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O coronelismo ficcional e os desmandos da política brasileira na telenovela Meu pedacinho de chão

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Academic year: 2021

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Fernandes

Universidade Paulista – UNIP Doutora e pós-doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC--SP). Professora do Progra-ma de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura das Mídias da Universidade Paulista (Unip) e do Centro Universitário Assunção (Unifai). É pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da PUC-SP.

E-mail: carla_montuori@ ig.com.br

http://lattes.cnpq. br/1731982225546672

os desmandos da política

brasileira na telenovela Meu

pedacinho de chão

The fictional coronelismo

and the abuses of Brazilian

politics in the soap opera My

little piece of ground

El coronelismo ficción y los

excesos de la política

brasileña en la telenovela

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Submissão: 26/9/2014 Decisão editorial: 30/4/2015

temas longínquos da história do País em um cenário revitalizado pelos códigos da contemporaneidade. Dessa forma, este artigo tem como objetivo analisar a representação das práticas políticas do coronelismo na telenovela Meu pedacinho

de chão, exibida pela Rede Globo de Televisão. A trama consiste na produção

de um universo moderno, cercado de magia e fantasia, que reproduz, por meio de personagens e enredo, um sistema político que perdurou no Brasil durante o período da República Velha (1989-1930).

Palavras-chave: Telenovela. Produção. Cultura. Política. ABSTRACT

The Brazilian soap opera reveals a rich cultural hybridism that is able to incorporate distant subjects of the country’s history in a scenario revitalized by the codes of the present time. This article aims at analyzing the representation of political practices of the colonels in the soap opera “My little piece of ground”, aired on Rede Globo television. The story consists of the production of a modern universe, surrounded by magic and fantasy, which reproduces, by means of characters and plot, a political system that lasted in Brazil during the period of the Old Republic (1930-1989). Keywords: Soap Opera. Production. Culture. Policy.

RESUMEN

La telenovela brasileña revela una rica hibridación cultural, capaz de incorporar temas distantes de la historia del país en un escenario revitalizado por los códigos de la contemporaneidad. Por lo tanto, este artículo tiene como objetivo analizar la representación de las prácticas políticas de los coroneles en la telenovela “Mi pequeño pedazo de tierra”, transmitido por TV Globo. La trama consiste en la producción de un universo moderno, rodeado de magia y fantasía que juega a través de personajes y la trama, un sistema político que duró en Brasil durante el período de la Antigua República (1989-1930).

Palabras clave: Telenovela. Producción. Cultura. Política.

* Coronelismo (/kɔɾonɛˈliʒmu/) was the system of machine politics in Brazil under the Old Republic (1889-1930). Known also as the “rule of the coronels”, the term referred to the classic boss system under which the control of patronage was centralized in the hands of a locally dominant oligarch known as a “coronel”, particularly under Brazil’s Old Republic, who would dispense favors in return for loyalty. (WIKIPEDIA. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Coronelismo).

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A telenovela, que surgiu em caráter totalmente experimental no início da década de 1950, tornou-se, ao longo dos anos, o produto cultural mais popular da televisão brasileira. O êxito do gênero pode ser explicado, em parte, pela capacidade de incorporar convenções do melodrama e da realidade e atuar em sintonia com as transformações tecnológicas, sociais, culturais e políticas da história do País (HAMBURGER, 2003). A característica da telenovela, de aprimorar e estreitar a relação entre o real e o ficcional, sobretudo em temas que envolvem a vida política do País, deu origem a uma série de pesquisas na área de comunicação e cultura. Como exemplo, podemos citar a obra O Brasil antenado:

a sociedade da telenovela, de Esther Hamburger

(2005), que discute como a narrativa ficcional ajudou a construir e disseminar imagens da nação, incorporando fatos cotidianos da vida política dos anos de 1970, 1980 e 1990.

