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Tratamento das fraturas do úmero proximal com placa anatômica bloqueada: correlação dos resultados funcionais e radiográficos

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Academic year: 2021

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(1)

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

w w w . r b o . o r g . b r

Artigo

original

Tratamento

das

fraturas

do

úmero

proximal

com

placa

anatômica

bloqueada:

correlac¸ão

dos

resultados

funcionais

e

radiográficos

Antonio

Carlos

Tenor

Junior

,

Alisson

Martins

Granja

Cavalcanti,

Bruno

Mota

Albuquerque,

Fabiano

Rebouc¸as

Ribeiro,

Miguel

Pereira

da

Costa

e

Rômulo

Brasil

Filho

Servic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldoServidorPúblicoEstadualdeSãoPaulo(SOT/HSPE),SãoPaulo,SP,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo: Recebidoem22dejunhode2015 Aceitoem10deagostode2015 On-lineem18dedezembrode2015 Palavras-chave: Fraturasdoombro/cirurgia Fixac¸ãointernadefraturas Avaliac¸ãoderesultados

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Correlacionarosresultadosfuncionaiseosíndicesradiográficosdasfraturasdo úmeroproximaltratadascomplacaanatômicabloqueadaparaúmeroproximal.

Métodos:Examinaram-se39pacientescomfraturasdoúmeroproximaltratadoscomplaca anatômicabloqueada,comseguimentomédiode27meses.Essespacientesforam subme-tidosàanálisedoescoredaUniversidadedaCalifórniadeLosAngeles(UCLA)eàavaliac¸ão doarcodemovimentopelométododaAcademiaAmericanadeCirurgiõesOrtopédicosno ombrooperadoeaexamesradiográficoscomparativosdeambososombros.Estabeleceu-se acorrelac¸ãoentreasmedidasradiográficaseosresultadosfuncionais.

Resultados: Obtivemos64%debonseexcelentesresultadosconformeoescoredaUCLA, commédiasde124◦deelevac¸ão;44◦derotac¸ãolateral;epolegar-T9derotac¸ãomedial. Otipodefratura,deacordocomaclassificac¸ãodeNeer,eaidadedopacientetiveram significativacorrelac¸ãocomoarcodemovimentos;quantomaioresonúmerodepartes dasfraturaseaidadedospacientes,pioresosresultados.Encontrou-seassociac¸ãoentrea elevac¸ãoeoescoredaUCLAcomoângulocervicodiafisárionaincidênciaanteroposterior;as fraturasfixadascomdesviosemvaromaioresdoque15◦apresentaramospioresresultados (p<0,001).

Conclusão:Avariac¸ãodamedidadoângulocervicodiafisárionaincidênciaanteroposterior mostrousignificativacorrelac¸ãocomoarcodemovimento;desviosemvaromaioresdoque 15◦nãoforambemtolerados.Esseparâmetropodeserumdospreditoresdosresultados funcionaisnasfraturasdoúmeroproximaltratadascomplacaanatômicabloqueada.

©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.

TrabalhodesenvolvidonoGrupodeOmbroeCotovelo,Servic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldoServidorPúblicoEstadual

deSãoPaulo(SOT/HSPE),SãoPaulo,SP,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:actenorjr@hotmail.com(A.C.TenorJunior).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.08.004

(2)

Treatment

of

proximal

humeral

fractures

using

anatomical

locking

plate:

correlation

of

functional

and

radiographic

results

Keywords:

Shoulderfractures/surgery Fracturefixation,internal Outcomeassessment

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective: Tocorrelatethefunctionaloutcomesandradiographicindicesofproximal hume-rusfracturestreatedusingananatomicallockingplatefortheproximalhumerus.

Methods:Thirty-ninepatientswithfracturesoftheproximalhumeruswhohadbeentreated usingananatomicallockingplatewereassessedafterameanfollow-upof27months.These patientswereassessedusingtheUniversityofCaliforniaLosAngeles(UCLA)scoreandtheir rangeofmotionwasevaluatedusingthemethodoftheAmericanAcademyofOrthopedic Surgeonsontheoperatedshoulderandcomparativeradiographsonbothshoulders.The correlationbetweenradiographicmeasurementsandfunctionaloutcomeswasestablished.

