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Uma trajetória de pesquisa: a literatura no extremo oeste do Brasil

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UMA TRAJETÓRIA

DE PESQUISA: A

LITERATURA NO

EXTREMO OESTE

DO BRASIL

Paulo Sérgio Nolasco

dos Santos

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RE SU M O : O artigo informa acerca do desenvolvim ento da pesquisa em Literatura e da criação de um program a de pós-graduação na Universidade Federal de M ato Grosso do Sul. O registro das atividades de pesquisa, dos eventos e da articulação sistemática e organizada da reflexão em torno de uma linha de pesquisa em estudos regionais, culturais e intercultu ra is dão a d im en sã o fo rm id á v e l do c re scim en to d esse seto r de p esq u isa , para a consolidação da pós-graduação na U F M S .

Palavras-chave: pesquisa; estudos culturais; região sul-mato-grossense. A B ST R A C T : The article provides information co n cern in g the developm ent of the research in Literature and o f the creation o f a Postgraduation Program in the Federal U niversity o f M ato Grosso do Sul. The recording o f research activities, of events and of system atic and organized articulation of the reflection around a research line in regional, cultural and intercultural studies gives the form idable dim ension o f the grow th o f that research area, fo r the consolidation o f the postgraduation in U F M S .

Keyw ords: research; cultural studies; sul-m ato-grossense region. Introdução

M omento especial este em que a Revista Cerradosse volta para a reflexão sobre a pós-graduação em Literatura. Em prim eiro lugar p o rq u e, ao d isco rrer de m odo p ro sp e c tiv o so b re a h istó ria da consolidação do programa de pós-graduação na minha universidade, a U n iversidade Federal de M ato G rosso do Sul, encon tro razões justificadas para lem brar, também, o program a de pós-graduação em Literatura da Universidade de Brasília, que edita esta excelente revista, prestigiada em nível nacional e mais im portante meio de divulgação da produção intelectual na área de Letras da região Centro-Oeste.

Há exatos 20 anos, concluí o m estrado em Literatura na UnB e retornei à minha cidade, Dourados, com o propósito de ingressar na vida acadêm ica da UFM S e ali construir, m ais do que um projeto - claram ente exposto e delimitado nas linhas de um form ulário - , um e x e rcício acad êm ico que, ao v a lo riz a r a p esq u isa , p u sesse em agen ciam en to uma prática de reflexão capaz de criar con d ições favoráveis ao desenvolvim ento da pesquisa dentro de uma área

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Paulo Sérg io N olasco dos San tos (U FM S)

médio e longo prazo, dar efetiva sustentação a um programa de pós-graduação numa região totalmente carente de program as dessa natureza.

A região da Grande Dourados, no centro- sul do estado de M ato Grosso do Sul, abrange 37 municípios, correspondendo a 15,6% do território estadual e a 41,52% da população do estado. Desta região do extremo oeste, limítrofe com o Paraguai, tod os os que q u eriam re a liz a r estu d o s m ais especializados tinham que se d eslocar para os grandes centros do país; eu mesmo tive que me mudar para Brasília, onde me titulei em Literatura e vivi de 1982 a 1984. Vinte anos de história e um trajeto de pesquisa parecem ter dado bons frutos, que começamos a colher após a criação do nosso próprio program a de p ós-graduação, que hoje assistim os em sua plena consolidação.

C onsiderem os, antes de tudo, o caráter em blem ático d esses anos que soam com o um percurso extremamente longo, porém compreensível, quando se avalia o h istó rico da nossa U FM S, situada no interior do Brasil m eridional e voltada explicitamente para a formação de profissionais em nível de graduação, com o visível despreparo do seu corpo docente para enfrentar uma crescente e u rgen te d em an d a pela p ó s-g rad u ação . A li, a capacitação docente era artigo raríssimo; eu mesmo tinha reencontrado m eus antigos m estres na sua exclusiva função de m inistrantes de aulas, o que mais se agravava pela iminência da aposentadoria, ansiosamente aguardada.

H oje, no en tan to, passad os 20 anos, já podem os olhar para trás e discorrer sobre um projeto que foi paulatinam ente construído, seja pela m obilização da com unidade em torno da v a lo riz a çã o e p a rtic ip a ç ã o n o s ev e n to s que 1 4 4 o rg an izam os e que co n stitu em já um a longa

trajetória, seja na preparação e constituição de uma m assa crítica voltada especialm ente para a pós- graduação em Literatura, ou, ainda e particularmente, pela criação de cursos lato sensu e pelo oferecimento de novas disciplinas na graduação, que trouxeram um enriquecimento, primeiro para o aluno, que viu ampliarem-se seus modos de com preensão do fato e do texto literários, e, conseqüentem ente, para o universo dessa região fronteiriça, que despontou com o constru to v igorosam en te representativo, p ro d u tiv o e e x p o sto a v a ria d a s m ed iaçõ es, segundo a natureza da questão levantada pelo investigador.

D iante d este q u ad ro, p reten d em o s, no espaço deste artigo, revisitar, de modo prospectivo, a história de uma vivência em torno da literatura na U FM S, do seu su rgim ento com o cam po de p esq u isa in stitu cio n a l, e de com o ela oferece p ersp ectiv as, to rn a n d o -se h o je um cam p o de pesquisa interessante para inúmeros estudiosos no estado de M ato Grosso do Sul.

No início: a Literatura num projeto pioneiro O o b je tiv o p r in c ip a l d e ste a rtig o é a exposição dos aspectos m ais relevantes da pós- graduação em Literatura na m inha universidade e, a p artir daí, da sua irrad iação num espaço geográfico importante, gerador de impacto pelo seu caráter de pioneirismo, numa região comprovadamente carente de iniciativas arrojadas nesse setor. Tal área de abrangência ultrapassa os limites do estado s u l-m a to -g ro s se n se , co m o d e m o n stra re m o s adiante. A ntes de tudo, porém , é p reciso que rem ontem os, um pouco, ao desenvolvim ento das primeiras iniciativas que já visavam à constituição de um projeto m aior, de um program a de

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Uma trajetória do pesqu isa: a leteratura no extrem o o este do Brasil

graduação propriam ente dito. E nesse particular m uitas foram as in iciativ as, sejam de natureza institucional, realizadas como projetos aprovados pela U FM S, sejam de em penho e envolvim ento pessoal, num labor cotidiano, pois que tomado como objetivo e missão, justificativa de um projeto pessoal, desde que tínham os retornado à nossa terra e ali iniciado uma vida acadêm ica, cheia de sonhos e acalentada pelo sabor das conquistas que os anos da ju ventu de costum am em balar. E os anos da juventude podem ser retraçados com o início da minha pós-graduação, cujo mestrado em Literatura, com área de concentração em Teoria da Literatura, foi decisivo não só para a minha futura formação de doutorado em Literatura Comparada, com o para um a p rática de ensino, pesquisa e extensão sem pre voltados para essa área.

