ´e falsa. Mas p s´o tem uma das duas possibilidades, verdadeira ou falsa. Se p for verdadeira, como admitimos que p=⇒q, temos que q ´e verdadeira. Como assim?

q n˜ao pode ser verdadeira e falsa, logo p n˜ao pode ser verdadeira,ps´o pode ser falsa, isto ´e, ∼p´e verdadeira, como quer´ıamos verificar.

– Se q ´e falsa ent˜ao p´e falsa. (idem anterior) – Se ∼q´e verdadeira =⇒ ∼p´e verdadeira. – Se q ´e falsa = p´e falsa.

qser verdadeira ´e uma condi¸c˜ao necess´aria parapser verdadeira.

A condi¸c˜aoqprecisa ser verdadeira, porque seqfosse falsa, ent˜aopseria falsa tamb´em, como vimos em par´agrafo anterior.

q´e uma condi¸c˜ao necess´aria parap.

– Uma condi¸c˜ao necess´aria parapser verdadeira ´e qser verdadeira. – Uma condi¸c˜ao necess´aria parap ´e q.

O conectivo l´ogico = ´e transitivo, ou seja, se p=⇒q e q=⇒r ent˜ao p=⇒r. Ver exemplo 2.

ATENC¸ ˜AO. Em nenhum lugar admitimos como primeira condi¸c˜aop ´e falsa, simplesmente porque a afirma¸c˜ao

p=⇒qs´o garante o que acontece quandop´e verdadeira, ´e omissa quandop´e falsa. Isso significa que quando

p´e falsa e s´o sabemos quep=⇒q, nada podemos concluir sobreq, isto ´e, tantoqpode ser verdadeira quanto

qpode ser falsa. Ver exemplo 3. Exemplos

1. A = conjunto das infra¸c˜oes de trˆansito numpa´ıs ideal. B = conjunto das penalidades de trˆansito num pa´ıs ideal. Obs. pa´ıs ideal ´e aquele onde de fato a lei ´e aplicada.

Uma das infra¸c˜oes ´e00invadir sinal00 que significa desobedecer sinal vermelho. Uma das penalidades ´e ser multado.

Uma das leis ´e: invadir sinal ser´a penalizado com multa e perder´a sete pontos na carteira de habilita¸c˜ao. Dessa lei, podemos concluir que

p: invadir sinal (V) = q: recebe multa (V)

Podemos escrever tamb´em em uma das formas listadas a seguir, com mesmo significado. – invadir sinal = receber multa

– Se p: invadir sinal (V) ent˜ao q: recebe multa (V).Se invadir sinalent˜ao recebe multa.

p: invadir sinal (V) implica em q: receber multa (V) – invadir sinal implica receber multa

p: invadir sinal (V) ´e uma condi¸c˜ao suficiente paraq: receber multa (V). – invadir sinal ´econdi¸c˜ao suficiente para receber multa.

– Se∼q: n˜ao recebe multa (V) ent˜ao ∼p: n˜ao invadiu sinal (V).

Vejamos, primeiro estamos admitindo ∼q: n˜ao receber multa (V). Parapresta uma das duas possibilidades, p: invadiu sinal (V) ou ∼p: n˜ao invadiu sinal (V).

Vamos escolher a primeira,p: invadiu sinal (V).

Neste caso,p: invadiu sinal (V) = q: recebe multa (V).

Como assim? ∼q : n˜ao recebe multa (V) e q: recebe multa (V) n˜ao podem ser verdadeiras simultaneamente. Logo s´o resta a outra possibilidade,∼p: n˜ao invadiu sinal (V).

– Se n˜ao recebe multa ent˜ao n˜ao invadiu sinal.

(12)

2. p: x ´e m´ultiplo de 10 = q: x ´e par.

Podemos afirmar que a implica¸c˜ao ´e verdadeira. Acreditamos que vocˆe saiba porquˆe. Se n˜ao sabe, aqui est´a uma prova.

x´e m´ultiplo 10 =⇒x´e m´ultiplo de 2 e de 5 =⇒x´e m´ultiplo de 2 =⇒x´e par.

Podemos escrever tamb´em em uma das formas listadas a seguir, com mesmo significado. – Sex´e m´ultiplo 10 ent˜aox´e par.

xser m´ultiplo de 10 ´e condi¸c˜ao suficiente paraxser par. – xn˜ao ´e par =⇒xn˜ao ´e m´ultiplo de 10.

xser n´umero par ´e condi¸c˜ao necess´aria para xser m´ultiplo de 10. 3. No exemplo 2 anterior,

sexfor igual a 25, a afirma¸c˜aop´e falsa e a afirma¸c˜aoq´e falsa. sexfor igual a 22, a afirma¸c˜aop´e falsa e a afirma¸c˜aoq´e verdadeira.

