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Influência do propranolol pré‐operatório no índice cardíaco durante a fase anepática do transplante hepático

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Academic year: 2021

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Influência

do

propranolol

pré-operatório

no

índice

cardíaco

durante

a

fase

anepática

do

transplante

hepático

Emerson

Seiberlich

a,

,

Marcelo

D.

Sanches

a

,

Bruno

S.

Morais

b

e

Jader

F.

Maciel

a

aDepartamentodeCirurgia,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil bHospitalLifeCenter,BeloHorizonte,MG,Brasil

Recebidoem3denovembrode2013;aceitoem5defevereirode2014 DisponívelnaInternetem1denovembrode2014

PALAVRAS-CHAVE Transplantede fígado; Débitocardíaco; Antagonista adrenérgicobeta; Propranolol Resumo

Introduc¸ão:Otransplantehepático(TH)éamelhoropc¸ãoterapêuticaparadoenc¸ahepáticaem estágioterminal(DHET).Asmedicac¸õesbetabloqueadorasnãoseletivas,comoopropranolol, atuamdiretamentenosistemacardiovascular(SCV)esãofrequentementeusadasnaprevenc¸ão dehemorragiadigestivadecorrentedaHP.OsefeitosdopropranololnoSCVdecirróticosdurante oTHnãosãoconhecidos.

Objetivo:Avaliar a influênciado uso pré-operatório do propranololno índice cardíaco (IC) duranteafaseanepáticadoTH.

Método: Avaliaram-se101pacientesadultos(73homens,72,2%)submetidosatransplante orto-tópicode fígado doador cadáver, pela técnicade piggyback compreservac¸ãoda veia cava inferiorretro-hepática,feitonoHospitaldasClínicasdaUniversidadeFederaldeMinasGerais. Nãohouvediferenc¸adegravidadepelosistemaMELDentreosgrupos,p=0,70.Foram compa-radosousopré-operatóriodepropranololcomodesfechodoICduranteafaseanepáticadoTH emcincogrupos(I:aumentodoIC;II:reduc¸ãodoICinferiora16%;III:reduc¸ãodoICigualaou maiordoque16%emenordoque31%;IV:reduc¸ãodoICigualaoumaiordoque31%emenor doque46%;V:reduc¸ãodoICigualaoumaiordoque46%).

Resultados: Pacientesquefizeramusopré-operatóriodepropranololnogrupoI(46,4%)foram estatisticamentesemelhantesaosdosgruposII(60%),III(72,7%),IV(50%)eV(30,8%),p=0,57.

Conclusão:Opropranololnopré-transplante,comoprofilaxiaparahemorragiadigestiva,pode serconsideradoseguro,poisnãoseassociouàpioriadoICnafaseanepáticadoTH.

©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

E-mail:seiberlich@gmail.com(E.Seiberlich). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.02.016

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Influênciadopropranololpré-operatórionoíndicecardíaco 171 KEYWORDS Livertransplant; Cardiacoutput; Beta-adrenergic antagonist; Propranolol

Influenceofpreoperativepropranololoncardiacindexduringtheanhepaticphaseof livertransplantation

Abstract

Introduction:Livertransplantation(LT)isthebesttherapeuticoptionforend-stageliver dise-ase (ESLD). Non-selective beta-blockermedicationssuch as propranololactdirectly onthe cardiovascularsystem(CVS)andareoftenusedinthepreventionofgastrointestinalbleeding resultingfrom HP.The effectsofpropranololonCVS ofcirrhoticpatients duringLTarenot known.

Objective: Evaluate theinfluence ofpropranolol used preoperatively on cardiacindex (CI) duringtheanhepaticphaseofLT.

