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TítuloAnálise dos centros de interpretação ambiental portugueses

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Academic year: 2020

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(1)RECURSOS E INSTRUMENTOS ISSN: 1887-2417 e-ISSN: 2386-4362. Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses Analysis of Portuguese Environmental Interpretation Centres Pedro Morais1, António Dinis Ferreira2 e Javier Benayas1.1.Universidade Autónoma de Madrid. (España). 2. Instituto Politécnico de Coimbra (Portugal). Resumo Os Centros de Interpretação Ambiental (CIAm) são estruturas de apoio aos visitantes que tendo diferentes origens, objectivos e formas de funcionamento, usam estratégias de interpretação do património para interligarem os visitantes como os recursos naturais locais. Entre fortes críticas e rasgados elogios, cobertos por diferentes denominações e formatos, e apresentado boas e más práticas, importa conhecer a realidade dos Ciam portugueses para que possam ser melhorados e desenvolvidas estratégias de articulação. Apresentam-se os resultados de uma análise geral dos Cia realizada em Portugal entre 2012 e 2014 com o objectivo de se entender a sua vocação no apoio a actividades turísticas com forte componente de educação ambiental e na valorização e protecção do património natural. O presente trabalho mostra que estes centros desempenham um papel relevante na valorização de áreas naturais, embora tendo ainda um reduzido planeamento e organização, quer ao nível de cada centro, quer entre os diferentes centros que poderiam funcionar em rede e desenvolver acções mais assertivas. Dos aspectos a melhorar salienta-se a atracção de visitantes e o uso de técnicas de interpretação. Há também diferenças regionais que importa contributo para um turismo mais sustentável. Abstract objectives and practices but all using heritage interpretation strategies to connect visitors to and formats, with good and weak examples, it is important to state the Portuguese context in order to improve their outcomes and increase their integration. Results of an overall analysis of environmental interpretation centres in Portugal are presented aimed to understand their adequacy to support tourism activities with an important environmental education component centres have already an important role in enhancing the value of natural areas, however they more assertive actions. From these issues we expect to improve the capability to attract visitors taken into account for a future evolution of these centres to improve their contribution towards a more sustainable tourism. Palabras chave centros de interpretação ambiental; Portugal; ecossistemas; ecoturismo; educação. Key-words environmental interpretation centres; Portugal; ecosystems; ecotourism; education.. DOI: http://dx.doi.org/10.17979/ams.2015.1.19.1581 ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. ambientalMENTEsustentable. 89. xaneiro-xuño 2015, ano X, vol. I, núm. 19 páxinas 89-107.

(2) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. Introdução. de funcionamento interno do sector com formas mais sustentáveis de usar os recursos do planeta, adequar a actividade. Vivemos em simultâneo uma época de cri-. aos ecossistemas envolventes e também,. se e de oportunidades de mudança. Assis-. muito importante, incutir nos seus clientes. timos ao adensar dos problemas ecológi-. comportamentos mais sustentáveis.. cos, à destruição irreversível do património natural, ao esgotamento de minerais e. Particularmente neste último aspecto, a. energia fóssil, a um afastamento físico e. educação ambiental é uma peça essencial. mental da humanidade ao meio natural do. na transição para um turismo mais susten-. qual depende, à degradação dos ecossis-. tável mas também uma oportunidade de. temas e ao aumento da apatia da popu-. valorização das experiências turísticas. E. lação em geral face a todos estes proble-. de entre as formas de integrar componen-. mas. David ORR (2004) referia há mais de. tes educativas