SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Avaliac¸ão
do
índice
de
massa
corporal
como
fator
prognóstico
na
osteoartrose
do
joelho
夽
Fabrício
Bolpato
Loures
a,∗,
Rogério
Franco
de
Araújo
Góes
a,
Pedro
José
Labronici
a,
João
Maurício
Barretto
be
Beni
Olej
caHospitalSantaTeresa,Petrópolis,RJ,Brasil
bInstitutoNacionaldeTraumatologiaeOrtopedia(Into),RiodeJaneiro,RJ,Brasil cUniversidadeFederalFluminense,Niterói,RJ,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem27dejulhode2015 Aceitoem31deagostode2015 On-lineem23dedezembrode2015 Palavras-chave: Osteoartrose Obesidade Joelho Artroplastia
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliararelac¸ãodoíndicedemassacorporal(IMC)dopacientecomograude gravidaderadiográficadaosteoartrosedojoelho.
Método:Foramavaliados,de formaprospectiva,117pacientesportadores degonartrose. Ospacientestiveramseusíndicesdemassacorporalcalculadoseaartrosedojoelhofoi classificadasegundooscritériosdeAhlbäckmodificados.Usou-seaAnovadeKruskal-Wallis paraavaliararelac¸ãoentreessasduasvariáveis.
Resultados:OgrupoclassificadocomograuVdeAhlbäckapresentouumIMC significativa-mentemaiordoqueosdemais.
Conclusão:Existerelac¸ãodiretaentreoIMCeograudegravidaderadiográficodagonartrose. Aobesidadepareceestardiretamenterelacionadaàprogressãodaosteoartrosedojoelho.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Evaluation
of
body
mass
index
as
a
prognostic
factor
in
osteoarthrosis
of
the
knee
Keywords: Osteoarthrosis Obesity Knee Arthroplastya
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Toevaluatetherelationshipbetweenpatients’bodymassindex(BMI)andthe degreeofradiographicseverityofkneeosteoarthrosis.
Method:117patientswithgonarthrosiswereevaluatedprospectively.Thepatients’BMIwas calculatedandtheirkneearthrosiswasclassifiedinaccordancewiththemodifiedAhlbäck criteria.Kruskal-Wallisanalysisofvariance(ANOVA)wasusedtoevaluatetherelationship betweenthesetwovariables.
夽TrabalhofeitonoHospitalSantaTeresa,Petrópolis,RJ,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:fbolpato@gmail.com(F.B.Loures). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.08.007
0102-3616/©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Results:ThegroupclassifiedasAhlbäckgradeVhadsignificantlyhigherBMIthantheothers. Conclusion:ThereisadirectrelationshipbetweenBMIandthedegreeofradiographicseverity ofgonarthrosis.Obesityappearstobedirectlyrelatedtotheprogressionofknee osteoarth-rosis.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Aosteoartrite(OA),osteoartroseouartroseéamaiorcausa deincapacidademusculoesqueléticamundial1 eoprincipal fatordelimitac¸ãofísicaempopulac¸ãoidosa.2Essegrave pro-blemadesaúdepúblicamundial1atinge5,2%dapopulac¸ão acima de 19 anos (cerca de 10 milhões de pessoas). Esse númerodevecrescerechegara12,4milhõesaindaem2015.3 Tradicionalmente,apatologiaéconsideradaumadoenc¸a dacartilagemarticulardecorrentedefatoresmecânicos, gené-ticos,hormonais, ósseose metabólicos,que acarretam um desequilíbrio entrea degradac¸ão ea sínteseda cartilagem articular.4AtualmenteaOAtemsidoreconhecidacomouma doenc¸aqueenvolvetodosostecidosdaarticulac¸ão.5
Apatologiasurgedeumacombinac¸ãodefatoresdo hos-pedeiro e ambientais.6 A obesidade é um dos principais elementos diretamenteligados àgêneseda OA dojoelho.7 O aumento do índice de massa corporal (IMC) está tam-bémassociadoaprogressãodadoenc¸a,graudeincapacidade, evoluc¸ãoparaartroplastiaeresultadosclínicosruinsapósa cirurgia.2