Com efeito, desde antes da criação da hoje ren om ad a A b ralic, a L iteratu ra C om parada impunha-se como a disciplina e campo de pesquisa que orientava toda uma prática da Literatura, na medida em que favorecia um modo de articulação p a rtic u la rm e n te e s p e c ífic o ao estu d o dos fenôm enos literários e culturais m uito peculiares à nossa região de fronteira, no extrem o oeste do Brasil e sul do estado de M ato Grosso do Sul.

A Literatura Comparada, como método de estudo, tinha-se m ostrado para m im , durante o m estrado, com o um a d iscip lin a que visava ao u n iv ersal e fascin av a p ela lição de G oethe, o cosm opolitism o e a leitura das obras-prim as, mas despertava já um im enso interesse pelo particular, pelo que era m ais propriam ente nosso e de nossa região. D aí a clave que explicaria não só nossas p rim e ira s in icia tiv a s em torn o de im p lan tar, p ion eiram en te, uma prática com parativista na UFMS, com o tam bém nosso ingresso subseqüente

no doutorado em Literatura Comparada, a filiação à A b ralic e p a rtic ip a ç ã o com o só cio s já no p rim eiro co n g resso da A sso cia çã o , em 1988. Começa assim uma história de “felicidade pela lite ratu ra" que m ostra facetas im p ortantes de nossa vida acadêmica, que temos o prazer de citar e recolher.

Três expressivos ensaios da crítica literária b rasileira, recentem ente pu blicad os, analisam , a m p la m e n te, a fe içã o h istó ria da L ite ra tu ra Com parada no Brasil e no m undo. A partir de práticas específicas e localizadas, passando pela dimensão absolutam ente universal que m arca a Literatura Com parada com o modo de construir relações, esses ensaios contem plam uma pujança de rela çõ es p re se n te s n as fo rm u la çõ e s e/ou caracterizações do que se circunscreve ao finissecular e à confluência dos séculos.66 Na esteira desses três ensaios, querem os registrar o que viem os construindo na U FM S em term o s de estu d os lite rá rio s , c o n sid e ra n d o , p rim e iro , a T eo ria Literária, disciplina tradicional no nosso curso de Letras e, em seguida, a Literatura Comparada, que passa a constar do currículo da UFM S, do cam pus de Dourados mais especificamente, e por iniciativa nossa, a partir de 1992. Ainda hoje, o curso de Letras de Dourados é o único no estado a oferecer regularm ente em sua graduação a disciplina de Literatura Comparada. Sempre articuladas entre si, estas disciplinas puderam , ainda num prim eiro 66 Referim o-nos aos artig os "A literatu ra co m p arad a na co n flu ê n cia d os s é c u lo s " , de T a n ia F ra n co C a rv a lh a l; " L ite r a tu ra C o m p a ra d a : a lte rn a tiv a in stitu cio n a l ou contingência finessecular", de Eneida Leal Cunha ( CUNHA, E.L. ; SOUZA, E. M. de (Org.). Literatura com parada : Ensaios. Salvador: EDUFBA, 1996); e "Literatura Com parada. Espaço N ôm ade do Saber", de Eneida M. de Souza (Revista Brasileira

de Literatura C om parada, São Paulo, n. 2, m aio, 1994).

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Paulo Sérg io N olasco dos San to s (U FM S)

m omento, fortalecer a prática da Literatura tanto no âmbito do curso de Letras quanto na grande rede de ensino público (estadual / m unicipal) e particular da Grande Dourados.

Em um seg u n d o m o m en to , resu lta d o daquele investimento, podemos sinalizar os rumos que toma a pesquisa nessa região e na UFMS, no presente momento. Tentar analisar este quadro a partir do registro de alguns dos mais importantes eventos literários, e das orientações comparativistas que marcaram esses eventos, atenderá ao nosso p ro p ó sito de e x p lic ita r e m elh o r d elin ear os contornos, os desdobram entos da pesquisa em nossa universidade, bem como o reconhecimento, pela programação dos eventos, do amplo espectro de temas e elementos formadores de nossa cultura, propícia ã investigação comparativista, segundo as formações e produções próprias dessa região do extremo oeste brasileiro. Região fronteiriça com o Paraguai, que :onserva matizes culturais próprios, mas que também abriga uma diversidade cultural cujo ponto de partida bem pode ser o Go W est - a chamada m archa cultural para o oeste.67

A região sul do Mato Grosso, muitas vezes m encionada com o corredor - na am bivalência dessa palavra - , corredor cultural, corredor de fuga e contrabando, próprio de regiões fronteiriças, pou cas v ezes é lem b rad a com o a reg ião que in sp iro u o V isco n d e de T a u n a y , cu ja ob ra Inocência foi o romance brasileiro mais traduzido na Europa durante o século XIX - três são as tra d u çõ e s de que tem o s n o tícia . N o sécu lo passado, foi Guim arães Rosa que, numa de suas viagens, muito bem traduziu, no conto "Sanga

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67 SHNA, Clovis. Fronteira Centro-OesteGoiânia: Kelps, 1999.

P u y tã ", a d iv e rs id a d e e o rico m a te ria l que configura o bilingüism o lingüístico e cultural da região. No aludido conto, Rosa registra o encontro com um m oço m ilitar que trazia um v io lão a tiracolo: "o violão, para o paraguaio, é arma de combate e ferram enta de lavoura. Se verdadeira, bela é a história, se im aginada, ainda m ais.", e na sua passagem por D ourados relata: "um a m ulher mostra seu filho, m enino teso como um guaicuru: - "Paraguaio, no, Brasilerito!..."

Assim configurado o universo cultural da região, limítrofe e de extremo, queremos recuperar o nosso trajeto na co n so lid ação do en sin o da Literatura na UFMS, evocando o aspecto geográfico e cu ltu ral que n os situ a no " e x tre m o ", o que sig n ific a tam b ém s itu a r-s e n os lim ia re s , na passagem e travessia, vetores de um a linha de pesquisa a qual, mais tarde, no âm bito da Anpoll, viríamos a desenvolver em um projeto de pesquisa.

