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Doentes com neoplasia do pulmão de não pequenas células submetidos a tratamento com erlotinib – Casos clinicos

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Academic year: 2021

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Resumo

Apresentam -se quatro casos clínicos, da nossa expe-riência do IPO, de doentes com neoplasia do pul-mão não pequenas células, tratados em segunda e terceira linhas com erlotinib. São doentes selecciona-dos em que se salienta a boa resposta ao tratamento instituído e a presença de efeitos secundários predo-minantemente cutâneos.

Rev Port Pneumol 2008; XIV (Supl 3): S65 -S69 Palavras -chave: Neoplasia do pulmão de não

peque-nas células, erlotinib.

Abstract

We present four patients with non -small cell lung cancer treated in second and third line with Erlo-tinib. These are selected patients that obtained a good clinical response. Almost all presented cutane-ous side effects.

Rev Port Pneumol 2008; XIV (Supl 3): S65 -S69 Key -words: Non -small cell lung cancer, erlotinib.

Doentes com neoplasia do pulmão de não pequenas células submetidos a tratamento com erlotinib – Casos clinicos

Non-small cell lung cancer patients treated with erlotinib – Clinical cases Jorge Dionísio1 Teresa Almodôvar1 Dina Matias1 Paula Ferreira2 Paulo Mota2 J Duro da Costa3

1 Assistente Graduado de Pneumologia 2 Assistente Hospitalar de Pneumologia 3 Director de Serviço de Pneumologia

Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE Serviço de Pneumologia (Director: Dr. Duro da Costa)

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Introdução

A neoplasia do pulmão, particularmente o car-cinoma pulmonar de não pequenas células, tem um prognóstico reservado quando diag-nosticado em estádio avançado. Novas tera-pêuticas têm surgido nos últimos anos, fruto do desenvolvimento da investigação na área da biologia molecular. O erlotinib foi apro-vado pela US Food and Drug Administration

em Novembro de 2004 para o tratamento de doentes com carcinoma pulmonar de não pequenas células localmente avançado ou metastático, após pelo menos uma primeira linha de quimioterapia.

O serviço de pneumologia do Instituto Por-tuguês de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE (IPOLFG), utiliza este fármaco em segunda e terceira linhas de tratamento de acordo com um protocolo estabelecido. Apresentamos quatro casos clínicos selec-cionados em doentes submetidos a esta te-rapêutica.

Casos clínicos Caso 1

EDT, sexo feminino, 77 anos, não fumadora, com o diagnóstico de adenocarcinoma do lobo

superior do pulmão esquerdo efectuado em 25/11/2004. Estádio IV (T4N0M1 -pulmonar). Proposta para quimioterapia com cisplatina + + gemcitabina que concluiu em 27/4/2005 com resposta parcial.

Por progressão, efectuou QT de segunda li-nha com docetaxel em 15/3/2006, tendo efectuado quatro ciclos até 17/5/2006 com resposta parcial.

Por progressão a 28/3/2007 (Fig. 1 – TAC: Massa tumoral com 5 cm e atelectasia. Quatro nódulos pulmonares não visíveis neste corte), inicia erlotinib 150 mg/dia. Reavaliação a 2/5/2007, com resposta parcial, que ainda mantém: (Fig. 2 – TAC 11 m após erlotinib: Massa tumoral com 2 cm. Dos nódulos satélites, apenas um ainda visível, mas não mensurável). Efeitos secundários: Toxidermia pápulo--pustulosa (Figs. 3 a 5), onicodistrofia e diarreia com necessidade de medicação e re-dução de dose de erlotinib para 100 mg/dia, que mantém à data.

Caso 2

MCAPR, sexo feminino, 59 anos, não fuma-dora, com antecedentes de neoplasia da mama pT2N0M0 operada em 1996 e com QT

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vante. Em Janeiro de 2003 é efectuado o diag-nóstico de adenocarcinoma do lobo superior do pulmão direito. Estádio IV (T4N2M0). Proposta para quimiorradioterapia. Efectuou dois ciclos de QT com cisplatina + vinorel-bina com progressão – nódulos pulmonares múltiplos, suspendendo início de RT. Efectuou QT de segunda linha com docetaxel em 20/4/2005, tendo efectuado 6 ciclos até 3/8/2005 com resposta parcial ao 4.º ciclo e progressão em 6/10/2005 (Fig. 6 – massa 66 mm). Repetiu broncoscopia que confirmou progressão e novamente biópsias compatí-veis com neoplasia primitiva do pulmão. Inicia erlotinib 150 mg/dia a 30/12/2005, inicialmente com resposta parcial (Fig. 7 –

massa 48 mm) e progressão inequívoca em Maio de 2007 (massa 60 mm), altura em que suspendeu esta terapêutica. Efeitos secundá-rios: toxidermia papulo -pustulosa (Figs. 9 a 11) com necessidade de medicação e diarreia ligeira.

A doente veio a falecer em 19/10/2007.

Caso 3

GPR, sexo feminino, 72 anos, não fumado-ra, com o diagnóstico de adenocarcinoma do lobo superior do pulmão direito. A doente foi submetida a lobectomia superior direita em 3/5/2005, dado um estadiamento clínico de T2N0 que não se confirmou: pT3N2Mx; posteriormente M1 por metastização óssea.