Aobesidadeatingeseupicodeincidêncianasextadécada devida,8períodoquecoincidecomapioriadossintomasdas doenc¸asdegenerativas. Éumapatologia epidêmicano Bra-sil.Opaísocupahojeoquintolugarmundialemnúmerode obesos.9
Oobjetivodeste estudoéavaliararelac¸ão doíndicede massacorporaldopacientecomograudegravidade radio-gráficadaosteoartritedojoelho,segundoaclassificac¸ãode AhlbäckmodificadaporKeyesetal.10
Material
e
métodos
Apósaprovac¸ãodoprotocolodeestudopelocomitêdeéticada instituic¸ão,avaliaram-se,porconveniência,117pessoasque seriamsubmetidasaartroplastiatotaldojoelho,entreagosto de2012esetembro de2013.Incluíram-setodos os pacien-tesqueaceitaramparticiparpormeiodaassinaturadotermo deconsentimentolivreeesclarecido(TCLE)eque apresenta-vamodiagnósticoclínicoeradiográficodegonartrose.Foram excluídosospacientescomhistóriadefraturaoucirurgia pré-vianojoelhoestudado,doenc¸asinflamatórias,defeitosósseos quenecessitaram de enxertiaou deformidade emvaro ou valgomaioresdoque15◦.
Na consulta pré-operatória, os pacientes tiveram sua estaturaemassacorporalaferidosemumabalanc¸a antropo-métricamecânica,damarcaMicheletti®,modeloMIC2,classe
deexatidãoIII, comcapacidadedemassa300kgeestatura
de1,95m.Nomomentodessaaferic¸ão,ospacientesusavam
apenasumaventaldescartáveleroupasíntimas.Opesofoi documentadoemquilogramaseaalturaemmetros.Oíndice demassacorporal(IMC)foicalculadodividindo-seamassa corporalpelaalturaelevadaaoquadrado.Essarazãofoi regis-tradaemquilogramaspormetroquadrado(kg/m2),conforme
descritoporAdolpheQuelet.11
Foram feitas radiografias do joelho com carga e apoio monopodal,nasincidênciasanteroposterior(AP)eperfilcom 30◦deflexão,comfilme35×43cmparaoAPe24×30cmpara operfil,comopacientea110cmdaampolaeoraiocentrado nopoloinferiordapatela.Usou-seaparelhoderaiosXSuper
100® (Philips®, Brasil),com a técnicade 50kV e31mA. Os
examesforamavaliadospelopesquisadorprincipalquantoà qualidadedaimagemerepetidoscasofossenecessário.
Oprotocolo deavaliac¸ãopré-operatóriafoipreenchidoa fim de uniformizaracoleta dedados. Os indivíduosforam categorizadospeloIMC,conformeorientac¸ãodaOrganizac¸ão MundialdeSaúde12(tabela1).
Aosteoartrosedojoelhofoiclassificadapelopesquisador principalcomoscritériosdeAhlbäckmodificadosporKeyes etal.10(tabela2).Essacatalogac¸ãofoifeitadeformacegaem relac¸ãoaoIMCdospacientes.Posteriormente,osdadosforam enviadosaoestatísticoqueefetuouoagrupamentodeacordo comograudeartrose.
Tabela1–Classificac¸ãodopesopeloIMC
Classificac¸ão IMC(kg/m2) Baixopeso <18,5 Pesonormal 18,5-24,9 Sobrepeso 25,0a29,9 ObesograuI 30,0a34,9 ObesograuII 35,0a39,9 ObesoIII ≥40,0 Fonte:WHO.12
Tabela2–Classificac¸ãodeAhlbäckmodificada
porKeyeseGoodfellow
GrauI Reduc¸ãodoespac¸oarticular GrauII Obliterac¸ãodoespac¸oarticular GrauIII AP=desgastedoplatôtibial<5mm
Perfil=parteposteriordoplatôtibialintacta GrauIV AP=desgastede5a10mmdoplatôtibial
Perfil=extensodegastedamargemposterior doplatôtibial
GrauV AP=Gravesubluxac¸ãodatíbia
Perfil=Subluxac¸ãoanteriordatíbia>10mm Fonte:Keyesetal.10
Aanálisedevariância(Anova)deKruskall-Wallisfoiusada paraverificarseosgruposdiferiramentresiemrelac¸ãoaidade eaoíndicedemassacorporal.Otestedecomparac¸ões múlti-plasdeDunn(nãoparamétrico)foiaplicado,nonívelde5%, paraidentificarquaisosgrausquediferemsignificativamente entresi.