Este exemplo serve para evidenciar que n˜ao estamos afirmando nada quando p´e falsa, isto ´e, a afirma¸c˜ao

p=⇒qs´o garante queqser´a verdadeira sempre quepfor verdadeira, n˜ao garante nada sobreqquandopfor falsa.

2.4.2 Quando p=⇒q´e falso? ou seja, quandop6=⇒q´e verdadeiro?

No caso p verdadeira e q falsa. Exemplos:

1. 3 ´e primo =7 ´e divisor de 37 ´e FALSA.

Justificativa: 3 ´e primo ´e VERDADEIRA e 7 ´e divisor de 37 ´e FALSA.

2. Quando as afirma¸c˜oes p e q s˜ao senten¸cas abertas, a implica¸c˜ao ser´a falsa se apresentarmos um caso ou exemplo em que p seja verdadeira e q seja falsa.

∀a∈R; a <1 =⇒a2<1 ´e FALSA, isto ´e, aR; a <16=a2<1.

Justificativa: a=−2<1 ´e VERDADEIRA e a2= (−2)2= 4<1 ´e FALSA.

2.4.3 O conectivo = (a rec´ıproca de=)

Dadas duas afirma¸c˜oes (ou proposi¸c˜oes) p e q

temos que a afirma¸c˜ao (ou proposi¸c˜ao) p = q ´e verdadeira quando q=⇒p´e verdadeira.

Em outras palavras, estamos supondo que s˜ao dadas duas afirma¸c˜oes, p e q e supomos tamb´em que q ´e verdadeira. Neste caso, quandoq´e verdadeira, o que acontece comp? ´e verdadeira ou falsa? Se de alguma forma conseguirmos concluir queps´o pode ser verdadeira, dizemos quep = q.

Observa¸c˜oes

H´a v´arias formas alternativas de escrever a afirma¸c˜ao ou proposi¸c˜ao p = q , todas com mesmo significado, algumas est˜ao listadas a seguir. Para a maioria basta fazer uma troca de ordem de pe q na observa¸c˜ao an´aloga dep=⇒q.

– Se q ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira ent˜ao p ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira. – Se qent˜aop.

p ´e implicado por q (da´ı vem a palavra rec´ıproca) – q implica em p

q implica p

qverdadeira ´e uma condi¸c˜ao suficiente parapverdadeira. – q´econdi¸c˜ao suficiente parap.

(13)

– Se p: ´e falsa ent˜ao q´e falsa.

pser verdadeira ´e uma condi¸c˜ao necess´aria paraqser verdadeira.

A condi¸c˜aopprecisa ser verdadeira, porque sepfosse falsa, ent˜aoqseria falsa tamb´em, como vimos em par´agrafo anterior.

p´e uma condi¸c˜ao necess´aria paraq.

– Uma condi¸c˜ao necess´aria paraqser verdadeira ´e pser verdadeira. – Uma condi¸c˜ao necess´aria paraq ´e p.

ATENC¸ ˜AO. Em nenhum lugar admitimos como primeira condi¸c˜aoq ´e falsa, simplesmente porque a afirma¸c˜ao

p⇐=qs´o garante o que acontece quandoq´e verdadeira, ´e omissa quandoq´e falsa. Isso significa que quando

q´e falsa e s´o sabemos quep⇐=q, nada podemos concluir sobrep, isto ´e, tantoppode ser verdadeira quanto

ppode ser falsa. Exemplo

∀x∈R; x2<4=xR; 0x <2. Queremos provar que a proposi¸c˜ao ´e verdadeira.

Vamos usar aqui uma propriedade de ordem dos n´umeros reais que ser´a vista com detalhes mais adiante. Considerea, b, c, constantes reais. Vale a seguinte propriedade : a < b e c >0 =⇒ac < bc. Em palavras, a desigualdade n˜ao se altera quando multiplica-se os dois lados por um n´umero positivo.

Admitimosx∈R; 0≤x <2 (isto ´e, supomos verdadeira a afirma¸c˜ao). 0≤x <2 =⇒x <2 e (x= 0 ou x >0).

Casox= 0 temos que x2= 0<4 ´e verdadeiro.

Casox >0 ex <2, podemos multiplicar os dois lados porx, obtendo: x·x <2·x. Masx >0 ex <2, podemos multiplicar os dois lados por 2, obtendo 2·x <2·2 = 4.