Results:Wefoundthat64%oftheresultsweregoodorexcellent,accordingtotheUCLAscore, withthefollowingmeans:elevationof124◦;lateralrotationof44◦;andmedialrotationof thumbtoT9.ThetypeoffractureaccordingtoNeer’sclassificationandthepatient’sage hadsignificantcorrelationswiththerangeofmotion,suchthatthegreaterthenumberof partsinthefractureandthegreaterthepatient’sagewere,theworsetheresultsalsowere. ElevationandUCLAscorewerefoundtopresentassociationswiththeanatomical neck--shaftangleinanteroposteriorview;fracturesfixedwithvarusdeviationsgreaterthan15◦ showedtheworstresults(p<0.001).

Conclusion: Thevariationintheneck-shaftanglemeasurementsinanteroposteriorview showedasignificantcorrelationwiththerangeofmotion;varusdeviationsgreaterthan15◦ werenotwelltolerated.Thisparametermaybeoneofthepredictorsoffunctionalresults fromproximalhumerusfracturestreatedusingalockingplate.

©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.

Introduc¸ão

Asfraturasdoúmeroproximalsãorelativamentefrequentes; respondempor5a10%detodasasfraturas.1 Ocorremcom

aincidênciade6,6/1.000pessoasporano;270%em

pacien-tesmaioresde60anos.3Éasegundafraturamaiscomumdo

membrosuperioreaterceiramaiscomumempacienteacima de75anos.4

Omecanismodetraumamaiscomuméaquedadaprópria alturacomapoiosobreamãoestendida5e80%dessas

fratu-rassãosemdesviosouminimamentedesviadaseestáveis, decorrentesdetraumasdebaixaenergia,epodemsertratadas deformanãocirúrgica6,7combomprognóstico.Otratamento

cirúrgico ficareservadoaos pacientescom fraturas desvia-das,instáveis,expostasoucomlesãovascularassociadaeaos politraumatizados.8

Na literatura não há um único método de tratamento que seja eficaz para todos os tipos de fraturas do úmero proximal. As técnicas cirúrgicas maisusadas são: reduc¸ão fechadaefixac¸ãocomfiosouparafusospercutâneos,reduc¸ão abertaefixac¸ãointernacomplacaeparafusosoubandade tensão,hastesintramedulareseashemiartroplastias.2,9

A fixac¸ãointerna com placa anatômica bloqueada para úmeroproximalfavoreceamanutenc¸ãodareduc¸ãoobtidano intraoperatório,permiteamobilizac¸ãopassivamaisprecoce efacilita,assim,areabilitac¸ãopós-operatória.10

Noentanto,essatécnicanãoéisentadecomplicac¸ões.As maiscomunssão:limitac¸ãodoarcodemovimento,necrose avascular,solturadomaterialdesíntese,penetrac¸ãoarticular

dosparafusos e/outécnica comfixac¸ãoemvarodacabec¸a umeral.1,11

O objetivodesteestudofoi avaliaracorrelac¸ãoentreos resultadosfuncionaiseosíndicesradiográficosdasfraturas doúmeroproximaltratadascomplacaanatômicabloqueada.

Métodos

Foi feito um estudoretrospectivo, pelo Grupo de Ombro e CotovelodoServic¸odeOrtopediaeTraumatologiadonosso hospital,dejaneirode2012amarc¸ode2013,com46pacientes quesofreramfraturadoúmeroproximaleforamsubmetidos aotratamentocirúrgico(reduc¸ãoabertaefixac¸ãointerna)com placaanatômicabloqueada(PHILOS–Synthes®).

Foram excluídosdoestudo:umpaciente porapresentar infecc¸ão(reoperadoparaaretiradadomaterialdesíntese),um porevoluircomnecroseavasculardacabec¸aumeralecinco porperdadoseguimentoambulatorial.

Dos39pacientesdisponíveisparaoestudo,21(54%) fra-turaramoladoesquerdoe18(46%)oladodireito;18(46%)o ladodominantee21(54%)onãodominante;26(67%)eramdo sexofemininoe13(33%)domasculino.Amédiadeidadeentre asmulheresfoide69anos,variac¸ãode45a87anos,eados homensfoide51anos,variac¸ãode19a71anos.Otempode seguimentomédiofoide27meses,variac¸ãode20a34meses. Omecanismodetraumamaiscomumfoiquedadaprópria altura,em89%doscasos.