A UFMS, no início por razões circunstanciais e d ev id o , em g ran d e p a rte , ao seu lu g a r de universidade periférica, não avançou além da sua vocação para o en sino. G ran d e p arte de seus mestres não era pós-graduada e pequena parte de mestres e doutores se aposentou, seguindo o script bem co n h ecid o e re c e n te d as u n iv e rs id a d e s pú blicas b rasileiras. A ssim , os cu rsos de pós- g ra d u a çã o c o lo c a v a m -s e no e x tre m o de um h o rizo n te e a c a p a cita çã o d o cen te e p ro jeto s in te g ra d o s de p e s q u is a v iria m c o n firm a r a p len itu d e da in s titu iç ã o n o c o n ce rto com as demais IES do país.

Voltado pra o ensino e lecionando Teoria L ite rá ria e L ite ra tu ra C o m p a ra d a , e n q u a n to cursava o doutorado em Literatura Comparada na U FM G , fu i en co n tra n d o , no b in ô m io en sin o - extensão, a perspectiva de sedim entação de um

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Uma trajetória d e pesquisa: a letcratura no extrem o o este do Brasil

projeto m aior e am bicioso que viesse integrar, de fato, àquele binôm io, a pesquisa, quer no nível acadêmico, quer no nível de pós-graduação. Como se vê, no en tanto, a criação de cursos de pós- grad u ação co lo cav a-se sem p re num horizon te muito distante.

C om esse p ro p ó s ito , v á rio s fo ram os eventos científicos que organizamos e coordenamos na U FM S. D e sta ca -se , n este rol, o I C iclo de P a le stra s e C o n fe rê n cia s em L ite ra tu ra , que, realizado em 1986, trouxe para a UFMS a primeira au la-co n ferên cia sobre a p rática da Literatu ra Comparada, representando uma primeira abertura de horizontes em relação ao fato e o texto literários enquanto práticas sem iológico-culturais. O texto da a u la -c o n fe rê n c ia , se g u id o do re g istro da organização do I Ciclo, foi publicado pela Revista de Extensão da U F M S .68 No ano seguinte, em 1987, com o objetivo de oferecer aos alunos uma visão m ais com p leta e ren ov ad a da área de Letras, coordenamos a realização de um grande Encontro de Estudos Lingüísticos e Literários, organizado na m o d alid ad e de m in icu rso s, co n ferên cias e com unicações, e que foi m uito prestigiado, com a p articip ação de ren om ados p esq u isad ores das duas áreas.69 Em 1988, coordenamos e ministramos o curso "T eoria Literária e estudo da Literatura", que tinha por fin alid ad e d iscu tir a p rática do ensino da Literatura, segundo uma perspectiva teórico-crítica da leitura e do ensino da arte literária.

68 Fizeram parte com o convidados deste Ciclo de Literatura os Professores N eide de Faria e C assiano N unes, da UnB. Revista de Extensão da UFMS, Campo Grande, v .l, n.l, 1998. 69 Fizeram parte deste Encontro, ministrando Conferência e m ini-cursos, os Professores A glaêda Faco V entura, da UnB, Hildo H onório do C outo, da UnB, Leonor Scliar Cabral, da UFSC, e Francisco Filipach, da UCP, dentre outros.

Ainda neste ano, organizamos e coordenamos o ev en to "E n co n tro s m en sais de le tra s " que, assu m in d o a in te rd is c ip lin a rid a d e p le n a , se pautou em conteúdos program áticos que punham em relação a Literatura e outros saberes (História, Educação, Estética, Lingüística, leitura, poética, etc).

Em 1989, deu-se o nosso afastamento para cursar o doutorado em Literatura Com parada na UFMG. Fase de enriquecedora experiência, não só pelo con 'vio com professores de formação sólida e e x p e riê n c ia c o m p ro v a d a no e n sin o e na pesquisa, mas, sobretudo, porque tivem os uma orientação m uito eficiente para a pesquisa que realizamos na área de Literatura Comparada, que culm inou com a nossa p articip ação em vários ev en to s n a c io n a is e in te rn a c io n a is , além de algumas publicações em revistas especializadas.

Com o nosso retorno à UFMS, em 1993, ainda podíamos constatar que restava solidificar nossa posição no campo da pesquisa. Daí tornar- se uma constante o nosso em penho na criação de cursos de esp ecialização e m estrado, o que se justificaria pelo atendimento à carência generalizada de cursos de pós-graduação, sobretudo na área de Letras e de Literatura, especialmente. O retorno nos impôs, então, até por exigência institucional - lem brem o-nos das im plicações e preocupações que a Lei Darcy Ribeiro trouxe para as IES - , a reduplicação de esforços numa meta comum.

Assim, demos prosseguimento aos eventos científicos, como o II, III, IV e V Ciclos de Literatura, que têm m antido uma periodicidade anual. As program ações desses Ciclos procuraram enfocar assuntos/tem as palpitantes no cam po literário, reu n id os sob a ótica da T eo ria L iterária e da Literatura Com parada, observando o fenôm eno

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Paulo Sérgio N olasco dos San to s (U FM S)

literário com o espaço da in terdisciplinaridade, intervalar e de relações.70 Integrando-se à programação d esses ev e n to s c ie n tífic o s , re g is tra -s e a p articip ação de algu n s p ro fesso res da U FM S, relatando o andamento de pesquisas em curso, bem com o a a p re sen ta çã o de tra b a lh o s de v ário s discentes que se preparavam para ingressar em cursos de mestrado. E ainda significativo, para o que se quer form ular ao final deste artigo, aludir ao projeto de ensino de graduação que resultou no evento "A prática da L iteratu ra C om p arad a", ministrado pela Doutora Tânia Franco Carvalhal, em 1995, na U FM S.7'

Procuram os m ostrar, até agora, como a Literatura Com parada, a prática dessa disciplina, vem sendo trab alh ad a na U FM S desd e 1985, culm inando com o seu oferecim ento regular na grade curricular no ano de 1992, até o ano de 1997, quan d o foi ap ro v ad o n osso p ro jeto de criação do curso de pós-graduação, em nível de especialização, em Literatura Com parada. Nesse mesm o ano, realizam os mais uma vez o VI Ciclo de Literatura, que teve uma exitosa repercussão na co m u n id a d e a c a d ê m ic a e no m ercad o e d ito r ia l, um a v ez qu e a E d ito ra da U FM S p u b lic o u um v o lu m e com os tra b a lh o s ali apresentados. Sob o título Ciclos de literatura

com parada, o livro por nós organizado atendia e

refletia, pioneiram ente, o resultado de um longo

70 P articip am o s, d en tre o u tro s, do 2o S em inário Latino-americano de Literatvira Com parada (M on tevid éu/1989), do 2o Congresso Nacional da ABRALIC (Belo H orizon te/1990) e do XIV Congresso Internacional da Federação das Línguas e Literaturas M o d ern as/F IL L M (Iu g o sláv ia/1990). 71 O Projeto de Ensino "A Prática da Literatura Com parada" foi organizado por mim e pela Professora Josênia Chisini, que 1 4 8 assumiu a coordenação executiva do Projeto.