no turismo a Interpretação. uma década que a estabilidade climática,. do Património (IP) é a principal ferramen-. a resiliência e produtividade dos sistemas. ta para ligar o visitante ao local visitado. naturais, a natureza e a biodiversidade são. abrindo as portas para um processo que. o garante da saúde e prosperidade da hu-. pode levar à mudança de comportamen-. manidade e que estão ameaçadas.. tos nos turistas. Segundo TILDEN (1967) a IP é uma actividade educativa que se. Mas a par com estes problemas graves. distingue da instrução tradicional pela co-. vivemos também com recursos, meios de. -. comunicação e conhecimentos para mu-. ção do local visitado aos sentimentos dos. ambiental e a oportunidade para a introdu-. visitantes. De referir que as modalidades. zir nas mais diversas actividades dando-. turísticas com objectivos de conservação. -lhe assim a dimensão do planeta.. ambiental, como o ecoturismo, se centram em actividades de educação e de interpre-. Entre os problemas globais de mais ur-. tação do património natural e cultural.. gente resolução alguns estão relacionados com o turismo, o sector mais generalizado. Embora existam diferenças claras entre. no planeta, com elevado nível de impac-. os caminhos da educação formal e da IP,. tos negativos (directos e indirectos) e com. (MORALES, 2006) refere que a IP embora. mais trabalhadores e clientes envolvidos.. não seja centrada no ensino ou na instru-. Temos assim uma oportunidade de mudar. ção mas mais na provocação, possui conotações educativas evidentes. De igual. negativos do turismo, melhorar as práticas. 90. sentido uma boa IP leva a um entendimen-. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(3) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. to do contexto, podendo-se converter “um. e interpretadas e outras actividades liga-. simples espectador numa pessoa ambien-. das ao ambiente;. talmente educada” (GUERRA, 2006: 227).. ramentas de gestão sustentável, condu-. A IP aplica-se através de diversas estru-. zindo a comportamentos mais adequa-. turas e meios de comunicação como os. dos dos visitantes enquanto estão no. centros de visitantes ou exposições, os. local e numa fase pós-visita já no seu. percursos interpretados, publicações ou. cotidiano.. visitas guiadas (NEWSOME, MOORE & DOWLING, 2001). Apesar dos perigos e. Neste trabalho caracterizam-se os Cen-. pontos fracos, os CI apresentam algumas. tros de Interpretação Ambiental em Portu-. vantagens numa fase de início de desen-. gal, avaliando-se o desempenho e princi-. volvimento da IP como é o caso portu-. pais problemas, numa perspectiva de se. guês, pois:. melhorar o seu funcionamento para que estes possam também contribuir de forma -. tadas de exposições e actividades com. turísticas mais sustentáveis.. um grau de IP elevado, mesmo quando a disponibilidade de competências e de recursos humanos especializados é bai-. Acerca da interpretação. xo; visitantes, em número e características,. Quando criamos uma relação tão estreita. e mesmo os menos familiares e desper-. quanto possível entre o visitante e os re-. tos para os problemas ambientais e va-. cursos dos locais visitados estamos a con-. lores naturais;. trariar os principais problemas ambientais, a valorizar os recursos locais e aumentar a. apoio turístico, educação, apoio logísti-. experiencia turística. É neste contexto que. co, gestão de espaços…) permite che-. a IP, ao encontrar-se entre as esferas da. gar a diferentes públicos, como sejam. informação e da educação (MCNAMARA. os turistas, visitantes, população local,. & PRIDEAUX, 2010), usa a cultura e pa-. públicos escolares e agentes locais, as-. trimónio construído, a biodiversidade e a. sim como ter diferentes funções; seu uso sustentável, alertando para o esos CIAm são excelentes pontos de par-. tado ambiental do planeta e provocando. tida para actividades turísticas e de lazer. mudanças efectivas de comportamento. como visitas autónomas, visitas guiadas. dos visitantes, porque:. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 91.