Logo x2=x·x <2·x e 2·x <2· 2 = 4 = x2<4. cqd

A ´ultima implica¸c˜ao ´e justificada por uma das propriedades de ordem dos n´umeros reais (as propriedades ser˜ao estudadas mais adiante), descrita a seguir.

Propriedade transitiva de ordem dos reais : Sejam a, b, creais. a < b e b < c = a < c.

Apenas por curiosidade, observamos que a rec´ıproca de ∀x∈ R; x2 < 4 = x R; 0 x < 2. n˜ao ´e

verdadeira, isto ´e,

∀x∈R; x2<4 =⇒ ∀xR; 0x <2 ´e FALSA.

Justificativa: Parax=−1 : x2= 1<4 ´e VERDADEIRA. Parax=−1 : 0< x=−1<2 ´e FALSA.

Logo a rec´ıproca ´e FALSA.

2.4.4 O conectivo ⇐⇒ (equivalˆencia)

Dadas duas afirma¸c˜oes (ou proposi¸c˜oes) p e q

temos que a afirma¸c˜ao (ou proposi¸c˜ao) p ⇐⇒ q ´e verdadeira quando

p=⇒q e p⇐=q s˜ao verdadeiras, isto ´e, quando a implica¸c˜ao e a sua rec´ıproca s˜ao verdadeiras.

H´a v´arias formas alternativas de escrever a afirma¸c˜ao ou proposi¸c˜ao p ⇐⇒ q , todas com mesmo significado, algumas est˜ao listadas a seguir.

p ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira se e somente se q ´e uma afirma¸c˜ao verdadeira. pse e s´o se q.

p ´e equivalente a q (da´ı vem a palavra equivalˆencia) p equivale a q

(14)

qverdadeira ´e uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para pverdadeira. p´econdi¸c˜ao necess´aria e suficiente paraq.

q´econdi¸c˜ao necess´aria e suficiente parap. • ∼p´e verdadeira se e somente se ∼q´e verdadeira. p: ´e falsa se e somente q´e falsa.

• ∼p´e verdadeira ⇐⇒ ∼q´e verdadeira. p: ´e falsa ⇐⇒ q´e falsa.

Exemplos:

1. x∈R e x2=x⇐⇒x= 0 ou x= 1.

Primeiro vamos provar que a implica¸c˜ao ´e verdadeira, isto ´e, provar (=⇒):

Novamente vamos usar propriedades dos reais que ser˜ao vistas com detalhes mais adiante.

x2=x=x2+ (−x) =x+ (−x) = 0 =x(x1) = 0 =x= 0 ou x1 = 0 =x= 0 oux= 1.

Em cada implica¸c˜ao foi usada uma ou mais propriedades dos reais, admitindo-se todas as vari´aveis ou cons-tantes n´umeros reais. Por exemplo, na primeira foi usada: a=b=⇒a+c=b+ctomandoa=x2, b=x, c=

−x. Na mesma implica¸c˜ao, foi usada a propriedade de elemento sim´etrico x+ (−x) = 0. Fica com exerc´ıcio

a cita¸c˜ao das propriedades usadas nas demais implica¸c˜oes. cqd.

Agora vamos provar que a rec´ıproca da implica¸c˜ao ´e verdadeira, isto ´e, provar (⇐=): Novamente temos que usar propriedades dos reais.

x= 0 e 0R=⇒x2= 02= 0 e xR=x2=x= 0 e 0 =xR.

x= 1 e 1R=⇒x2= 12= 1 e xR=x2=x= 1 e 1 =xR. cqd.

2. Suponhax∈R. E verdade que´ x2>4⇐⇒x <−2 ou x >2 ?

A resposta ´e sim, porque? Para responder vamos usar algumas propriedades de ordem dos reais que ser˜ao vistas com detalhes mais adiante.

x2>4⇐⇒x24>0 (usamos a propriedade: paraa, b, creais ´e verdade quea < b⇐⇒a+c < b+c).

Podemos aplicar a propriedade de produtos not´aveis x24 = (x2)(x+ 2).

Logo x2>4⇐⇒(x2)(x+ 2)>0.

Agora vamos usar outra propriedade:

para a, b reais ´e verdade que: ab >0 ⇐⇒(a >0 e b >0) ou (a <0 e b < 0), em palavras, o produto de dois n´umeros reais ´e positivo se e s´o se os dois s˜ao positivos ou os dois s˜ao negativos. Logo (x−2)(x+ 2)>0⇐⇒

 

x−2>0 e x+ 2>0 ou

x−2<0 e x+ 2<0 ⇐⇒

 

x >2 e x >−2 ou

x <2 e x <−2 ⇐⇒

 

x >2 ou

x <−2

cqd

2.5

Defini¸c˜ao: o que ´e?

