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Investigação de relações entre crenças e expectativas ao uso do álcool e características de personalidade

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Academic year: 2020

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INVESTIGAÇÃO DE RELAÇÕES ENTRE CRENÇAS E

EXPECTATIVAS

EXPECTATIVAS AO USO DO ÁLCOOL E

CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

Research of relations between beliefs and expectations to use of alcohol and personality characteristics

La investigación de relaciones entre las creencias y expectativas del uso de alcohol y rasgos de personalidad

Rodolfo A. M. Ambiel – Universidade São Francisco Ana Maria Reis – Universidade São Francisco Simonilda Cesco – Universidade São Francisco

Juliana Oliveira- Universidade São Francisco

Endereço para contato Universidade São Francisco (USF). Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 Diretoria Acadêmica de Pós-Graduação. Centro. CEP: 13251-900

Itatiba, SP – Brasil.

E-mail: rodolfo.ambiel@usf.edu.br; anamariareisdasilva@yahoo.com.br

Rodolfo A. M. Ambiel Doutor em Psicologia, docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da

Universidade São Francisco.

Ana Maria Reis

Psicóloga, Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.

Simonilda Cesco

Psicóloga pela Universidade São Francisco.

Juliana Oliveira

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Resumo

A presente pesquisa teve por objetivo investigar relações entre crenças e expectativas referentes ao uso de álcool e características de personalidade em universitários. Participaram do estudo 50 indivíduos, ambos os sexos, 27 (54%) do sexo feminino, com idades variando entre 18 e 23 anos provenientes dos cursos de psicologia e engenharia. Dentre os instrumentos de medida foram utilizados o Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais Acerca do Álcool (IECPA), a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e um questionário sociodemográfico com questões acerca do uso da referida substância, assim como situações ansiogênicas vivenciadas. Por meio dos achados verificou-se que, no momento da pesquisa, grande parte dos participantes haviam vivenciado situações estressantes recentemente e afirmaram apresentar quadros de ansiedade frente a processos avaliativos. Foram encontradas associações positivas entre o fator neuroticismo e expectativas acerca do uso alcoólico, e associações negativas com o fator socialização referentes ao Modelo dos Cinco Grandes Fatores de personalidade. Além disso, observou-se que uma parcela expressiva dos participantes faz uso do álcool como recurso para a facilitação de interações sociais e diminuição de emoções negativas.

Palavras chave: expectativas; crenças; álcool; personalidade; universitários.

Abstract

The present study aimed to investigate the relationship between beliefs and expectations regarding the use of alcohol and personality traits in college. The study included 50 subjects, both genders, 27 (54%) were female, aged between 18 and 23 years from the psychology and engineering courses. Among the measurement instruments used were the Inventory Expectations and Beliefs About Alcohol (IECPA), the Personality Factor Battery (BFP) and a sociodemographic questionnaire with questions about the use of the substance, as well as experienced anxiogenic situations. Through the findings it was found that at the time of the survey, most participants had experienced recent stressful situations and said present anxiety frames front of evaluation processes. Were found positive associations between neuroticism factor and expectations about alcohol use as well as negative associations with the socialization factor, referring to the model of the Big Five personality factors. In addition, it was observed that a significant portion of the participants makes use of alcohol as a resource for facilitating social interactions and decrease negative emotions.

Key words: expectations; beliefs; alcohol; personality; university

Resumen

La presente investigación tuvo como objetivo estudiar relaciones entre creencias y expectativas referentes al uso de alcohol y características de personalidad en universitarios. Participaran del estudio 50 individuos, de ambos sexos, 27 (54%) del sexo femenino, con edades variando entre 18 y 23 años provenientes de las carreras de Psicología y Ingeniaría. Mientras los instrumentos de medición fueron empleados el Inventario de Expectativas y Creencias Personales al Respecto del Alcohol (IECPA), la Batería Factorial de Personalidad (BFP) y un cuestionario sociodemográfico con cuestiones a la cerca del uso de la referida substancia, así como situaciones ansiogénicas vividas. Por medio de los hallazgos se verificó que, en el momento de la investigación, grande parte de los participantes recién habían vivenciado situaciones estresantes y afirmaron presentar cuadros de ansiedad frente a procesos evaluativos. Han sido encontradas asociaciones positivas entre el factor neuroticismo y expectativas acerca del uso alcohólico, y asociaciones negativas con el factor socialización referentes al Modelo de los Cinco Grandes Factores de Personalidad. Además, se observó que una porción expresiva de los participantes hace uso del alcohol como recurso para facilitación de interacciones sociales y diminución de emociones negativas.

