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A INVERSÃO DO SUJEITO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO PORTUGUÊS DE POBLADO URUGUAY

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Academic year: 2020

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(1)A INVERSÃO DO SUJEITO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO PORTUGUÊS DE POBLADO URUGUAY. Karoline Gasque de Souza 1 Lurian da Silveira Chaves 2 Leonor Simioni 3. Resumo: Este estudo integra as pesquisas desenvolvidas no projeto de pesquisa "Rumo a uma gramática do Português Uruguaio" da Universidade Federal do Pampa, câmpus Jaguarão, e tem por objetivo contrastar a ocorrência de inversão de sujeito no português brasileiro e no português falado em Poblado Uruguay, localidade rural do norte do Uruguai, próxima à fronteira com o Brasil. A motivação para a pesquisa surge da constatação de que o português falado nessa localidade, língua materna dos informantes entrevistados, apresenta um alto índice de sujeitos nulos: 60% (MUNIZ, 2017), percentual mais elevado do que os 47% encontrados por Bottaro (2009) no português de Rivera (UY). Em contrapartida, sabe-se que o português brasileiro (PB) exibe em torno de 80% de sujeitos preenchidos (BERLINCK; DUARTE; OLIVEIRA, 2015), ou seja, uma tendência quase inversa. Tendo em vista que a propriedade básica das línguas de sujeito nulo é a inversão do sujeito (CHOMSKY, 1981; RIZZI, 1982), o foco de investigação deste trabalho é evidenciar e comparar os contextos sintáticos em que pode ocorrer a inversão de sujeito no português brasileiro (PERINI, 2010; CYRINO; NUNES; PAGOTTO, 2015) e no português falado em Poblado Uruguay.. Palavras-chave: INVERSÃO DO SUJEITO; PORTUGUÊS BRASILEIRO; PORTUGUÊS FALADO EM POBLADO URUGUAY. Modalidade de Participação: Iniciação Científica. A INVERSÃO DO SUJEITO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO PORTUGUÊS DE POBLADO URUGUAY 1 Aluno de graduação. karolinegasque.s@gmail.com. Autor principal 2 Aluno de graduação. luriian7@gmail.com. Co-autor 3 Docente. leonorsimioni@unipampa.edu.br. Orientador. Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017.

(2) A INVERSÃO DO SUJEITO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO PORTUGUÊS DE POBLADO URUGUAY 1. INTRODUÇÃO Este estudo integra as pesquisas desenvolvidas no projeto de pesquisa ³5XPR D XPD JUDPiWLFD GR 3RUWXJXrV 8UXJXDLR´ GD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO GR Pampa, câmpus Jaguarão, e tem por objetivo contrastar a ocorrência de inversão de sujeito no português brasileiro e no português falado em Poblado Uruguay, localidade rural do norte do Uruguai, próxima à fronteira com o Brasil. A motivação para a pesquisa surge da constatação de que o português falado nessa localidade, língua materna dos informantes entrevistados, apresenta um alto índice de sujeitos nulos: 60% (MUNIZ, 2017), percentual mais elevado do que os 47% encontrados por Bottaro (2009) no português de Rivera (UY). Em contrapartida, sabe-se que o português brasileiro (PB) exibe em torno de 80% de sujeitos preenchidos (BERLINCK; DUARTE; OLIVEIRA, 2015), ou seja, uma tendência quase inversa. Tendo em vista que a propriedade básica das línguas de sujeito nulo é a inversão do sujeito (CHOMSKY, 1981; RIZZI, 1982), o foco de investigação deste trabalho é evidenciar e comparar os contextos sintáticos em que pode ocorrer a inversão de sujeito no português brasileiro (PERINI, 2010; CYRINO; NUNES; PAGOTTO, 2015) e no português falado em Poblado Uruguay. Sabe-se que a inversão de sujeito no português brasileiro (PB) é bastante restrita, só ocorrendo em ausência de objeto (PERINI, 2010), diferente de outras línguas, como o espanhol. Para Perini (2010, p. 110), só há uma construção em que pode ocorrer a inversão na presença do objeto ± nas sentenças imperativas:1 (1). 1. Limpa você esse chão!. Exemplo de Perini (2010, p. 110)..

(3) Os outros casos de inversão do sujeito no PB ocorrem quando se pretende enfatizar o sujeito ou quando este é muito longo (2a), quando a oração inicia por um constituinte de valor adverbial (2b), em sequências de verbo causativo + infinitivo (2c) FRP YHUER µVHU¶ XWLOL]DGR SDUD UHVSRVWDV EUHYHV YHUER. VXMHLWR. G. H HP. interrogativas, quando o interrogativo fica no início da frase (2e) 2: (2). a. Chegaram aqueles pacotes que você tinha encomendado. b. Aqui está a cenoura. c. O Fred fez entrar o grupo todo. d. - Quem é que manda aqui? - Sou eu. e. Quando foi que morreu o seu avô? É preciso notar que vários dos exemplos dados por Perini envolvem inversão. com verbos inacusativos (caso de (2a) e (2e)), considerados o principal contexto de inversão do PB (CYRINO; NUNES; PAGOTTO, 2015). Nesses casos, o verbo seleciona um argumento interno e é compatível com o particípio absoluto e passivas estativas3: (3). a. Sumidos / caídos / desaparecidos os últimos combatentes, a batalha. terminou. Se o português brasileiro permite a inversão de sujeito em contextos bastante restritos como consequência do fato de não ser uma língua de sujeito nulo, a forte presença de sujeitos nulos no português falado em Poblado Uruguay nos leva a indagar sobre a possibilidade de ocorrência de inversão livre de sujeito nessa língua.. 2 3. Exemplos de Perini (2010, p. 110 - 126). Exemplo de Cyrino, Nunes e Pagotto (2015, p. 49)..