percurso de pesquisa in iciad o com os eventos anteriores. Em prim eiro lugar, porque trazia para a co m u n id a d e a c a d ê m ic a u m a s ig n ific a tiv a re u n iã o de te x to s , n o s q u a is se u s a u to re s desenvolviam reflexões sobre os m ais diversos tem as da produção artístico-cu ltu ral sul-m ato- grossense. Assim , por m eio desses textos, outros pesquisadores poderiam resgatar o que tinha sido tratado durante os diversos Ciclos, especialmente o que se referia à tem ática em questão, bem como p o d e ria m d ar c o n tin u id a d e às re fle x õ e s ali form uladas, atendendo, assim , a nossa proposta, em curso com este volume, de contribuir com uma bibliografia de referência para a constitu ição de linhas de pesquisa, de trabalhos acadêm icos e, enfim , para pesquisadores que se deparam com a escassez b ib lio g rá fica de n atu reza teórico- crítica e reflexiva acerca do lugar que a cultura e/ o u a lite r a tu r a r e g io n a is a ss u m e m com o problem atizadoras da relação identidade versus representação, nesta região tão propícia à reflexão sobre comunidades inter-literárias e relações entre literaturas de fronteira.

Esta publicação ganhou m ais notoriedade ainda porque já descrevia, em sua apresentação e no artigo que abre o volume, a proposição da linha de p esq u isa " L ite ra tu r a e estu d o s reg io n ais, culturais e in tercu ltu rais", que depois norteou nossa atuação no programa de mestrado da UFMS. Um outro ponto relevante no m om ento em que o livro foi publicado refere-se à sua inserção dentro de um p ro je to de p e sq u isa in s titu c io n a l, "A Literatura Comparada no extremo oeste do Brasil", que se articu la v a , p or sua v ez, com a nossa participação dentro de um grupo m ais amplo, em nível nacional, posto que, em 1997, por ocasião do

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U m a trajetória de pesqu isa: a leteratura no ex trem o o este do Brasil

E n co n tro em S a lv a d o r72 do G T de L iteratu ra Comparada da Anpoll, passamos a integrar esse GT.

A partir daí, toda a nossa produção vai se circunscrever em torno das questões que, explícita ou im plicitam ente, vinham ao encontro da nossa participação dentro daquele Grupo de Trabalho, numa clara determinação por estabelecer, cada vez mais, um perfil para as atividades de pesquisa que se podiam desenvolver em nosso próprio programa de m estrado. Com o nosso ingresso na Anpoll, atu a n d o d ire ta m e n te na lin h a de p esq u isa "L im ia r e s c r ític o s " do G T de L ite ra tu ra Comparada, pudemos dar continuidade e um novo re d im e n sio n a m e n to às n o ssa s a tiv id a d e s de pesquisa que, de certa forma, passaram a envolver um gru po m uito exp ressivo de pesquisadores brasileiros que, àquele m om ento, integravam de forma produtiva a linha de pesquisa e o próprio GT.

Seguindo uma programação anual, os Ciclos de Literatura assumiram o caráter de evento que se sucedia a cada ano, caracterizando-se, em cada edição, como um encontro dos pesquisadores e estudantes de Letras do Centro-Oeste. Com esse espírito, organizamos e coordenamos os VI, VII, VIII, IX e X eventos, sendo que essas duas últimas edições dos Ciclos passaram a reunir pesquisadores do nosso GT de Literatura Comparada da Anpoll, ganhando status de evento nacional, pelo envolvimento do grupo de brasileiros, e internacional, na medida em que passou a integrar pesquisadores provenientes da República do Paraguai, e, com isso, fortalecendo e consolidando ainda mais e concretamente nossas propostas de integração com o Cone Sul.

72 Por ocasião do "E n co n tro em S alv ad or", a Assem bléia Geral aprovou a nossa proposta de realização de um seminário regional na UFMS, conforme divulgou o Inform ativo/ Anpoll, n'1. 5, de o u t./ 1997.

Um longo percurso decorreu até aqui. Ele se justifica na medida em que nos permite indicar o amplo quadro cultural que se pode delinear na região sul do Mato Grosso, e de um modo especial na região da Grande Dourados, que se mostra ao co m p a ra tista com o s ig n ific a tiv o o b jeto de in v e stig a çã o , que v ai dos e stu d o s c u ltu ra is regionais aos estudos intercülturais. Em relação aos re g io n a is, re g istra m o s um a sig n ifica tiv a produção literária e a rica prod ução em artes plásticas. Toda a nossa região fronteiriça (Ponta Porã, Arai Moreira, Caarapó, Am am baí e Coronel Sapucaia), povoada por im igrantes de toda parte, tam bém fo i, no p a ssa d o , foco de p ro je to s colonizadores que redundaram numa efervescência cultural ligada, por exem plo, à cultura da erva mate e à Companhia Mate Laranjeira. Em relação aos interculturais, delineiam -se projetos e eventos científicos voltados ao m apeam ento das questões culturais inerentes aos países fronteiriços no Cone Sul - integrando, no nosso caso, o Paraguai - , repensando-se, assim , parâm etros de natureza geográfica, h istórico-p olítica ou sociológica. O contexto cultural que nos situa, diferentemente, no extrem o oeste e num a região fronteiriça com o P a ra g u a i, sin a liz a o n ív e l de o tim ism o e de expectativas muito favorável ao desenvolvimento dos estudos literários e interculturais em nossa região.