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Introdução

O consumo de bebidas etílicas atualmente é reflexo de um hábito milenar, o qual está presente em diversas sociedades, com valores e significados diferentes em cada uma delas. Durante o período que corresponde à idade média, tal costume associou-se à saúde e ao bem-estar, sendo que o álcool era utilizado para fins terapêuticos, como o combate a doenças infecciosas, analgesia, melhora no rendimento do trabalho e estimulação contra o frio (Baumgarten, 2010). Desse modo, a ingestão alcoólica historicamente, assim como nos dias atuais, tem estado presente no cotidiano humano (Amaral & Saldanha, 2009) sendo uma das poucas drogas psicoativas de consumo admitido e incentivado pela sociedade brasileira (Baumgarten, Gomes & Fonseca, 2012).

Apesar de suas propriedades medicinais e benéficas, observa-se na atualidade um consumo abusivo de tal substância, o qual tem sido promotor de danos não somente a quem consome, devido a doenças relacionadas, mas também a toda a sociedade, tal como acontece com os acidentes de trânsito ocasionados por episódios de embriaguez (Baumgarten, et al., 2012). Além do que, devem ser considerados os custos sociais, referentes a tratamentos médicos, reparos de obras públicas e privadas, violência, criminalidade entre outros fatores associados ao referido consumo (Moura, Braga, Leite, Silva & Leite, 2013).

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(2011) as expectativas sobre o uso do álcool são desenvolvidas a partir de experiências e aprendizagem social, o pode se dar a partir da exposição ao comportamento de pessoas fazendo uso de álcool ou de relatos de uso da substância.

Nesse ínterim, Amaral e Saldanha (2009) afirmam que, uma vez que expectativas se tornam estabelecidas tendem a guiar o comportamento do indivíduo. Entretanto, as expectativas poderão ser positivas ou negativas, o que vai depender dos estímulos que o indivíduo recebe do meio social no qual está inserido, assim como das características psicológicas que embasam seu funcionamento. Nesse sentido, em muitos casos o alcoolismo pode ser considerado como uma manifestação secundária a características de personalidade preexistentes, sendo o resultado de um conjunto de fatores no qual a evolução da personalidade, sua estruturação e funcionamento assumem um papel importante (Fortes, 1975).

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Tal funcionamento se associa ao fator neuroticismo, o qual pertence ao Modelo do Cinco Grandes Fatores de Personalidade e se relaciona a presença de uma instabilidade emocional e desconforto psicológico, na medida em que se configura pelas facetas de depressão, ansiedade, vulnerabilidade, autoestima, impulsividade e desajustamento psicossocial (Nunes, Hutz & Nunes 2010). Nesse âmbito, Figueiró et al. (2010), apontam que altas pontuações em neuroticismo, se associam a funcionamentos de personalidade ansiosos e impulsivos, sendo que por meio de achados empíricos, verifica-se maiores índices desse funcionamento em mulheres (Figueiró et al., 2010; Hoffman, Nelson, & Jackson, 1974). Em contrapartida, pesquisas sugerem que níveis altos em socialização, ou seja, indivíduos que confiam nos demais, que são altruístas, empáticos, que evitam situações de risco, transgressões de leis e regras sociais (Nunes, Hutz & Nunes, 2011), tendem a apresentar um baixo consumo alcoólico (Ilbanez, et al., 2010; McAdams & Donnellan, 2009; Natividade, Aguirre, Bizarro, & Hutz, 2012; Ruiz, Pincus, & Dickinson, 2003).

Ao lado desses fatores, segundo Pereira et al. (2011) os sintomas de ansiedade, podem contribuir para o consumo do álcool em universitários. Nesse sentido, estudos indicam associações entre exposição a certos tipos de situações sociais ou de desempenho, em que o individuo sente-se envergonhado e tem medo de ser observado, julgado ou humilhado por outras pessoas e o aumento no consumo de álcool (Natividade, et al., 2012; Paiva, 2010).