Martín-Barbero e Rey (2001, p. 161) elucidam que nenhum outro gênero de programação firmou-se tão popular no País como a telenovela, por atuar “em um dos mais importantes e amplos espaços de problematização do Brasil, das intimidades privadas às políticas públicas”. A capacidade sui generis

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de incorporar o público e o privado, o político e o doméstico, a notícia e a ficção, convenções formais de documentário e do melodrama (LOPES, 2009) transforma as narrativas televisivas em espaços estratégicos para a produção das imagens que os indivíduos fazem de si mesmos e com as quais querem se fazer reconhecer pelos demais (MARTÍN-BARBERO, 1997).

Em circunstâncias em que os personagens são identificados com figuras públicas reais e a trama incorpora os problemas da nação, a produção televisiva adquire um contexto de verossimilhança, operando o sincretismo entre o real e o imaginário, tornando-o homogêneo (SODRÉ, 1977). Ao pesquisar o enredo das telenovelas, verifica-se, com frequência, temas de caráter público, como a reforma agrária, o coronelismo, a corrupção política, o racismo, as minorias, entre outros (LOPES, 2009).

Nesse contexto, ao recontar a história da televisão brasileira, Mattos (2002) destaca que a preocupação da teledramaturgia em representar o cenário do Nordeste, o povo e sua cultura, surgiu em 1969, com a telenovela Verão vermelho, veiculada pela Rede Globo, durante o período de ditadura militar. Ambientada na Bahia, a novela, escrita por Dias Gomes, retratou o universo de coronéis, jagunços e as disputas políticas em torno do poder local.

Desde então, inúmeras produções midiáticas buscaram reproduzir o espaço rural e as práticas do coronelismo, sistema de poder político conhecido pelo autoritarismo e pela opressão exercida pelos mandantes locais, diretamente ligados ao meio rural. Sustentado por barganhas e compromissos recíprocos, o coronelismo, durante a República Velha

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(1889-1930), era formado por uma extensa rede de relações que seguia do coronel ao presidente da República, conforme destaca Carvalho:

O governo estadual garante, para baixo, o poder do coronel sobre seus dependentes e seus rivais, sobretudo cedendo-lhe o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia até a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de votos. Para cima, os governadores dão seu apoio ao presidente da República em troca do reconhecimento por parte deste de seu domínio no estado. (1997, p. 2).

Desse compromisso fundamental entre o poder público e o local surgem as características secundárias do sistema coronelista, definidas por Leal (1975) como o mandonismo, o filhotismo, o voto de cabresto e a desorganização dos serviços públicos locais. Ainda que a prática do coronelismo tenha diminuído a partir de 1930, com a prisão dos grandes coronéis baianos e a posterior implantação do Estado Novo (1937-1945), como defende Carvalho (1997), a temática que exerceu enorme influência na literatura ainda mantém sintonia com os escritores da teledramaturgia.

A t e l e n o v e l a M e u p e d a c i n h o d e c h ã o , readaptada em 2014, revela o interesse da Rede Globo pelo assunto, ao narrar a história de um povoado humilde, localizado na cidade fictícia de Santa Fé, dominado pelo maior fazendeiro da localidade, coronel Epaminondas, que abusa das práticas coronelistas para perpetuar seu poder na região. A trama tem início com a chegada da professora Juliana, contratada pelo prefeito da Cidade das Antas e por Pedro Falcão, inimigo político

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de Epaminondas, para alfabetizar as crianças e os adultos do vilarejo.

Avesso a qualquer tipo de modernização e progresso, o coronel Epaminondas declara guerra aos inimigos políticos e lança-se candidato à prefeitura da cidade, colocando em prática os desmandos do sistema coronelista. Narrada em tom de magia, típico de contos de fadas, com uma multiplicidade de cores percorrendo os cenários e os figurinos, a telenovela, escrita por Benedito Ruy Barbosa, é contada pelo olhar infantil do menino Serelepe (Tomás Sampaio) e por sua amiga Pituca (Geytsa Garcia), filha do vilão Epaminondas.

Em uma atmosfera lírica, com casas de bonecas, árvores coloridas com mantas de crochês e cavalos e vacas de madeira, que se assemelham a peças de carrossel, o cenário da telenovela associou-se a um universo tipicamente infantil (VILALBA, 2014). Ainda que o espaço rural fosse ressignificado em tom de magia, este estudo pretende responder como a telenovela Meu pedacinho de chão incorporou, de maneira verossímil, os desmandos da política coronelista.