A idade dos grupos foi analisada por meio do cál-culoda média,mediana, mínimo e máximoe aAnova de Kruskall-Wallisfoiusadaparaverificarahomogeneidadedos conjuntos.
Resultados
Ascaracterísticasantropométricasdaamostra,comoidade, pesocorporal,estaturaeIMC,foramdescritaseencontram-se demonstradasnatabela3.
Apósclassificac¸ãodecadajoelhodeacordocomos crité-riosdeAhlbäckmodificados,ospacientesforamalocadosem gruposeseusíndicesdemassacorporalforamusadospara calcularamédia,mediana,desviopadrão,máximoemínimo decadagrupo.AAnovadeKruskal-Wallisdemonstrouuma diferenc¸asignificativaentreoIMCdosgrupos(p=0,047).Esses valoresestãodemonstradosnatabela4.
Afimdedeterminarquaisosgruposforamdiferentesentre si,otestedecomparac¸õesmúltiplasdeDunn,nonívelde5%, foiaplicadoerevelouqueogrupoclassificadocomograuV
deAhlbäckapresentouumIMCsignificativamentemaiordo queosgrausIIIeIV(p=0,047),conformeilustraafigura1. OconjuntoclassificadocomograuIIdeAhlbäckapresentou umnúmeropequenodepacientes (n=10),oquediminui a seguranc¸aparasuainclusãonaanálise.Nãofoidemonstrada diferenc¸asignificativa,nonívelde5%,entreosdemaispares degrupos.
AidadedosgrupostambémfoicomparadacomaAnovade Kruskal-Wallis.Osvaloresdamédia,mediana,desviopadrão,
Tabela3–Característicasantropométricas
Variável Média DP Mediana Mínimo Máximo
Idade(anos) 68,9 7,1 68,5 53 84
Peso(kg) 77,3 13,4 77 53 120
Altura(m) 1,6 0,1 1,62 1,4 1,9
IMC(kg/m2) 29,3 4,5 28,7 20,3 43,4
DP,desviopadrão;IMC,índicedemassacorporal. Fonte:Dadosdainstituic¸ão.
Tabela4–Comparac¸ãodoIMCdosgruposapósdivisão
pelaclassificac¸ãodeAhlbäck
Grau Número Média DP Mediana Mínimo Máximo pvalora
II 10 29,3 5,3 29,5 21,8 36,0 0,047
III 59 29,2 4,6 28,9 20,3 43,4
IV 30 28,2 3,6 28,0 23,3 37,4
V 18 31,9 4,3 32,8 24,0 38,3
DP,desviopadrão;IMC,índicedemassacorporal. Fonte:Dadosdainstituic¸ão.
a AnovadeKruskal-Wallis. 44 42 40 38 36 34 32 30 28 IMC (kg/m2) 26 24 22 20 II III IV Grau de ahlback V
Figura1–Comparac¸ãoentreosgruposdeAhlbäck.
Tabela5–Comparac¸ãodaidadedosgruposapósdivisão
pelaclassificac¸ãodeAhlbäck
Grau Número Média DP Mediana Mínimo Máximo pvalora
II 10 65,0 7,0 64,5 55 74 0,20
III 59 69,0 6,8 68,5 55 82
IV 30 68,8 6,0 68 58 79
V 18 70,7 9,2 73 53 84
DP,desviopadrão;IMC,índicedemassacorporal. Fonte:Dadosdainstituic¸ão.
a AnovadeKruskal-Wallis.
máximoemínimodecadagrupoencontram-se demonstra-dosnatabela5.Aanáliseestatísticarevelouqueaamostra foihomogêneaemrelac¸ãoàidadeeasdiferenc¸asnãoforam significativas(p=0,20).