(4) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. locais visitados. Incorpora-se assim no abarcando e interligando a parte natural. produto turístico, essencialmente intangí-. e cultural incentiva-se a que se perce-. vel, a riqueza de um contacto profundo e. bam as inter-relações;. mais prolongado no tempo. Os efeitos da -. IP prolongam-se para além da visita, pois. to aos recursos, actualiza-se o conheci-. quanto maior for a valorização da experi-. mento e integra-se com os problemas. ência, há maior possibilidade de mudança. envolventes;. de comportamentos e também de motivar -. futuras visitas ao mesmo lugar por amigos. -. e familiares ou a repetição da visita pelo. lação local, agentes locais, e também. próprio visitante.. os públicos escolares. Do ponto de vista da comunidade receptora, a agregação de elementos que conduformas de educar a população, a inter-. zem a um orgulho colectivo, a preservação. pretação ambiental ou interpretação do. da identidade e seus elementos culturais. património natural é uma área de aplica-. e a apresentação de todo um património. ção directa de conceitos de educação. aos visitantes é proporcionada de forma. ambiental, ainda relativamente nova, e. mais efectiva quando se usa a IP e mais. que permite incentivar o aumento de co-. concretamente através dos CIAm.. nhecimentos e a mudança de atitudes e de comportamentos (WEARING & NEIL,. Também numa perspectiva de sustentabi-. 2009) através da ligação a elementos que. lidade, a IP contribui para uma boa gestão. directamente nos envolvem. São temas e. de espaços naturais, moldando no mo-. recursos que necessitam de voz, uma voz. mento os comportamentos dos visitantes que leva à redução de impactos negati-. pela IP para que os visitantes possam en-. vos. Mais que transmitir informação para. tender o mundo onde vivemos, os recur-. o momento, interessa aprender a pensar a. sos limitados dos quais dependemos e a. longo prazo, compreender relações com-. necessidade de cada um de nós aumentar. plexas, obter pistas concretas de como se. a capacidade de preservar o que, de facto,. pode ter uma actividade cotidiana, fami-. é importante para a vida na Terra. um maior grau de sustentabilidade. Do ponto de vista turístico, a IP aumenta a qualidade da experiência de visita ao. Um centro de interpretação (CI) é na reali-. reduzir a distância cognitiva, sensorial e. dade uma identidade abstracta que pode. emotiva entre o visitante e os recursos dos. ser vista de muitas perspectivas. Começa. 92. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(5) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. -. ximos nas suas missões e estratégias de. nada a visitantes (SERANTES, 2011), que. modo a que e a separação proposta por. integra estratégicas interpretativas desti-. FERNÁNDEZ BALBOA (2007), basada na. nadas a “falar” dos recursos envolventes. forma como gerem os objectos expostos,. aos visitantes, turistas e população local.. venha a ser cada vez mais difícil de realizar.. Como uma estrutura ou equipamento que. Os CIAm são elementos educativos ímpa-. pode ter origens distintas, pode também. res em termos de destinatários, de con-. ter diversos nomes e funções. As denomi-. teúdos e de estratégias de comunicação. nações para um CIAm podem ser muito. em relação a outras estruturas educativas.. diversas: Centro de visitantes, Centro de. Uma vez que a excessiva fragmentação. informação, Centro de recepção, Centro. do conhecimento afasta as pessoas da. de natureza; Escola de natureza, Exposi-. sua realidade, podemos oferecer um co-. ção (SERANTES, 2011). Estão aqui repre-. nhecimento integrado da realidade explo-. sentadas diversas funções relacionadas. rando conexões entre processos e a sua. com a parte educativa ou interpretativa. expressão nos ecossistemas e na paisa-. mas também com uma componente turís-. gem, tornando a informação mais apelati-. tica e de gestão de visitantes que podem e. va. Esta forma de aprendizagem ao longo. devem estar presente de forma integrada.. da vida orienta-se para toda a população (de âmbito local, regional e internacional). Numa. óptica. museológica. podemos. e deve ser apresentada com uma visão. MARTÍN. actual e real do mundo: a de que somos. PIÑOL, 2012) porque não têm a dimensão. seres frágeis, e que por acaso e sorte vi-. e o propósito destes, ou os separamos e. vemos num planeta que também é frágil.. acordo com FERNÁNDEZ BALBOA (2007). Esta visão coaduna-se com o princípio da. que exclui os museus dos CI pelo seu pa-. IP de TILDEN (1967) que refere a impor-. pel de conservação de peças originais,. tância de dirigirmos a interpretação para. reconhece que os ecomuseus podem ser. o todo.. uma excepção. Por outro lado podemos incluir no conjunto de CIAm ou de cen-. Neste estudo os CIAm são analisados com. tros com potencial para a interpretação. o objectivo de entender a sua vertente. os zoos, aquários e planetários, estruturas onde existe ou deveria existir um elevado. “escolas” para turistas. Escola, entendida. grau de interpretação ambiental (WOH-. para além do sentido estrito de estrutura. LERS, 2005). Será de esperar que no fu-. física e mais como sistema de transmissão. turo os centros de interpretação, museus. de conhecimentos, valores e de mudanças. e ecomuseus estejam cada vez mais pró-. comportamentais. Uma escola essencia. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 93.