Quando estamos falando ou escrevendo alguma palavra ou conceito e sabemos que possivelmente quem est´a nos ouvindo ou lendo n˜ao sabe o significado claro e preciso dessa palavra ou conceito, ´e preciso definir o que essa palavra ou conceito representa, caso contr´ario, ningu´em vai saber do que estamos falando ou escrevendo.

Algumas formas usuais de definir palavras ou conceitos est˜ao listadas a seguir. Defini¸c˜ao 1 - Um XX´e aquilo que possui as propriedadesP1, P2, eP3.

Defini¸c˜ao 2 - Um ZZ ´e chamado deY Y Y Y quandoZZ satisfaz uma das condi¸c˜oes: C1 ouC2.

Defini¸c˜ao 3 - Um ZZ ´e chamado deY Y Y Y seZZ satisfaz uma das condi¸c˜oes C1 ouC2.

(15)

por tr´as de qualquer defini¸c˜ao (isto ´e, implicitamente) sempre existe uma equivalˆencia, mesmo que a defini¸c˜ao n˜ao esteja escrita na forma de equivalˆencia.

As defini¸c˜oes 1, 2 e 3 anteriores devem ser entendidas como:

Defini¸c˜ao 1 - ´E umXX ⇐⇒ XX possui as propriedadesP1, P2, eP3.

Defini¸c˜ao 2 - Um ZZ ´e chamado deY Y Y Y ⇐⇒ZZ satisfaz uma das condi¸c˜oes: C1 ouC2.

Defini¸c˜ao 3 - Um ZZ ´e chamado deY Y Y Y ⇐⇒ ZZ satisfaz uma das condi¸c˜oesC1 ouC2.

Exemplos

1. Defini¸c˜ao (n´umero par)

Um n´umero inteiron´e umn´umero par se ∃k∈Z;n= 2k. Apesar de n˜ao estar escrito ”se e s´o se”, isto significa: Um n´umero inteiron´e umn´umero par ⇐⇒ ∃k∈Z;n= 2k. 2. Defini¸c˜ao (n´umero ´ımpar)

Um n´umero inteiron´e umn´umero ´ımpar se ∃k∈Z;n= 2k+ 1. Isto significa:

Um n´umero inteiron´e umn´umero ´ımpar ⇐⇒ ∃k∈Z;n= 2k+ 1.

2.6

Exemplos e contra-exemplos: quando usar?

J´a vimos que quando queremos verificar que uma afirma¸c˜ao ´e verdadeira ´e preciso provar que ´e verdadeira. Agora, queremos saber: exemplos provam que uma afirma¸c˜ao ´e verdadeira?

A resposta ´e: depende!!!

se for poss´ıvel testar que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira em todos os exemplos admiss´ıveis para essa afirma¸c˜ao ent˜ao teremos provado que ´e verdadeira em qualquer caso.

se testarmos se a afirma¸c˜ao ´e verdadeira apenas em alguns dos exemplos, mas n˜ao em todos os exemplos admiss´ıveis para essa afirma¸c˜ao, n˜ao estamos provando que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira porque ela poderia ser falsa nos casos que n˜ao foram testados.

Agora, queremos saber: exemplos provam que uma afirma¸c˜ao ´e falsa? A resposta ´e: sim!!!

se testarmos a afirma¸c˜ao em um ´unico exemplo, e a resposta for falsa, ent˜ao podemos afirmar imediatamente que a afirma¸c˜ao ´e falsa porque para ser verdadeira teria que ser verdadeira em todos os exemplos admiss´ıveis. Um exemplo em que a afirma¸c˜ao ´e falsa ´e chamado decontra-exemplo.

Exemplos e contra-exemplos:

1. Todo m´ultiplo de 10 ´e par. (outra forma dessa afirma¸c˜ao: m´e m´ultiplo de 10 =⇒m´e par) A afirma¸c˜ao ´e verdadeira para x= 10, x= 20, x= 30. N˜ao provei. ´E imposs´ıvel esgotar todos os exemplos. Ent˜ao temos que provar, sem ser atrav´es de exemplos.