Entreospacientesqueapresentaramartroseclassificada comograuVdeAhlbäck,61%(11)apresentaramIMCmaiordo
que30kg/m2eforamclassificadoscomoobesos.Essenúmero
foi menor nos gruposde artrose graus III eIV, 42% e 27% (25eoitopacientes),respectivamente.Entreos117pacientes operados,apenas20(17,1%)encontravam-senormotróficos, segundoospadrõesdaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde.
Discussão
Aprimeirapesquisaepidemiológicaquedescreveuarelac¸ão daobesidadecomaOAdojoelhofoioestudoFraminghan,7 que,após40anosdeseguimento,definiuaobesidadecomo patologia precedenteàosteoartrose.Outrosfatoresderisco descritosnapesquisaforamgênerofeminino,envelhecimento eheranc¸agenética,porémessessãoimutáveis.
Aobesidadeéumadoenc¸acontemporânea,epidêmicanos Estados Unidos,a maiorparte dosadultosnesse país está sobrepesada ouobesa,segundo os padrõesdaOrganizac¸ão MundialdeSaúde.NoBrasil,onúmerodepessoasacimado pesoidealtriplicounosúltimos30anos,62,5%doshomens e64,9%dasmulheresestãocomsobrepesoouobesos.13Isso tornaopaísoquintonorankingmundialdaobesidade.9
OIMCtemumaexcelentecorrelac¸ãocomaporcentagem degorduracorporalnagrandemaioriadapopulac¸ão14eage comoumpreditordaobesidade,emborasejacontroversoem casosobviamenteextremos.Éumamedic¸ãosimplese confiá-vel,podendoserusadaparaavaliac¸ãoderiscodaosteoartrose dojoelho.15
Opesocorporaltemsemostradoumimportantefatorde risconagênesedaosteoartrose8eaprincipalarticulac¸ão aco-metidaéojoelho.16 Existeminúmerasteoriasparaexplicar arelac¸ãocausalentreobesidadeeOAdojoelho,quevariam defatoresmecânicosametabólicos.6AincidênciadeOAna populac¸ãoobesaéodobrodaencontradaemnormotróficos.2 Mokdadetal.17demostraramqueospacientescomsobrepeso apresentamumaumentode38%naprevalênciadeOA.Os obesostêm200%maischance,enquantonogrupodeobesos mórbidosaprevalênciaé400%maior.
Conhecerahistórianaturaleosfatoresqueinfluenciam a evoluc¸ãoda doenc¸a éfundamental para seu tratamento eprognóstico.18 Aindanão está claraa associac¸ão entreo índicedemassacorporaleaprogressãodaosteoartrosedo joelho.Poucosestudostentamdiferenciarosfatores envol-vidosnagênesedaquelesrelacionadoscomaprogressãoda doenc¸a,emborapreveniraevoluc¸ãoparec¸asermaisefetivo como estratégiade saúdepública doque tentar inibir seu surgimento.19 Cooper et al.,19 após acompanhar por cinco anos354pacientes,commédiade75,8anos,encontraramque aobesidadeéumfatorderiscotantoparaincidênciaquanto progressãoradiográficadaOA,emborasuainfluênciamaior estejasobreagênesedadoenc¸a.Sharmaetal.20estudaram 292joelhoscomOA,154comalinhamentoemvaroe115em valgo.Encontraramumarelac¸ãodiretaentreoIMCea gravi-daderadiográficadadoenc¸anospacientescomalinhamento varo,porémnãoempacientescomjoelhovalgo,destacando queaobesidadedeveestar associadaaoutrosfatorespara determinaraevoluc¸ãodadoenc¸a.Beloetal.21apósrevisão sis-temáticadaliteratura,concluíramqueessaassociac¸ãoentre IMCeprogressãodaOAéincerta.
