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Estudo comparativo da adaptação marginal de 2 cimentos endodônticos

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(1)

w w w . e l s e v i e r . p t / s p e m d

Revista

Portuguesa

de

Estomatologia,

Medicina

Dentária

e

Cirurgia

Maxilofacial

Investigac¸ão

original

Estudo

comparativo

da

adaptac¸ão

marginal

de

2

cimentos

endodônticos

Ingride

Ribeiras

a,∗

,

Isabel

Vasconcelos

a

,

Madalena

Ramos

c

,

Manuela

Lopes

b

e

António

Ginjeira

a

aDepartamentodeEndodontia,FaculdadedeMedicinaDentária,UniversidadedeLisboa,Lisboa,Portugal bDepartamentodeBiomateriais,FaculdadedeMedicinaDentária,UniversidadedeLisboa,Lisboa,Portugal cDepartamentodeEstatística,ISCTE-InstitutoUniversitáriodeLisboa,Lisboa,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo: Recebidoa9deagostode2014 Aceitea26dejunhode2015 Palavras-chave: Obturac¸ãocanalar Cimentosbiocerâmicos Cimentosàbasederesinaepoxi Microscópioelectrónicode varrimento

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Comparac¸ãodaadaptac¸ãomarginaldaobturac¸ãocomtécnicadeconeúnico, uti-lizando2cimentosendodônticos(AHPluseEndoSequenceBCSealer)e2tiposdeconesde guta-percha(ProtaperF4eEndoSequenceBCPoints).

Métodos:VinteeumdentesmonorradicularesforampreparadoscomlimasProtapere obtu-radoscomtécnicadeconeúnico.Foramconstituídos3gruposexperimentaisdeacordocom ascombinac¸ões:ProtaperF4eAHPlus(AH);ProtaperF4eEndoSequenceBCSealer(F4ES); EndoSequenceBCPointseEndoSequenceBCSealer(ES).Osespécimesforamobservadosao microscópioeletrónicodevarrimento(MEV)ecalculadaamédiadasordensdotamanhodas fendasedapercentagemdefendasnoperímetrodoespécime.Osdadosforamsubmetidos atestesestatísticosnãoparamétricos(alfa=0,05).

Resultados: Aanálisedosresultadosrevelouexistênciadezonascomfendasezonassem fendas,emtodososgrupos.Emmédia,ogrupoAHapresentoufendasmaiores, independen-tementedosterc¸os.Quandocomparadososterc¸os,existediferenc¸asignificativa(p<0,05) entreogrupoAHeES(p=0,001)eentreoESeoF4ES(p=0,009)noterc¸oapical;entreo grupoAHeoES(p=0,022)noterc¸omédio;entreogrupoAHeoF4ES(p=0,009)eentreoAH eoES(p<0,001)noterc¸ocoronário.Quandoanalisadaapercentagemdefendasnãoforam encontradasdiferenc¸assignificativasnoterc¸oapical(p=0,775),médio(p=0,144)ecoronário (p=0,158).

Conclusões:Deumaformageral,acombinac¸ãoentreESeEndosequenceBCPointspermitiu obtermelhoresresultados.

©2015SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.Publicadopor ElsevierEspaña,S.L.U.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençadeCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

Correioeletrónico:ingridribeiras@gmail.com(I.Ribeiras).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpemd.2015.06.001

1646-2890/©2015SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.Esteéumartigo OpenAccesssobalicençadeCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

(2)

Comparative

study

of

marginal

adaptation

of

two

sealers

Keywords:

Rootcanalobturation Bioceramicsealer

Epoxyresin-basedrootcanal sealer

Scanningelectronmicroscopy

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective: Comparisonofmarginaladaptationofobturationwithsingleconetechnique, usingtwosealers(AHPlusandEndosequenceBCSealer)andtwodifferentgutta-percha points(ProtaperF4eEndoSequenceBCPoints).

Methods: 21singleteethwerepreparedwithProtaperfilesandfilledbysinglecone techni-que.Threeexperimentalgroupswereformedaccordingtothecombinations:ProtaperF4 eAHPlus(AH);ProtaperF4eEndoSequenceBCSealer(F4ES);EndoSequenceBCPointse EndoSequenceBCSealer(ES).ThespecimenswerevisualizedbySEMandcalculatingthe ordersofaveragesizeofthegapsandtheordersofpercentageofgapsintheperimeter.The resultsweresubmittedtonon-parametricstatisticaltests(alpha=0.05).