Assim, este artigo tem por objetivo analisar como foi produzida a representação do coronelismo na telenovela Meu pedacinho de chão durante todo o período de exibição da trama, de 7 de abril a 1º de agosto de 2014. Para compreender o conteúdo veiculado pela narrativa ficcional, recorreu-se à análise de conteúdo (BARDIN, 2011) e às três etapas que compõem essa metodologia. Na primeira etapa, denominada pré-análise, foram selecionadas as cenas que serviram como objetos deste estudo. Após a visualização dos episódios, na etapa nomeada

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exploração do material, as unidades de análise foram agrupadas com base nas categorias secundárias do coronelismo, a saber: mandonismo, filhotismo e voto de cabresto. Por fim, na terceira e última etapa, os resultados obtidos foram interpretados e comparados às luzes do contexto político e da produção ficcional. Para análise do conteúdo da narrativa, as cenas foram retiradas do site Globo.com1.

A política coronelista no Brasil: história e

características

O termo coronel, do italiano colonello – comandante de coluna de soldados –, foi adotado no Império, durante a Regência, para designar membros da extinta Guarda Nacional Imperial, que lutou, entre os anos de 1851 e 1870, nas Guerras Externas do Prata, do Uruguai e do Paraguai. Durante o período regencial, para conter as convulsões sociais e garantir a integridade da nação, ficou estabelecido que cada município deveria contar com um chefe político, geralmente representado por aquele que possuísse mais recursos econômicos para receber, em ordem hierárquica, as patentes de capitão, tenente-coronel, major e coronel (LEAL, 1975).

Entretanto, o coronelismo, como sistema político brasileiro, encontrou seu apogeu na República Velha, predominando, especialmente, no ambiente rural, onde o poder concentrava-se em torno de um chefe local, geralmente grande proprietário de terras, fazendeiro ou latifundiário. As bases do sistema coronelista estavam assentadas na estrutura da propriedade, designada por Leal (1948, p. 8) como “uma forma peculiar de manifestação do poder 1 <http://gshow.globo.com/novelas/meu-pedacinho-de-chao/

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privado”, que conseguia sobreviver a um regime político de extensas bases representativas.

Leal (1948, p. 8) diz que o coronelismo é “resultado da superposição de formas do regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada”, que se efetivava por meio da troca de favores entre o poder público e o poder privado. A relação estabelecia-se entre os chefes políticos locais, coronéis, parentes ou aliados, que, com prestígio, ou na qualidade de proprietários rurais, exerciam influência política sobre a população pobre e ignorante, totalmente dependente do trabalho rural para sobreviver. Dependentes economicamente e com as despesas eleitorais financiadas pelos fazendeiros e chefes locais, os trabalhadores ficavam resignados a obedecer às orientações de seus patrões (LEAL, 1948).

Entre as particularidades do coronelismo, Leal (1948) destaca suas características secundárias, como o filhotismo, o mandonismo, o falseamento do voto e a desorganização dos serviços públicos locais. Para Carvalho (1997), o mandonismo, uma das faces do coronelismo, refere-se a uma característica da política tradicional em que coexistem estruturas oligárquicas e personalizadas de poder, nas quais o mandante, detentor de algum recurso estratégico, exerce sobre a população domínio pessoal e arbitrário, impedindo qualquer forma de acesso ao mercado e à política. O mandonismo tem seu alicerce na perseguição aos adversários, cuja prática era defender a justiça para os amigos e a aplicação da lei para os inimigos.

Na outra vertente, o filhotismo, denominado paternalismo por Leal, envolve a política de favorecimento, ou seja, o tráfico de influência

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exercido pelos coronéis, que passavam a incorporar afilhados políticos à administração local. Nesse sentido, o filhotismo convoca, de um lado, muitos agregados à estrutura municipal, e, por outro, vale-se “do dinheiro, dos bens e dos vale-serviços do governo municipal nas batalhas eleitorais, fato que contribui para a desorganização municipal” (LEAL, 1975, p. 39).