(6) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. a muitas actividades turísticas com uma componente educativa relevante como é o. que inclua a localização, acessibilidade e. caso do ecoturismo. Estas questões devem ser ultrapassadas Aos CIAm, e respeitando os princípios da. com planeamento e gestão adequadas. IP, cabe o papel de sair do conhecimento. para que um centro possa efectivamente. abstracto e passar para a realidade, sair. ser chamado de interpretativo.. do caso isolado e passar para a escala do planeta que é a unidade com que cada vez mais temos que trabalhar, proporcionando um investimento no nosso futuro socioecológico (GREEN, 1999). Neste caminho para interpretarmos o planeta Terra devemos ter nos CIAm um passo intermédio que é o enfoque nos ecossistemas envolventes, mostrando a biodiversidade, as inter-relações, a complexidade, assim como o lugar do ser humano entre todos os outros. A proximidade e o contacto com os ecossistemas é uma excelente oportunidade para explicar relações ecológicas e ligar estes à realidade dos visitantes, conseguindo-se assim resultados educativos de maior. O valor social e ambiental dos CIAm é. Objectivos e Metodologia do estudo. Este trabalho pretende caracterizar a rede de CIAm em Portugal com vista ao seu potencial uso em contextos de ecoturismo. Para tal seguiram-se duas metas principais na avaliação de estruturas de interpretação (MASTERS & CARTER , 1999): obter um primeiro inventário e depois avaliar a qualidade do funcionamento desses centros. Dos resultados desta primeira avaliação podem ser delineadas melhorias dos CIAm existentes e apontadas linhas de acção para a implementação de novos. Deste modo, este trabalho pretende:. mais facilmente entendido quando se mostra o balanço entre os seus pontos fracos, como sejam os elevados custos de montagem e manutenção, e as vantagens destas estruturas de informação e formação. MORALES (1994; 2001) enumera diversos problemas dos centros de interpretação como estarem centrados em meios -. 94. pretação” em Portugal e quais as suas funções; a sua temática; sua relação com os principais ecossistemas onde se inserem;. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(7) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. de turística e a forma como utilizam as. Avaliação da qualidade dos centros. estratégias de interpretação. A recolha de informação teve por base um questionário que traduzido e adaptado de MUÑOZ (2008). Foi escolhido por possuir Foram utilizados critérios muito amplos. grande abrangência de elementos de aná-. humanos, meios expositivos e conteúdos tal pela sua natureza, localização, gestão,. interpretativos) e também por já ter sido já. notícias ou até por indicação directa de. testado e aplicado nos parques nacionais de. pessoas que já os tinham visitado.. Espanha, contexto próximo do português.. Ficam certamente fora deste grupo muitas. Procedimento de recolha de informação. estruturas, como museus rurais ou centros de âmbito local pouco divulgados, assim como museus de caracter mais tradicional. A visita aos 94 CIAm foi realizada na forma. mas que têm uma actuação de CIAm. Um. de “turista” incógnito ou seja sem que te-. conjunto de critérios para se escolher de. se estava a proceder a um trabalho de in-. forma concisa a inclusão ou não de deter-. vestigação. Deste modo pretende-se não. minado centro nesta lista.. adicionar perturbações ao modo como o centro actua com os seus visitantes.. fontes:. Durante e depois da visita foi preenchido o questionário com a informação recolhida, e recolhido outro material de apoio: ima-. ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente;. no Centro, e feitas anotações diversas. -. ção dos Açores;. Resultados e discussão. busca; Fo. -. tugal (2014), destes 94 foram visitados. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 95.