A consolidação da pesquisa em Literatura e a criação do program a de pós-graduação em Letras da UFMS

D iante do cen ário que desenh am os no subtítulo anterior deste artigo, vivíamos na UFMS uma espécie de clam or pela criação do nosso

próprio program a de pós-graduação em Letras

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Pau lo Sérgio N olasco do s San to s (U FM S)

scricto sensu. Nosso envolvimento e participação em outros dois programas, colaborando para a afirmação e criação de programas em outras áreas afins, como História e Educação, apesar do caráter interdisciplinar desses cursos, parecia m ais um trabalho de colaboração do que, propriamente, a construção de um projeto especificamente voltado para os estudos na área de Letras, o que, na realidade, não era.73

O caráter multicampi da UFMS possibilitou a rre g im e n ta r fo rç a s o riu n d a s dos v á rio s departam entos de Letras para dar início a um curso que se concretizaria com a participação de docentes convidados e dispostos a assumirem os encargos daí decorrentes. Foi assim que os colegas do campus de Três Lagoas vieram convidar-me, no cam p u s de D o u ra d o s, p ara a e la b o ra çã o e apresentação da proposta do m estrado em Letras. A iniciativa, diga-se de passagem, contou com um enorme espírito de generosidade daquele pequeno grupo de professores, uma vez que os departamentos dos diversos cam pi só aprovaram a participação de seus professores m ediante a condição de que isso não tro u x e sse n en h u m "p re ju íz o das atividades de ensino, pesquisa e extensão" dos respectivos departamentos.74

73 In te g ra ra m a p ro g ra m a ç ã o d os C iclo s os se g u in te s professores convidados: Neide de Faria (UnB), W ander Melo M iranda (U FM G ), Eneida M aria de Souza(U FM G ), Vera Lúcia Andrade(UFM G ), Eduardo de Faria Coutinho(UFRJ), Aurora Fornoni Bernardini(USP), Carlos Alberto Vechi (USP), L u iz G o n zag a M a rch e z a n (U N E S P ), e T an ia F ra n co Carvalhal(UFRGS), dentre outros.

74 Até 1998, nossa participação na pós-graduação da UFMS restringia-se ao curso de m estrado em Educação (Res. 0 6 3 / CME, de 0 4 /0 8 /9 4 ), atuando na área temática de linguagem e educação, no curso de especialização em História do Brasil (Res. 0 0 4 /D C H , de 0 8 /1 0 / 9 6 ) e no cu rso de m estrado em H istó ria do B ra sil. 2 S E N A , C lo v is. F ro n te ira C e n tro

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OesteGoiânia: Kelps, 1999.

No entanto, fom os em frente. Em 24 de fevereiro de 1997, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFM S, reconhecendo a coragem e ousadia daqueles professores e a relevância do p ro jeto para a p ró p ria u n iv e rsid a d e e p ara o estado, aprovou a criação do curso, condicionando sua im plantação à autorização da Capes.

T a lv e z p elo c a rá te r m u ltic a m p i da u n iv e rsid a d e , c o n s id e ra n d o -s e a a m p litu d e geográfica do estado, esta aprovação, que pareceria açodada, despertou algum ciúm e que, hoje, visto à distância, m ais refletia o ressentim ento de um e ou tro cam p u s que n ão aten d ia m às m ín im as condições de proposição de um projeto similar. Em 29 de janeiro de 1998, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da U FM S publicou o Edital de Divulgação n° 002/98, contendo o regulamento do curso, a estrutura curricular e o corpo docente do mestrado em Letras, com as áreas de concentração em Lingüística e Teoria Literária. Estava criado, portanto, com o empenho daquele pequeno grupo de professores, o tão alm ejado e pacientem ente construído program a e, no dia 13 de janeiro de 1998, publicava-se o prim eiro edital para abertura de inscrições, visando à seleção de candidatos ao p rogram a.75 No dia 05 de fev ereiro de 1998, o colegiado de curso aprovava a lista de oferta de disciplin as e tam bém atrib u ía as d iscip lin as a serem oferecidas no prim eiro semestre de 1998, ao cu rso de p ó s-g ra d u a ç ã o em L e tra s, n ív e l de

75 O Boletim de Serviço n. 1858, de 2 9 /0 1 / 9 8 , que publicou o Edital n. 0 0 2 /9 8 divulgando o regulam ento e a estrutura do curso, informa o corpo docente de professores permanentes do cu rso: D ercir P edro de O liveira, Jo ão B o rto lan za, José Batista de Sales, Marlene Durigan e Paulo Sérgio Nolasco dos Santos (Edital 0 3 /P R Q P P , de 1 3 / 0 1 / 9 8 ) .

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Um a trajetória de pesqu isa: a leteratura no extrem o o este do Brasil

mestrado, do CEUL/UFM S.76

Assim , no início de m arço, com eçam os a m in is tr a r a p rim e ira d is c ip lin a da área de Literatura, “Correntes da crítica literária", para os prim eiros alunos do curso.

A ssim com o no final d aquele conto de Clarice, passaram-se anos...

Mas nos lembramos ainda com entusiasmo daq u ele m om en to de criação , im p lan tação do cu rso , e da e x c e le n te au la m a g n a , "A P ós- graduação em Letras na atualidade: perspectivas e d esafio s", proferid a pelo Professor José Luiz Fiorin, que brilhantem ente traçou um painel sobre a pós-grad u ação no Brasil e apaixonadam ente e v o co u o e n tu s ia sm o d as L e tra s p ela s H um anidades...77

N ossa exp ectativ a, a p artir daí, era um misto de ansiedade e esperança pelo tão valioso reconhecim ento do curso por parte do M inistério da Educação. Até o ano de 2001, vivem os um período de sucessivas reuniões com o Colegiado de C u rso, receb en d o co m issõ e s de av aliação , adaptando e reestruturando o programa dentro de uma realidade, a que vivíam os na UFM S, nem sem pre favorável às condições exitosas que se colocavam como metas para o credenciam ento do program a. Foi um longo período de trabalho, marcado por excessivas e longas horas de viagem en tre D ourados e Três Lagoas, m as, em 09 de

76 A R esolução 0 1 /C M L , d c 0 5 / 0 2 / 9 8 , ap rovou a lista de oferta de disciplinas e o horário de aulas, e a Resolução 0 3 / CM L, de 0 5 /0 2 /9 8 , atribuiu as disciplinas a serem ministradas no 1" sem estre de 1998. Nesse ano, m inistram os a disciplina "Tópicos de Crítica Literária". A partir de 1999, passam os a m inistrar "In tro d u ção à Literatura C o m p arad a."

77 FIORIN, J.L. A p ós-g rad u ação em L etras na atualidade: Perspectivas e desafios. Três Lagoas, MS: Pós-graduação em Letras da UFM S, 1998, 26p. (Aula M agna).

agosto de 2001, finalm ente, o D iário O ficial da União publicava a Portaria n° 1.766, de 08/08/ 2001, reconhecendo o programa de pós-graduação em Letras da UFMS. O caráter efusivo das nossas ce le b ra çõ e s fico u esta m p a d o n os jo rn a is de Dourados e Três Lagoas.