Method: 101adultpatients(73male[72.2%])whounderwentcadavericdonororthotopicliver transplantationbypiggybacktechniquewithpreservationoftheretrohepaticinferiorvenacava performedatHospitaldasClinicas,FederalUniversityofMinasGeraiswereevaluated.There wasnodifferenceinseveritybetweengroupsbytheMELDsystem,p=0.70.Thepreoperative useofpropranololandtheCIoutcomewerecomparedduringtheanhepaticphaseofLTin5 groups(I:increasedCI,II:CIreductionlowerthan16%,III:CIreductionequaltoorgreaterthan 16%andlessthan31%,IV:CIreductionequaltoorgreaterthan31%andlessthan46%,V:CI reductionequaltoorgreaterthan46%).

Results:PatientsingroupI(46.4%)whoreceivedpropranololpreoperativelywerestatistically similartogroupsII(60%),III(72.7%),IV(50%)andV(30.8%),p=0.57.

Conclusion: Theuseofpropranololbeforetransplantationasprophylaxisfor gastrointestinal bleedingmaybeconsideredsafe,asitwasnotassociatedwithworseningofCIinanhepatic phaseofLT.

© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.

Introduc

¸ão

Desde o primeiro transplante hepático (TH) em humanos feitoemDenver,nosEstadosUnidosdaAmérica,porStarzl em 1963, grandes avanc¸os, como a melhor preservac¸ão dos órgãos, o aperfeic¸oamento das técnicas cirúrgicas, a ampliac¸ãodosconhecimentosdaanestesiologiaeaevoluc¸ão daterapiaimunossupressora,transformaramoTHnamelhor opc¸ãoterapêuticaparadoenc¸ahepáticaemestágioterminal (DHET).1 Atualmente a sobrevida após TH é de,

aproxi-madamente, 90%, 85% e 80% em um, três e cinco anos, respectivamente.2

A cirrose é a causamais comumde hipertensão porta (HP)eocasionaaumentotantodaresistênciavascular intra--hepática como do fluxo portal. A HP está associada a graves complicac¸ões,comoascite,encefalopatia hepática e sangramento devarizes esofagogástricas3 A reduc¸ão do

gradiente de pressão venosa hepática (GPVH) abaixo de 12mmHg é essencial para diminuir o risco de hemorra-giadigestivaalta nospacientescomHP.Osmedicamentos betabloqueadoresnãoseletivos,comoopropranololeo pin-dolol, reduzem a HP, por atuar na diminuic¸ão do débito cardíaco (DC) e na vasoconstric¸ão esplâncnica, e, assim, ofluxoportal.3---5As ac¸õesfarmacológicas dos

betabloque-adores tem interferência no sistemacardiovascular (SCV) duranteoperíodoperioperatóriodoTHeimpactamna fun-cionalidadedofígadotransplantado.6

O período intraoperatório do TH é, classicamente, dividido em três fases: pré-anepática, anepática e neo-hepática. Durante a fase anepática alterac¸ões

hemodinâmicasintensaspodemocorrereéimportanteque o anestesiologista esteja preparado para aprimorar esse pacienteduranteareperfusãodoenxerto,momentocrítico ecomaltaincidênciadeinstabilidadedoSCV.7

Dessemodo,éimportanteconhecerosefeitosdo propra-nololpré-operatórioduranteoTH.

Objetivos

Avaliarainterferênciadousopré-operatóriodopropranolol evariáveisclínico-cirúrgicasnoICduranteafaseanepática dotransplanteortotópicodefígadodoadorcadáver.

Método

Trata se de estudo prospectivo feito no Instituto Alfa de GastroenterologiadoHospitaldasClínicasdaUniversidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Esta pesquisa rece-beuaprovac¸ãodoComitê deÉtica em PesquisadaUFMG, projetos CAAE 0244.0.203.000-08 e CAAE 0406.0.203.000-11.

Duranteo períododoestudo, de29deagosto de2008 a5 de janeiro de 2012, foramfeitos 218 transplantes de fígado, 13 deles retransplantes. Preencheram os critérios deinclusão114pacientes,queconcordaramcome assina-ramotermo deconsentimentolivreeesclarecido, apóso conviteparaparticipardoestudo.Devidoàdeficiência na coletadosdadoshemodinâmicos,foramexcluídos13 paci-entes.

