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TítuloArte educação ambiental como constructo transdisciplinar

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Academic year: 2020

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(1)EA, COMUNICACIÓN E ARTE ISSN: 1887-2417. eISSN: 2386-4362. Environmental Art Education a transdisciplinary construct Rita Patta Rache1 e Cláudia Lyra Pato2.1. Universidade Federal do Rio Grande 2. Universidade de Brasília (Brasil). Resumo A partir da práxis de arte-educadores que articulam arte-educação e educação ambiental, particularmente na ONG Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), de Rio Grande/RS, e na Escola da Natureza, de Brasília/DF, constatamos a emergência da expressão investigar o fenômeno, seu conteúdo, metodologias e sentidos que abriga, sugerindo a elaboração de um constructo transdisciplinar que oriente a sua compreensão, bem como elucidar se a emergente (CNPq), já que a expressão não se limita ao NEMA e à Escola da Natureza, sendo utilizada em outras ONGs e instituições de educação. Compõem o corpus teórico: educação. 2007). Com abordagem qualitativa, a pesquisa se caracteriza como participativa e o método contempla a composição de um coletivo-pesquisador, que pela produção de uma mandala de saberes elaborará o constructo arte-educação ambiental. Como resultados parciais, realizamos o estado da arte da temática e o coletivo-pesquisador. Astract From the educational praxis of art educators who articulate art education and environmental education in the NGO Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental - NEMA and Escola da Natureza, we see the emergence of the expression environmental art education and propose a methodologies and the senses it comprises, suggesting the development of a transdisciplinary emerging knowledge sub-area or specialty, since the term is not limited to NEMA and Escola da Natureza and has been used in other NGOs and education institutions. The theoretical basis of. the construct environmental art education. Preliminarily, we indicate the composition of the. DOI: 10.17979/ams.2015.2.20.1630 ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. ambientalMENTEsustentable. 637. xullo-decembro 2015, ano X, vol. II, núm. 20, páxinas 637-656.

(2) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. Palavras chave Key-words. sos, o ensino-aprendizagem de arte no com a escola tradicional voltada à cópia A missanga, todas a vêem. vistoso, Vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: Mia COUTO (2009:7). e técnica e, posteriormente, ao deixar de ser considerado como atividade para ser compreendido como conhecimento; conquistou reconhecimento, com a sua inclusão no sistema formal de educação e a oferta de cursos plenos de formação de professores; e formou militância política. Como num colar de missangas, na pesquisa ora apresentada desejamos vislumconquista de novos espaços, com a criação da Federação de Arte/Educadores do da práxis de arte-educadores ambientais,. Brasil, em 1987.. para compreender a sua voz de poeta neste mundo contemporâneo tão carente de. Arte-educadores são tributários dessa. encantamentos.. história e acreditam na educação através da arte (READ, 2013), lutam pelos direitos culturais e pela inclusão social, trabalham. um híbrido entre a arte-educação e a edu-. em defesa da diversidade e da construção. -. de um mundo mais poético, artístico e so-. -educadores, entre os quais a primeira. cialmente justo.. autora deste artigo, se denominam arte-. Do mesmo modo, há quase cinco décatal a partir da emergência dos movimentos. Desde o início do modernismo no Brasil. de contracultura, muitos arte-educadores. e do escolanovismo, entre as décadas de. se engajaram na concepção de processos. 1920 e 1930, por meio do movimento de. educativos críticos ao modelo de desenvol-. arte-educação, entre avanços e retroces-. vimento capitalista, reivindicatórios de no-. 638. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(3) vos modos de interação sociedade-nature-. O estado da arte da arte-educação am-. za, e viram nascer a educação ambiental.. biental sugere haver uma tendência por parte de arte-educadores interessados. Nesse contexto, com a práxis de arte-educadores na educação ambiental, cunhou-. articulação entre as áreas. Evidencia tam-. -se a expressão arte-educação ambiental.. bém que educadores ambientais, com for-. cativa que articula arte e ciência no campo ambiental.. alizam, o que indica que a sua concepção de arte ainda está vinculada à arte como. Ainda que presente no vocabulário de -. atividade ou técnica e não como conhecimento ou conteúdo.. diversas, não consta haver nenhum es-. Quanto à menção do termo arte-educação. tudo aprofundado em relação a essa ex-. ambiental nos trabalhos publicados e nas. pressão/termo, seu conteúdo, as metodologias desenvolvidas, os sentidos a ela. da arte evidenciou a quase inexistência da. atribuídos.. expressão no meio acadêmico.. Em levantamento recente nas platafor-. No entanto, encontramos em algumas. mas SciELO Brasil e Google Acadêmico. IES órgãos ou projetos que desenvolvem. -. da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade de São -. que usam a arte como ferramenta pedagó-. da A Arte Educação Ambiental, no Fórum. que têm o ambiente como temática ou a educação ambiental como instrumento de. Pertinente destacar que no FBEA, orga-. trabalho.. nizado pela Rede Brasileira de Educação -. Analisando o conteúdo desses estudos, percebemos que arte-educadores, educadores ambientais, professores e pesquisadores de ambas as áreas buscam em sua. Social Mundial (FSM) grupos de trabalho e. práxis educativa abordagens multi, inter e,. mesas voltadas ao tema. Do mesmo modo,. por vezes, transdisciplinares.. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. 639.