Com o entusiasmo renovado pelo sabor de ver o programa criado e im plantado, entrávamos ag ora n u m a das fa se s m ais d e sa fia d o ra s, esp ecialm en te no que se refere às ativ id ad es cotidianas que dão vida e d inam icidad e a um program a de pós-graduação. O núm ero m uito expressivo de alunos que, na região, ainda hoje se inscrevem para a seleção, com prova e justifica a razão da criação do program a para a região sul- m ato-grossense. Pode-se até m esm o dizer que, considerando a nossa atual área de abrangência, que extrapola o próprio estado, cuja-dim ensão territorial já não é pequena, a região centro-sul pod e a b rig ar o u tro s p ro g ram as p ara m elhor atender à demanda da pós-graduação em Letras. O que dependeria, evidentemente, e em contrapartida, de um a m ais arro ja d a e e ficie n te p o lític a de atuação dentro do próprio program a, posto que a condição de excelên cia no fun cion am ento dos cursos de m estrado é algo que se deve buscar cotidianamente e de forma persistente, contumaz.

Na realidade, freqüentem ente, nem todos os docentes e professores titulados demonstram - se capazes para responder a uma tal política, que pede realizações, ousadia, prontidão e projetos de pesquisas com resultados e produções realm ente significativas. Com efeito, é sobre a vida cotidiana do curso, especialmente na área de Literatura, que passamos a destacar realizações que visavam ao seu melhor funcionamento e visibilidade no quadro q u alitativ o e de ex celên cia da p ós-grad u ação

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P au lo Sérgio N olasco dos San to s (U FM S)

brasileira. Todos sabemos, hoje, que, com o acesso im ediato à plataform a Lattes, ao Portal da Capes, demais meios de divulgação da produção e ranking dos cursos no país, enfim, com a rapidez da rede midiática, tudo isso trouxe imediata transparência não só ao perfil dos cursos, mas, principalm ente, à co erên cia dos p ro g ram as e ao côm p u to da atu ação d o ce n te , o rie n ta ç õ e s e d is se rta çõ e s defendidas. Nesta perspectiva, a contratação de professores-visitantes para o program a tornou-se um fato proveitoso, na m edida em que abriu o leque da oferta de disciplinas, ampliou o número de o rien ta d o res, bem com o o de p ro jeto s de pesquisa na área dos estudos culturais regionais.78 Uma das reform ulações do program a diz respeito à sua própria nom eação, uma vez que as áreas de concentração passaram a ser Estudos Literários e Estudos Lingüísticos, com a área de Literatura organizada em torno das duas linhas de pesquisa: a) H istoriografia literária: recepção e crítica, e b) Literatura e estudos regionais, culturais e interculturais. A descrição da prim eira linha parecia satisfató ria. Já com relação à segunda lin h a de p e sq u isa , que ju s tific a v a e o ferecia suporte para a série de trabalhos que vínham os d e se n v o lv e n d o , e tam b ém p ela re co n h e cid a n e ce ss id a d e de se e s ta b e le c e r bases- p ara a v alo rização dos elem en to s da lite ra tu ra e da cu ltu ra re g io n a is , d ia n te da e sca sse z de bibliografia específica e de acervos e centros de p esq u isa, essa linha p ro p icio u um m om ento

78 A U niversidade Católica de Brasília, UCB, convidou-m e p a ra m in istra r d u a s co n fe rê n cia s de in a u g u ra ç ã o e oficialização da fundação do Centro de Estudos de Literatura C o m p a ra d a da U C B , no d ia 2 5 / 1 0 / 0 1 . N e ssa o ca siã o , fizemos o convite de professor-visitante a Eliane Fernanda Cunha Ferreira, que aceitou o convite e foi contratada pela

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PRO PP/U FM S pelo período de dois anos.

especial de trabalho e atividades que resultaram em interessante m aterial de publicação.

O campo de pesquisa em torno dos estudos literários e culturais na região apresenta-se cada vez mais redim ensionado, o que nos parece muito in te re ssa n te , na m ed id a em que o program a também se justifica por atender o local e o regional, que não se m ostravam , ain d a, com o construto re n tá v e l e a lta m e n te p ro v e ito s o . H o je , com segurança, já pod em os in d icar um expressivo número de dissertações defendidas nessa linha de pesquisa, bem como de livros e organizações de livros que se colocam como referencial teórico-crítico para pesquisas em andam ento e futuros projetos.

Ao tem po em que form ulam os a linha de pesquisa em estudos regionais, desenvolvíam os o projeto de pesquisa intitulado "N om es e faces: a literatura comparada no extrem o oeste do Brasil", que v isav a, exatam en te, com a p u b licação de ensaios publicados e com a nossa participação na linha "Lim iares críticos" da Anpoll, a constituição de um a p rim e ira b ib lio g r a fia de re fe rê n c ia , explorando a rica diversidade cultural da região, caracterizada pelo entrecruzam ento m igratório, fronteiriço e de rota de passagem , que se podia con statar nas p ro d u ções sim b ólicas e no locus regional. Disso resultaram várias iniciativas que, agora, m erecem ser destacadas: a prim eira foi a in scriçã o , no V I C o n g re sso In te rn a c io n a l da Abralic, em Florianópolis, de uma m esa-redonda, cujos integrantes eram todos alunos do curso de esp ecialização em L iteratu ra C om p arad a, que apresentavam o resultado de suas pesquisas em torno do tema da m esa, "P rodução cultural sul- mato-grossense, recuperação, registro e divulgação". M ais ta rd e , um a im p o rta n te d is s e rta ç ã o do programa foi defendida pela Professora Suely A.

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Um a trajetória de pesqu isa: a leteratura no extrem o o este do Brasil

de S. M endonça, abord ando tem a apresentado nessa m esa-redonda. Nossa participação na Linha "Limiares críticos", do GT de Literatura Comparada da Anpoll, propiciou a reflexão compartilhada com um in te re ssa n te gru po de p esq u isad o res que vinham se dedicando a refletir sobre o paradigma lim ia r-tra n s iç ã o -p a s s a g e m , qu e p len a m e n te correspondia ao corpus de nossa pesquisa. Assim integrado e participando das reuniões dessa linha, que se in te rca la m aos e n co n tro s b ia n u a is da Anpoll, fomos convidados pelo grupo a coordenar a p rópria lin ha "L im ia re s c rític o s" d urante o biên io 2000/2002, que, ao final desse período, apresentou im portantes resultados de pesquisa,79 aos quais vou me reportar um pouco, pelo papel decisivo que o nosso program a assumiu durante a organização de encontro da linha e do próprio GT de Literatura Com parada.