Results: Theanalysisrevealedtheexistenceofareaswithgapsandareaswithoutgaps,in allofgroups.Onaverage,AHsealergenerateslargergaps,regardlessofthirds.Whenthirds compared,asignificantdifference(p<0.05)wasfoundbetweenthecementAHandtheES (p=0.001)andbetweenESandtheF4ES(p=0.009)intheapicalthird,betweenAHandthe ES(p=0.022)inthemiddlethird,andbetweenF4ESandAH(p=0.009)andbetweenAHand ES(p<0.001)inthecoronalthird.Whenweanalyzedthepercentageofgaps,nosignificant differenceswerefoundintheapical(p=0.775),middle(p=0.144)andcoronalthird(p=0.158). Conclusions: Ingeneral,thecombinationofEndosequenceBCSealerandEndosequenceBC Pointsyieldedbetterresults.

©2015SociedadePortuguesadeEstomatologiaeMedicinaDentária.Publishedby ElsevierEspaña,S.L.U.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Naterapiaendodônticaumcimentoéusadoparapreencher asirregularidadesdeumsistemadecanais,aderirosistema deobturac¸ãoàsparedesdocanalelubrificar1.

Recentemente,osmateriaisbiocerâmicostêmsido intro-duzidosnamedicinaenamedicinadentária2.Naendodontia

foi introduzido como uma mais-valia para a técnica de obturac¸ãocomconeúnico.

Segundoos fabricantes,osmateriaisbiocerâmicos apre-sentampHalcalino,atividadeantibacteriana,radiopacidade, biocompatibilidade e bioatividade, ou seja, capacidade durante oprocesso depresa de formarhidroxiapatite, que exerce influência na ligac¸ão entre a dentina e o material obturador1–3.

O cimento endodôntico Endosequence BC Sealer (Bras-seler USA, Savannah, GA,EUA) éum cimento biocerâmico pré-manipuladode colorac¸ãobranca queapresenta nasua composic¸ãoóxidodezircónio,silicatodecálcio,fosfatode cál-ciomonobásico,hidróxidodecálcioeagentesespessantes4.

Osseuscomponentesinorgânicosincluemsilicatotricálcio, silicatodicálcio,fosfatodecálcio,sílicacoloidalehidróxido de cálcio. Este materialfoi concebidopara endurecer ape-nasquandoexpostoaumambientecomhumidade,sendo idealahumidadepresentedentrodostúbulosdentinários1.

Destaforma,comoadentinaécompostaporcercade20% deágua(emvolume),estahumidadefazcomqueomaterial endurec¸a1,5.

O objetivo do presente trabalho foi a comparac¸ão da adaptac¸ãomarginaldaobturac¸ão canalaràsparedes denti-nárias,noterc¸ocoronário,médioeapical.Acomparac¸ãofoi

entre3grupos:obturac¸ãocomconedeguta-perchaecimento AHPlus,obturac¸ãocomconedeguta-perchaecimento Endo-sequenceBCSealereaobturac¸ãocomconedeguta-percha impregnadocompartículasbiocerâmicasecimento Endose-quenceBCSealer.

Ahipótesenulaéqueaadaptac¸ãomarginaldaobturac¸ão canalarnãoéinfluenciadapelosmateriaisdeobturac¸ão utili-zados.

Materiais

e

métodos

Vinteeumdentes,recentementeextraídos,foram armazena-dosnumasoluc¸ãoaquosade0,5%decloraminaàtemperatura de4◦C6.Oscritériosdeinclusãoforam:dentes

monorradicu-larescomcomprimentosemelhantede22mm±2mm;canal únicoeretoeraízesintactas.Oscritériosdeexclusãoforam: dentescomreabsorc¸ões;fraturasradiculares;calibresapicais superioresa0,40mm;dentescomápicesimaturos; impossí-veisdepermeabilizarepreviamenteobturados.