Comparando-seafrequênciadaidade,porsexo, observa--sequeentreospacientesdosexofeminino,25%tinhamentre

(3)

Distribuição dos pacientes, por faixa etária e gênero 100 80 60 40 Idade 20 M F

Figura1–Distribuic¸ãodospacientes,porfaixaetária egênero.

45e61anos,50%entre61e77e25%acimade78.Jáentreos pacientesdosexomasculino,25%tinhamentre19e46anos, 50%entre47e65e25%superiora66anos(fig.1).

Aclassificac¸ãousadanoestudofoiadescritaporNeer12em

1970,baseadanosdesviosdosquatrofragmentosprincipais identificadosprimeiramenteporCodmanem1934:13cabec¸a

umeral,tubérculomaior,tubérculomenorediáfise.Deacordo comNeer,12consideram-separtesquandodesviosmaiores

doque1cmou45◦ entreosfragmentos.Paraagrande tube-rosidade,considera-seumfragmentosehouverdesviomaior doque5mm.

Paraodiagnósticoeaclassificac¸ãopré-operatória usaram--seradiografiasnasincidênciasanteroposteriorverdadeirado ombro,perfilde escápula,perfilde Velpeaue atomografia computadorizadaquandoocorreudúvidaquantoao acome-timentoarticular.Das39fraturasestudadas,13(33,3%)foram classificadasemduaspartes,12emtrêspartes(30,8%)e14em quatropartes(35,9%).

Paraavaliac¸ãodosresultadosfuncionais,foramincluídos ospacientescomseguimentomínimode12meses. Mediu--seograudeflexãoerotac¸ões(lateralemedial)deambosos ombroscomométododaAcademiaAmericanadeCirurgiões Ortopédicos14eaplicou-seoescoredaUniversidadeda

Cali-fórniadeLosAngeles(UCLA),15queusacritériosobjetivose

subjetivoseatribuipontossegundodor,graudemobilidade, func¸ãodoombro,forc¸aesatisfac¸ãodopaciente.Apontuac¸ão máximaéde35pontos.

Paraaanálisedaidade,ospacientesforamdivididosem doisgrupos:60anosoumenos(15pacientes–38%)eacima de60(24pacientes–62%),levando-seemconsiderac¸ãoaLei no10.741daConstituic¸ãobrasileira,quedispõesobreo

Esta-tutodoIdosoeconsiderapessoascomidadeigualousuperior a60anos.

A avaliac¸ão radiográfica pós-operatória foi padronizada comadistânciaampola-filmede100cmnasincidências ante-roposterior (AP) com correc¸ão da anteversão da cavidade glenoide,commembroemrotac¸ãoneutra;perfildeescápula, feitacomopacientedepé,emposic¸ãoposteroanterior,com anteriorizac¸ãode45grauseaampolaemdirec¸ãoàescápula; eoperfilVelpeau,modificac¸ãodoperfilaxilar,parao paci-entecomomembrosuperiorimobilizado.16 Asradiografias

α = 140º

Figura2–Medidadoângulocervicodiafisário.

foramfeitassemprenomesmodiadasemanapelamesma equipe previamente treinada com,no mínimo,um ano de pós-operatório.

As medidas radiográficas avaliadas foram o ângulo cer-vicodiafisário (formado pela intersecc¸ão entre uma linha perpendicularaocoloanatômicoeumalinhaparalelaaoeixo dadiáfiseumeral)comparativocomladonãooperado,na inci-dênciaanteroposteriorverdadeiro1(fig.2),eadistânciaentre

aextremidadeproximaldaplacaeoápicedagrande tubero-sidadenaincidênciaanteroposteriorverdadeiro(fig.3).

Foiinvestigadaapresenc¸adepseudoartrose,necrose avas-cularouosteólise.

Paraaanálisedadiferenc¸adoângulocervicodiadisáriona incidênciaanteroposteriorusamosavariac¸ãode15◦emvaro comoparâmetroparaavaliac¸ãoseguindoalinhaderaciocínio encontradaporSolbergetal.17,18

7,1mm

(4)

Paraaanálisedadistânciaentreaplacaeoápicedagrande tuberosidade,ospacientes foramdivididosemdoisgrupos: oprimeirocomvaloresmenoresdoque8mmeosegundo maiorouiguala8mm.Usamosesseparâmetroporse tra-tardomelhorposicionamento,segundoa técnicacirúrgica daosteossíntesecomplacaanatômicabloqueadaparaúmero proximal(Philos–Synthes®).