(4) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. Unidas para o Meio Ambiente e Desenvol-. os Estados Unidos da América, Canadá,. vimento (Eco-92, Rio +10, Rio +20, Cúpula. Finlândia e Escócia, a saber: arts-based. dos Povos), assim como nos Encontros. environmental education (AEE), environ-. Nacionais de Pontos de Cultura (TEIAS),. mental art education, nature art education. -. e eco-art education.. culturas, envolvendo a educação ambien-. Por sua natureza e princípios, a educação. tal e a arte-educação articuladas.. ambiental se presta à articulação com as demais áreas do conhecimento. Do mes-. Igualmente, há ONGs, como o Núcleo de. mo modo, as artes. No entanto, cabe re-. Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), de Rio Grande/RS, que promo-. campos do saber são tratados quando da. -. sua articulação. Há que se destacar a pre-. tes e o ambiente, voltadas a comunidades. valência de caráter multi e interdisciplinar nos estudos encontrados.. todologias interdisciplinares e a produção. Portanto, entendemos que se faz neces-. de material educativo.. sário explorar e descrever o fenômeno de articulação dessas áreas, assim como a -. emergência da expressão arte-educação. quisas em Ecologia Humana, de São Pau-. ambiental, de modo a contribuir para com. lo, que em parceria com o Ministério do. os estudos transdisciplinares.. Meio Ambiente, realizou um seminário de formação de professores e ofereceu um. Um estudo dessa natureza poderá pro-. curso semipresencial em arte-educação. porcionar a arte-educadores, educadores. ambiental em 2006.. ambientais e arte-educadores ambientais,. Do mesmo modo, escolas públicas, como. sobre os pressupostos que a sustentam e. a Escola da Natureza, de Brasília/DF, pro-. volvidas.. educação ambiental e arte-educação, voltadas principalmente ao público escolar.. Para tal, delimitamos nesta investigação a práxis educativa dos arte-educadores que. Importante mencionar, mesmo que o foco. contribuíram para a elaboração da meto-. desta pesquisa recaia sobre o Brasil, que. dologia de educação ambiental do NEMA1. encontramos termos correspondentes à arte-educação ambiental em países como. 640. 1. http://www.nema-rs.org.br. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(5) e da Escola da Natureza2, por se tratarem. KIERKEGAARD me ensinou. de entidades com uma longa trajetória na. que cultura é o caminho que o homem. temática, cerca de 30 e 20 anos, respectivamente.. percorre para se conhecer. SÓCRATES que só sabia que não sabia nada. Não. Assim, esta investigação tem como obje-. aprendera coisas di-menor com a natu-. tivos compreender a articulação entre os. reza. Aprendeu que as folhas das árvo-. campos da arte-educação e educação. res servem para nos ensinar a cair sem. ambiental na práxis educativa de arte-. alardes. [...] seu rosto tinha um lado de. -educadores (do NEMA e da Escola da Natureza) e propor um constructo trans-. ave. Por isso ele podia conhecer todos os pássaros do mundo pelo coração de seus cantos. Estudara nos livros demais. Porém aprendia melhor no ver, no ouvir,. a elucide.. no pegar, no provar e no cheirar. (BARROS, 2010:129). Do mesmo modo, os seus objetivos es-. O poeta provoca-nos a pensar sobre a. -educação ambiental; elucidar se a arte-. nossa sensibilidade, a nossa interação cotidiana com a vida, e associa a aprendiza-. uma subárea ou especialidade do conhe-. gem à experiência estética, a experiência. cimento emergente, conforme o Conselho. primeira que estabelecemos com o mundo a partir dos sentidos, da percepção e das. Tecnológico (CNPq), uma vez que a expressão não se limita ao espaço e à pro-. logo é vivida pelo corpo, aciona o raciocí-. dução do NEMA e da Escola da Natureza; cação ambiental.. sensível e inteligível; em suma, Manoel de BARROS por meio de nossa sensibilidade. Nesse sentido, para Francisco DUARTE Jr. (2004:12), “sem dúvida, há um saber sensível, inelutável, primitivo, fundador de todos os demais conhecimentos, por mais. Manoel de BARROS inicia uma de suas memórias inventadas dizendo:. 2. reto, corporal, anterior às representações simbólicas que permitem os nossos pro-. http://www.escoladanatureza.com.br. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. 641.