J´a provamos essa afirma¸c˜ao no exemplo 2 da se¸c˜ao 2.4.1. Agora vamos ver outra prova, diferente daquela. Para provar, primeiro, vamos lembrar a defini¸c˜ao de m´ultiplo:

Defini¸c˜ao (m´ultiplo)

Um n´umero inteirom´e m´ultiplo de um n´umero inteironquando existe um inteiroqtal que m=qn. Agora, vamos supor quem´e um m´ultiplo de 10. Pela defini¸c˜ao de m´ultiplo,

∃q∈Z; m=10. Mas, sabemos que 10 = 2×5 e tamb´em podemos aplicar as propriedades comutativa e associativa dos n´umeros inteiros,

∃q∈Z; m=q×2×5 = 2×(q×5). Como o produto de dois inteiros ´e um inteiro (propriedade de fechamento dos inteiros), temos que5 =k, ondek´e inteiro. Logo,

(16)

2. x∈R; (x21)(x2+x) = 0 =⇒ |x|= 1 ou|x|= 0.

Queremos provar que a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. Neste caso, resolvendo a equa¸c˜ao, ´e poss´ıvel encontrar todos os exemplos admiss´ıveis dex∈R; (x21)(x2+x) = 0. Vejamos,

(x21)(x2+x) = 0 ⇐⇒ x21 = 0 ou x2+x= 0

⇐⇒ (x−1)(x+ 1) = 0 ou x(x+ 1) = 0.

⇐⇒ x−1 = 0 ou x+ 1 = 0 ou x= 0 ou x+ 1 = 0

⇐⇒ x= 1 ou x=−1 ou x= 0 (uma das possibilidades pˆode ser eliminada porque estava repetida)

Vamos testar em todos exemplos admiss´ıveis.

Para testar, vamos ter que usar m´odulo ou valor absoluto de um n´umero real, colocamos aqui a defini¸c˜ao de m´odulo, em Pr´e-C´alculo as propriedades do m´odulo ser˜ao estudadas com detalhes.

Defini¸c˜ao (m´odulo ou valor absoluto)

O m´odulo ou valor absoluto de um n´umero realx´e denotado por|x|e definido por|x|= ½

x se x≥0

−x se x <0 para x= 1,|x|=|1|= 1 =⇒ |x|= 1 =⇒ |x|= 1 ou |x|= 0 (afirma¸c˜ao verdadeira)

ou para x=−1,|x|=| −1|=−(−1) = 1 =⇒ |x|= 1 =⇒ |x|= 1 ou |x|= 0 (afirma¸c˜ao verdadeira) ou para x= 0,|x|=|0|= 0 =⇒ |x|= 0 =⇒ |x|= 1 ou |x|= 0 (afirma¸c˜ao verdadeira)

Conclus˜ao: a afirma¸c˜ao ´e verdadeira para todos os exemplos admiss´ıveis, logo a afirma¸c˜ao ´e verdadeira. 3. ∀x∈R, √x2=x

Testando a afirma¸c˜ao em alguns exempos admiss´ıveis,

x= 1, temos que√x2=12=1 = 1 =x(afirma¸c˜ao verdadeira)

x= 2, temos que√x2=22=4 = 2 =x(afirma¸c˜ao verdadeira)

x=3, temos que√x2=q¡√3¢2=3 =x(afirma¸c˜ao verdadeira)

A afirma¸c˜ao ´e verdadeira nesses exemplos, mas esses n˜ao s˜ao todos os exemplos admiss´ıveis. Queremos provar que essa afirma¸c˜ao ´e falsa.

Contra-exemplo:

x=−1, temos que√x2=p(−1)2=1 = 1.

Como 16=−1, fica claro que √x26=xquandox=−1 ou,

de outra forma, a afirma¸c˜ao √x2=x, quandox=−1, ´e falsa.

Ou seja, a afirma¸c˜ao∀x∈R, √x2=x´e falsa.

Dizemos que x=−1 ´e um contra-exemplo para a afirma¸c˜ao∀x∈R, √x2=x.

3

Outros conceitos da linguagem dos conjuntos

3.1

Igualdade, inclus˜ao e subconjuntos

3.1.1 Igualdade de conjuntos

Defini¸c˜ao(Igualdade de conjuntos)

Dois conjuntos s˜ao iguais quando tˆem exatamente os mesmos elementos. 1. Ax∈R; x ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (x−2)¡x2+ 1¢= 0ª

Bx∈R; x ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao ¡x24x+ 4¢ ¡x2+ 9¢= 0ª.