Fez-se,então,acorrelac¸ãoentreasvariac¸õesdasmedidas radiográficasobtidaseosresultadosfuncionais.

Naanáliseestatísticadosresultados,asvariáveisavaliadas foramapresentadasemtabelascomdistribuic¸ãode frequên-ciaabsoluta erelativa. As associac¸õesforam testadaspelo testequi-quadradodePearson,anormalidadedasvariáveis foiavaliadapelotestedeShapiro-Wilk.Asvariáveiscontínuas foramavaliadaspormeiodotestetdeStudentpareadoenão pareado,AnovaedotestenãoparamétricodeMann-Whtiney, todascomníveldesignificânciade5%.Foramconsiderados resultadosestatisticamentesignificativosaquelescomvalores depinferiora0,05.

Asinformac¸õescoletadasformaramumbancodedados desenvolvido noprogramaExcel® for Windowsea análise estatísticafoifeitacomosoftwareSTATA11SEeSPSS16.0.

Resultados

Resultadofuncional

Paraos39pacientesanalisados,aelevac¸ãomédiado mem-brooperado foide 123,9◦ (80◦-180◦), comdesvio padrãode 26,4◦.Jáparaoombrocontralateralobteve-seumamédiade 154,1◦(110-180◦),comdesviopadrãode19◦.Foiobservadauma perdamédiade30◦ (20%)deelevac¸ãodosombrosoperados emrelac¸ãoaocontralateral.Arotac¸ãoexterna(RE)médiafoi de44,2◦(5◦-80◦)nosombrosoperados,comdesviopadrãode 19,2◦.Jánoombrocontralateralobteve-seumamédiade62,9◦ (30◦-85◦),comdesviopadrãode14,4◦.Foiobservadaumaperda média18,7◦ (30%)darotac¸ãoexternadoombrooperadoem relac¸ãoaoombrocontralateral.Arotac¸ãointerna(RI)média foipolegar-T9(T4-L5)dosombrosoperadosversuspolegar-T7 (T4-L1),médiacontralateral.

Naavaliac¸ãodoescoredaUCLA,15obtivemos24pacientes

comexcelentesebonsresultados(61,5%),12comresultados

regulares(30,8%)etrêscommausresultados(7,7%).Dototal, 36apresentavam-sesatisfeitos(92,3%)etrês nãosatisfeitos (7,7%).

Trezepacientes(33,3%)tiveramfraturas emduaspartes, comumamédiadoescoredaUCLA15de31,3.Asperdasde amplitude de movimentoem relac¸ão ao lado contralateral foram:14,7◦deelevac¸ão(154,6◦-139,9◦),6,9◦derotac¸ãoexterna (55,8◦-62,7◦)earotac¸ãointerna manteve-seemT7para os ombroscontralateraleoperado.

Dozepacientes(30,8%)tiveramfraturasemtrêspartes,com umamédiadoescoredaUCLA15de27,6pontos.Asperdasde

amplitude demovimentosemrelac¸ão aoladocontralateral foram:34,6◦deelevac¸ão(127◦-161◦),21,4◦derotac¸ãoexterna (45,3◦-6,7◦)earotac¸ãointernamédiapassoudepolegar-T9no ombrooperadoparapolegar-T7noombrocontralateral.

Aspioresavaliac¸õesdoestudoforamnasfraturas classifi-cadasemquatropartes,14pacientes(35,9%),commédiado escoredaUCLA15de25,4pontos.Asperdasdeamplitudede

movimentoemrelac¸ãoaoladocontralateralforamde40,8◦ deelevac¸ão(107◦-147◦),27,4◦derotac¸ãoexterna(32,4◦-59,8◦)e arotac¸ãointernapassou,emmédia,deT10noombrooperado paraT7noombrocontralateral(tabela1efig.4).

Os pacientes mais jovens (60 anos ou menos) tiveram os melhores resultadosno escoreda UCLA15 (p=0,004),na

elevac¸ão(p<0,001),narotac¸ãoexterna(p<0,001),narotac¸ão interna (p=0,003) e na variac¸ão do ângulo cervicodiafisá-rio(p=0,007)emcomparac¸ãocomospacientesmaisidosos (acimade60anos)(tabela2).