(6) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. Complementando,. Michel. MAFFESOLI. Modos, ainda, voltados à construção de. (2008) defende a necessidade de desen-. valores ecológicos, que desencadeariam. volvermos uma razão sensível, em contra-. condutas sustentáveis, já que “os valores. ponto à razão instrumental, e considera a. de uma pessoa funcionam como princípios. intelectualidade e a sensibilidade como in“o sensível. decisões... Portanto, as necessidades, as-. não é apenas um momento que se poderia. pirações (ou desejos) e decisões relativas à. ou deveria superar, no quadro de um saber que progressivamente se depura. É preci-. por valores ecológicos, que contribuem. so considerá-lo como elemento central no. para um sentimento de pertencimento à na-. ato de conhecimento.” (Ibid.:189). tureza, valorizam as diversas formas de vida em suas relações e inter-relações e favore-. Logo, como elemento central no ato do co-. cem a sustentabilidade.” (PATO, 2013:1-2). nhecimento, e no contexto atual de crise do modelo de sociedade em que vivemos, construído com base na racionalidade. urgência de repensarmos nossa ação no. instrumental, a qual tem se revelado insu-. mundo, implicando promover mudanças estruturais no modelo de desenvolvimen-. socioambiental. contemporânea,. nossa que vimos estabelecendo, nos valores e. razão sensível como possibilidades de estabelecermos modos distintos dos que têm. educação, ciência, artes e ambiente, uma vez que “vive-se, no início do século XXI,. natureza e dos seres humanos entre si.. uma emergência que, mais que ecológica, é uma crise do estilo de pensamento,. Modos estes que nos encaminhariam socioam-. epistemológicos e do conhecimento que. bientais plurais e diferenciadas” (JACOBI,. sustentaram a modernidade. Uma crise do. 2004:241); que contribuiriam para a for-. ser no mundo que se manifesta em toda a. mação do sujeito ecológico, cuja subjeti-. sua plenitude: nos espaços internos do su-. para. “novas. epistemologias. dos imaginários sociais, dos pressupostos. vidade está “orientada por sensibilidades solidárias com o meio social e ambiental,. e nos espaços externos, na degradação da. modelo para a formação de indivíduos e. natureza e da qualidade de vida das pes-. -. soas” (JACOBI, 2004:240).. blematizar e agir em relação às questões socioambientais.” (CARVALHO, 2004:19).. Consideração que nos conduz ao questionamento a respeito dos rumos da educa-. 642. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(7) ção ambiental e da arte-educação diante. inteligível e sensível.. desse contexto. Emerge daí a transdisciplinaridade, com o Para Pedro JACOBI (ibid.:244), “a educa-. sentido de que os conhecimentos tenham. ção ambiental tem de enfrentar a fragmen-. como propósito dar respostas à crise civi-. tação do conhecimento e desenvolver uma. lizatória que vivenciamos, impulsionando-nos à transformação socioambiental e resgatando em nós a esperança na huma-. Quanto à arte-educação, Imanol AGUIRRE. nidade. (NICOLESCU, 2001). “parece claro que os imaginários sobre os quais descansa a educação atual não são os mais adequados para planejar as novas políticas educacionais, ou para repensar as ações que constroem as respostas do futuro. Nossa tarefa, portanto, consistirá em pensar um novo projeto educacional útil para ser desenvolvido nesse tipo de contexto.” (AGUIRRE, 2009:10).. biental e transformadora do saber artístico, bem como pela interação dialógica. E ao imaginar um futuro para a arte-educação, o autor se refere à “tarefa de renovar imaginários e na revisão de nossas ideias sobre os âmbitos nos quais de(Idem), comentando o fato de haver inúmeras experiências de arte-educação voltadas à interlocução com outros campos do saber, como a arte-terapia e a educação social. Como esses autores, outros apontam a articulação de saberes como possibilidade de superarmos a visão fragmentada e reducionista do conhecimento, produzida pela ciência moderna, assim como a hegemonia desta última. E nesse âmbito,. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. Pela natureza complexa do campo am-. entre educação, arte e ciência no contexto investigado, a transdisciplinaridade se pesquisa aqui apresentada. Para NICOLESCU (ibid.:51), “a transdiscipirespeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.” Ao promovermos o diálogo entre a educação, a ciência e a arte, buscamos retomar -. 643.

(8) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. mento, na medida em que, até o adven-. Daí a proposta de ecologia de saberes. to da modernidade, tais campos não se. de Boaventura SANTOS, que sugere vol-. distinguiam entre si da maneira como têm. tarmo-nos às experiências, saberes e co-. sido entendidos desde então.. nhecimentos do hemisfério sul, os quais denomina de epistemologia do Sul, esta. Tanto a ciência quanto a arte respondem. que “confronta a monocultura da ciência. à necessidade humana de construção de. moderna com uma ecologia de saberes,. objetos de conhecimento que, juntamente. na medida em que se funda no reconhe-. -. cimento da pluralidade de conhecimentos. -. heterogêneos (sendo um deles a ciência. -. moderna) e em interações sustentáveis e. licas de uma determinada cultura.. dinâmicas entre eles sem comprometer sua autonomia. A ecologia de saberes se. A ideia de ciência como disciplina autôno-. baseia na idéia de que o conhecimento é. ma, distinta da arte, é produto recente da. interconhecimento” (SANTOS, 2007:85).. cultura ocidental. Nas antigas sociedades tradicionais não havia essa distinção: a. Igualmente, DUARTE Jr. (2004:176) apon-. arte integrava a vida dos grupos humanos,. ta a necessidade de considerarmos o. impregnada nos ritos, cerimônias e obje-. “pequeno saber detido pelos membros. tos de uso cotidiano; a ciência era exer-. da cultura local”, ignorados pela razão. cida por curandeiros, sacerdotes, fazendo. instrumental, em especial nos âmbitos. parte de um modo mítico de compreensão. -. da realidade. Arte, ciência, educação e vida estavam interligadas.. sensibilidade para com o nosso ambiente imediato e a atenção voltada para antigos. Não se trata de querer retornar às antigas. saberes” (Ibid.:178).. sociedades tradicionais, mas de se levar em consideração que as dicotomias es-. À sua sugestão, inferimos que “a sensi-. tabelecidas na modernidade, em particu-. bilidade para com o nosso ambiente ime-. lar na ciência moderna, têm se revelado. diato”, que também é um antigo saber,. como limitadores para a compreensão. implica na concepção de Enrique LEFF. da complexidade socioambiental e para a. -. formação integral do ser humano. Trata-se. mologia ambiental e que acabemos com. também de valorizar as sociedades tradi-. a externalidade do ambiente, ou seja, que. cionais e seus saberes, integrando-os aos. reconheçamos o ambiente como conheci-. conhecimentos produzidos pelas socieda-. mento em si e não como objeto de conhe-. des industrializadas.. cimento.. 644. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(9) Para LEFF (ibid.:19-20), “a crise ambiental. Em comum acordo com MORIN, Michel. é uma crise do conhecimento. Por isso, o. MAFFESOLI. “(...) é. -. preciso saber desenvolver um pensamen-. cas e discursivas do conhecimento moder-. to audacioso que seja capaz de ultrapas-. no para, desde ali, lançar dardos, colocar. sar os limites do racionalismo moderno”.. cunhas, tornar visíveis as muralhas defensi-. -. vas frente à invasão silenciosa do saber ne-. telectual ou razão sensível, que valorize o. gado (...) A epistemologia ambiental é uma. senso comum, a vivência e a experiência sensível.. a vida que vincula as condições de vida úni-. Referenciadas em tais autores, tendo o. cas do planeta com a enigmática existência. senso e o sensível como ponto de partida. e o desejo de vida do ser humano.”. e a transdisciplinaridade como caminho, partimos do pressuposto de que a arte e. Para levarmos para o campo da ação as. o ambiente são substantivos na práxis in-. autores, faz-se necessária uma transfor-. de caráter ambiental à arte-educação ou. mação no nosso pensar o mundo e agir. artístico à educação ambiental.. sobre ele, na perspectiva de Edgar MO-. Assim, a seguir, apresentamos as concep-. mentação e o reducionismo e desenvolver. -. RIN. cação que fundamentam este estudo.. um pensamento complexo e contextual. “o pensamento contextual busca sempre a relação de inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto, e deste com seu contexto planetário. O Complexo requer um pensamento que capte relações, inter-relações, implicações mútuas, fenômenos multidimensionais, realidades que são simultaneamente solidárias de, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca entre todas as partes”. Para alguns, a educação ambiental é compreendida como uma adjetivação da educação, pois visa a chamar atenção às mundo atual e, assim, promover mudanças de comportamento frente ao ambiente. (MORIN, 2007:21-22).. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. 645.

(10) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. Para outros, trata-se de uma educação in-. DANSA, Cláu-. tegral, que nem precisaria ser chamada de. dia PATO e Rosângela CORRÊA como “um. educação ambiental, pois toda educação. campo multirreferencial em que todas as. por si já é ambiental, na medida em que. ciências trazem contribuições, que resul-. acontece em um ambiente.. tam na compreensão de como podemos ser conhecedores de nós mesmos e do. Para outros, ainda, com os quais concor-. mundo, e como isto pode nos ajudar a. damos neste estudo, a educação ambien-. transformar nosso estar no mundo e ali-. tal traz em si a trajetória do próprio emergir. mentar a transformação pessoal e socio-. do campo ambiental, carregada de uma. ambiental” (DANSA, PATO & CORRÊA,. dimensão instituinte, e mesmo visando a. 2012:2).. mudanças comportamentais e à formação integral do ser humano, sabe que deve ser. Nessa perspectiva, educação ambiental é uma prática social, por meio da qual são. pois sozinha não pode dar conta da com-. construídos conhecimentos e valores. É um fazer e um saber transdisciplinar.. za; e, assim sendo, traz em si a construção de um novo projeto social e de uma nova. Assim sendo, educação ambiental é que-. subjetividade humana.. rer uma vida diferente da que socialmente vimos construindo desde o projeto civili-. Nesse sentido, Marcos REIGOTA. zatório moderno, da sociedade industria-. que “precisamos ter claro que a Educação. lizada. Carrega o desejo de uma vida. Ambiental representa ao mesmo tempo. emancipada e autônoma em relação aos. uma crítica e uma alternativa aos proces-. domínios do mercado e dos interesses in-. sos pedagógicos conservadores. Mas a. dividualistas e privados.. sua crítica/alternativa não se limita ao espaço educativo. Elas se ampliam ao mo-. Como práxis educativa no campo am-. delo econômico, social e cultural vigente,. biental, a educação ambiental na pers-. assim como às formas de se fazer política,. pectiva da ecologia humana “possibilita. ciência e arte, sem esquecer ainda que ela. ao sujeito individual ou coletivo re-fazer. -. o seu fazer, a partir da ampliação do seu. lações sociais e afetivas baseadas na ética,. próprio ponto de vista de uma forma mais. na justiça e na sustentabilidade” (REIGO-. complexa, criativa, integral e dialógica”. TA, 1998:23).. (Idem).. Por conseguinte, aportamos à educação ambiental a perspectiva da ecologia hu-. 646. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(11) -. anterior (ensino de Artes), tendo siso responsável pela alteração na LDB, pela inclusão e a obrigatoriedade do componente curricular Artes no ensi-. O ensino das artes ao longo dos anos tem. no formal. Defende a importância da. recebido diferentes nomes, que represenformação do ser humano; organiza os a seguir alguns deles, de maneira a esclarecer alguns termos usados na pesquisa e. politicamente pela garantia de direitos;. delimitar o ponto de vista que adotamos:. busca a inclusão do ensino de Artes em outros espaços além da escola, como. 1. Educação artística, original da LDB. museus, galerias, espaços culturais,. 5.692/71, e talvez o mais conhecido. projetos educativos de ONGs, etc. Uma. por ter feito parte do currículo escolar. -. por muitos anos, mantendo resquícios ainda hoje, concebe as artes como. Resultou na criação da Federação de. atividade e fundamenta-se na livre-ex-. Arte/Educadores do Brasil (FAEB).. pressão ou no tecnicismo; 2. Ensino de Artes, ou simplesmente Ar-. Neste estudo, falaremos também de arte (ou artes), redigida com letra minúscula para diferenciar do componente curricu-. substituiu a educação artística a partir. lar, entendida como o campo do conheci-. da LDB 9.394/96. Insere-se nas atu-. mento que envolve outras práticas sociais. ais tendências curriculares, aportando. além da educação, como a poética, a his-. -. tória, teoria e a crítica.. to da arte como área do conhecimento.. Concebemos a arte como ação cultural e. Dividiu o ensino de Artes em quatro. uma forma de conhecimento que nos possibilita um modo particular de dar sentido. teatro, dança e música;. às nossas experiências e de compreender. 3. Arte-educação, que se caracteriza como. o mundo, acrescentando uma dimensão. um movimento político-cultural, cuja. poética na vida, que se manifesta pela. gênese está no movimento de arte-. criação e inovação.. -educação do início do século passado, inspirado na “educação através. Consideramos a impossibilidade de de-. da arte”, proposta por Herbert READ (2013). Foi proponente da concepção. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. com Ferreira GULLAR quando diz que “a. 647.