Resolvendo as equa¸c˜oes, verifica-se queA={2}eB={2}. LogoA=B. (a resolu¸c˜ao das equa¸c˜oes fica como exerc´ıcio)

2. A={x∈Z; x≥1} B =N

(17)

3.1.2 Inclus˜ao e subconjunto

Defini¸c˜ao(subconjunto).

Sejam AeB conjuntos. A´e umsubconjunto deB quando todo elemento deAtamb´em ´e elemento deB. Quando A´e subconjunto de B, dizemos queAest´a contido emB e denotamos por A⊂B.

Tamb´em dizemos queB cont´em A e denotamos porB⊃A.

Observe que implicitamente entendemos queA ´e umsubconjunto deB se e s´o todo elemento deA tamb´em ´e elemento deB.

Em s´ımbolos,

DadosAeB conjuntos,A⊂B se e s´o se: ∀x∈A=⇒x∈B. Isto significa:

se admitimosA⊂B podemos afirmar que∀x∈A=⇒x∈B.

se conseguimos provar que∀x∈A=⇒x∈B podemos afirmar queA⊂B.

Exemplo ConsidereA={n∈Z; n ´e m´ultiplo de 10} e B={n∈Z; n ´e m´ultiplo de 2}. Vamos verificar que A⊂B´e verdadeiro.

´

E suficiente provar que∀n∈A=⇒n∈B. Provamos isto a seguir.

∀n∈A=⇒ ∃q∈Z; n= 10q= 2×5×q= 2k, ondek= 5q ek∈Z=⇒ ∃k∈Z; n= 2k=⇒n∈B. 3.1.3 A nega¸c˜ao de 00 00

Sabemos que p: A⊂B significa p: ∀x∈A=⇒x∈B. Logo ∼p: A6⊂B significa ∼p: ∃x; x∈A e x6∈B. 3.1.4 Propriedades da inclus˜ao

Para quaisquer conjuntosA, B, C, valem as propriedades:

P1 A⊂A (justificativa: ∀x∈A=⇒x∈A)

P2 A=B⇐⇒A⊂B e B⊂A

Justificativa:

(=⇒) Precisamos provar A=B= (i) A⊂B e (ii) B⊂A. (i)∀x∈AeA=B=⇒x∈B=⇒A⊂B

e

(ii)∀x∈B eB=A=⇒x∈A=⇒B⊂A

(⇐=) Precisamos provar p: A⊂B e B⊂A = q: A=B. J´a vimos que (p=⇒q) tem o mesmo significado de (∼q=⇒∼p).

Neste caso ´e mais f´acil provar (∼q=⇒∼p), ´e o que faremos a seguir. ∼q: A6=B=

* x; xA e x6∈B ou

∃x; x6∈A e x∈B

=

* A6⊂B ou

B6⊂A

Por outro lado, p: (A⊂B e B⊂A) e ∼p: (A6⊂B ou B6⊂A). Logo, comparando com o resultado anterior, provamos (∼q=⇒∼p). P3 A⊂B e B ⊂C = A⊂C (propriedade transitiva)

Podemos visualizar com o diagrama de Venn, como na figura abaixo. A seguir, apresentamos uma prova. B

A

C B C B

A

(18)

Exemplos:

1. A= conjunto dos m´ultiplos de 6 B= conjunto dos m´ultiplos de 2 e de 3. Queremos verificar queA=B.

Primeiro provaremos queA⊂B e depois queB ⊂A, assim, pela propriedade P2, concluiremos queA=B. ProvandoA⊂B:

∀n∈A=⇒ ∃q∈Z; n= 6q= 2×3×q= 2(3q) = 3(2q). =(∃k1= 3q∈Z;n= 2k1) e (∃k2 = 2q∈Z;n=

3k2) =⇒n´e m´ultiplo de 2 en´e m´ultiplo de 3 =⇒n∈B=⇒A⊂B.

ProvandoB⊂A:

∀n∈B =⇒n´e m´ultiplo de 2 en´e m´ultiplo de 3 =(∃q1Z;n= 2q1) e (∃q2Z;n= 3q2)

=(∃q1Z; 3n= 3×2q1) e (∃q2Z; 2n= 2×3q2). Observe que

3n−2n=n= 6q16q2= 6(q1−q2) = 6k, isto ´e,∃k=q1−q2Z; n= 6k=⇒n∈A=⇒B⊂A.

2. A={x∈R; x≥ −4} e B ={x∈R; x≥2}.

Queremos responder as seguintes perguntas: A⊂B ? B ⊂A ? A=B ? Vamos come¸car pela primeira,A⊂B?

Se pretendemos provar que A B ´e verdadeiro, ent˜ao precisaremos provar que ∀x A = x B ´e verdadeiro.