A carta branca que o governo estadual concedia aos mandatários justificava-se mediante o reconhecimento da força eleitoral dos coronéis, que usavam o “voto de cabresto” para manipular e conduzir as eleições locais. O sistema era mantido por uma estrutura oligárquica, na qual os coronéis negociavam com os governadores, que se articulavam com o presidente da República, quase sempre oriundo das regiões de São Paulo e Rio de Janeiro. Os coronéis garantiam a eleição do candidato indicado, utilizando a força de seu curral eleitoral.

A pobreza material e cultural dos trabalhadores rurais e sua dependência do proprietário de terras constituíam as condições que limitavam o exercício da cidadania:

Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limitava a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural. (LEAL, 1975, p. 25).

Os controles exercidos pelos coronéis levavam os eleitores ao isolamento político, no qual a escassez de informações era manipulada pelo patrão. Nas fazendas, aponta Carvalho (1997), os coronéis eram

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os legisladores, executores e juízes, agindo em um sistema no qual os cidadãos eram considerados apenas súditos. No período eleitoral, Limongi (2012) esclarece que o trabalhador rural era conduzido às urnas pelo patrão, que, usando de violência e intimidação, obrigava os eleitores de seu curral eleitoral a votarem nos candidatos que ele apoiava. O trabalhador que descumprisse o acordo era submetido a punições, como o desemprego e o fim dos favores concedidos pelos poderosos locais.

Marcas de um período histórico específico, as antigas práticas coronelistas são ressignificadas e sobrevivem, ainda que de maneira camuflada, em diversos municípios brasileiros, sob a forma de políticas de apadrinhamento ou por meio de prestação de serviços básicos a comunidades carentes locais, em busca de apoio e votos. Como elemento constituinte da política, o coronelismo tornou-se marca da formação da nação brasileira, sendo frequentemente representando na literatura, no cinema e nos enredos das teledramaturgias.

Breve retrospectiva da trajetória do

coronelismo na teledramaturgia

A representação do coronelismo demarca uma longa trajetória na teledramaturgia brasileira, que teve início na década 1970, quando “as figuras arquetípicas dominadas pelo coronel” (HAMBURGER, 2005, p. 51) foram retratadas por personagens que, como na história política do Brasil, transitavam entre o poder local e o poder crescente do Estado nacional.

Entre os primeiros clássicos da televisão brasileira, a novela Irmãos Coragem, escrita por Janete Clair e exibida em 1970 pela Rede Globo, retratou a cidade

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fictícia de Coroado, no interior goiano, espaço em que se desenvolviam atividades de garimpo, palco da disputa entre o justiceiro João Coragem e o coronel Pedro Barros. O personagem Pedro Barros incorporou o mito dos coronéis do sertão brasileiro na busca pelo poder e domínio dos espaços locais.

Escrita por Dias Gomes e veiculada pela Rede Globo, a telenovela O bem-amado (1973) foi censurada pelo governo militar por reproduzir o cenário político brasileiro e retratar o poder dos coronéis do sertão da Bahia, representado pelo personagem principal, Odorico Paraguaçu, prefeito corrupto que usava sua influência para exercer o poder sobre a população, na cidade fictícia de Sucupira (SADEK, 2008).

Ainda na década de 1970, durante o período mais rigoroso da ditadura militar, Dias Gomes voltou a satirizar o poder dos coronéis na telenovela

Saramandaia (1976), que inaugurou o realismo

fantástico na teledramaturgia, retratando a disputa entre os fazendeiros Tibério Vilar e Zico Rosado, cujas características lembravam os antigos coronéis, com poder político inquestionável, ávidos por vingança e cercados de violentos jagunços que faziam cumprir as leis impostas pelos donos do poder.

No âmbito da teledramaturgia, é extensa a lista de minisséries que incorporaram o coronelismo em seus enredos. A obra Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, foi exibida pela primeira vez em 1975 pela Rede Globo. A minissérie, ambientada em Ilhéus, fazia alusão ao poder dos coronéis do cacau no início do século XX, cercados por jagunços, prostitutas e praticantes de inúmeras falcatruas políticas, em um ambiente de submissão familiar e violência doméstica.