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Foramconsideradoscritériosdeinclusão:idadeigualou superior a 18 anos, transplantecom doador cadáver pela técnica de piggyback e assinatura do termo de consen-timentolivre e esclarecido. Foram considerados critérios deexclusão:THprévio,hepatectomiaprévia,instabilidade hemodinâmicapré-operatória,caracterizada pela necessi-dadedeusodemedicamentosvasopressores, insuficiência hepáticaagudaehepatiteautoimune.

Cento e um pacientes participaram do estudo, 73 do sexo masculino (72,2%). As indicac¸ões de TH foram: cirrose pós-viral C (33,7%), cirrose etanólica (28,7%), cirrose criptogênica (20,8%), cirrose pós-viral B (6,9%), cirrose biliar primária (3,9%) e outras (5,9%). Faziam uso de betabloqueador no período pré-transplante 54 pacientes (53,5%) e o propranolol foi a medicac¸ão empregada como profilaxia para hemorragia de varizes esofagogástrica.3

O pacientes participantes do estudo foram submeti-dosa anestesia geral balanceada. A induc¸ão daanestesia foifeita com etomidato(0,3mg/Kg), fentanil (5␮g/Kg) e rocurônio(1,2mg/Kg),oplanoanestésicofoimantidocom isofluranoa1CAM(concentrac¸ãoalveolarmínima) monito-radopelo analisadorde gases anestésicos e foramusadas dosesadicionaisde fentanil erocurônio, quando necessá-rio.

Antes da incisão cirúrgica, todos os pacientes foram submetidosà seguinte monitorac¸ão: pressãointra-arterial por meio da cateterizac¸ão da artéria radial, pressões de artéria pulmonar, pressão de oclusão da artéria pulmo-nar e débito cardíaco contínuo com o uso do cateter de Swan-GanzDDC-Edwards®edomonitorVigilance-Edwards®.

Osdadoscoletadosincluíram: pressãointra-arterialmédia (PIA), pressão venosa central (PVC), pressão de artéria pulmonar média (PAP), pressão capilar pulmonar (PCP), frequênciacardíaca(FC)edébitocardíaco(DC).Alémdos dadoshemodinâmicos,foiregistradaadosagemdasdrogas vasopressorasusadasnointraoperatório.

Osregistrosocorreramnosseguintestemposcirúrgicos: induc¸ãodaanestesia(T1),iníciodafaseanepática, caracte-rizadacomoaclampagemdaveiaporta(T2);cincominutos antes da reperfusão do enxerto, caracterizada como fim dafaseanepática(T3).Nesteestudofoiconsideradocomo durac¸ãodafaseanepática(T2-T3)otempodecorridoentre T2eT3.

Apartirdosdadoscoletadosecomosoftwaredecálculos domonitorVigilance-Edwards®,foramcalculadosaáreade

superfície corporal(ASC), o índice deresistência vascular periférica(IRVP) eo IC.O índice demassa corporal(IMC) foicalculado pelaseguintefórmula:IMC=peso(Kg)/altura (metros).2 O Meld (modelo para doenc¸a hepática estágio

terminal) usadonesteestudo foi o Meld calculado, e não ocorrigido.

Deacordocomavariac¸ãopercentualdoICocorridaentre oinício(T2)eofim(T3)dafaseanepáticaecomagravidade docomprometimento da func¸ão miocárdica, ospacientes foramalocadosem cincogrupos: GrupoI:aumentodo IC; GrupoII:reduc¸ãodoICinferiora16%;GrupoIII:reduc¸ãodo ICigualaoumaiordoque16%emenordoque31%;Grupo IV:reduc¸ãodoICigualaoumaiordoque31%emenordoque 46%eGrupoV:reduc¸ãodoICigualaoumaiordoque46%. OsgruposII,III,IVeVapresentaramdesfechodesfavoráveldo ICcardíaco.