(8) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. entre 2012 e 2014. A análise dos dados recolhidos foi feita separando o país em. habitantes e número de dormidas de cada. regiões, Norte, Centro, Açores e Madeira. região, os valores mostram realidades claramente diferentes:. por facilidade de tratamento juntaram-se as regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve, numa só região denominada “Sul”.. s dois arquipélagos o número de centros em relação à área é muito superior ao do continente, e entre estes sobressai a Madeira;. utilizada a tipologia indicada no estudo português do Millennium Ecosystem As-. população mostra também valores mais. sessment (PEREIRA, DOMINGOS, VICEN-. elevados para os dois arquipélagos mas. TE, & PROENÇA, 2010).. aqui os Açores tem um valor que mais que duplica o da Madeira e é mais de 10 -. vezes superior à média do continente; -. aproximam da realidade global do país.. cadores turísticos os Açores possuem um valor que se destaca das outras regiões.. Se a distribuição do número de centros é. Estas diferenças estão relacionadas com. relativamente regular pelas cinco regiões. as diferentes políticas regionais e nacio nais, a natureza dos diferentes territórios. 96. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(9) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. e os tipos de turismo predominantes. Os resultados para os Açores estão de acordo com uma clara aposta política na promoção da actual rede e na criação de novos para o turismo, no apoio à actividade escolar e para a população local. A grande maioria dos CIAm visitados en-. junto ecossistemas agrícolas. Os ecossis-. contra-se em meio urbano ou numa área. râneas e marinho são os menos frequen-. número em meio natural e em meio rural. tes junto aos Ciam portugueses.. (lugares com menos de 5000 habitantes) o que mostra uma tendência dos centros se. Características dos Centros. localizarem onde há mais visitação. O primeiro elemento para caracterizar um Em relação à localização e relação com. CIAm é o seu nome. Cerca de metade dos. os ecossistemas envolventes não se veri-. centros tem a denominação de CI. Isto. lores de centros visitados e não visitados. estas estruturas também com outras de-. (Tab.2). Muitos dos centros localizam-se. nominações.. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 97.

(10) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. A nível internacional há diferentes denominações para estas estruturas (WOHLERS,. -. 2005), assim como a sua principal função. mas que se apresentam na Tabela 4. Os. pode ser distinta (centros de educação. dois temas mais frequentes são a biodiver-. ambiental ou os centros de ciência viva. sidade e o ambiente entendido de forma. portugueses, que se podem considerar. genérica.. centros de interpretação pela forma como estão preparados para interligar o visitante. O acesso assume a um Ciam caracteriza-. à realidade envolvente.. -se pelo esforço necessário para a um visitante para chegar a um centro. Estar. Se bem que a interpretação é algo técnico. demasiado desviado da rota normal, um. que só deve estar no seu conteúdo (MO-. horário desadequado, ou a falta de sinalé-. RALES, 1994) a denominação destes é um. tica podem ser factores que reduzam o nú-. problema para visitantes nacionais e estra-. mero de visitantes, nomeadamente os me-. geiros que não percebem pelo nome como. nos interessados que são também os que. nestes centros o seu conteúdo é tratado.. devem merecer a nossa maior atenção.. 98. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(11) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. -. nesta se podem usar, e o segundo são os. cultam o acesso, como o seja a falta de informação em revistas, guias, postos e. construção/adaptação de edifícios e com-. agentes de turismo ou na internet, que vão. pra de equipamento. Ambos os factores. -. levaram a um forte crescimento do número. nos visitado. SERANTES PAZOS (2011) re-. de e truturas após o início da década de. fere a falta de divulgação e a necessidade. 2000 para o qual contribui também o tra-. de se dar visibilidade a estas estruturas.. balho apresentado na Expo98 de Lisboa.. É fundamental que em cada local exista um conhecimento generalizado dos CIAm. Depois do período de expansão os CIAm. (incluindo a população local) contribuindo. na década de 2000, a crise económica. a que sejam “locais obrigatórios” para vi-. dos últimos anos refreou este crescimento. sitantes.. sendo de esperar no futuro um maior aumento da qualidade face à quantidade de. Os factores avaliados relevantes são a. centros.. sinalética (algumas vezes inexistente) e a. respostas. via de acesso. Por outro lado a época de. Nada. abertura é a o factor menos importante pois praticamente todos os centros visitados encontram-se abertos todo o ano. A data de inauguração pode-se relacionar com os motivos que deram origem aos conhecimento da IP e das tecnologias que. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. (valores em %). 99.