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disfuncionais frente ao manuseio de situações de estresse provenientes deste contexto (Claudino & Cordeiro 2006). Pesquisas sugerem que fatores como a necessidade de falar em público, sentimentos de humilhação e julgamento mediante a apresentação de trabalhos acadêmicos e maior exigência de grade curricular estariam associados ao desenvolvimento de quadros ansiolíticos na população universitária e consequentemente o uso abusivo de substâncias alcoólicas (Ferreira et al., 2009; Figueredo & Barbosa, 2008).

Desse modo, observa-se que os universitários tendem a fazer uso de bebidas alcoólicas como um recurso para lidar com as tensões provenientes da necessidade de adaptação das novas demandas existenciais vigentes (Baumgarten, et al., 2012; Cunha, Peuker & Bizarro, 2012; Pereira, 2009), de modo que o padrão de consumo da referida substância está estritamente relacionada às crenças e expectativas conferidas a este hábito, como mecanismo de fuga de estresse, aquisição de facilidades frente à socialização, prazer e esquiva de problemas afetivos (Moura et al, 2013; Pereira, 2009), com os homens sendo os que mais apresentam tal funcionamento (Fanchini & Furtado, 2013). Portanto, constata-se que o desenvolvimento de quadros ansiosos, os quais se associam ao funcionamento de personalidade, podem estar vinculados ao uso de substâncias alcóolicas mediante crenças e expectativas elaboradas pelo individuo frente a tal hábito.

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prazer e esquiva de problemas afetivos (h1), assim como características relacionadas ao fator socialização tende a se associar negativamente com as referidas crenças (h2).

Método

Participantes

Participaram do estudo 50 universitários, que cursavam o 5º semestre de graduação dos cursos de psicologia (N=27, 54%) e engenharia, provenientes de uma instituição particular localizada em uma cidade do interior de São Paulo. A amostra foi composta por ambos os sexos (54% do sexo feminino), com idades variando entre 18 e 23 anos.

Instrumentos

Como instrumentos de medida foram utilizados o Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais Acerca do Álcool (IECPA), a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) e um questionário para a caracterização da amostra quanto à idade, sexo, situação econômica, curso, tempo de curso, hábitos de consumo de álcool e vivência de situações acadêmicas estressoras que possam causar ansiedade.

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humor e efeitos positivos na avaliação de si mesmo (Pinto-Gouveia, Ramalheira, Robalo, Borges & Rocha-Almeida, 1996).

A BFP, por sua vez, tem por objetivo a avaliação de características da personalidade a partir do Modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF), que inclui as dimensões extroversão, socialização, realização, neuroticismo e abertura a experiências. A Bateria é composta por 126 itens, com respostas tipo Likert variando de 1 “Descreve-me muito mal” a 7 para “Descreve-“Descreve-me muito bem”, a qual indica o nível de identificação das pessoas com características descritas nos mesmos. (Nunes, Hutz & Nunes, 2010).

Procedimentos

O projeto foi submetido a um Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade particular do interior da cidade de São Paulo. Concedida a aprovação, (CEP 24435913.7.0000.5514/502.421) foi efetuado o agendamento para a aplicação dos instrumentos de pesquisa junto aos coordenadores. No momento da aplicação foi entregue e explicado aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A aplicação ocorreu de forma coletiva sob orientação dos pesquisadores, que prestaram esclarecimentos específicos em relação aos instrumentos. O tempo para a aplicação foi de aproximadamente 30 minutos.

Resultados

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relatou ter vivenciado uma situação de estresse recente, 50% percebe alterações orgânicas associadas ao estresse e 78% afirmaram quadros de ansiedade em processos avaliativos. Além disso, verificou-se que 24 (48%) participantes afirmaram possuir o hábito de consumir bebida alcoólica, sendo 14 (28%) do curso de engenharia e 10 (20%) de psicologia. Dentre estes, 62% relatou o uso de 1 a 2 vezes na semana, na medida em que 15 (30%) afirmaram ter tido problemas após ingestão abusiva do álcool, ao passo em que oito (16%) relatou o aumento no consumo da referida substância após ingresso na faculdade. Além disso, 24 (49%) relatou que os familiares também possuem o hábito de ingerir bebidas alcoólicas.