D urante a atividade de coordenação da linha, tivemos ao nosso encargo o trabalho de perfilar as pesquisas do grupo, visando à implantação de um projeto de pesquisa que ainda hoje se processa no âm bito d aq u ele GT. M as, fu n d am en talm en te, o rg an izam o s a reu n ião da lin ha, na cidade universitária de Dourados, num evento que contou com a promoção do nosso programa de mestrado. Assim, no período de 04 a 06/04/2001, retomando a edição dos C iclos de Literatu ra (o IX C iclo), coordenam os o Colóquio Literatura Comparada: interfaces e transições, de grande repercussão no meio acadêm ico, seja pela grandeza do evento e participação de vários pesquisadores da Anpoll ali presentes, seja pelos resultados apresentados com a

79 A SSO C IA Ç Ã O N A C IO N A L DE PÓ S-G R A D U A Ç Ã O E PESQ U ISA EM L ET R A S E L IN G Ü ÍST IC A . R e la tó rio da LinhaLim iares Críticos do G rupo de Trabalho de Literatura C om p arad a - Biênio 2 0 0 0 /2 0 0 2 . G ram ado, 2002.

publicação de um livro que se tornou mais uma referência para os pesquisadores da linha de estudos regionais, fortalecendo, assim, a área de concentração em estudos literários.

Além da pertinência dos tem as aí desenvolvidos, num a extensa program ação que envolveu a participação de renomados pesquisadores, o solo geográfico e as condições que se experimentam em tomo do centro geodésico, numa região encravada no coração da América, culturalmente marcada pelo hipertexto fronteiriço, este colóquio interfaciou reflexões com paratistas e o tensionado chão de fronteira, passagem que constitui o extremo oeste do Brasil. Por meio de conferência, três mesas-redondas e três m inicursos, reu n iram -se no cam pus de Dourados mais de 700 participantes. Os trabalhos ali apresentados, inclusive as 70 comunicações, foram am plam ente debatidos, grande parte dos quais publicados no livro com título homônimo do evento.

Os desdobramentos das nossas atividades de pesquisa prosseguiram exitosas no ano de 2002. A partir desse ano, iniciamos o projeto de pesquisa "Literatura e cultura no entorno do pantanal mato- grossense", com término previsto para 2006. Nossa atuação na linha "Limiares críticos" da Anpoll, que articulava um grupo maior de pesquisadores, levou- nos a estabelecer relações com pesquisadores do nosso país vizinho, Paraguai, com o objetivo de ampliar as articulações de nossas atividades e com o objetivo claro de integrar aqueles pesquisadores em nosso G rupo de T rabalh o, crian d o, assim , co n d içõ es fa v o rá v eis ao in tercâm b io e ao fortalecimento de projetos comuns. O que, de fato, se co n cretizo u a p a rtir de n ossa v iag em a Assunção, em 2002, para participar do Encuentro de Escritores dei Mercosur / Segunda Reunión de

Presidentes de Sociedades de Escritores de América

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Paulo Sérg io N olasco d o s San tos (U FM S)

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Latina y el Caribe y Feria dei Libro latinoamericano. A li, in te g ra n d o m e sa -re d o n d a so b re c rítica literária, desenvolvemos reflexões acerca da região cultural que com põe o entorno do Chaco e/ou Pantanal mato-grossense.

No mesmo ano, por ocasião do VHI Congresso Internacional da Abralic, propusemos a realização de simpósio que resultou em importante significação. Em tomo do tema Literatura e estudos regionais (culturais e in tercu ltu rais), na região do Pantanal M ato- grossense, reunimos em simpósio, naquele congresso, 23 pesquisadores que demonstraram a riqueza e variedade de temas que se mostravam como objeto de pesquisa em andam ento e em potencial. Pela relevante representação dos trabalhos apresentados nesse congresso, especialm ente de professores e alunos do p ro gram a, p assam os a organ izar a publicação de outro livro, que, m ais uma vez, refletia de form a sistem atizada o potencial da linha de estudos regionais. Dada sua justificativa e acolhim ento na com unidade acadêmica, o livro, com o título Ensaios farpados: arte e cultura no

Pantanal e no C errado, que reúne in stigantes

estu d o s so b re p ro d u çõ es c u ltu ra is do B rasil cen tral, que fora pu blicad o em 2003, teve sua segunda edição publicada em 2004.

A in d a no ano de 2 0 0 2 , d u ran te a realização XVII Encontro N acional da Anpoll, em Gramado, fom os eleitos coordenadores do GT de Literatura Comprada para o biênio 2002-2004. Com isso, recebem os a responsabilidade por sediar na UFMS toda a organização e funcionamento de um G ru p o de T ra b a lh o dos m ais p ro d u tiv o s e o rg a n iz a d o s da A n p o ll: o GT de L ite ra tu ra Comparada. Este GT tem por tradição reunir-se nos anos in term ed iário s que su ced em o en con tro nacional, daí todo nosso em penho na preparação

do que seria o segundo grande evento de pesquisa que organizávamos dentro de um período de dois anos. Assim, reform atam os a edição do X Ciclo de Literatura, com vistas a acolher também o Encontro do GT de L iteratura C om parada e deparam os, novam ente, com a oportunidade de realizar um ev en to que c o n ta sse com a p a rtic ip a ç ã o de pesquisadores paragu aios, dando extensão aos primeiros passos obtidos com o colóquio anterior. Assim, nos dias 15,16 e 17 de outubro de 2003, a cid a d e u n iv e rs itá ria e a re g iã o da G ran d e D o u rad o s a ss istiu à re a liz a ç ã o do C o ló q u io D ivergên cias e C on vergên cias em L iteratu ra Comparada Hoje. Os objetivos deste Colóquio foram plenamente atendidos, na medida em que propiciou a participação não só de pesquisadores brasileiros, representando várias Universidades, mas, também, de outros pesquisadores convidados que se dedicaram especialmente à análise e exposição de temas próprios da literatura e da cultura paraguaias, ou, ainda, de nossa região de fronteira: deve-se registrar, dentre outros, a participação do escritor e professor Miguel Angel Fernández, da U niversidade N acional de Assunção, que proferiu excelente conferência sobre "Vanguardismo, postvanguardismo y modemidad en la poesia paraguaia", além dos escritores Maria Filomena Bouissou Lepecki e Douglas Diegues, com outros instigantes trabalhos sobre nossa literatura de fronteira.80

80 D entre os p articip an tes da p ro g ra m a çã o do C olóq uio, destacamos os seguintes pesquisadores, membros do GT: José Niraldo de Farias, Reinaldo Martiniano Marques, Rildo Cosson, Eneida Maria de Souza, Ivete W alty, Gilda Neves Bittencourt, Maria Luiza Berwanger, Gustavo Bernardo Krause, Ilva Boniatti, Silvia Maria A zevedo, Igor Rossoni, Eliane Fernanda Cunha Ferreira, Patrícia Flores da Cunha, Sara Viola Rodrigues, Rosani Umbach, Anelise Corseuil, Zênia de Faria, N orm a W imm er, Rosana Zanelatto Santos e Maria Adélia M enegazzo.