Obtivemos resultados estatisticamente significativos (p<0,05)quandocomparamosoescoreUCLA15eaflexãocom

aidadedopacienteeonúmerodepartesdafraturadeacordo comaclassificac¸ãodeNeer.Quantomaioraidadeeonúmero departes,pioresforamaflexãoeoescoredaUCLA.15

Avaliac¸ãoradiográfica

Na avaliac¸ão radiográfica, um paciente (2,43%) apresentou necrose avascular (sua fratura fora classificada em quatro partesnopré-operatório)eumpaciente(2,43%)apresentou infecc¸ão(houvenecessidadederetiraromaterialdesíntese). Paraessesdoispacientesnãofoipossívelaferirasmedidas pré-estabelecidasnesteestudo.

Tabela1–Classificac¸ãodeNeeremrelac¸ãoàsvariáveisestudadas

Variáveis Classificac¸ãodeNeer p

II(n=13) III(n=12) IV(n=14)

Média(DP) Média(DP) Média(DP)

UCLA 31,3(3,4) 27,6(5,5) 25,4(5,7) 0,01 Elevac¸ão 139,9(21,6) 126,8(26,7) 106,6(20,4) 0,002 Rorac¸ãoexterna 55,8(12,9) 45,3(19,3) 32,4(18,0) 0,004 Medic¸ão 6,3(3,3) 8,0(3,2) 5,6(4,0) 0,22 Ângulo 136,5(13,0) 130,9(15,4) 120,3(24,0) 0,08 Dif.elevac¸ão 14,7(21,4) 34,6(20,8) 40,8(16,2) 0,003 Dif.ângulo 1,4(9,4) 10,8(12,3) 21,3(27,2) 0,03

Medic¸ão,medic¸ãodapontadaplacaaoápicedaTM(mm);Ângulo,ângulocervicodiafisárioAP;Dif.elevac¸ão,diferenc¸adaelevac¸ãodoombro

(5)

Comparação das variáveis segundo classificação Neer

60 50 40 30 20 10 0 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Rotação externa Dif. Elevação Dif. R. externa Dif. Ângulo Ângulo

2 partes 3 partes 4 partes

Elevação

Figura4–Comparac¸ãodasvariáveissegundoaclassificac¸ãodeNeer.

Tabela2–Idadeemrelac¸ãoàsvariáveisestudadas

Variáveis Idade p ≤60anos(n=15) >60anos(n=24) Média(DP) Média(DP) UCLA 31,1(3,1) 26,1(5,8) 0,004 Elevac¸ão 146,9(19,0) 109,6(19,3) <0,001 Rorac¸ãoexterna 58,7(13,6) 35,1(16,5) <0,001 Rorac¸ãointerna T7 T10 0,003

Alturadaplacaàtuberosidademaior 7,4(2,9) 6,1(4,0) 0,27

Ângulo 135,1(11,5) 125,2(22,1) 0,12

Dif.elevac¸ão 22,7(23,3) 34,9(20,4) 0,09

Dif.rotac¸ãoexterna 13(14,5) 22,3(16,0) 0,08

Dif.ângulo 4,4(9,5) 15,8(23,4) 0,007

Ângulo,ângulocervicodiafisárioAP;Dif.elevac¸ão,diferenc¸adaelevac¸ãodoombroafetadocomoombrocontralateral;Dif.ângulo,diferenc¸ado

ângulocervicodiafisáriodoombroafetadocomoombrocontralateral.

Dos39pacientesestudados,amédiadoângulo cervicodia-fisárionaincidênciaanteroposteriorfoi:129◦noladooperado (variac¸ão de 82◦ a 170◦, com desviopadrão de 19◦) e140◦ noombrocontralateral(variac¸ãode124◦ a153◦,comdesvio padrãode6,9◦).Asmaioresdiferenc¸asocorreramnasfraturas emquatropartes,especificamentenavisãoanteroposterior, queapresentouumadiferenc¸ade21◦emrelac¸ãoaoladonão operado.

Ospacientesquetiveramvariac¸ãoinferiora15◦namedida do ângulo cervicodiafisário na incidência anteroposterior, entreoombro operadoeocontralateral, tiverammelhores resultadosfuncionais:melhorUCLA15(p<0,001),maiorflexão

(p<0,001),melhorrotac¸ãoexterna(p<0,001)emelhorrotac¸ão interna(p=0,03)(tabela3).