Nossoestudoapresentouumarelac¸ãodiretaentreoIMC dopaciente e agravidade radiográfica da OA do joelho, o que é concordante com o encontrado na literatura.18-20,22 Aidade média dosgrupos poderiaser umacausade con-fundimento,jáqueadoenc¸aéprogressivaepacientescom idademaisavanc¸adatendemaapresentarumdesgaste arti-cularmaior.22,23Ostestesestatísticosrevelaramqueosgrupos foramhomogêneosemrelac¸ãoàidade,oquedemonstrounão terhavidoinfluênciadessefatornarelac¸ãoencontrada.
Umbomsistemadeclassificac¸ão temporfinalidade ser simples, reprodutível e capaz de agrupar diferentes está-gios de uma lesão em subgrupos homogêneos, permitir fazer comparac¸ões, indicar o tratamento e o prognóstico. Classificac¸õesqueavaliamareduc¸ãodoespac¸oarticularsão melhoresparaavaliaraprogressãodadoenc¸a degenerativa do joelho.18,24 Acreditamos que a classificac¸ão de Ahlbäck modificadaporKeyesetal.10preencheessespré-requisitos. Albuquerqueetal.24encontramumafracacorrelac¸ão interob-servadoresparaclassificac¸ãodeAhlbäckmodificada,embora Gallietal.25tenhamrelatadoquemédicoscomexperiênciaem cirurgiadojoelhopodemusaraclassificac¸ãocomseguranc¸a. O pesquisadorprincipal é membroda Sociedade Brasileira deOrtopediaeTraumatologia(SBOT),membrodaSociedade
Brasileirade CirurgiadoJoelho(SBCJ)etem pós-graduac¸ão (mestrado) emsua área,sendo consideradoexperienteem cirurgia dojoelho epor issoapto afazer as classificac¸ões. Peterson et al.26 descreveram uma boa correlac¸ão para essa classificac¸ão,tantointerobservadorquantoemrelac¸ão à classificac¸ão de Kellgren eLawrence.27 A prevalência de dor articular está fortemente relacionada à classificac¸ão radiográfica.19Amaiorpartedosnossospacientesfoi classi-ficadacomograuIIIdeAhlbäck,estágioemqueotratamento
clínicogeralmentedeixadesereficazeacirurgiapassaaser umaboaopc¸ão.
NosEstadosUnidos foram feitascercade 450.000 artro-plastiasdojoelhoem2005.Projec¸õesindicamque,deacordo comoenvelhecimentodapopulac¸ãoeocrescimentoda obe-sidade,essesnúmerosdevemchegara3,5milhõesdeATJsem 2030.28NãoháestatísticasoficiaisparaoBrasil,masestima-se quesejamfeitascercade70.000prótesestotaisdojoelhopor ano.29Opaísocupahojeoquintolugarnorankingmundial daobesidadeeprojec¸õesdoInstitutoBrasileirodeGeografia eEstatística(IBGE)indicamqueopaísdevechegarem2030 comasextapopulac¸ãoidosadomundo.30Aassociac¸ãoentre essesdoisfatoresnospermiteanteverquehaveráum cresci-mentoexponencialdaosteoartrosenoBrasil.Tentarentender porquealgunspacientesevoluemparanecessidadede artro-plastia,enquantooutrospermanecemcomadoenc¸aestável porlongosperíodos,podeserasoluc¸ãoparacontrolaresse graveproblemadesaúdepública.
Além deserumimportante fatornagêneseena gravi-dadedaosteoartrosedojoelho,1,7comodemonstradonanossa pesquisa, de Guia et al.16 demonstraram que pessoas com sobrepesotêm1,5vezeobesostrêsvezesmaischancedeser submetidosaartroplastia,quandocomparadoscom normo-tróficos.Aassociac¸ão entreobesidadeeoresultadoapós a cirurgiaéambíguo.Bakeretal.31demonstraramqueo resul-tadoapósATJfoisatisfatórioempacientesobesos,porémo índicedecomplicac¸õesdaferidafoimaiornessegrupo. Sam-sonetal.,32apósrevisãodaliteratura,demonstraramqueo índicedecomplicac¸ãonospacientescomobesidademórbida foi10a30%maiordoquenogrupocontrole.Ainfecc¸ão pro-fundafoitrêsanovevezesmaisfrequente.Kremersetal.,33 apósestudar8.129pacientessubmetidosàATJprimária(6.475) ouATJderevisão(1.654),demostraramqueocusto hospita-larfinalnos pacientescomIMC acimade30kg/m2 é250a
300dólaresmaisaltonasartroplastiasprimáriase600a650 dólaresmaiornasartroplastiasderevisão.