Fig. 3 – Aspectos de toxidermia

pápulo-pustulo-sa da face

Fig. 4 – Aspectos de toxidermia

pápulo-pustulo-sa da face anterior do tórax

Fig. 5 – Aspectos de toxidermia

pápulo-pustulo-sa do dorso

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Proposta para radioterapia sobre as metásta-ses ósseas e quimioterapia com carboplatina + + vinorelbina que concluiu em 25/4/2005 (Fig. 12 – TAC 2/20006: sem lesões visíveis). Por progressão no coto brônquico em 6/2006 (Fig. 13 – massa tumoral com 2,6 cm no coto brônquico) e com confirmação histoló-gica, é proposta para erlotinib 150 mg/dia. Reavaliação a 18/9/2006, com resposta total a nível local (Fig. 14), que ainda mantém. Efeitos secundários: toxidermia exantemáti-ca e onicodistrofia (Figs. 15 a 17).

Doente actualmente com 21 meses de erlo-tinib sem recidiva pulmonar, mantendo con tudo metastização óssea.

Caso 4

AMCFD, sexo feminino, 53 anos, não fuma-dora. Em Março de 2007 é efectuado o diag-nóstico de adenocarcinoma do lobo superior do pulmão direito. Estádio IV (T4N2M1 pulmonar múltipla, óssea e hepática).

Proposta para quimioterapia: efectuou seis ciclos com cisplatina + gemcitabina, até Ju-lho de 2007 com resposta parcial.

Em 1/10/2007 surge com progressão tumo-ral pelo que inicia QT de segunda linha com pemetrexed, tendo efectuado seis ciclos até 24/1/2008, verificando -se progressão radio-lógica (Figs.18 a 20 – massa LSD; nódulos pulmonares múltiplos, lesões hepáticas).

Fig. 12 – Coto brônquico sem lesões visíveis Fig. 13 – Massa tumoral com 2,6 cm no coto

brônquico

Fig. 14 – Coto brônquico sem lesões visíveis Fig. 9 – Aspectos de toxidermia pápulo-pustulosa

da face

Fig. 10 – Aspectos de toxidermia pápulo-pustulosa

da face anterior do tórax

Fig. 11 – Aspectos de toxidermia pápulo-pustulosa

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Inicia erlotinib 150 mg/dia a 25/2/2008, sem efeitos secundários significativos e veri fi can do--se uma resposta parcial em 14/04/2008 (Figs.

21 a 23 – pequena massa LSD; nó dulos pul-monares múltiplos mínimos, lesões hepáticas). A doente mantém terapêutica nesta altura. Fig. 15 – Exantema das coxas Fig. 16 – Onicodistrofi a Fig. 17 – Onicodistrofi a

Fig. 18 – Massa LSD Fig. 19 – Nódulos pulmonares múltiplos Fig. 20 – Nódulos hepáticos confl uentes

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Discussão dos casos

Foram apresentados quatro casos clínicos re-ferentes à casuística do serviço de Pneumolo-gia do IPOLFG, com a característica comum de terem uma boa resposta à terapêutica ins-tituída com Erlotinib.

A maioria dos doentes tratados no serviço de Pneumologia do IPOLFG com esta terapêu-tica não apresenta uma resposta significativa. Contudo, quando existe resposta, esta é mui-to evidente e por vezes bastante duradoura. Estudos recentes apontam para que os doentes com carcinoma de não pequenas células do pulmão que apresentam mutações no EGFR (Epidermal growth-factor receptor) têm uma

melhor resposta clínica ao erlotinib, estando em curso mais estudos para clarificar o valor prognóstico e preditivo destas mutações1,2.

Uma característica deste tratamento é a asso-ciação dos efeitos secundários cutâneos com uma boa resposta ao tratamento, como docu-mentado nos casos 1, 2 e 3 e de acordo com a literatura3.

Particularizando os casos clínicos, salienta-mos a duração da resposta ao tratamento de cerca de 18 meses do primeiro caso, em que foi necessário ajustar a dose pelo quadro cutâ-neo exuberante e efectuar terapêutica tópica frequente. A doente referia por vezes maior incómodo com as lesões cutâneas do que va-lorizava os sintomas respiratórios.

O segundo caso, de diagnóstico diferencial particularmente difícil, com metástase pulmo-nar, pelos antecedentes de neoplasia da mama, apresentou igualmente uma duração de respos-ta ao trarespos-tamento de cerca de 18 meses e uma toxicidade cutânea importante mas controlada apenas com terapêutica tópica, sem necessida-de necessida-de redução necessida-de dosagem do erlotinib.

O terceiro caso tem como características, para além da duração da resposta, nesta altura com 21 meses, a resposta completa da lesão pul-monar, apesar da persistência das lesões ósseas e uma toxicidade cutânea importante, mas controlada apenas com terapêutica tópica. O quarto caso, ainda com apenas 6 meses de duração de tratamento, apresenta uma respos-ta clínica e radiológica muito favorável com apenas 2 meses de tratamento, sendo o único caso em que não existiu toxicidade cutânea. Nestes casos seleccionados em critérios clíni-cos, segundo estudo BR21, existe uma me-lhoria clínico-radiológica. No entanto, dada a não uniformidade de resposta em função deste critério, impõe-se a introdução de parâ-metros biológicos para um refinamento da selecção, pelo que se deve prosseguir a inves-tigação na procura de novos marcadores1,4,5.

Bibliografia

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Referencias

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