Se pretendemos provar que A 6⊂B, isto ´e, provar que A⊂B ´e falso, basta apresentar um contra-exemplo para a implica¸c˜ao: ∀x∈A=⇒x∈B, isto ´e, apresentar um exemplo dexem quex∈Aex6∈B. Vamos come¸car testando em alguns exemplos, se o resultado for verdadeiro, nada poderemos afirmar, se for falso, significa que encontramos um contra-exemplo.

Testando,

x= 5>−4 e x= 5>2, logo x∈A ex∈B , nada se pode afirmar sobreA⊂B.

x= 3>−4 e x= 3>2, logo x∈A ex∈B, nada se pode afirmar sobreA⊂B.

x= 0>−4 e x= 0<2, logo 0∈Ae 06∈B, isto ´e, este ´e um contra-exemplo que mostra queA⊂B ´e falso, ou seja, mostra queA6⊂B.

ComoA6⊂B, j´a podemos responder a terceira pergunta: A6=B. S´o falta responder: B⊂A?

Vamos come¸car testando em alguns exemplos, se o resultado for verdadeiro, nada poderemos afirmar, se for falso, significa que encontramos um contra-exemplo.

x= 5>2 e x= 5>−4, logo x∈B ex∈A, nada se pode afirmar sobreB⊂A.

x= 3>2 e x= 3>−4, logo x∈B ex∈A, nada se pode afirmar sobreB ⊂A.

x= 0 <2, 06∈ B. Aten¸c˜ao: este n˜ao ´e um exemplo admiss´ıvel para teste pois ´e preciso que x∈B para ent˜ao verificar sex∈A.

Se continuarmos testando em mais alguns n´umerosxtal quex >2, isto ´e,x∈B verificaremos que para este

x, x∈A. Como ´e imposs´ıvel testar em todos os valores, come¸camos a desconfiar que de fato ´e verdadeiro para todox∈B. Para provar precisamos encontrar um argumento que pode ser aplicado em todox∈B. Este argumento ser´a uma das propriedades de ordem dos n´umeros reais que ser˜ao vistas com detalhes mais adiante, descrita a seguir.

Propriedade transitiva da ordem dos reais : Sejama, b, c reais. a < b e b < c = a < c. Assim, considere x∈B, isto ´e, x >2. Sabemos que 2>−4, aplicando a propriedade transitiva da ordem, conclu´ımos quex >−4, isto ´e,x∈A. Acabamos de verificar que∀x∈B=⇒x∈A, isto ´e,B⊂A.

3.2

Opera¸c˜oes com conjuntos 3.2.1 Uni˜ao e interse¸c˜ao

Defini¸c˜ao(Uni˜ao)

Sejam AeB conjuntos. A opera¸c˜ao uni˜ao deAeB, denotada porA∪B, ´e definida por:

(19)

Observa¸c˜ao: lembrando o significado do00ou00l´ogico, podemos dizer que,

x∈A∪B⇐⇒ocorre uma das situa¸c˜oes descritas a seguir:

(i)x∈Aex6∈B (ii)x6∈Aex∈B (iii)x∈Aex∈B

Defini¸c˜ao(Interse¸c˜ao)

Sejam AeB conjuntos. A opera¸c˜ao interse¸c˜ao de AeB, denotada porA∩B, ´e definida por:

A∩B={x; x∈A ex∈B} Exemplos

1. A= conjunto dos n´umeros pares B= conjunto dos m´ultiplos de 3 ´

E f´acil verificar que: 10∈A = 10∈A∪B

106∈B = 106∈A∩B

10∈A e 106∈B =10∈A∪B e 106∈A∩B

336∈A e 33∈B =33∈A∪B e 336∈A∩B

36∈A e 36∈B =36∈A∪B e 36∈A∩B

496∈A e 496∈B =496∈A∪B e 496∈A∩B

2. Dados os conjuntosA eB ´e f´acil verificar as seguintes afirma¸c˜oes:

(i)∀x∈A=⇒x∈A∪B , isto ´e, A⊂A∪B (de fato, ∀x∈A=⇒x∈A ou x∈B=⇒x∈A∪B ). (ii)∀x∈B=⇒x∈A∪B , isto ´e, B ⊂A∪B (de fato, ∀x∈B=⇒x∈A ou x∈B=⇒x∈A∪B ). (iii)∀x∈A∩B=⇒x∈A , isto ´e, A∩B ⊂A (de fato, ∀x∈A∩B=⇒x∈A e x∈B =⇒x∈A). (iv)∀x∈A∩B=⇒x∈B , isto ´e, A∩B⊂B (de fato,∀x∈A∩B=⇒x∈A e x∈B=⇒x∈B ). 3. Dados A e B, vamos provar as seguintes equivalˆencias:

A∪B=B ⇐⇒ A⊂B ⇐⇒ A∩B=A.