Nosso estudo apresenta algumas limitac¸ões. A classificac¸ão de Ahlbäck modificada é a mais popular entreoscirurgiões,masseuusodificultouacomparac¸ãocom outraspesquisas,queemsuamaioriausaramaclassificac¸ão deKellgreeneLawrence.27Ofatodefazermosumestudo ver-ticalnãopermitiuoacompanhamentodaevoluc¸ãotemporal dospacientes.
Conclusão
Existeumarelac¸ão diretaentreoíndicede massacorporal dopacienteeagravidaderadiográficadaosteoartrosedo joe-lho.Aobesidadepareceestarrelacionadaàprogressãodessa doenc¸a.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. ScottW.Norman.Insall&Scottsurgeryoftheknee.5ed. Philadelphia:ElsevierChurchillLivingstone;2012.
2. CentersforDiseaseControlandPrevention(CDC).Prevalence ofdoctor-diagnosedarthritisandarthritis-attributable activitylimitation–UnitedStates,2010-2012.MMWRMorb MortalWklyRep.2013;62(44):869–73.
3. CoimbraIB,RezendeMU,PlaperPG.Osteoartite(artrose)– CenárioatualetendênciasnoBrasil.SãoPaulo:Limay; 2012.
4. CamanhoGL,ImamuraM,Arendt-NielsenL.Gênesedador naartrose.RevBrasOrtop.2011;46(1):14–7.
5. NeogiT.Clinicalsignificanceofbonechangesin osteoarthritis.TherAdvMusculoskeletDis.2012;4(4): 259–67.
6. DohertyM.Riskfactorsforprogressionofkneeosteoarthritis. Lancet.2001;358(9284):775–6.
7. FelsonDT.Theepidemiologyofkneeosteoarthritis:results fromtheFraminghamOsteoarthritisStudy.SeminArthritis Rheum.1990;203Suppl1:42–50.
8. FehringTK,OdumSM,GriffinWL,MasonJB,McCoyTH.The obesityepidemic:itseffectontotaljointarthroplasty. JArthroplasty.2007;226Suppl2:71–6.
9. KhanA.AmericaTopsListof10MostObeseCountries. USNEWS.2014.Disponívelem:http://health.usnews.com/ health-news/health-wellness/articles/2014/05/28/america-tops-list-of-10-most-obese-countries.[Acessoem12ago 2014].
10.KeyesGW,CarrJA,MillerRK,GoodfellowJW.Theradiographic classificationofmedialgonarthrosis.ActaOrthopScand. 1992;63(5):497–501.
11.EknoyanG.AdolpheQuetelet(1796-1874)–Theaverageman andindicesofobesity.NephrolDialTransplant.
2008;23(1):47–51.
12.Obesity:preventingandmanagingtheglobalepidemic. ReportofaWHOconsultation.WorldHealthOrganTechRep Ser.2000;894:i-xii,1-253.
13.Brasil.InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística.Síntese deindicadoressociais.Umaanálisedascondic¸õesdevidada populac¸ãobrasileira2010.RiodeJaneiro,Brasil.Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010 /SIS2010.pdf.
14.SeidellJC,FlegalKM.Assessingobesity:classification andepidemiology.BrMedBull.1997;53(2):238–52.
15.AbbateLM,StevensJ,SchwartzTA,RennerJB,HelmickCG, JordanJM.Anthropometricmeasures,bodycomposition, bodyfatdistribution,andkneeosteoarthritisinwomen. Obesity(SilverSpring).2006;14(7):1274–81.
16.deGuiaN,ZhuN,KeresteciM,ShiJE.Obesityandjoint replacementsurgeryinCanada:findingsfromtheCanadian JointReplacementRegistry(CJRR).HealthcPolicy.