Osdentesforamsubmetidosaradiografiaspré-operatórias, comprojec¸ãoortogonaleproximal,parauniformizaraselec¸ão dedentescomanatomiainternasemelhanteeparaconfirmar aexistênciadeumsócanal.

Ocomprimentodasraízesfoiuniformizadoe,paraisso,os dentesincluídosnaamostraforamcortadosa14mmdoápex. O comprimento de trabalho foi determinado inserindo no canal uma lima K 10 (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíc¸a),atésetornarvisívelnoforâmenapical,sobampliac¸ão com microscópio clínico (M320 F12, Leica MicroSystems, Wetzlar, Alemanha) e depois subtraindo 1mm. Foi reali-zada uma via de permeabilidade com limas K flexofile

(3)

Tabela1–Médiasdosgaps(m)edesviopadrãonoterc¸oapical,médioecoronário

AH F4ES ES Total

Médiasgaps Médiagaps Desviopadrão Médiagaps Desviopadrão Médiagaps Desviopadrão

Apical** 11,4 2,8 5,5 3,8 1,3 0,3 6,1 Médio* 12,7 7,4 6,3 3,3 2,4 0,3 7,1 Coronário** 15,9 3,1 4,1 1,3 1,3 0,1 7,1 Total 13,3 – 5,3 – 1,7 – 6,8 ∗ p<0,05. ∗∗ p<0,01.

15 e 20 (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíc¸a). Os canais foram instrumentados até um calibre apical de 40,067–10,

usando osistema de limas ProTaperUniversal®

(Dentsply--Maillefer, Ballaigues, Suíc¸a), com a sequência S1, Sx, S1, S2,F1,F2,F3,F4,comrecursoaomotorX-Smart (Dentsply--Maillefer, Ballaigues, Suíc¸a), segundo recomendac¸ões do fabricante. Entre limas irrigou-se com 2ml de hipoclo-ritode sódio (NaOCl) a 5,25% (Chloraxid 5,25%,Cerkamed, Polónia)comumaagulhaendoneedle30G(Elsodent, Cergy--Pontoise,Franc¸a)11,eutilizou-selimade permeabilidadeK

1012.

Efetuou-seoprotocolofinaldeirrigac¸ãocom2mLdeNaOCl a5,25%,ativadocomultrassonsporumminuto,perfazendo umvolumetotaldeirrigantede6mL13.Aativac¸ão

ultrassó-nicafoi realizadautilizandoumaponta IrriSafe® n.20 de

25mm(Acteon,Merignac,Franc¸a)14, numaunidade

piezoe-léctrica (Suprasson PMax, Acteon), na potência «azul 4»15.

Em seguida irrigou-se com 1mL de ácido etilenodiamino tetracético(EDTA)a17%(Endo-SolutionPremium,Cerkamed, Polónia)durante umminuto16,seguidode2mLdeNaOCl a

5,25%11.

Secaram-seoscanaiscomconesdepapelF4®

(Dentsply--Maillefer, Ballaigues, Suíc¸a) e procedeu-se à obturac¸ão canalardosdentescomtécnicadeconeúnico.Ocone, reves-tidoporcimento,foiintroduzidonocanal,atéaocomprimento detrabalho, pincelandouniformementeasparedes canala-res.O remanescente de guta-percha, coronal à entrada do canal,foisecionadocomrecursoaumcondensadortérmico deconicidade8%(B&LBiotech,Seul,CoreiadoSul),aquecido a200◦C.Asraízesforamseladascommaterialderestaurac¸ão provisóriaCavit® (3M ESPE,Seefeld, Alemanha).Os dentes

foramdistribuídosaleatoriamentepor3grupos experimen-tais,com7dentescada.Decadaumdosgruposfoiretirado umdentequefoiposteriormentepreparadosegundotécnica jádescrita17 eobservado aomicroscópioeletrónicode

var-rimento (MEV) deforma avalidar aeficácia da desinfec¸ão mecânico-química.

Nogrupo 1 (AH)a obturac¸ão foi feita com cimento AH Plus®(Dentsply,DeTreyGmbH,Konstanz,Alemanha)econes

deguta-perchaProtaperF4® (Dentsply-Maillefer,Ballaigues,

Suíc¸a).