Foiencontradacorrelac¸ãoentreamedidadoângulo cer-vicodiafisário na incidência anteroposterior e a elevac¸ão (p=0,009)eoescoredaUCLA15(p=0,005).

Aomedirmosadistânciaentreaextremidadeproximalda placaeoápicedagrandetuberosidade,obtivemosmédiade 6,6mm,variac¸ãode0a14milímetros,comumdesviopadrão de3,6mm.

Acomparac¸ãoentreosresultadosdoescoredaUCLA,15a

elevac¸ão,arotac¸ãoexternaeoângulocervicodiafisárioentre osdoisgruposnãomostrou significânciaemqualquercaso (tabela4).

Correlac¸ãoentreaanáliseradiográficaeosresultados funcionais

Noscasosemqueadiferenc¸aentreoladooperadoeo con-tralateraleramaiorouiguala15◦emvaronaincidênciaAP obtivemosos pioresresultadosfuncionais. Nessescasosos pacientes evoluíram commenormédia deflexão (108,7◦)e piorescoredaUCLA15(25,2).Ospacientesqueapresentavam

Tabela3–Diferenc¸adoângulocervicodiadisário emrelac¸ãoàsvariáveisestudadas

Variáveis Diferenc¸adoângulo

cervicodiafisáriona incidênciaanteroposterior p <15◦ ≥15◦ Média(DP) Média(DP) UCLA 30,3(3,2) 25,2(6,2) <0,001 Elevac¸ão 139,2(22,6) 108,7(20,7) <0,001 Rorac¸ãoexterna 51,0(15,6) 31,7(16,1) <0,001 Rorac¸ãointerna T8 T10 0,03 Alturadaplacaà tuberosidade maior 7,02(3,2) 5,4(4,1) 0,23

(6)

Tabela4–Distânciadaplacaaoápicedatuberosidade maioremrelac¸ãoàsvariáveisestudadas

Variáveis Diferenc¸aentrea

placaeoápiceda grandetuberosidade p <8mm ≥8mm Média Média UCLA 27,8 28,9 0,36 Elevac¸ão 118,7 128,9 0,23 Rorac¸ãoexterna 38,2 49,9 0,06 Alturadaplacaà tuberosidade maior 126,7 131,1 0,48

Medic¸ão,medic¸ãodapontadaplacaeoápicedaTM(mm);Ângulo,

ângulocervicodiafisárioAP.

variac¸õesinferioresa15◦obtiverammédiadeflexãode139,2◦ eescoredaUCLA15de30,3.Essesresultadosforam

estatisti-camentesignificativosnonossotrabalho(tabela4).

Paraanálisedadistânciaentreaextremidadeproximalda placaeoápicedagrandetuberosidade,ospacientesforam divididosemdoisgrupos:oprimeiro,comvaloresmenoresde 8mmeosegundo,comvaloresmaioresouiguaisa8mm. Emtodosospacientesincluídosnestetrabalhoaextremidade proximalda placa situava-secaudal aoápice do tubérculo maior.Aocompararmososresultadosda flexãoentreesses doisgrupos,oprimeiroapresentouflexãomédiade118,7◦ e osegundo de128,9◦. Não houvediferenc¸a estatisticamente significativaentreosdoisgrupos(tabela4).

Discussão

Emnossoestudoconstatamosquedesviosemvaromaiores doque15◦naincidênciaanteroposterior,emrelac¸ãoaoombro contralateral,nãosãobemtoleradospelopacienteeevoluem comperdadeflexãoeumpiorescoredaUCLA.15

ConclusãosemelhantefoiobtidaporSolbergetal.17,18Em

seuestudooautordividiuosresultadosconformeo alinha-mentoobtidoemrelac¸ãoaoombrocontralateral.Considerou umareduc¸ãoboaquandoadiferenc¸afoimenordoque5◦de angulac¸ãoemvarodacabec¸aumeral.Jáareduc¸ão conside-radasatisfatóriaadmitiaumavariac¸ãoentre5◦e20◦dedesvio emvarodacabec¸aumeral.Oautorconcluiuqueospacientes comreduc¸õesboasousatisfatóriastiverammelhorevoluc¸ão doquepacientescomdesvioemvaromaiordoque20◦,que apresentavamperdadafixac¸ãoeumpiorresultadofuncional. Resch,19emseuartigoderevisãode2011,também