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N a d é c a d a d e 1 9 8 0 , o c o r o n e l i s m o f o i representado na telenovela Roque Santeiro (1985), criada por Dias Gomes e exibida pela Rede Globo. Na cidade fictícia de Asa Branca, o enredo abordava as mazelas e vantagens de um Brasil rural que vivia em função do falso milagre de Roque Santeiro, capaz de sustentar a fé e o comércio da região. A cidade de Asa Branca era controlada pelo fazendeiro Sinhozinho Malta, interpretado por Lima Duarte, conhecido como “Rei da carne verde”, um rico coronel, que mantinha o poder sobre a população local por meio do cabresto (HAMBURGER, 2011).

B a s e a d a s n a s o b r a s d e J o r g e A m a d o , a telenovela Terras do Sem Fim2 e a minissérie Tenda dos milagres3 foram adaptadas e exibidas pela Rede

Globo em 1981 e 1985, respectivamente. Marcadas por enredos distintos, ambas as narrativas retrataram a disputa de poder dos coronéis no interior da Bahia, assim como a manipulação dos trabalhadores e a violência dos poderosos ao descumprimento das ordens estabelecidas (GLOBO.COM, 2012).

A década de 1990 é marcada por obras em que o coronelismo volta a ser encenado, como a telenovela Renascer, exibida em 1993, em que o poder político é representado na relação opressora dos coronéis Zé Inocêncio e Teodoro Gouveia sobre o catador de caranguejo Tião Galinha. Na linha da abordagem polêmica, a novela O rei do gado, veiculada em 1996, retrata a questão agrária no País, em um cenário de disputa pela posse de terras entre

2 A telenovela foi adaptada por Walter George Durst.

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os trabalhadores rurais e os grandes latifundiários do agronegócio4.

Desde o final dos anos 1990, novelas e minisséries não cessaram de retratar os desmandos dessa cultura política que se arraigou no País. Diante da impossibilidade de apontar todas as narrativas televisivas sobre o tema das últimas décadas, buscarei retomar as principais obras ficcionais, sobretudo os clássicos da teledramaturgia, como a readaptação da telenovela Cabocla (2004), inspirada no romance homônimo de Ribeiro Couto. Ambientada no universo rural, espaço onde se desenrolou a narrativa, a novela abordou a rivalidade entre os coronéis Boanerges e Justino, em um ambiente em que prevaleciam as práticas de coronelismo e voto de cabresto (FERREIRA, 2012).

Retratando a linha das oligarquias cafeeiras de São Paulo, a minissérie Um só coração, escrita por Maria Adelaide Amaral e Alcides Moreira e exibida pela Rede Globo em 2004, narrou a trajetória do coronel Totonho Souza Borba, um importante fazendeiro de café, que representou a elite paulista em decadência após a queda da bolsa de valores de Nova York, em 1929. Com perfil conservador e preconceituoso, o coronel Totonho realçou as características e as atitudes do coronelismo durante o período da República Velha.

Da literatura de cordel para a teledramaturgia, a telenovela Cordel encantado, escrita por Duca Rachid, Thelma Guedes e Thereza Falcão, exibida em 2011 pela Rede Globo, incorporou na narrativa fantástica do cenário fictício de Brogotó, no sertão nordestino, os ícones e lendas da cultura brasileira, 4 As telenovelas Renascer e O rei do gado foram exibidas pela

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com destaque para os desmandos da política coronelista, interpretada pelos ricos fazendeiros de terra que mantinham, pelo carisma ou pela violência, a subserviência dos trabalhadores do campo e o poder local (HAMBURGER, 2005).

N o a n o d e 2 0 1 2 , a t e l e n o v e l a G a b r i e l a ,

c r a v o e c a n e l a f o i r e a d a p t a d a p e l a R e d e

Globo5. Ambientada em Ilhéus, a trama retratou

o coronelismo da região cacaueira na figura de coronéis que, apesar de serem questionados pelo domínio do poder, reinterpretaram a antiga prática política, sob a perspectiva do conservadorismo, da violência e da troca de favores. O coronelismo também reapareceu na narrativa ficcional na readaptação de Saramandaia, exibida pela Rede Globo em 2013. Repleta de efeitos especiais, a narrativa produzida ao ritmo da modernidade manteve o enredo baseado nas disputas de poder político dos fazendeiros Tibério Vilar e Zico Rosado.