Nogrupo2(F4ES)aobturac¸ãofoifeitacomcimento Endo-SequenceBCSealer® (BrasselerUSA, Savannah,GA,EUA)e

conesdeguta-perchaProtaperF4®.

Nogrupo3(ES)aobturac¸ãofoifeitacomcimento EndoSe-quenceBCSealer® eEndoSequence®BCPointsTM(Brasseler

USA,Savannah,GA,EUA).

Os espécimes foram armazenados a 37◦C e com 100% dehumidade,por7dias,deformaacompletarapresados cimentos18.

Asraízesforamseccionadasperpendicularmenteaolongo eixodaraiz,nosentidoápex-coroa,comumalâminade dia-mante(11424415 HCIsomet,BuehlerLtd.), montadanuma máquinadecorte(Isomet1000PrecisionSaw,BuehlerLtd).Os discosforamcortadosapartirde1mmdoápex,com espes-surade3mm.Destaformaobtivemos3discosporraiz,ouseja, umdiscoporcadaterc¸o.Portanto,ficou-secom18discospor grupo.

Osespécimesforamidentificadoseimediatamente imer-sosnumasoluc¸ãode2,5%deglutaraldeído/2%de paraformal-deídoemtampãocacodilatoa0,1M,com pHde7,4,por12 horasa4◦C.

Após fixac¸ão, os espécimes foram lavados com uma soluc¸ãotampãodecacodilato0,1M.

Asuperfíciedecadaespécimefoipolidadebaixodeágua com discos de papel abrasivo de carbeto de silício com abrasão decrescente (600-2.500grit) por30 segundos ecom discodepapel defeltro,comumasuspensãodepartículas diamantadas(MetaDi®,1m,Buehler, Illinois,EUA),porum

minuto.

Osespécimesforamdesidratadosemconcentrac¸ões ascen-dentesdeetanol(25-100%).

Seguidamenteosespécimesforamsecosrecorrendoa hexa-methyldisilazane ([CH3]3SiNHSi[CH3]3)(HMDS, Sigma-Aldrich Inc.,St.Louis,MO,EUA)17.

OsespécimesforamaurificadoscomE-5100sputter-coater (PolaronLtd.)a10mApor120segundos.

Para observac¸ãoeanálise dosespécimes recorreu-seao MEVJEOLJSM-7001Fcom15KV.

Aadaptac¸ãomarginalfoimedidaatravésdamensurac¸ão dos tamanhos dos gaps na interface dentina/obturac¸ão e também através da percentagem de gaps no perímetro do espécime.

Foramfeitasampliac¸õesde100e50xparavisualizac¸ãodo perímetrototaldosespécimeseampliac¸õesde250xpara efe-tuaramedic¸ãodosgaps.Asmedic¸õesforamrealizadasatravés doprogramaImageJ1.48v.

Paracalcularapercentagemdegapsnoperímetrototaldo espécimefoiutilizadaumaescalaqualitativa:

1. <25%doperímetroapresentagaps. 2. 25-50%doperímetroapresentagaps. 3. 50-75%doperímetroapresentagaps. 4. >75%doperímetroapresentagaps.

(4)

GAP Não 14% GAP SIM 86% Apical 38% Médio 33% Coronário 29%

Figura1–Comparac¸ãoentreapresenc¸aeausênciadegaps ealocalizac¸ãodosmesmos.

Foifeitaumainferênciaqueinterfacescomtamanhos mai-oresdegapsecommaiorpercentagemdegapsnoperímetro daamostrateriamobturac¸õescompioradaptac¸ãomarginal.

Asleiturasforamfeitasporumsóoperador,querealizou umacalibrac¸ãointraoperadorprévia.Paraissoforam selecio-nadasaleatoriamenteimagensrepresentativasdos3grupos. Asleiturasforamrepetidas2vezes,paraassegurara repro-dutividade,comintervalodeummês.Foiobtidoumvalorde concordânciadeK=0,9.

Dadoo facto da distribuic¸ão das variáveis a testar não sernormaledosgruposserempequenos,utilizou-seoteste de Kruskal-Wallis, para comparar a média das ordens nos 3tiposdecimento,seguidodotestedecomparac¸ões múlti-plasàposteriori(post-hoc)deBonferroni,depoisdeconvertidas asobservac¸õesemordens19.