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U m a trajetória de pesqu isa: a leteratura no extrem o o este do Brasil

O re s u lta d o fin a l da re a liz a ç ã o d este encontro nacional de pesquisadores está registrado na p u b lic a ç ã o do liv ro que reú n e en saio s apresentados no C olóquio, e que saiu publicado pela E d ito ra da U FM S, em 2004, sob o títu lo D iv e rg ê n cia s e co n v e rg ê n cia s em L iteratu ra

C o m p a ra d a . T am b ém n e sse an o , ain d a na

qualidade de coordenadores do GT, organizamos toda a program ação relativa à participação do Grupo no XIX Encontro N acional da Anpoll (XIX EN AN POLL), que ocorreu em M aceió, na UFAL, entre os dias 27/06/04 e 03/07/04.81 Pelas razões e objetivos que nortearam a realização do encontro de o u tu b ro , com a p u b lic a ç ã o de m ais um im portante referencial bibliográfico para a linha de estudos regionais do program a de mestrado e p ela su a re p e rc u s s ã o , co m o se re g istra na a p re se n ta çã o do liv ro com o d ep o im en to da p re s id e n te da A s s o c ia ç ã o In te rn a c io n a l de Literatura Com parada, Professora Tânia Franco Carvalhal, pode-se avaliar, de forma conclusiva, que, hoje, a UFMS passa, efetivamente, a constituir um p e r fil de p ro d u çã o na área d os estu d o s literários, consolidando, assim , suas atividades neste setor da pesquisa.

Com a realização recente do " I o Encontro de Pesquisa de L etras", em setem bro de 2004, que co n to u com a p a rtic ip a ç ã o dos a lu n o s e p ro fe sso re s do p ro g ra m a , c o n sta to u -s e um a atuação consciente de am bas as partes, sobretudo no que tange à análise e discussão dos projetos de p esq u isa em an d am en to e na d isp o sição dos alunos em pôr em discussão suas propostas de

81 A SSO C IA Ç Ã O N A C IO N A L DE PÓ S-G R A D U A Ç Ã O E PESQ U ISA EM L ET R A S E L IN G Ü ÍS T IC A . R e la tó rio do Grupo de Trabalho em Literatura Com parada - Biênio 2 0 0 2 / 2004. A lago as, 2004.

trabalho. O debate, com professores convidados, com larga experiência nas linhas de pesquisa, especialmente na de estudos culturais, corroborou o trabalho cotidiano entre aluno e orientador. Muitos desses alunos têm ido a eventos científicos e já se vê uma publicação significativa de seus papers. Desde a criação do program a, em 1998, há oito anos portanto, a área de Estudos Literários conta com 28 oito dissertações defendidas até março de 2005.

A guisa de conclusão

O percurso refeito no espaço deste artigo levou-nos a lançar um olhar mais retrospectivo, no tempo, do que em perspectiva das realizações dos projetos e desejos futuros. Por várias razões, torna- se mais interessante voltar no tempo e avaliar o quanto do caminho foi percorrido, pois isso nos permite o sabor das conquistas, registrando, com freqüência, o pioneirismo das sementes plantadas, que, no presente, já se oferecem à colheita prazerosa na nem sempre gratificante tarefa cotidiana.

O lh ar p ara o p re se n te é sem p re m ais angustiante, pois ele nos m ostra não só o quanto das m etas não foi alcançado com o tam bém as p erd as e a fra g ilid a d e de n ossas atu açõ es. E v erd ad e que, q u an to m ais se d esco rtin a um processo de análise, m ais se esclarecem nossos traum as e ansiedades. No entanto, o olhar para o presente, para dentro, não pode ser evitado. Nosso sucesso na atuação dentro de um program a de m estrado em Estudos Literários deve m uito à ca p a cid a d e dos d o cen tes na fo rm u la ç ã o de projetos e constituição de linhas de pesquisas que, de fato, propiciem a formação de quadros e núcleos de excelência, assim respondendo qualitativa e

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Paulo Sérgio N olasco dos San to s (U FM S)

competitivamente com outros centros de pesquisa, dem onstrando sua atualização com o referencial bibliográfico, que hoje cresce mais e mais.

Os cursos de Letras sofreram constantes alterações em suas grades curriculares, num a p ro cu ra p ara m elh o r a te n d e r à d em an d a e qualificação profissional em uma sociedade de mercado, propiciando a flexibilização e mobilidade dos currículos, o que acarretou para as universidades uma identidade epistemológica bastante rarefeita em suas áreas e cam pos de conhecim ento.82 Por ou tro lad o , a te n d e r ao c o n te x to e d em an d a regionais no difícil equ ilíbrio entre o local e o global tornou-se um dos desafios para a pesquisa na área de Letras. Diante disso, o docente de pós- graduação precisa não só articular o conhecimento que tem na sua área de ensino e pesquisa com a mundivivência e o ethos cultural do tempo, mas deve sentir-se ele mesmo, no dia a dia, como um aprendiz e estudante de novos tempos e de novas lições.

T em o s h o je um p ro g ra m a cap az de responder pela grande demanda de candidatos à p ó s-g rad u ação em L ite ra tu ra ; resta cria r, no en tanto, um d in am ism o com p atív el com essa d em an d a, a m p lia n d o a o fe rta de v ag as e concentrando atenção nos processos de orientação, de tal forma que as defesas de dissertações atendam aos prazos exigidos pela Capes, revertendo-se em apoio e bolsas de estudo ao programa. Isso requer um trab alh o m ais co n sta n te e p ertin a z dos orientadores, que devem ser, antes de tudo, os reais empreendedores de todo o processo.

R esta, ain d a, dar aten ção esp ecial aos veículos de publicação tanto dos trabalhos dos

82 LAJO LO , M arisa. As letras, os n úm eros, o p ro v ão e o 1 5 6 currículo. M atraga, Rio de Janeiro, v .l, n.10, out. 1998.

alunos como dos docentes do curso, colocando em prática a análise e a crítica do conhecimento, abrindo- se para a diferença que alimenta o debate acadêmico. Debate este que im pede a form ação de espaços endogênicos, reprodutores de visões consensuais e homogêneas, nociva ao crescimento intelectual.

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Um a trajetória de pesqu isa: a leteratura no extrem o o este do Brasil

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de Trabalho de Literatura Comparada - Biênio 2000/2002. Gramado, 2002.

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Paulo Sérg io N olasco do s San to s (U FM S)

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Referencias

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