(12) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. A quase totalidade dos CI’s são públicos, quer com gestão mais local, autárquica. da “utilidade pública” que no sector prirentes países onde a gestão de espaços. O preço de entrada pode ser analisado em. naturais pode estar mais concentrada no. duas vertentes:. estado ou em organizações de gestão privada. Em Portugal encontram-se centros de interpretação privados que são bons. centros favorece um aumento do nú-. exemplos de planeamento e com um tra-. mero de visitantes, mas também pode. balho relevante como é o caso da Rota. reduzir, do ponto de vista psicológico, o. da Cal na Madeira ou o CI de Canelas em. “valor” atribuído a essa visita. No caso. Arouca, mostrando que apesar de todas. de centros com elevado número de visi-. -. tantes este valor de entrada poderia ga-. dos contextos, manter em funcionamento. rantir a viabilidade do seu funcionamen-. um Ciam sem apoio estatal directo.. to, a sua modernização ou actualização.. A maior parte dos centros tem pequena. tenha uma relação com a qualidade ou. dimensão (menos de 300m2) mas há tamcolocado como um elemento desmotique possuem uma área maior que 300 m2.. vador de visita ao CI.. Cerca de um terço dos centros não pos-. A nível internacional há diferentes tendên-. suem área descoberta, enquanto quase. cias como a entrada gratuita em geral por. metade têm um espaço de ar livre de gran-. exemplo em Espanha, e entradas quase. des dimensões (superior a 500m2).. sempre pagas como no Reino Unido.. 100. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(13) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. O preço pode ainda ser um factor de des-. colares representam mais de metade dos. motivação quando para isso é planeado.. CIAm. Em poucos casos existe a possibili-. Na região centro há uma gruta que possui. dade de se ter uma visita guiada pagando. um preço acrescido para o seu CIAm, des-. um preço extra.. motivando assim a sua visita. Analisou-se a presença de 13 serviços básicos que um CIAm pode conter (como recepção, sala de audiovisuais, biblioteca ou zona administrativa entre outros), assim como o caracter multifuncional do centro em termos da sua actividade para o exterior. A multifuncionalidade é uma característica importante e que pode ajudar a viabilizar a. Este apoio personalizado à visita, embora. manutenção e a continuidade do centro.. tenha um custo acrescido, permite reduzir. Pode acontecer que com uma só função o. -. CIAm seja economicamente inviável, mas. zir maior impacto nos visitantes. Introdu-. com varias funções e uma boa gestão. zir um elemento humano na experiência,. passa-se a garantir a sua viabilidade.. muitas vezes falando na primeira pessoa, possibilita a resposta a questões e ajuda. As visitas guiadas são um elemento es-. na transmissão de ideias e conceitos.. sencial ou nos casos em que os Ciam estão preparados para auto-visita aumentam a qualidade da experiência. Os centros. os técnicos de atendimento não se dispo-. sem visitas guiadas ou só para grupos es-. nibilizam a apoiar o visitante e outros em. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 101.