Emtodasasanálisesutilizou-seoprogramaIBMSPSS Sta-tistics20.0econsiderou-seum␣=0,05(SPSSInc,Chicago,IL, EUA).

Resultados

Obtiveram-se54discos,5dosquaisforamperdidosdurantea preparac¸ãolaboratorial(GrupoAH-2coronárioseummédio; GrupoES-umcoronárioeumapical).

Nos49discosanalisadosforam observadasnainterface dentina/obturac¸ão regiões com gap e regiões sem gap. No cimentoAHfoiregistadaumaamostrasemgap,noF4EStodas osespécimesapresentaramgapsenoES6espécimesnão apre-sentaramgaps.OvalormínimodegapnoAHenoESfoide 0␮m,enquantonoF4ESfoide1,5␮m.Ovalormáximodegaps noAHfoide39,26␮m,noF4ESfoide12,61␮menoESfoide 3,79␮m.

Quandoavaliamosaadaptac¸ãomarginaldoscimentospor terc¸osaporc¸ãocoronáriafoiaqueapresentoumenornúmero dediscoscomgaps(fig.1).

Asmédiasdosgapsestãoapresentadasnatabela1. Noterc¸oapicalamédiadegapsparaoAHfoide11,4␮m, paraoF4ESfoide5,5␮meparaoESfoide1,3␮m.Os resul-tadosdotestedeKruskal-Wallisrevelamquehápelomenos umcimentoquegeradiferenc¸assignificativasnotamanhodos gaps(␹2[2]=10,109,p=0,006).Ostestespost-hocdeBonferroni

25 15 μm 5 0 AH F4ES

Coronário Médio Apical

ES AH F4ES ES AH F4ES ES

10 20

Figura2–Comparac¸ãoentreasmédiasdosgapsdoAH, F4ESeESnosterc¸oscoronário,médioeapical.Paracada terc¸o,colunassobamesmalinhasãoestatisticamente semelhantes(p>0,05).

indicamqueadiferenc¸aésignificativaentreocimentoAHe oES(p=0,001)eentreoESeoF4ES(p=0,009).

Noterc¸omédioamédiadegapsparaoAHfoide12,7␮m, paraoF4ESfoide6,3␮meparaoESfoide2,4␮m.Os resul-tadosdotestedeKruskal-Wallisrevelamquehápelomenos umcimentoquegeradiferenc¸assignificativasnotamanhodos gaps(␹2[2]=6,984,p=0,030).Ostestespost-hocdeBonferroni

indicamqueadiferenc¸aésignificativaentreocimentoAHe oES(p=0,022).

Noterc¸ocoronárioamédiadegapsparaoAHfoide15,9␮m, paraoF4ESfoide4,1␮meparaoESfoide1,3␮m.Os resul-tadosdotestedeKruskal-Wallisrevelamquehápelomenos umcimentoquegeradiferenc¸assignificativasnotamanhodos gaps(␹2[2]=10,477,p=0,005).Ostestespost-hocdeBonferroni

indicamqueexisteumadiferenc¸aentreocimentoAHeoF4ES (p=0,009)eentreoAHeoES(p<0,001).

Independentemente dosterc¸os, ocimento AH foi oque gerougapsmaiores(figs.2e3).

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% AH F4ES ES > 20 μm > 10 - 20 μm 5 - 10 μm < 5 μm

Figura3–Relac¸ãoentreotamanhodosgapsemmeo cimento.

(5)

Figura4–ImagensdeMEVrepresentativasdoterc¸oapical,médioecoronário,dogrupoAHPlus,ondesãovisíveiszonas livresdegapsezonascomgaps(250×).C:cimento;D:dentina;G:gap;GP:guta-percha.