Mais recente, a minissérie Amores roubados, exibida pela Rede Globo em 2014, atualizou a saga do coronelismo ao transformar as fazendas de cana-de-açúcar e cacau em plantações de uva e vinícolas de exportação de vinho. Encenada nas proximidades do Vale do Rio São Francisco, a figura do patriarca Jaime Favais é interpretada por Murilo Benício, que dá vida ao grande latifundiário, mas caracteriza-o com a vivacidade dos coronéis obsoletos, que, amparados por jagunços, impõem, por meio da força e da violência, o poder sobre a população local.

5 Inspirada no romance de Jorge Amado, a telenovela Gabriela,

cravo e canela foi adaptada para a televisão por Walcyr

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Por fim, a incorporação das práticas coronelistas foi transportada para o enredo da telenovela Meu

pedacinho de chão, recriada por Benedito Ruy

Barbosa e veiculada pela Rede Globo em 2014.

A política coronelista na telenovela Meu

pedacinho de chão: quando a ficção

reproduz a realidade

A telenovela Meu pedacinho de chão tem início no episódio do dia 7 de abril de 2014, com a chegada da professora Juliana (Bruna Linzmeyer) ao povoado de Santa Fé, contratada pelo prefeito das Antas (Ricardo Blat) e pelo latifundiário da região, o caipira Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi), que doa parte de suas terras para construção de comércios, de uma capela e de uma escola, com o objetivo de alfabetizar as humildes crianças e os adultos da localidade rural. Avesso à modernidade, o coronel Epaminondas Napoleão (Osmar Prado), principal político da região, opõe-se veementemente à inauguração da escola.

Confrontado por seu desafeto Pedro Falcão e pela professora Juliana, que se recusa a abandonar o vilarejo, as práticas do mandonismo já aparecem n o p r i m e i r o e p i s ó d i o , q u a n d o E p a m i n o n d a s ordena que seu capataz, o jagunço Zelão (Irandhir Santos), sequestre a professora Juliana e destrua a escola. Acometido por uma paixão repentina pela professora, Zelão descumpre a ordem do coronel e, em uma sucessão de desentendimentos com o patrão, acaba demitido da fazenda sem qualquer direito trabalhista, além de ter que deixar a casa onde vive com sua mãe, a parteira e benzedeira Mãe Benta (Teuda Bara).

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O impasse com Zelão, que ameaçava matar o coronel caso não recebesse qualquer pagamento pelos anos de serviço prestado, é resolvido quando a esposa de Epaminondas, Catarina (Juliana Paes), ameaça partir para a capital levando a filha caçula Pituca (Geytsa Garcia), caso o marido não resolvesse as pendências com o ex-funcionário.

Orientado pelo filho Ferdinando (Johnny Massaro), que o alerta sobre os direitos dos trabalhadores da fazenda, o coronel resolve pagar as férias e os salários atrasados de Zelão. No episódio exibido em 11 de maio, Epaminondas solicita que Zelão retire a carteira de trabalho para ser readmitido na função de capataz. Minutos após a promessa, na cena subsequente, o coronel mostra-se arrependido e alerta que demitirá os trabalhadores da fazenda caso insistam em exigir qualquer direito trabalhista.

Em sintonia com a política que prevaleceu durante a República Velha, a telenovela reacende dados da história do País, já que a prática do coronelismo, segundo alerta Vechia (s.d.), era mais eficaz nas regiões isoladas, como as vilas rurais, já que a população contava com poucas possibilidades de sobreviver e de trabalhar sem o apoio dos coronéis. Nesse sentido, qualquer tentativa de promover o mínimo de avanço para a região era vista como uma afronta ao poder local. A narrativa ficcional reproduz com vigor as práticas do mandonismo e o abuso do poder dos coronéis, que exigiam dos trabalhadores total servidão, sob o risco de perderem emprego e moradia (LEAL, 1948).