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Tabela 1.

Comparação e médias entre os gêneros conforme pontuação no IECPA

fatores IECPA mulheres

M(DP)

homens

M(DP) t p d

Fator 1 - facilitadores das interações sociais 65,6(31,8) 66,3(32,3) 0,080 0,80 0,02 Fator 2 - diminuição e/ou Fuga de emoções

negativas 29,4(13,4) 31,4(14,5) 0,504 0,45 0,14

Fator 3 - ativação e prazer sexual 17,7(7,5) 18,9(8,8) 0,508 0,57 0,15 Fator 4 - efeitos positivos na atividade e

humor 10,3(3,0) 10,8(3,9) 0,502 0,63 0,15

Fator 5 - efeitos positivos na avaliação de si

mesmo 11,2(5,3) 11,0(5,2) -0,149 0,84 0,04

Observa-se que embora os homens tenham apresentado maiores médias de pontuação em quase todos os fatores, tais resultados não se deram de forma significativa ou com magnitudes expressivas de efeito. Em relação aos resultados provenientes da BFP, cabe ressaltar que foram feitas análises que contemplaram todas as dimensões do referido instrumento, entretanto só foram encontrados resultados expressivos com as dimensões de neuroticismo e socialização. Desse modo, a comparação entre médias no fator Neuroticismo por meio do test t e incluindo a magnitude do efeito por meio do d de Cohen, verifica-se que, embora de forma não significativa, mas com uma pequena expressividade de magnitude de efeito, os alunos de engenharia apresentaram uma maior média de pontuação no fator geral (t=0,893; p=0,94; d=0,23) e na faceta instabilidade (t=1,369; p=0,17; d=0,39) quando comparados aos alunos de psicologia. Entretanto, pode ser observada uma pequena magnitude de efeito no fator vulnerabilidade (t=0,840; p=0,40; d=0,24), com os alunos de psicologia apresentando maiores médias de pontuação. Na tabela 2 pode ser verificada a média de pontuação dos participantes no fator neuroticismo conforme o gênero.

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personalidade e crenças e expectativas acerca do uso do álcool, não foram observadas correlações expressivas e significativas entre os fatores de extroversão, realização e abertura a experiências e fatores do IECPA. Entretanto, foram observadas associações moderadas no que se refere aos fatores de neuroticismo e socialização, conforme apresentado nas Tabelas 3 e 4 a seguir.

Tabela 2.

Comparação de médias no fator neuroticismo conforme o gênero dos participantes

fator mulheres

M(DP)

homens

M(DP) t p d

NEUROTICISMO 94,4(30,4) 82,7(23,0) -1,515 0,13 0,43 N1 – vulnerabilidade 31,7(11,7) 26,4(9,3) -1,764 0,08 0,49 N2 – instabilidade 23,5(8,5) 19,6(7,8) -1,695 0,09 0,48 N3 - passividade/Falta de

Energia 20,5(8,4) 19,4(6,9) -0,472 0,63 0,14

N4 - depressão 18,6(6,8) 17,2(6,1) -0,759 0,45 0,22 Tabela 3.

Correlação entre fator neuroticismo e fatores do IECPA

fator 1 interações fator 2 fuga fator 3 sexual fator 4 humor fator 5 auto-estima

NEUROTICISMO 0,32* 0,34* 0,26 0,26 0,32*

vulnerabilidade (N1) 0,33* 0,32* 0,26 0,26 0,34* instabilidade emocional (N2) 0,19 0,20 0,13 0,13 0,20

passividade/falta de energia

(N3) 0,35* 0,36** 0,31* 0,33* 0,30*

depressão (N4) 0,12 0,23 0,15 0,12 0,17

Legenda: *p<0,05; **p<0,01

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Tabela 4.