Tabela 1 Análise descritiva das variáveis dos pacientes estudados Variável Descritiva(n=101) Média(±SD) Meld 18,07(±5,64) Idade 50,57(±10,43) Peso(kg) 75,43(±16,49) Altura(m) 168,37(±9,5) IMC(Kg/m2) 26,51(±4,86) ICT2(L/min/m2) 4,2(±1,6) IRVST2(dyne.s.cm−5/m2) 1276(±521) PAMm(mmHg) 67,6(±16,9) PVCm(mmHg) 7,8(±3,4) Noradrenalina(mcg/Kg/min) 0,38(±0,52) ICT3(L/min/m2) 3,50(±1,56) IRVST3(dyne.s.cm−5/m2) 1668(±979) IC(%) -14,3(±30,3) T2/T3(min) 118,4(±37,7)

Todososdadossãoapresentadosemmédia(±desviopadrão). Meld,Modelo para doenc¸a hepática terminal; IMC, Índice de massacorpórea;ICT2,Índicecardíaconoiníciodafase anepá-tica;IRVST2,Índicederesistênciavascularsistêmicanoinícioda faseanepática;PAMm,Médiadapressãoarterialmédiadurante faseanepática;PVCm,Médiadapressãovenosacentraldurante faseanepática;ICT3,Índicecardíaconofimdafaseanepática; IRVST3,Índicederesistênciavascularsistêmicanofimdafase anepática;IC,variac¸ãodoíndicecardíacoentreoinícioeo fimdafaseanepática;T2/T3,tempodafaseanepática.

Análise

estatística

OsoftwareusadonasanálisesfoioSPSSversão18.Onível de significânciade referência nas análises univariadas foi de 0,20. Naanálise multivariada foi considerado nível de significânciade0,05.

Paraasvariáveiscontínuasaplicou-seotestede norma-lidadeShapiro-Wilkparasedecidirportestesparamétricos ounãoparamétricosnaanálisedosdados.

Nas análises descritivas, as variáveis contínuas foram apresentadas comos valoresmédios e osdesvios padrão, asvariáveiscategóricascomasfrequênciaseporcentagens. Paraacomparac¸ãodevariáveiscontínuasemcinco gru-pos independentes (I, II, III, IV e V) aplicou-se o teste de comparac¸ãodemédias Anova,quandoasvariáveistinham distribuic¸ão normal gaussiana, e o teste de comparac¸ão de medianas Kruskal-Wallis, quando as variáveis tinham distribuic¸ãonãonormalgaussiana.

Paraverificar aassociac¸ãode variáveiscategóricasem cincogruposaplicou-seotestequi-quadradodetendência linear,pois,nessecaso,osgrupostêmumaimportânciade ordenac¸ão.

Resultados

Aanálisedescritivadascaracterísticasclínicasdospacientes encontra-senatabela1.

Natabela2épossívelverificarafrequênciaea porcen-tagemdealgumasvariáveiscategóricas.

Atabela 3apresentaaassociac¸ãoentrevariáveis cate-góricaseavariac¸ãodoICnosdiferentesgrupos.

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Influênciadopropranololpré-operatórionoíndicecardíaco 173

Tabela 2 Característica da populac¸ão do estudo em frequênciaeporcentagem

Variável Descritiva(n=101)

Sexo(masc.) 73(72,3%)

Hepatocarcinoma(sim) 22(21,8%)

Betabloqueadorpré-op.(sim) 54(53,5%)

NoradrenalinaT3(sim) 65(64,4%) Anastomoseporto-cava temporária(sim) 16(15,8%) Grupos I 28(27,7%) II 20(19,8%) III 22(21,8%) IV 18(17,8%) V 13(12,9%)

Todososdadossãoapresentadosemfrequência(porcentagem). T3,fimdafaseanepática;betabloqueadorpré-op.,usode beta-bloqueadornoperíodopré-operatório.

Atabela4apresentaaassociac¸ãoentrevariáveis conti-nuascomavariac¸ãodoICnosdiferentesgrupos.