(12) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transformação sim-. arte e da ciência na educação ambiental.. bólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais bonito ou mais. O que distingue a criação artística das de-. -. mais formas de conhecimento é o tipo de. denado – por cima da realidade imediata. comunicação entre os seres humanos que. (...) Naturalmente, esse mundo outro que o. a arte propicia pelo uso da linguagem poé-. artista cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das idéias que. passível de múltiplas leituras.. mundo (...). (GULLAR, 2006:105).. A linguagem poética privilegia a mensagem e volta-se sobre si mesma, criando -. nesse movimento, um mundo que tem. larmos em arte-educação, estamos nos. existência exclusiva no âmbito da própria. referindo à práxis educativa da arte, em qualquer espaço, com públicos diversos,. arte não utiliza uma linguagem referencial como na ciência, cujo compromisso é bus-. visuais. Referenciamo-nos na concepção apresentada anteriormente (item 3), no en-. Outro aspecto importante a considerar é. tanto, acrescemos a ela a perspectiva da. que a arte se vale da linguagem não-ver-. educação estética, conforme abordare-. bal, ou seja, sua comunicação não pressu-. mos mais adiante. Em consonância com GULLAR, acredi-. Nesse sentido, Fayga OSTROWER. tamos que a arte desenvolve o potencial. que na arte, forma é conteúdo. Para esta. criador do ser humano e que a ação cria-. autora, “o conteúdo expressivo das obras. dora desencadeia processos de transfor-. de arte não se articula de maneira ver-. mação do mundo e de nós mesmos.. bal, através de palavras, e sim de maneira formal, através de formas. São sempre. Essa ação não está restrita apenas à arte,. as formas que se tornam expressivas (...). -. É justamente o caráter não-verbal da co-. -. municação artística que constitui o motivo. pos de suas atividades. Criar é uma manei-. concreto da arte ser tão acessível e não. ra de quebrar bloqueios, de ver o mundo. exigir erudição das pessoas para ser en-. às avessas, para depois reestruturá-lo e re-. tendida. Exige inteligência, sim, e sempre. organizá-lo, na tentativa de construir uma. sensibilidade” (OSTROWER, 1991:23).. 648. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(13) Assim, ao privilegiar a linguagem poética. da vida cotidiana, dos conhecimentos sis-. e não-verbal, a arte abarca também, além. tematizados, do ambiente, etc.. da função transformadora, uma função esAssim, a educação estética proposta aqui em si mesma. Sendo uma atividade lúdica,. é também uma educação estésica. Lembrando que o termo estética deriva da expressão grega aisthesis (estesia), que. verdade, a condição de que o valor dos. designa a faculdade de sentir, a compre-. objetos é estabelecido pela sua necessi-. ensão pelos sentidos, o sensível.. dade, é uma ideia da sociedade moderna, Conforme DUARTE Jr. (Ibid., p. 13), aistheque são, mas para o que servem. A arte. sis indica “a primordial capacidade do ser. -. humano de sentir a si próprio e ao mundo. deria ser melhor do que ela mesma (SA-. num todo integrado”. Para ele, bem como. MUEL, 1985).. para Pablo René ESTÉVEZ (2003), a partir desse conceito constitui-se a educação. Em consonância com tais autores, apor-. estética. Segundo ambos, a educação. tamos à arte-educação a perspectiva da. como um todo possui fundamentamos es-. educação estética ou da educação da sensibilidade ou educação (do) sensível, DUARTE Jr. (2004). Na experiência estética da arte, e mes“A educação do sensível é, sobretudo, a. mo do cotidiano, os aspectos sensível e. educação dos nossos sentidos perante os. inteligível são imprescindíveis e não estão. estímulos mais corriqueiros que a realida-. apartados. Sem a leitura, interpretação ou. de do mundo moderno nos oferece em. análise daquele que vê, ouve, toca, cheira. profusão” (DUARTE JR, 2004, p. 25). Mas. ou degusta, não há beleza, nem objeto e. não diz respeito somente ao treino dos. fenômeno artístico, nem natureza.. sentidos, nem estaria associada somente à arte; ainda que esta seja, sem dúvida,. Já no início do século passado, HEIDEG-. um modo particular de produzir conheci-. GER (2001) dizia que todo sentir já é desde. mentos que favorece o desenvolvimento. sempre um sentir entendedor, e todo ver. da sensibilidade.. e ouvir, compreendentes. Ao vermos algo, automaticamente lhe atribuímos sentido;. Consiste também no desenvolvimento da. uma imagem não é apenas imagem, ela. capacidade humana para a criação de sa-. -. beres abrangentes e integrados, a partir. de-se dizer que todo pensar já está desde. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. 649.