Correlação entre fator socialização e fatores do IECPA

fator 1 interações

fator 2 fuga

fator 3 sexual

fator 4 humor

fator 5 auto-estima SOCIALIZAÇÃO -0,30* -0,28* -0,35* -0,32* -0,28* amabilidade (S1) -0,15 -0,10 -0,23 -0,18 -0,15 pró-sociabilidade (S2) -0,29* -0,23 -0,32* -0,30* -0,27 confiança nas pessoas (S3) -0,24 -0,31* -0,24 -0,24 -0,22

Legenda: *p<0,05

Conforme pode ser observado, de forma geral, foram identificadas correlações negativas e significativas entre o fator socialização e todos os fatores do IECPA, com magnitudes moderadas associadas aos fatores de uso de álcool para a ativação do prazer sexual (r=-0,35), para alterações positivas no humor (r=-32) e como facilitador de interações sociais (r=-30). De forma específica foram observadas correlações negativas e moderadas nos fatores de pró-sociabilidade e uso do álcool para ativação do prazer sexual (r=-32) e para alterações positivas de humor (r=-30), sendo também encontrada uma correlação negativa moderada e significativa na faceta confiança nas pessoas e uso do álcool para fuga de emoções e cognições negativas.

Discussão

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pela literatura científica de que os universitários tendem a fazer uso de bebidas alcoólicas como um recurso para lidar com as tensões provenientes da necessidade de adaptação das novas demandas associadas à vida acadêmica (Baumgarten, et al., 2012; Cunha, et al., 2012; Pereira, 2009), de modo que não foram observadas diferenciações entre os cursos de psicologia e engenharia e nem tampouco ao gênero neste quesito.

No que se refere a associações entre características de personalidade e crenças e expectativas acerca do uso do álcool, foram observadas relações com os fatores de neuroticismo e socialização. Nesse sentido, verifica-se que pessoas, caracterizadas por um funcionamento de personalidade no qual se vivencia de forma mais intensa o sofrimento psicológico, que possuem uma maior instabilidade emocional, vulnerabilidade devido à necessidade de aprovação, medo de abandono e baixa autoestima, comportamentos de procrastinação em atividades cotidianas, assim a conferência de pouca ênfase nos aspectos positivos de fatos vivenciados (Nunes, Hutz & Nunes, 2011) tendem associar o uso do álcool como um recurso para facilitar o estabelecimento de relações interpessoais, para fugir de desconfortos relacionados a pensamentos e emoções negativas e melhora da autoestima (Ilbanez et al., 2010), o que corrobora a hipótese 1 do presente estudo.

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Em relação à comparação dos grupos conforme curso de graduação, verificou-se que, de forma similar, os participantes tenderam a associar o uso do álcool para a facilitação das interações sociais e diminuição de emoções negativas. Além disso, os alunos de engenharia apresentaram mais características de personalidade relacionadas a uma tendência a vivenciar sofrimento psicológico de forma intensa, instabilidade emocional, vulnerabilidade, tendência a relatar de forma mais intensa eventos negativos dando pouca ênfase aos aspectos positivos, assim como funcionamentos mais irritáveis, nervosos, variações intensas de humor e tendência a agir impulsivamente frente a algum desconforto psicológico. Já estudantes de psicologia, de forma expressiva apresentaram uma maior tendência à avaliação da intensidade do sofrimento alheio com vistas a uma maior aceitação por parte do outro.

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Considerações Finais

Partindo de achados da literatura cientifica, observa-se o recorrente aumento de uso e abuso de substâncias alcoólicas na sociedade brasileira. Nesse sentido, devido a configurar-se como um período de transição e aquisição de maiores responsabilidades, a inserção universitária pode transformar os universitários em um grupo vulnerável ao uso de substâncias alcoólicas, as quais podem se configurar como recursos para a tentativa de uma melhor adaptação frente aos estressores provenientes da vivencia acadêmica, ao passo em que tal fator pôde ser observado nos participantes da presente pesquisa.

Nesse ínterim, mediante os achados da presente pesquisa, verificou-se as características de personalidade, podem estar implicadas na predisposição ao uso ou abuso de substâncias etílicas. Dentre as limitações do estudo tem-se o número reduzido de participantes. Sugere-se a realização de novos estudos nesse âmbito para que se promova um reforço no conjunto de evidencias a esse respeito com vistas à aquisição de adequadas medidas interventivas e preventivas.

Referências

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Submissão: 28/01/15

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