conside-rouessesparâmetrosimportantesepropôsumaclassificac¸ão baseadanosdesviosemvaroevalgo.Brunneretal.20

obti-veram resultados inferiores quando a reduc¸ão da fratura apresentava ângulo cervicodiafisário com um aumento do varismo,porémemseusestudososresultadosnãoforam esta-tisticamentesignificativos.Robinsonetal.21observaramque

fraturasgravementedeslocadasemvarotendemaaumentar adeformidadeeindicamosteossíntesecomousodeplacas bloqueadasempacientescomângulocervicodiafisáriomenor doque100◦.

Atécnicacirúrgicadaosteossíntesecomplacaanatômica bloqueada para úmero proximal(Philos –Synthes®)

deter-minaqueadistânciadaplacaemrelac¸ãoaoápicedagrande tuberosidadedeveserde8mm,postoquedistâncias inferio-resprovocariamimpactosubacromialedéficitsdeabduc¸ãoe flexãodoombro.21,22 Emnossoestudoobservamospequena

diferenc¸a,semsignificânciaestatística,noresultado funcio-nalentreospacientes,independentementedadistânciaentre aextremidadeproximaldaplacaeoápicedotubérculomaior. Naavaliac¸ãofuncional,trêspacientesnãoestavam satis-feitoscomotratamentoeseusresultadosforamconsiderados ruins(conformeo escoreUCLA15);umdessescasos(2,43%)

apresentava osteóliseda tuberosidade maior. Encontramos umcasodenecroseavascular(2,43%),consideradotambém ruimpeloescoredaUCLA.15Brunneretal.20obtiveram

resul-tadosuperior,com8%denecroseemumestudomulticêntrico com 158 fraturas.Deacordo com aliteratura, aincidência de osteonecrose para fraturas de úmero proximal varia de 4% a 16%.23 Pacientes com necrose avascular apresentam

os pioresresultados funcionais. Noentanto,pacientes ido-sos, com menor demanda funcional, toleram melhor essa complicac¸ão.24

Os61,5%deresultadosexcelentesebonsconstatadosno estudoestãoabaixodaliteratura.Hirschmannetal.25em2011

publicaram umestudocom 64pacientes,com acompanha-mentomínimodequatroanos,tratadoscomplacabloqueada erelataram75%deexcelentesebonsresultados.Concluíram aindaqueessesresultadoscontinuavamamelhorarmesmo apósumanodepós-operatório.Roseetal.26observaram75%

deconsolidac¸ãoedeexcelentesresultados.

Emnosso trabalho,quanto maioraidade dopacientee o número departesda fratura,pior aflexão eo escoreda UCLA.15 Essesresultados sãoestatisticamentesignificativos

(p<0,001,p=0,02,p=0,008ep=0,01,respectivamente).Yang etal.27constataramqueamaiorquantidadedepartesda

fra-turaeaausênciadesuportemedial(cominuic¸ãodocálcar) foramdeterminantesnoresultadofuncional.Koukakisetal.28

tambémapresentaramresultadospioresrelacionadosàidade. Emnossoestudo,usamosoângulocervicodiafisáriocomo parâmetroradiográficocomparativocomoombro contralate-ralparacorrelac¸ãocomosresultadosfuncionais.Noentanto, nãoexisteummétodopadronizadouniversalparaaferiresse ângulo.29Outrosviesesnosresultadosdesteestudo,quenão

foramanalisados,sãoascomorbidadesdospacientes,a inte-gridade préviaepós-operatóriatardia domanguitorotador e o uso ou não de parafusos de suporte medial nas pla-cas bloqueadas.30-33 Novos estudos, com maior ênfaseem

taisfatores,serãonecessáriosparacomplementarosachados encontrados.

Conclusão

1. Este estudoindicaque avariac¸ão da medida doângulo cervicodiafisário na incidência anteroposterior mostrou significativacorrelac¸ãocomoarcodemovimento;desvios em varomaiores do que 15◦ não foram bemtolerados. Esse parâmetroradiográfico podeserumdospreditores dosresultadosfuncionaisnasfraturasdoúmeroproximal tratadascomplacabloqueada.

(7)

2. Quantomaioraidadedopacienteeonúmerodepartesda fratura,pioressãoosresultadosfuncionais.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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