(14) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. sempre contaminado por um sentimento,. Para Estévez (2003), a educação estética. e associado a uma sensação, emoção.. compreende também a educação das nossas necessidades e dos nossos desejos, já. Assim, senso e sensível constituem facul-. que vivemos numa sociedade industrial. dades humanas indissociáveis, embora a. pautada pela produção, pelo mercado e o. produção de conhecimento e dos proces-. consumismo. Assim, estética e ética cami-. sos de ensino e aprendizagem, nas mais. nhariam juntas, e seriam afetas tanto a ar-. variadas áreas, ainda hoje, seja pautada. te-educação, como à educação ambiental.. na racionalidade instrumental, na intelectualização.. Nesse sentido, James HILLMAN que “o cultivo da reação estética afetará. Pode-se dizer, então, que a educação es-. as questões da civilização que mais nos. tética, para além de desenvolver a sensi-. interessam hoje e que não passaram por. -. uma resolução psicológica. Primeiro, uma resposta estética aos detalhes poderia. apreciar a beleza por meio dos órgãos dos. nos desacelerar radicalmente. Reparar em. sentidos, implica a retomada da capacida-. cada acontecimento limitaria nosso apeti-. de sensorial (estesia) para uma educação. te pelos acontecimentos e essa redução. da sensibilidade e da integração do sensí-. -. vel e do inteligível, atribuindo-lhes o mes-. desenvolvimento, as defesas maníacas e. mo status de importância na formação do. o expansionismo da civilização. Talvez os. ser humano.. acontecimentos acelerem-se proporcionalmente ao fato de não serem apreciados,. O antônimo de estesia é anestesia, e, se-. talvez os acontecimentos aumentem em. gundo DUARTE Jr. (2004) estamos aneste-. dimensão e intensidade cataclísmica pro-. siados. Há uma crise nos nossos sentidos. porcionalmente ao fato de não serem re-. relacionada ao nosso estilo moderno de. parados. Talvez à medida que os sentidos. viver, derivada da hipervalorização da ra-. se tornem apurados haja uma escala redu-. cionalidade, que interfere nos mais íntimos. zida do gigantismo e do titanismo, esses. aspectos de nossa vida, desconsiderando. inimigos miticamente perpétuos –gigantes. o saber sensível e embotando o desen-. e titãs– da cultura” (HILLMAN, 1993:21).. volvimento da sensibilidade. Assim, para aquele autor, a educação estética “emerge. Como, então, tornarmos os sentidos mais. como uma importante maneira de enfren-. apurados, cultivarmos a reação estética,. tar a crise que acomete o nosso mundo. e, com isso, afetar os rumos da nossa civi-. moderno e o conhecimento por ele produzido (Idid.:171).. 650. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(15) Aqui, se apresentam pontos de encontro entre a arte-educação, na perspectiva da educação estética, e a educação ambiental, na perspectiva da ecologia humana: a. Nessa percepção utilitária (salientamos,. experiência estética da arte e do cotidiano. utilitária e não utilitarista), o ser do objeto. (ambiente). com os atos humanos. Assim, a experiênnação na relação que se estabelece. Segundo Martin BUBER (1977), o ser humano estabelece duas maneiras de rela-. Já a relação “eu-tu” implica uma atitude. ção com o mundo: a experiência prática. diferente da cotidiana. Na experiência es-. e a experiência estética. Para o autor, a. tética não há sujeito que investiga e ob-. experiência prática remete a uma rela-. jeto investigado; o ser humano apreende. ção “eu-isso” e a estética, “eu-tu”. Nes-. o mundo de maneira direta/total sem a. se caso, é importante consideramos que. mediação de conceitos e símbolos; capta-. “isso” não está associado exclusivamente. -o diretamente, na impressão/percepção. a “coisas”, nem “tu” a “pessoas/seres”. O status de “coisa” ou “pessoas/seres” é. anterior a qualquer conceituação e racio-. atribuído conforme a nossa atitude frente. nalização (DUARTE JR., 1988).. ao mundo, de acordo com a relação que estabelecemos com os elementos com os. No entanto, a experiência estética não. quais interagimos. Assim, podemos tratar. -. objetos como pessoas/seres, e vice-versa.. mente do “pensar”. Ela proporciona um equilíbrio entre as faculdades intelectuais. A relação “eu-isso” compreende a nossa. e sensoriais, entre o senso e o sensível.. atitude cotidiana perante o contexto em que vivemos. Por meio dessa experiência. Para MERLEAU-PONTY (1994:287) “não. prática, agimos, construindo e alterando o. há nenhuma diferença entre pensar e per-. mundo.. ceber”.. Nessa relação, tomamos o mundo como. Por certo que reconhecer o fundamento. objeto de conhecimento e de ação, e nos. sensível de nossa existência, a ele dedi-. percebemos distintos das coisas, isto é,. car atenção e desenvolvê-lo, torna mais. subordinamos os objetos e o mundo a. abrangente e sutil a atuação dos mecanis-. nós. Abarca os processos de intelectua-. mos lógicos e racionais da mente humana.. lização, os quais orientam nossa percep-. Nas artes, e na arte-educação, a experi-. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. 651.