Discussão

Há mais dequatro décadas, desde o desenvolvimento do propranolol por James Black,8 os betabloqueadores

adre-nérgicos vêmsendo usados notratamento de hipertensão arterialsistêmica,nadoenc¸aarterialcoronariana,noinfarto domiocárdioenainsuficiênciacardíaca.Destacam-se, prin-cipalmente, pela ac¸ão nos receptores beta-adrenérgicos do SCV. No corac¸ão os receptores beta-1 estão presentes no nó sinoatrial (aceleram a despolarizac¸ão), no mús-culo cardíaco (aumentam a contratilidade) e nos tecidos de transmissão (aumentam a velocidade de conduc¸ão) e determinamaumentododébitocardíaco.Jáosreceptores beta-2têmac¸ãonamusculaturavascularperiférica(causam vasodilatac¸ão).9Naprevenc¸ãomedicamentosade

hemorra-giadigestivaporvarizesesofagogástricasempacientescom HP,obetabloqueadoréindicadoeiniciadoemdosesbaixas (propranolol20mg/dia)comaumentoprogressivodeacordo comatolerânciadopacienteeareduc¸ãodaFC.10

A func¸ão ventricular sistólica é determinada pela pré--carga,pós-cargae contratilidademiocárdica,fatoresque

interferem no IC. Durante a avaliac¸ão pré-operatória do paciente com DHET é importante que seja dada atenc¸ão aoSCV,poisahepatopatiaterminalpodeestarassociadaà miocardiopatiacirrótica.NessespacientesoDCpoderáestar aumentado,devidoàreduc¸ãodapós-cargamesmona vigên-ciadedisfunc¸ãocontrátil.Contudo,frenteaummomento degrande exigênciadoSCV,como ocorreduranteoTH,a disfunc¸ãomiocárdicapoderásemanifestarearesposta car-díacapoderá ser insatisfatória e determinar umdesfecho desfavorável.11Wongetal.,estudandoafunc¸ãomiocárdica

dopacientecirróticoassintomáticoparadoenc¸a cardiovas-cular,duranteaexecuc¸ãodeexercíciofísico,encontraram menoraumentodoDCnessesdoquenosdogrupocontrole. A diminuic¸ão do desempenho cardíaco tem como fatores ahipertrofiaventricularesquerda,adisfunc¸ãodiastólicae areduc¸ãodarespostacronotrópica.12 Nopresenteestudo,

avaliamos a variac¸ão do ICna fase anepática do TH,que éoperíododegrandeexigênciaparaoSCV,comointuito deencontrarmosfatorespré-operatóriosquepossamestar associados ao desfecho desfavorável, que é a pioria do desempenhomiocárdico.

O THpela técnica clássica envolve a hepatectomia do doadorcomressecc¸ãodaveia cava retro-hepática associ-adaàoclusãotemporáriadasveiascavaeportadurantea faseanepática,o queacarretareduc¸ãodoretornovenoso ao corac¸ão,diminuic¸ão daperfusão renal e congestão do sistemavenosoesplâncnico nessafase.13 Com ointuitode

não haverinterferência da técnica empregada durante o procedimentocirúrgico sobre os dados analisados, incluí-mosapenasosTHfeitoscomatécnicapiggyback,emque hápreservac¸ãodaveiacavainferior.Mesmocomatécnica

piggyback, há a necessidade da oclusão da veia porta, o que ocasiona aumento da pressão portal, com congestão do leito esplâncnico e edema intestinal. Em 1993, Tza-kis et al. descreveram o uso da técnica piggyback com acolocac¸ãode anastomoseporto-cavatemporária (APCT) paracomunicac¸ão da veiaporta com a veia cava inferior infra-hepáticadurantea faseanepática.14 Figuerasetal.,

comobjetivo deavaliar sea APCT melhoraria a evoluc¸ão hemodinâmicaemetabólicaduranteTHcomtécnica piggy-back, encontraram melhoria doperfil hemodinâmico com menornecessidadedehemoderivadosnogrupoemquefoi confeccionadaa APCT,porém essebenefício foimais evi-dente em um subgrupo de pacientes que apresentavam fluxo portal superior a 1.000mL/min ou gradiente porto--cavamaiorouiguala16mmHg.13Margaritetal.avaliaram