No episódio do dia 17 de maio, o coronel Epaminondas anuncia que o filho Ferdinando, engenheiro agrônomo recém-chegado da capital,

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estimado pelos moradores da vila, disputará a eleição para a prefeitura da Cidade das Antas. Consciente do desprestígio na Vila de Santa Fé, a eleição do filho Ferdinando é a possibilidade de Epaminondas estender o poder político além dos limites do vilarejo, derrotando seu inimigo, o prefeito de Cidade das Antas.

As práticas de filhotismo, denominada por Leal (1948) como esforço dos coronéis para perpetuar seu poder por meio de filhos, netos, sobrinhos e apadrinhamento de diversas naturezas, ganham destaque na narrativa ficcional, ao lado do debate sobre o excesso de partidos políticos no País. No episódio do dia 31 de maio, Ferdinando acompanha seu pai para escolher a sigla que adotará durante a eleição. Em uma transação que envolve a compra de uma legenda, Ferdinando relata ao amigo e médico, Dr. Renato, que a aquisição de uma sigla partidária envolve muito dinheiro e é conquistada no toma lá dá cá, arranjo comum no Brasil, onde, segundo o personagem “há mais partidos do que eleitores”.

O lançamento da candidatura de Ferdinando também esbarra em questões do cotidiano político atual, em que a campanha de um candidato é respaldada por discursos programados e promessas de benfeitorias locais. Antes da abertura do posto de saúde, no episódio de 30 de maio, o coronel Epaminondas propõe ao médico, Dr. Renato, promover uma inauguração do centro de atendimento, espaço adequado para que o candidato Ferdinando realize um belo discurso de campanha. Não obstante, Epaminondas alerta que a benfeitoria é a última obra que ele permitirá na Vila, sob o risco de Santa Fé transformar-se em uma cidade grande.

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Com a aproximação das eleições na Cidade das Antas, o debate do voto tem visibilidade na telenovela. No episódio do dia 19 de maio, os funcionários de Epaminondas manifestam-se favoráveis à candidatura de Ferdinando e declararam que votariam no filho do patrão caso possuíssem título de eleitor e não fossem analfabetos. Consciente do apoio dos trabalhadores, Ferdinando contrata uma empresa de ônibus para levar os empregados de Epaminondas à Cidade das Antas para tirarem o título de eleitor.

O voto de cabresto é tema frequente na narrativa de Meu pedacinho de chão. Ainda que com elevado grau de alienamento político, o fazendeiro Pedro Falcão responde para Ferdinando como são definidos os votos dos trabalhadores de sua terra. A fala do personagem é reveladora da prática: “Aqui não tem essa história de cabresto não, amigo, eles votam em quem a gente mandar”. Outra marca da política coronelista é ressaltada na cena veiculada no dia 27 de junho, ocasião em que o coronel Epaminondas manda seu capataz Zelão confiscar os títulos eleitorais de seus funcionários e dos empregados de Pedro Falcão, com a justificativa de entregá-los somente no dia da eleição, momento em que poderá conduzir o povo a votar em Ferdinando.

Ao retratar o sistema eleitoral pautado no voto aberto, que permitia o controle e a pressão do líder local sobre o eleitorado, a narrativa ficcional aproxima-se da realidade política do Brasil. Durante a República Velha, a formação dos currais eleitorais consolidava-se, sobretudo, nos domínios fundiários do coronel, que detinha o poder para conseguir, de maneira indiscriminada, um lote considerável de votos de cabresto (LEAL, 1975).

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Na telenovela, são constantes as cenas em que o coronel Epaminondas reafirma seu poder local e coloca-se acima de qualquer estamento jurídico. No episódio do dia 14 de junho, o coronel ameaça demitir o motorista Isidoro (Raul Barreto) caso ele não vote em Ferdinando. Ao reprovar a forma como o coronel Epaminondas conduz a eleição na Vila de Santa Fé, o candidato Ferdinando ameaça desistir de concorrer à prefeitura das Antas. No episódio do dia 28 de junho, Ferdinando abandona a candidatura sob a alegação de que coronel rasgou as páginas do discurso político que havia preparado para o povo do vilarejo.