(16) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. ência estética é o canal de comunicação. nosso cotidiano, ou seja, existe uma esté-. do ser com o mundo. Produzir, apreciar e. tica do cotidiano.. bilidade de existência e comunicação para. Para Ivone RICHTER, “a estética do cotidiano subentende, além dos objetos ou. que habitualmente estabelecemos com. atividades presentes na vida comum, con-. o outro, ou seja, acrescenta a dimensão. siderados como possuindo valor estético. poética na nossa compreensão e ação no. pela cultura, também e principalmente a. mundo.. subjetividade dos sujeitos que a compõem e cuja estética se organiza a partir de múl-. Para a educação ambiental, a relação eu-. tiplas facetas do seu processo de vida e de. -outro é chave para a transformação socio-. transformação” (RICHTER, 2003:20-21).. ambiental. Entende-se como fundamental que os seres humanos estabeleçam mo-. Segundo Marcos PEREIRA (1996:85), há. dos diferentes dos que habitualmente têm. uma “diferença dentro da estética”, de-. sido construídos na sua interação entre si,. signada por ele como “macroestética”. com os demais seres vivos e o ambiente. e “microestética”, as quais se “referem à. em geral.. natureza e à ordem de existencialização”. Para o autor, a macroestética diz respeito à. Nesse sentido, vivenciar mais e mais a ex-. “Estética com ‘E’ maiúsculo que nasce no. periência estética, seria fundamental para. século XVIII, como campo epistemológico. uma vivência mais integra e plena do ser. independente, como disciplina”, e a micro-. humano, individual e coletivamente.. estética, “ao modo como cada indivíduo se organiza enquanto subjetividade. [...]. Para tanto, é importante que considere-. Assim, a primeira é produto de uma subje-. mos a estética como uma dimensão não. tividade que quer se instituir como modelo. só da arte, mas também de nosso cotidia-. homogeneizante, enquanto a segunda é o. no; e mais do que isso, como elemento. processo de produção de subjetividades”.. fundante de nossa subjetividade, conforme abordaremos a seguir.. Dessa forma, a estética tem a ver com a maneira pela qual o mundo toma sentido para nós, de acordo com o modo pelo qual nos afeta e pelo qual nós o afetamos. Um aspecto importante abordado na con-. (RICHTER, 2003).. temporaneidade é a consideração de que a estética não está exclusivamente rela-. Assim, a estética está presente no nosso. cionada à arte, ela diz respeito também ao. cotidiano, não dizendo respeito somente. 652. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(17) aos fenômenos artísticos, mas podendo. – um espaço híbrido de CONceitos e aFE-. ser entendida como constituinte dos sujei-. TOS, conforme se encontram muitos nos. tos imersos num contexto socioambiental.. jeitos populares de pensar” (SATO; PASSOS; ANJOS; GAUTHIER, 2004:15). O coletivo-pesquisador se caracteriza por um trabalho coletivo, dialógico, não hierarquizado, cujos saberes existentes e produzidos na pesquisa são compartilhados. Com uma abordagem qualitativa, a pesquisa aqui apresentada caracteriza-se como. e compreendidos a partir dessas mesmas características.. participativa, uma vez que visa à construção de conhecimentos por meio da composição de um coletivo-pesquisador que, ao mesmo tempo em que produz a investigação, é também sujeito investigado.. numa mandala de saberes, construída coletivamente, interligando saberes individuais, sujeitos, racionalidades e afetividades, articulando saberes educativos, artísticos,. Como a pesquisa se dá na ação-investigação desse coletivo sobre a sua própria práxis educativa, os procedimentos metodológicos foram traçados no sentido de criar estratégias que viabilizem a interlocuque se estabeleça de fato um trabalho coletivo e que o processo investigativo leve isso, que o coletivo possa interpretar sua práxis e atingir níveis profundos de conhecimento e também de autoconhecimento. Nesse sentido, a coleta e interpretação de dados não privilegiam somente a racionalidade, buscam também acolher os sentimentos, a subjetividade e a afetividade na produção dos conhecimentos, “na perspectiva da construção de CONFETOS. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. O coletivo-pesquisador é composto por sete arte-educadores ambientais, dos quais quatro trabalharam no NEMA, incluindo a primeira autora deste artigo, e três na Escola da Natureza. A seleção desse grupo está atrelada ao fato de serem oriundos do NEMA, uma das ONGs pioneiras no Brasil a desenvolver a educação ambiental numa abordagem inter e transdisciplinar, envolvendo as artes, as ciências do ambiente e a educação psicofísica, bem como da Escola na Natureza, instituição governamental, pioneira também na articulação entre a arte-educação e a educação ambiental. Tais experiência em arte-educação ambiental.. 653.