Tabela3 Associac¸ãodevariáveiscategóricascomoscincogruposdevariac¸ãodoíndicecardíaconafaseanepática Grupos(n=101) I(n=28) II(n=20) III(n=22) IV(n=18) V(n=13) pvalor Sexo(masc.) 21(75) 13(65) 15(68,2) 13(72,2) 11(84,6) 0,616 Hepatocarcinoma(sim) 5(17,9) 4(20) 5(22,7) 4(22,2) 4(30,8) 0,387 Betabloqueador(sim) 13(46,4) 12(60) 16(72,7) 9(50) 4(30,8) 0,575 NoradrenalinaT3sim 19(67,9) 12(60) 15(68,2) 9(50) 10(76) 0,951

Anastomoseporto-cavatemporária(sim)a 2(7,1) 2(10) 6(27,3) 3(16,7) 3(23,1) 0,292

Todososdadossãoapresentadosemfrequência(Porcentagem).T3,fimdafaseanepática;Betabloqueador,usodebetabloqueadorno períodopré-operatório.Testequi-quadradodetendêncialinear.

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E.

Seiberlich

et

al.

Tabela4 Associac¸ãodevariáveiscontínuascomoscincogruposdevariac¸ãodoíndicecardíaconafaseanepática

Grupo(n=101) pvalor I (n=28) II (n=20) III (n=22) IV (n=18) IV(n=13) Meld 18,7(8,5-40,6) 16,5(6,4-24,3) 17,8(6,4-26,2) 17,8(7,8-30,4) 20,0(7,8-34,1) 0,701 Idade(anos) 50,8(29,5-67,2) 51,5(20,3-66,0) 51,6(31,8-62,7) 55,1(18,8-66,6) 46,3(29,4-66,9) 0,281 Peso(Kg) 78,5(55-105) 79,9(48-103) 73(45,8-93) 70(52,5-133,5) 76(47-113) 0,784 Altura(cm)a 168,7(±8,2) 165,85(±9,0) 166,62(±10,8) 170,39(±9,7) 171,92(±10,2) 0,335 IMC(Kg/m) 27,2(18,7-34,1) 27,1(19,1-36,3) 25,9(19,3-30,3) 25,0(19,5-45,9) 27,4(19,6-34,1) 0,552 PVCm(mmHg)a 8,3(±3,3) 8,8(±3,4) 7,1(±3,7) 6,9(±2,9) 7,6(±3,1) 0,314 PAMm(mmHg) 69(40-105) 74(41-115) 61(40-133) 65(36-100) 57(41-117) 0,211 T2/T3(minutos)a 117,9(±41,5) 128,0(±35,7) 109,6(±35,7) 127,61(±41,6) 107,15(28,1) 0,319

Meld,Modeloparadoenc¸ahepáticaterminal;IMC,Índicedemassacorpórea;PVCm,Médiadapressãovenosacentralduranteafaseanepática;PAMm,médiadapressãoarterialmédia duranteafaseanepática;T2/T3,durac¸ãodafaseanepática.Osdadossãoapresentadosemmediana(mínimo-máximo)-testedeKruskal-Wallis,excetoosdados

(6)

Influênciadopropranololpré-operatórionoíndicecardíaco 175 as vantagens da APCT durante o TH e concluíram que a

APCT, na faseanepática, reduza necessidadede transfu-sãodeconcentradodehemáciasemelhoraafunc¸ãorenal pós-operatória,apenasnogrupodepacientescomfluxoda veia porta superior a 800mL/min.15 Muscari etal.,

avali-ando84pacientessubmetidosaTHcomatécnicapiggyback,

concluíramqueousorotineirodaAPCTnãoéjustificado.16

No presente estudo, foram confeccionados APCT durante a fase anepática, em apenas 15,8% dos pacientes(tabela 2),enãofoiencontradaassociac¸ãoentreAPCTealterac¸ão percentualdoICduranteafaseanepática(tabela3).