(14) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. que o apoio disponibilizado transforma. Em relação à exposição o conjunto de ele-. uma visita normal numa experiencia de. mentos avaliados apresenta valores médios, sendo os mais baixos referentes ao caracter lúdico e a capacidade das expo-. A interpretação nos centros de interpretação Uma avaliação inicial é produzida pela primeira impressão geral na visita ao CIAm. Em dois terços dos centros visitados percebe-se que actuam como CI. Subjacente a esta avaliação está a forma como o centro se apresenta (possui estratégias interda visita, nomeadamente marca o visitante, ou se consegue chamar a atenção para os aspectos mais relevantes do tema tratado.. 102. sições induzirem a acções concretas dos visitantes. O factor Atractividade, resulta da média de quatro indicadores (exibições atractivas em geral, capacidade de atrair a atenção, de manter a atenção e meios criativos e originais) utilizados no questionário mostra que em geral as exposições têm mais cuidado em atrair que em desenvolver outros aspectos importantes para a interpretação. O factor comunicação resultou da média aritmética de nove indicadores (diversi-. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(15) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. dade de técnicas de comunicação, ta-. Em relação aos idiomas da exposição veri-. manhos e estilos de letra, uso de textos curtos, ou metáforas, analogias e perso-. visitantes e uma predominância de textos só em Português ou em Português/Inglês.. desejável. MUÑOZ & BENAYAS (2012). -. referem esta mesma situação para os. de dos técnicos dos Ciam falarem outras. parques nacionais de Espanha no que se. línguas e possuem funções de acolhimen-. refere à comunicação de mensagens in-. to de visitantes. (Tab.12). terpretativas. Apenas um terço das exposições dos CIAm incluem de forma inequívoca a “provocação” de ideias, valor muito abaixo do que seria de esperar para centros que usam estratégias de interpretação.. Os Centros de Interpretação e a actividade turística Embora alguns CIAm não tenham como objectivo principal o apoio ao turismo,. Como os centros interpretam os ecossistemas. interessa perceber como em geral se relacionam com a actividade turística. Con-. É fundamental que no futuro os CIAm li-. siderando as valências turísticas “ponto. guem os seus temas com os ecossistemas. de informação”, “reservas”, ou “partida de. onde estão inseridos. A comparação dos. -. dois ecossistemas principais que envol-. lação fraca.. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. vem cada centro e o ecossistema principal. 103.

(16) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. focado na exposição mostra a não coinci-. função, as suas características individuais. dência em mais de um quarto dos CIAm.. ou de rede, para que se possam apontar estratégias para um melhor desempenho -. futuro em termos turísticos e da compo-. teiros e áreas cultivadas são os mais fo-. nente educativa.. algumas diferenças entre os ecossistemas. Apesar da conjuntura desfavorável, os. existentes na evolvente dos centros e os. CIAm portugueses constituem já uma rede. que são tratados no seu interior. Nas exposições dos CIAm, mais de meta-. podem ser temáticas, locais ou regionais.. de não indica de forma clara o que é um. Partindo do pressuposto que há uma liga-. ecossistema e mais de um terço não foca. ção maior entre centros da mesma nature-. os ecossistemas locais.. za, que entre centros de natureza diferente (WOHLERS, 2005) deve-se trabalhar para que se possa construir uma ligação entre os CIAm e fomentar que estes se baseiem nos objectos e no “sentido de lugar” para. Como noutros países, em Portugal as. chegar à interpretação do planeta, ligando. estruturas de interpretação apresentam. com temas tratados noutros centros, e em. diferentes denominações e também pos-. particular focando os ecossistemas e os. suem diferentes conceitos, funções e prá-. problemas ambientais envolventes.. concisa do que é um CIAm. Considerada. Em temos globais constatou-se uma ele-. -. vada falta de planeamento. A inexistência. tório seguiu-se a linha de entender a sua. de uma estratégia global de planeamen-. 104. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