(18) RITA PATTA RACHE. E. CLÁUDIA LYRA PATO. A interação do coletivo-pesquisador se dá. Vale dizer que cada produto resultante. virtualmente, pelas redes sociais e por e-. das análises será compartilhado com o. -mail. Como todos têm acesso à internet,. coletivo-pesquisador para que contribua com o processo, não só avaliando, cor-. Facebook, criamos uma conta no Google. roborando ou discordando das análises,. (arteducambiental@gmail.com) e uma pá-. mas incrementando outras categorias e. gina e um grupo no Facebook, denomina-. argumentos.. dos Arte-Educação Ambiental. Desta forma, o coletivo-pesquisador irá As estratégias de coleta de dados envol-. atuar também como controle durante todo o processo de pesquisa.. a realização de entrevistas, promoção de fóruns de discussão e bate-papos e utilização de diário de campo. Procederemos à análise de dados pela análise textual discursiva (GALIAZZI & análise individual das estratégias, inician-. O constructo transdisciplinar arte-educa-. do pelas entrevistas, seguidas dos fóruns análise integrada, pela integração das análises anteriores. Nesse segundo momento de análise, o coletivo-pesquisador construirá uma mandala de saberes, por meio do aplicativo Sistema de Construção de Mandalas3, elaborado pela ONG Casa da Arte de Educar e o Ministério da Cultura, que sintetize a práxis e integre a concepção de arte-educação ambiental do grupo, através de formas coloridas e a inserção de palavras-conceitos.. compreender a arte-educação ambiental, cuja práxis caracterizamos aqui como uma mandala de saberes. Assim, desencadearemos a discussão dos resultados e a formulação do constructo no âmbito do coletivo-pesquisador, a partir da mandala de saberes construída. Logo após, juntaremos as categorias e a interpretação dos dados e partiremos para a formulação do constructo, de modo compartilhado com o coletivo. Uma vez elaborado o constructo, iremos -. 3. 654. http://www.madaladossaberes.org. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20.

(19) cos da pesquisa, buscando responder às resulte na elaboração de uma tese de dou-. Esperamos que a elaboração do constructo possibilite a compreensão da arte-educação ambiental e contribua para com os estudos transdisciplinares, provocando in-educação.. AGUIRRE, Imanol (2009). Imaginando um futuro para a educação artística, em MARTINS, R.; TOURINHO, I. (Orgs.). Educação da cultura visual: narrativas de ensino e pesquisa, p.1-15. Santa Maria: Editora da UFSM. BARBOSA, Ana Mae (org.) (2005). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez. BARROS, Manoel de (2010). Memórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros. São Paulo: Planeta. BUBER, Martin (1997). Eu e tu. São Paulo: Cortez & Moraes. CARVALHO, Izabel (2004). Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez. CRIVELLARO, Carla.; MARTINEZ NETO, Ramiro; RACHE, Rita (2001). Ondas que te quero mar: educação ambiental para comunidades costeiras. Porto Alegre: Gestal. Paulo: Cia. das letras. DANSA, Cláudia, PATO, Cláudia e CORRÊA, Rosângela (2012). Educação ambiental e debate. Texto apresentado na Mesa de Trabalho Educação Ambiental e Ecologia Humana no I Seminário Internacional de Ecologia Humana, UNEB, Paulo Afonso BA. Disponível em: http://www.academia. edu/2580069/ DUARTE Jr., João Francisco (1988). Fundamentos estéticos da educação. Campinas: Papirus.. ambientalMENTEsustentable, 2015, (II), 20. DUARTE Jr., João Francisco (2004). O sentido dos sentidos: a educação do sensível. Curitiba: Criar. ESTÉVEZ, Pablo René (2003). A educação estética: experiências da escola cubana. Porto Alegre: Nova Harmonia. GALIAZZI, M.C. & MORAES, R (2006). Análise textual discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação, v. 12, n. 1, p. 117-128. GULLAR, Ferreira (2006). Sobre arte Sobre poesia (uma luz no chão). Rio de Janeiro: José Olímpio. HEIDEGGER, Martin (2001). Ser e tempo (1927). Petrópolis: Vozes. HILLMAN, James (1993). Cidade & alma. São Paulo: Studio Nobel. JACOBI, Pedro (2005), Educação ambiental: o. Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 233-250. HERNÁNDEZ, Fernando (2000). Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed. LEFF, Enrique (2008). As aventuras da epistemologia ambiental: da articulação das ciências ao diálogo de saberes. Rio de Janeiro: Garamond. MAFFESOLI, Michel (1998). O conhecimento comum: compêndio de sociologia compreensiva. São Paulo: Editora Brasiliense. MAFFESOLI, Michel (2008). Elogio da razão sensível. Petrópolis: Vozes. MERLEAU-PONTY, Maurice (1994). Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes. MORIN, Edgar (2002). Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. MORIN, Edgar (2002). O problema epistemológiEuropa-América. MORIN, Edgar (2007). Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez. NICOLESCU, Basarab (2001). O manifesto da transdisciplinaridade. São Paulo: Trion. OSTROWER, Fayga (1991). Universos da arte. 7ª ed. Rio de janeiro: Campus. PATO, Cláudia (2004). Comportamento ecológico: relação com valores pessoais e crenças ambientais. Tese. (Doutorado em Psicologia). Brasília. Universidade de Brasília. PATO, Cláudia. Valores ecológicos. Texto disponibilizado pela autora. 2013.. 655.

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