CONCEPÇÕES AMBIENTAIS DE UM GRUPO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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(2) CONCEPÇÕES AMBIENTAIS DE UM GRUPO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas o tema Meio Ambiente tornou-se pauta de discussão em todos os níveis da sociedade, principalmente pelos impactos gerados pela forma como a humanidade vem se relacionando com este meio. Segundo Nascimento (2009, p.2), cabe às escolas e universidades, por intermédio dos professores, coordenadores pedagógicos e gestores, embasar reflexões sobre meio ambiente, visando à formação de cidadãos aptos para aquisição de valores, tomadas de decisões e atitudes condizentes com o ambiente e a sociedade. Documentos oficiais e até mesmo o posicionamento da sociedade civil organizada coloca como forma de enfrentamento desta verdadeira crise ambiental, a adoção de políticas públicas voltadas para a questão e a inclusão da Educação Ambiental como forma de resolução e minimização do problema. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Resolução Nº 2, de 15 de junho de 2012), encontramos no artigo 6º que: A Educação Ambiental deve adotar uma abordagem que considere a interface entre a natureza, a sociocultura, a produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolitizada, acrítica, ingênua e naturalista ainda muito presente na prática pedagógica das instituições de ensino.. Segundo Tozoni-Reis (2008) as preocupações humanas com o ambiente estão presentes de forma mais consistente nas diferentes sociedades já há algumas décadas. No entanto, segundo a autora: [...] embora reconhecida como uma necessidade da sociedade contemporânea, seus princípios, objetivos e estratégias não são iguais para todos aqueles que a praticam, caracterizando, do ponto de vista conceitual, diferentes abordagens educativas (TOZONI-REIS, 2008, p. 157).. Para Sauvé (2008) quando se aborda o campo da educação ambiental, podemos nos dar conta de que: [...] apesar de sua preocupação comum com o meio ambiente e do reconhecimento do papel central da educação para a melhoria da relação com este último, os diferentes autores (pesquisadores, professores, pedagogos, animadores, associações, organismos, etc.) adotam diferentes discursos sobre a EA e propõem diversas maneiras de conceber e de praticar a ação educativa neste campo. Cada um predica sua própria visão e viu-se, inclusive, formarem-VH ³LJUHMLQKDV´ SHGDJyJLFDV TXH SURS}HP D PDQHLUD ³FRUUHWD´ GH HGXFDU ³R PHOKRU´ SURJUDPD R PpWRGR ³DGHTXDGR´ (SAUVÉ, 2008, p. 17). Segundo Fernandes et al (2002) quando se pensa ou se fala em Meio Ambiente (MA) e em Educação Ambiental (EA), faz-se referência quase sempre ao ambiente natural. Dessa forma, as ações de EA tendem a ser voltadas para esse componente ambiental, desvinculando-se do contexto mais geral que o engloba, ou seja, as ações vinculadas a este modo de abordar a EA não leva em consideração as questões sociais, históricas e culturais da sociedade, bem como o modelo econômico vigente..
(3) Em meio as diferentes concepções de MA e, por conseguinte de EA, faz-se necessário à instrumentalização da sociedade, via educação formal e não formal, para que a sociedade desenvolva uma visão mais abrangente e em suas práticas desenvolvam um novo paradigma ambiental, mais abrangente e reflexivo. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar as concepções ambientais de um grupo de professores da educação básica, ensino médio, no município de Alegrete, Estado do Rio Grande do Sul, bem como diagnosticar a forma como a EA está inserida nas diferentes etapas da educação básica. 2. METODOLOGIA O projeto está sendo desenvolvido através da aplicação de um questionário ao longo do ano letivo de 2017, tendo como foco os professores que atuam nas turmas do Ensino Médio em uma escola pública no município de Alegrete, Estado do Rio Grande do Sul. Na análise dos dados deste questionário, pode-se registrar que houve uma abordagem de caráter quali-quantitativa. Segundo Moreira (2011), a pesquisa qualitativa presume a coleta de dados mediante as influências mútuas que acontecem entre o pesquisador e o objeto de estudo e a quantitativa consente uma melhor compreensão sobre o objetivo da pesquisa, quantificando o que se deseja analisar. Organizou-se a análise das concepções de MA e EA em duas etapas segundo as categorias organizadas por Fernandes et al (2002). A primeira etapa referente às concepções de MA com as seguintes categorias: Concepções Antropocêntricas; Concepções Biocêntrica-Biológicas, Concepções BiocêntricaBiológicas-Físicas; Concepções Biocêntrica-Biológicas-Física-Social e uma coluna para respostas confusas denominadas de não elucidativas. A categoria antropocêntrica situa o homem fora do mundo natural, como se não fizéssemos parte da natureza. A categoria Biocêntrica considera o homem parte da natureza, porém as visões podem levar em consideração apenas aspectos Biológicos de MA (Biocêntrica-Biológicas); levar em conta aspectos biológicos e físicos (Biocêntrica Biológica-Física) ou ser mais integradora, levando em consideração a cultura e os aspectos sociais, intrínsecos na relação ser humano-natureza (Biocêntrica BiológicaFísica-Social). As concepções de EA dos professores foram classificadas na seguinte ordem: Tradicional, Resolução de Problemas, Integradora e Não Elucidativa. Segundo Fernandes et al (2002) na categoria tradicional evidenciam preocupação com o ambiente, no sentido de que o mesmo possa ser apreciado e preservado, apesar de essa proteção ser marcada por uma clara relação utilitarista do meio. Na resolução de problemas se incluiu concepções onde ainda está presente a ideia naturalista, mas que avança no sentido de que os recursos precisam ser utilizados de forma racional, percebe a EA como necessária para a equalização da relação economia e ambiente. Para ser colocada na categoria Integradora a resposta do aluno deveria ter uma percepção integrada da natureza, resultante da interação dos aspectos físicos, biológicos, sociais, econômicos e culturais. 3. RESULTADOS e DISCUSSÃO Com relação às concepções sobre MA, 23,50% dos professores demonstraram em suas respostas uma visão Biocêntrica-Biológica; 26,50% com uma visão mais utilitarista (Antropocêntrica) e 50,00% apresentaram uma visão mais.
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(5) 5. REFERÊNCIAS BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 2, DE 15 DE JUNHO DE 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1098 8-rcp002-12-pdf&category_slug=maio-2012-pdf&Itemid=30192 > Acesso em: 20 de agosto de 2017. FERNANDES, Elisabete Chirieleison; CUNHA, Ana Maria de Oliveira; MARÇAL, Oswaldo. Educação Ambiental e Meio Ambiente: concepções de profissionais da educação. In: IV Encontro nacional de pesquisa em educação em ciências. São Carlos, 2002. MOREIRA, Marco Antônio. Metodologia de Pesquisa em Ensino. Ed.: Livraria da Física. 1ed., São Paulo, 2011. NASCIMENTO, Silvana do. Concepções e representações sociais de meio ambiente: uma revisão crítica da literatura. Disponível em: < http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/329.pdf > Acesso em: 27 de agosto de 2017. SAUVÉ, Lucie. Uma cartografia das correntes em educação ambiental. Tradução de Ernani Rosa. In: SATO, Michèle; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura (Org.). Educação ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005. cap. 1, p. 25 TOZONI-REIS, Marilia Freitas Campos. Pesquisa-ação em Educação Ambiental. Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 3, n. 1 ± pp. 155-169, 2008..
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