A tabela 4mostra que algumasvariáveis moderadoras, que poderiam interferir no desfecho, foram controladas. Fatoresimportantenessaavaliac¸ãoforamadurac¸ãodafase anepática(T2/T3),quepoderiaestaraumentadapor dificul-dadecirúrgica.APVCm,quepoderiaserinfluenciada pela clampagemparcialdaveiacavacomatécnicacirúrgicade

piggybackeinfluenciarnoIC,semostrousemelhante esta-tisticamenteemtodososgruposavaliados.Ravaletal.,em artigo derevisão, relatamque pacientescom DHET apre-sentamcomprometimento da func¸ão sistólica e diastólica docorac¸ãonãoevidenciadonorepouso,massimnos perío-dosdegrandeexigência,oqueocasionareduc¸ãodoICpor comprometerafunc¸ãocontrátil,orelaxamentodiastólicoe aconduc¸ãoeletrofisiológicadomiocárdio.Essasalterac¸ões nopacientecirrótico sãoconhecidas comomiocardiopatia cirróticae estão diretamenterelacionadasàgravidadeda DHET.17 No nossoestudo, baseado nosistemaMeld, todos

osgruposforamestatisticamentesemelhantesemostraram quenãohouveinterferênciadagravidadedadoenc¸a hepá-ticanoIC.

Em um artigo de revisão sobre a fisiopatologia e as implicac¸õesclínicasdamiocardiopatiacirrótica,YangeLin citamaimportânciadosreceptoresbeta-adrenérgicospara func¸ão contrátil do corac¸ão e o comprometimento des-ses receptores no paciente com DHET.18 Zenghua et al.,

em estudo experimental, concluíram que acontratilidade miocárdicaemrespostaàestimulac¸ãodosreceptores beta--adrenérgicos era atenuada em ratos cirróticos, devido à diminuic¸ão da densidade associada ao comprometi-mentonaviadesinalizac¸ãodessesreceptores.19Vilas-Boas

et al., estudando os efeitos do propranolol no sistema renina-angiotensinaempacientescirróticos,demonstraram alterac¸õesdosparâmetroshemodinâmicoscomreduc¸ãodo ICnafasepré-anepáticadoTHnospacientestratadoscom propranololnoperíodopré-operatório.20Comoobjetivode

avaliarainterferênciadopropranololnafunc¸ãomiocárdica duranteafaseanepáticadoTH,correlacionamosesses paci-entesusuáriosdepropranololcomavariac¸ãodoICnafase anepática e nãoencontramos associac¸ãoestatisticamente significativa (tabela 3). A dose de propranolol dos nossos pacientesvariouentre20mge120mgdia.Oquadroclínico depacientescomDHETraramentepermiteaadministrac¸ão aprimoradadamedicac¸ão betabloqueadoraadrenérgica.10

Anãointerferênciadopropranololna variac¸ão doICpode terocorridodevidoàdoseadministradapré-operatóriaser consideradabaixa,paraquehajabloqueioimportantedos receptores beta-adrenérgicos do corac¸ão e comprometi-mento da func¸ão contrátil miocárdica nesse momento de estressemiocárdioqueéafaseanepática.

Acreditamosqueadepressãomiocárdicaduranteafase anepática possa ocorrer devido ao acúmulo de citocinas

pró-inflamatórias,21 ocorridonodecorrerdoTHe

intensifi-cadonofimdessafase,associadoàmiocardiopatiacirrótica latente.Essaassociac¸ãoentrecitocinasinflamatóriase pio-riadodesempenhomiocárdicotemsidomuitoestudadano choque séptico,22,23 que pode trazer substrato para uma

futuracompressãodesseeventonoTH.

Conclusão

O uso de do propranolol em cirróticos pré-transplante hepáticoparaprofilaxiadehemorragiasporvarizes esofa-gogástricaséseguroparaoSCVduranteafaseanepáticado transplantehepático.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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