Ver diagramas de Venn ao lado, com duas situa¸c˜oes admiss´ıveis paraA⊂B.

B

A

A=B

A⊂B eA6=B A⊂B eA=B

Vamos come¸car por A⊂B ⇐⇒ A∪B=B.

(=⇒) Estamos supondo: A⊂B. Queremos provar: A∪B=B.

(i)∀x∈A∪B=⇒x∈Aoux∈B=⇒x∈A⊂B oux∈B (pois supomos no in´ıcio queA⊂B) =⇒x∈B=⇒A∪B ⊂B.

(ii) Vimos no exemplo anterior: B ⊂A∪B. Logo, por (i) e (ii) conclu´ımosA∪B=B. (⇐=) Estamos supondo: A∪B=B. Queremos provar: A⊂B.

∀x∈A=⇒x∈A ou x∈B =⇒x∈A∪B =⇒x∈A∪B =B =⇒x∈B=⇒A⊂B.

Agora vamos provarA⊂B ⇐⇒ A∩B=A.

(=⇒) Estamos supondo: A⊂B. Queremos provar: A∩B=A. (i) Vimos no exemplo anterior: A∩B⊂A.

(ii)∀x∈A=⇒x∈Aex∈A⊂B (pois supomos no in´ıcio queA⊂B) =⇒x∈Aex∈B

=⇒x∈A∩B=⇒A⊂A∩B. Logo, por (i) e (ii) conclu´ımosA∩B=A. (⇐=) Estamos supondo: A∩B=A. Queremos provar: A⊂B.

(20)

3.2.2 Conjuntos disjuntos

Defini¸c˜ao(conjuntos disjuntos)

Diz-se que dois conjuntos A e B s˜aodisjuntos quando A∩B=∅. Isto ´e o mesmo que dizer queAeB n˜ao tˆem elementos em comum.

Exemplo: Os conjuntosA={x∈R; x≤ −2} eB ={x∈R; x≥2} s˜ao disjuntos. 3.2.3 Diferen¸ca e complementar

Defini¸c˜ao(Diferen¸ca)

SejamAeBconjuntos. A opera¸c˜ao diferen¸ca entreAeB ouAmenosB, denotada porA−B, ´e definida por:

A−B={x; x∈Aex6∈B} Outra nota¸c˜ao usual para a diferen¸ca ´eA\B.

A seguir est˜ao representados os diagramas de Venn deA−B em trˆes casos distintos.

B A

B

A - B

B A

B

A - B

B A

B

A - B

Caso 1: A∩B6=∅ e B6⊂A Caso 2: A∩B=B⇐⇒B⊂A Caso 3: A∩B=(AeB disjuntos)

Defini¸c˜ao(Complementar deB emA) Sejam AeB conjuntos tais que B⊂A.

Neste caso diz-se queA−B´e ocomplementar deB em Ae denota-se por{AB. Veja o diagrama de Venn no caso 2 acima

Defini¸c˜ao(Complementar)

SejaB conjunto tal queB⊂U, ondeU ´e o conjunto Universo.

Neste caso diz-se simplesmente queU−B ´e ocomplementar deB e denota-se por{B ouBc.

3.2.4 Propriedades das opera¸c˜oes e do complementar

Sejam A, B eC conjuntos. A seguir listamos algumas propriedades das opera¸c˜oes uni˜ao, interse¸c˜ao, diferen¸ca e complementar.

1. Idempotˆencia: A∪A=A e A∩A=A

2. Comutativa: A∪B=B∪A e A∩B =B∩A

3. Associativa: (A∪B)∪C=A∪(B∪C) =A∪B∪C e (A∩B)∩C=A∩(B∩C) =A∩B∩C

4. Distributiva: A∩(B∪C) = (A∩B)(A∩C) e A∪(B∩C) = (A∪B)(A∪C) 5. QuandoAeB finitos, #(A∪B) = #(A) + #(B) #(A∩B)

6. (A−B)(B−A) = (A∪B)(A∩B)

7. SendoU o conjunto universo, Uc= e c =U

8. SendoU o conjunto universo, A∪Ac=U e AAc =

9. (A∪B)c=AcBc e (AB)c=AcBc

10. (Ac)c=A

Referencias

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