(4) 2. METODOLOGIA 3DUD D UHDOL]DomR GD SHVTXLVD DQDOLVDPRV R FRUSXV GR SURMHWR ³5XPR D XPD JUDPiWLFD GR SRUWXJXrV XUXJXDLR´ 4, composto atualmente5 por quatro entrevistas semi-estruturadas realizadas com informantes naturais de Poblado Uruguay e residentes em Rio Branco (UY). As entrevistas foram planejadas de modo a permitir que os informantes falassem da forma mais espontânea possível; por isso, versam sobre aspectos de suas vidas ± lembranças da infância, como era a rotina familiar, contato com a escola, adolescência, entre outros. Também foram feitas perguntas sobre a língua falada por eles no seio da família e na comunidade, de modo a garantir que todos tivessem o português como língua materna. As entrevistas que compõem o corpus foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas na íntegra. A partir da transcrição, foi possível constatar a grande ocorrência de inversão livre de sujeito.. 3. RESULTADOS e DISCUSSÃO No português falado em Poblado Uruguay, a inversão livre de sujeito mostrou-se. produtiva.. Encontramos. exemplos. com. verbos. de. todas. as. transitividades, podendo ocorrer sem e com a presença de objeto, inclusive em verbos bitransitivos (4b), incomum à gramática do português brasileiro. A inversão mostrou-se possível com sintagmas nominais variados, realizando-se com sintagmas definidos (4a, 4e), sintagmas indefinidos (4c) e pronomes pessoais (4d). Diferente do português brasileiro, encontramos inversões em interrogativas (4d) e ainda em voz passiva com a presença do SP agente (4e). (4). a. quando éramo criança que ainda era pequena não, trabaiava a mamãe,. viste? b. eu sou muy agradecida do ensinamento que deram meus pai pra mim c. Me lembro que eu fazia doce de papa e vinha uma tia minha e disse "eu não posso crer que fosse essa guria que fizesse" d. __ sabes o que fazíamo fogo nóis? e. foi feito por mim a frente do buzo. 4 5. Trata-se do mesmo corpus analisado em Muniz (2017). O corpus do projeto ainda está em fase de constituição..

(5) O mapeamento demonstra o quanto o português falado em Poblado Uruguay se distancia do português brasileiro em relação a esse fenômeno. Além disso, importa destacar que embora a descrição feita por Elizaincín, Behares, Barrios GRV FKDPDGRV ³'LDOHFWRV SRUWXJXHVHV GHO 8UXJXD\´ '38 QmR FRQWHPSOH especificamente a inversão de sujeito, encontram-se nos dados dos autores alguns exemplos desse fenômeno.. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados, é possível concluir que o português falado em Poblado Uruguay apresenta a inversão livre de sujeito em distintos contextos, característica básica para ser uma língua de sujeito nulo. Essa constatação apontaria para uma gramática diferente da gramática do português brasileiro, como destaca também Bottaro (2009). Em consonância, as atividades do projeto estão sendo voltadas para uma análise minuciosa do corpus, a fim de identificar outras características que potencializam o português falado em Poblado Uruguay a ser identificado como uma língua de sujeito nulo.. 5. REFERÊNCIAS CYRINO, Sonia; NUNES, Jairo; PAGOTTO, Emilio. Complementação. In.: KATO, Mary Aizawa; NASCIMENTO, Milton do (Org.) A construção da sentença. São Paulo: Contexto, 2015. p. 37 - 80. BERLINCK, Rosane de Andrade; DUARTE, Maria Eugênia Lamoglia; OLIVEIRA, Marilza de. Predicação. In.: KATO, Mary Aizawa; NASCIMENTO, Milton do (Org.). A construção da sentença. São Paulo: Contexto, 2015. p. 81 -149. BOTTARO, Silvia Etel Gutierrez. O sujeito pronominal no português uruguaio da região fronteiriça Brasil ± Uruguai. Tese (Doutorado em Letras), Departamento de Letras Modernas, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. CHOMSKY, Noam. Lectures on government and binding. Dordrecht: Foris, 1981. ELIZAINCIN, Adolfo; BEHARES, Luis Ernesto; BARRIOS, Graciela. Nos falemo brasilero. Montevideo: Amesur, 1987..

(6) MUNIZ, Samantha. ³1DV FDVD VHPSUH HP EUDVLOHUR´: o preenchimento de sujeitos e objetos no PU de Poblado Uruguay. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Letras ± Português, Espanhol e suas respectivas Literaturas), Universidade Federal do Pampa, Jaguarão, 2017. PERINI, Mário Alberto. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. RIZZI, Luigi. Issues in Italian syntax. Dordrecht: Foris, 1982..

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Referencias

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