(17) Análise dos Centros de Interpretação Ambiental portugueses. to de educação e comunicação leva a. e com diferentes funções e pode ser o ga-. uma grande heterogeneidade na qualida-. rante da sua viabilidade.. de dos programas oferecidos (MUÑOZ & BENAYAS, 2012), uma situação que é. Os elevados investimentos em CIAm. também comum a Portugal. É reduzida a. nem sempre correspondem à qualidade. -. das suas exposições ou ao impacto que. ceira, ou à promoção junto dos potenciais. estas devem provocar nos visitantes. É. destinatários. Também a cobertura de te-. dada extrema atenção aos investimentos. mas, a interligação entre centos na mes-. na construção de edifícios e muito pou-. ma região e o trabalho em rede de centros. ca aos recursos humanos especializados. com temas, abordagens ou estratégias. para trabalhar nos seus conteúdos. Esta. -. mesma situação acontece a Galiza onde. cia global. A excepção foi encontrada nos. SERANTES (2011) indica ser uma oportu-. Açores onde uma aposta política do go-. nidade para agora o trabalho ser focado. verno regional neste campo se traduz na. no conteúdo.. implementação de um modelo de planeamento que poderia ser aplicado noutras. Muitos centros que foram baseados em. regiões.. tecnologias muito elaboradas estão agora com módulos expositivos desligados.. Dos principais problemas detectados a. Quando estes meios são desenvolvidos por empresas externas à entidade ges-. -se a escassa utilização dos princípios de. tora, juntam-se ao investimento inicial. IP nos CIAm. Como não basta um nome. -. à porta são necessários conteúdos e es-. to europeu), os custos de manutenção dos equipamentos e de actualização dos respectivos conteúdos, estes últimos não. exista mais interpretação nos centros de. previstos inicialmente.. interpretação em Portugal. Os Cia necessitam de um estudo que A forte vocação dos CIAm para a educação ambiental ligada aos públicos esco-. mesmo tempo que interessa perceber o. lares não deve ser levada ao extremo de. seu papel educativo. Na impossibilidade. tornar os CIAm como centros exclusivos. -. para educação ambiental, onde alguns. mente o número de Cia interessa perce-. impedem o acesso a outros públicos. A multifuncionalidade destas estruturas per-. local e global. Por exemplo a opção por. mite o seu uso por diferentes destinatários. visitas guiadas com um preço ligeiramente. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19. 105.

(18) PEDRO MORAIS, ANTÓNIO DINIS FERREIRA. E. JAVIER BENAYAS. acrescido, nomeadamente nos dias de. -. maior número de visitantes, possibilita a. lho dos restantes agentes turísticos, das. criação de postos de trabalho nesta área. associações locais e com a população.. e experiências de visita mais proveitosas. Pela sua relevância educativa e resultados Para uma melhor utilização dos CIAm. na população e nos visitantes, os CIAm. como factores de promoção de susten-. devem ser considerados pela sociedade e. tabilidade ambiental e para que no futuro. pelo estado como um serviço público com múltiplos benefícios para todos e em par-. as actividades de educação ambiental e. ticular com um efeito concreto no turismo.. o desenvolvimento local, será importante:. A capacidade de apoio destes centros às actividades de turismo e natureza, ecoturismo e outras com forte componente e. para tal importante aumentar a oferta. educativa ainda é escassa face ao dese-. de formação especializada, assim como. jável, o que pressupõe um longo caminho. promover o aparecimento de empresas. para percorrer, com muito para corrigir,. nesta área;. para que a interpretação do património -. ação dos CIAm ao nível de cada centro,. possa seguir no seu caminho de oferecer mais sustentabilidade ao nosso planeta.. e também entre os diferentes centros, criando redes de trabalho; guiadas, criando emprego e aumentado o valor da experiência de visita aos CIAm; CIAm no território e nos ecossistemas envolventes através de estratégias que levem a mudanças concretas no comportamento cotidiano dos seus visitantes; actividades /organizações/ medidas de conservação ambiental (e voluntariado); da venda e promoção de produtos locais e com impacto positivo na região. FERNÁNDEZ BALBOA, C. (2007). La Interpretación del Patrimonio en Argentina: estrategias para conservar y comunicar bienes naturales y culturale. Buenos Aires: Administración de Parques Nacionales. GREEN, P. “WILDMAN.” (1999). Future challenges for Australian and world interpretive methodology. International Journal of Heritage Studies, 5(3-4), 149–160. GUERRA, F. (2006). Interpretación do Patromonio e Educación Ambiental. AmbientalMENTEsustentable, I(1-2), 221–228. MARTÍN PIÑOL, C. (2012). El prodigio de los centros de interpretación: unos equipamientos con fecha de caducidad. Her&Mus, IV(1), 64–70. MASTERS, D., & CARTER, J. (1999). What Have We Got And Is It Any Good ? A practical guide on how to survey and assess heritage interpretation.. visitada;. 106. ambientalMENTEsustentable, 2015, (I), 19.

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