Tabela2–Númerodediscosquerelacionama percentagemdegapsnoperímetrodaamostra,para cadaumdosgrupos,considerandoosterc¸osapical, médioecoronário

Apical Medio Coronário Total <25% AH 2 2 1 5 26 F4ES 3 2 4 9 ES 3 5 4 12 25-50% AH 4 2 1 7 10 F4ES 0 0 1 1 ES 1 0 1 2 50-75% AH 0 1 1 2 10 F4ES 3 2 1 6 ES 1 1 0 2 >75% AH 0 0 1 1 3 F4ES 0 2 0 2 ES 0 0 0 0

Nãohádiferenc¸assignificativasnapercentagemdegaps para oterc¸o apical(p=0,775),médio (p=0,144)ecoronário (p=0,158)(tabela2).

ImagensMEVrepresentativasdoterc¸oapical,médioe coro-náriodos3grupos(figs.4-6).

Osespécimesqueforamobservadosparavalidara eficá-ciadadesinfec¸ãomecânico-químicarevelaramumaremoc¸ão eficazdesmearlayer,especialmentenoterc¸ocoronário(fig.7).

Discussão

Apadronizac¸ãodascondic¸õesinvitroéumaetapaimportante paraocontrolodepossíveis vieseseotimizac¸ãoda análise

estatística.Nessesentido,foiimportantetentaruniformizar aanatomiainternadaamostraconsiderada.Contudo,émais frequenteencontrarumacomplexidadeanatómicanaprática clínica,oquelimitaaextrapolac¸ãodosresultadosinvitropara ascondic¸õesinvivo.

Noquedizrespeitoàtécnicadeobturac¸ãofoiselecionada atécnicadeconeúnico.Háestudosquedemonstramquena endodontia modernasedá preferênciaacamadas finas de cimento,poisestepodecontrairduranteotempodepresae sofrerdissoluc¸ãoaolongodotempo,proporcionandopossível microinfiltrac¸ão20,21.Comatécnicadeconeúnico,ovolumede

cimentoémaiorquandorelacionadacomovolumedocone,o quelevariaaumadiminuic¸ãodacapacidadedeselageme con-sequentepresenc¸adegaps22.Contudo,atécnicadeconeúnico

foireconsideradacomautilizac¸ãodeconesdeguta-percha calibrados23.Ovolumedecimentorequeridonumatécnicade

coneúnicoéassimminimizadoquandoestesconessão uti-lizadosdeacordocomosistemadeinstrumentac¸ãocanalar utilizado1.

No presente estudo foi introduzido um grupo em que aobturac¸ão foi efetuada comEndoSequence® BCPointsTM.

Segundoofabricante,estesconesencontram-seimpregnados e revestidos com nanopartículas biocerâmicas, o que teo-ricamente poderia promover uma melhoradaptac¸ão entre o cimento e o cone, promovendo assim uma selagem hermética.

Quandoavaliadootamanhodosgaps,ogrupoondeestão inseridos estes cones, ou seja, o ES, apresentou os meno-resvalores,comdiferenc¸assignificativas,independentedos terc¸os.

Segundoofabricante,oscimentosbiocerâmicossão hidro-fílicosepossuemumângulodecontactobaixo,oquepermite queocimento seespalhe facilmentepelasparedes canala-res,proporcionandoumamelhoradaptac¸ãoeumaselagem herméticaatravésdeumaligac¸ãomecânica.Portanto, pode-ríamos antecipar que o Endosequence BC Sealer, que é

(6)

Figura5–ImagensdeMEVrepresentativasdoterc¸oapical,médioecoronário,dogrupoF4ES,ondesãovisíveiszonaslivres degapsezonascomgaps(250×).C:cimento;D:dentina;G:gap;GP:guta-percha.

constituídoporsilicatodecálcio,temopotencialdeaderir qui-micamenteàdentina24,podendoreduzironúmerodegaps1.

Contudo,asimagensde MEVrevelamzonas semgaps e zonas comgaps nos3 grupos,apesar deque nos2grupos queutilizaramcimentobiocerâmicosetenhamregistado ten-dencialmentetamanhosdegapsinferiores,oquenoslevouà rejeic¸ãodahipótesenula.