Mesmo com a ausência de aliados políticos, Epaminondas convoca uma reunião com os empregados para anunciar que é o novo candidato à prefeitura. Na busca de minimizar a resistência à sua candidatura, o coronel solicita apoio político a Padre Santo e exige que o sacerdote fale a favor de sua candidatura durante a missa, sob a ameaça derrubar a igreja e colocar o padre para correr da paróquia.

Na tentativa de angariar o maior número de eleitores, Epaminondas também pede que Mãe Benta, benzedeira querida da região, utilize seu prestígio como arma para ajudar na sua eleição, orientando o povo a votar nele. Alianças e conchavos políticos também estavam entre as principais marcas da política coronelista, que se alimentava da troca de favores entre o coronel e os trabalhadores, a compra de votos e a intimidação pessoal (LEAL, 1975).

Na telenovela Meu pedacinho de chão, as práticas do coronelismo intensificam-se após o coronel Epaminondas demonstrar interesse em estender seu poder político à Cidade das Antas. Desde então,

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a troca de favores entre o coronel Epaminondas e seus trabalhadores torna-se frequente na narrativa. É importante destacar o episódio em que Alfredo, empregado do coronel, morre após ser atacado por uma cobra e deixa a esposa, dona Jandira, e o menino Tuim totalmente desamparados.

Com o objetivo de conquistar a admiração do povo de Santa Fé, o coronel Epaminondas acompanha a viúva durante toda a cerimônia e arca com os custos do funeral. A preocupação que sonda a população diante da possibilidade de o coronel solicitar que a esposa, dona Jandira, e o filho, Tuim, deixem a moradia, concedida apenas para os trabalhadores da fazenda, é utilizada por Epaminondas como arma na disputa política. Questionado pela esposa, Catarina, sobre as intenções de deixar a viúva e Tuim na fazenda após a morte de Alfredo, Epaminondas responde que qualquer atuação contrária poderia gerar um desgaste na sua campanha, e que em política vale tudo para conquistar o que se deseja.

De maneira semelhante à narrativa ficcional, a ausência de políticas públicas voltadas à população tornava os trabalhadores rurais dependentes dos coronéis em qualquer circunstância, obrigando-os a recorrer ao patrão, sobretudo em situações de morte, doenças e moradia.

Considerações finais

Desde seu surgimento, na década de 1950, até as mais recentes produções, a telenovela brasileira exerce um papel importante na maneira como busca representar os principais momentos da história política e social do País. Em clima onírico, a telenovela

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Meu pedacinho de chão incorporou ao universo

fantasioso dos personagens e do enredo as principais características da República Velha, período histórico do Brasil em que prevaleceu o poder dos coronéis nas localidades rurais.

A telenovela reproduziu aspectos do coronelismo e s u a s c a r a c t e r í s t i c a s s e c u n d á r i a s , c o m o o mandonismo, o filhotismo e o voto de cabresto. Na cidade fictícia de Santa de Fé, o mandonismo era exercido sempre que o coronel Epaminondas ameaçava vingar-se dos inimigos políticos ou de quem desafiasse sua autoridade. Os episódios em que Epaminondas exige que seu capataz Zelão coloque fogo na escola da professora Juliana, assim como destrua a igreja do Padre Santo, retratam, ainda que de maneira fictícia, o abuso de poder dos coronéis sobre a população.

O filhotismo refere-se a uma prática política ainda comum no Brasil, por meio da qual o poder político é transferido de geração para geração. Na novela Meu pedacinho de chão, Epaminondas utiliza esse recurso ao lançar a candidatura do filho Ferdinando para a prefeitura das Antas, visando impedir que o atual prefeito, seu inimigo político, conquiste mais um mandato.

Por fim, a telenovela busca reproduzir o contexto em que os eleitores eram guiados pelos coronéis. A prática, conhecida como voto de cabresto, ganha destaque na trama no episódio em que Epaminondas confisca o título de eleitor dos trabalhadores para exercer maior controle sobre os votos, ou nas diversas cenas em que o coronel exige dos funcionários da fazenda fidelidade na urna, sob a ameaça de demissões e expulsão. Diante da ausência de

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recursos, os desmandos do coronel eram aceitos pelo povo em troca de moradia e de trabalho.

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