2006;1(3):36–43.
17.MokdadAH,FordES,BowmanBA,DietzWH,VinicorF,Bales VS,etal.Prevalenceofobesity,diabetes,andobesity-related healthriskfactors,2001.JAMA.2003;289(1):76–9.
18.SchoutenJS,vandenOuwelandFA,ValkenburgHA.A12year followupstudyinthegeneralpopulationonprognostic factorsofcartilagelossinosteoarthritisoftheknee.Ann RheumDis.1992;51(8):932–7.
19.CooperC,SnowS,McAlindonTE,KellingrayS,StuartB, CoggonD,etal.Riskfactorsfortheincidenceandprogression ofradiographickneeosteoarthritis.ArthritisRheum. 2000;43(5):995–1000.
20.SharmaL,LouC,CahueS,DunlopDD.Themechanismofthe effectofobesityinkneeosteoarthritis:themediatingrole ofmalalignment.ArthritisRheum.2000;43(3):568–75. 21.BeloJN,BergerMY,ReijmanM,KoesBW,Bierma-ZeinstraSM.
Prognosticfactorsofprogressionofosteoarthritisoftheknee: asystematicreviewofobservationalstudies.Arthritis Rheum.2007;57(1):13–26.
22.IsbagioH.Factorsaffectingradiographicprogressionofknee osteoarthritis.ActaMedIndones.2004;36(2):87–92.
23.AlbuquerqueRP,FernandesRSC,BarrettoJM,CarvalhoACP, MoraesMB,AbreuT.Associac¸ãoentreosteoartrosedojoelho eoíndicedemassacorporal.RevCientFMC.2009;4(1):10–8. 24.AlbuquerqueRP,GiordanoV,SturmL,AzevedoJúniorV,Leão
A,AmaralNP.Análisedareprodutibilidadedetrês classificac¸õesparaosteoartrosedojoelho.RevBrasOrtop. 2008;43(8):329–35.
25.GalliM,DeSantisV,TafuroL.Reliabilityofradiographic gradingofkneeosteoathritis.OsteoarthritisCartilage. 2003;11(8):580–4.
26.PeterssonIF,BoegårdT,SaxneT,SilmanAJ,SvenssonB. Radiographicosteoarthritisofthekneeclassifiedbythe AhlbäckandKellgren&Lawrencesystemsforthe tibiofemoraljointinpeopleaged35-54yearswithchronic kneepain.AnnRheumDis.1997;56(8):493–6.
27.KellgreenJH,LawrenceJS.Radiologicalassessment ofosteoarthrosis.AnnRheumDis.1957;16(4):494–502. 28.KurtzS,OngK,LauE,MowatF,HalpernM.Projections
ofprimaryandrevisionhipandkneearthroplastyinthe UnitedStatesfrom2005to2030.JBoneJointSurgAm. 2007;89(4):780–5.
29.SaladeImprensa.Artroplastiaéparaalíviodador.Disponível em:http://www.boehringer.com.br/conteudoimprensatexto. asp?conteudo=12&texto=988[acessoem2dejunhode 2014].
30.Brasil.InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística. Indicadoressociodemográficos-prospectivosparaoBrasil 1991-2030.RiodeJaneiro:IBGE;2006.[citado2008Maio13]. Disponívelem:www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/projecaodapopulacao/publicacaoUNFPA.pdf. 31.BakerP,PetheramT,JamensonS,GreggPaulDeehanD.The
associationbetweenbodymassindexandtheoutcomes oftotalkneearthroplasty.JBoneJointSurgAm. 2012;94(16):1501–8.
32.SamsonAJ,MerecerGE,CampbellDG.TotalKnee
replacementinthemorbidlyobese:aliteraturereview.ANZJ Surg.2010;80(9):595–9.
33.KremersMH,VisscherSL,KremersKW,NaessensJM, LewallenDG.Theeffectofobesityondirectmedicalcosts intotalkneearthroplasty.JBoneJointSurgAm.2014;96(9): 718–24.