Nocorrenteestudoaadaptac¸ãomarginalfoiavaliadacom recursoàmedic¸ãodosgapsnainterfacedentina/obturac¸ão, tendo sido feita também uma relac¸ão percentual entre a presenc¸ade gapseo perímetro doespécime. Alguns auto-resintroduziramtambém esta últimarelac¸ão na avaliac¸ão dosseus espécimes25,26. A combinac¸ão destas2avaliac¸ões

pareceserpertinentepoisquandoavaliadaainterfaceentre aobturac¸ãoeadentinapode-severificarapresenc¸adeum gapde grandesdimensões,masserumpontoisolado,com inexistênciadeoutrosgapstendoemcontaoperímetro do espécime.Emboraaadesãoàdentinasejaumametadesejável

naobturac¸ãodecanaisradiculares,podesermaisimportante conseguir alcanc¸arumpreenchimentode100%no períme-trodoespécime,semgapsentreomaterialdeobturac¸ãoea dentina,comoindicadonalgunsestudos27,28.

Existem poucos estudos que se tenham centrado na avaliac¸ão de gaps na interface dentina/cimento29,30. No

entanto, os estudos demonstram que os gaps são comuns entre o cimento e a dentina e entre o cimento e a guta--percha27.

Nãopodeserfeitaumacomparac¸ãodamédiadosgapsnos gruposqueutilizaramocimentobiocerâmicoedadosda lite-raturaporque,segundoanossapesquisa,atéàdata,nãofoi encontradoqualquerestudocomvaloresdegapsdainterface dentina/cimento,emqueocimentoutilizadofosseo Endose-quenceBCSealer.

Para o cimento AH Plus os valores de gaps encontra-dos neste estudo são comparáveis com outros estudos já publicados8.

Figura6–ImagensdeMEVrepresentativasdoterc¸oapical,médioecoronário,dogrupoES,ondesãovisíveiszonaslivres degapsezonascomgaps(250×).C:cimento;D:dentina;GP:guta-percha.

(7)

Figura7–ImagensdeMEVrepresentativasdavalidac¸ãodadesinfec¸ãomecânico-químicanosterc¸osapical,médio ecoronário,comumaampliac¸ãode2.000×.

Figura8–Amostraapical(esquerdacomampliac¸ãode100×)eamostracoronária(direitacomampliac¸ãode50×)do mesmodente.

Um fator importante durante a avaliac¸ão da interface cimento/dentinaéaconfigurac¸ãogeométricadocanal radi-cular,que podeinfluenciarosresultados eodesemprenho da técnica de obturac¸ão31. Para se conseguir preencher as

irregularidades será necessário mais cimento nos espéci-mesda porc¸ãocoronária,com maiorriscodecontrac¸ãode polimerizac¸ão,favorecendoassimaformac¸ãodegapsde mai-oresdimensões(fig.8).

Omeio selecionadoparaefetuaraleituradosespécimes foi o MEV. A principal desvantagem da utilizac¸ão do MEV éo potencial existentepara a produc¸ãode artefactos,não sóduranteapreparac¸ão laboratorial,mastambémdurante aobservac¸ão dosespécimes32. Contudo, permite-nos fazer

umaavaliac¸ãodainterfaceexistenteentreaobturac¸ão cana-lar eas paredes dentinárias de uma forma sistematizada, com alta qualidade de imagem e possibilidade de grande ampliac¸ão.

Mais estudossão necessáriospara confirmar aselagem deste materialbiocerâmicoalongoprazo,bemcomoo seu desempenhonapráticaclínica.

Conclusão

Noterc¸ocoronário,ondeaconfigurac¸ãogeométricadocanal dificultaaadaptac¸ãomarginaldaobturac¸ão,ocimento bio-cerâmico (Endosequence BCSealer) foi aquele quemelhor selagemconseguiu,emcomparac¸ãocomocimentoresinoso (AHPlus).

Comatécnicadeconeúnico,noterc¸oapical,regiãoonde a preparac¸ão mecânico-química é mais difícil, verificou-se a existência de uma melhor adaptac¸ão marginal com um cimentobiocerâmico(EndosequenceBCSealer)associadoaos conesdeguta-perchacompartículasbiocerâmicas (Endose-quenceBCPoints).

(8)

Responsabilidades

éticas

Protec¸ãodepessoaseanimais.Osautoresdeclaramquepara esta investigac¸ão nãose realizaram experiências emseres humanose/ouanimais.

Confidencialidadedosdados.Osautoresdeclaramquenão

aparecemdadosdepacientesnesteartigo.

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