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Avaliação dos níveis de conforto e qualidade do ar em churrasqueiras

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Academic year: 2021

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Universidade de Aveiro 2018

Departamento de Ambiente e Ordenamento

João Pedro Rodrigues

Azevedo

Avaliação dos níveis de conforto e qualidade do ar

em churrasqueiras

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Universidade de Aveiro 2018

Departamento de Ambiente e Ordenamento

João Pedro Rodrigues

Azevedo

Avaliação dos níveis de conforto e qualidade do ar

em churrasqueiras

Relatório de estágio apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente, realizado sob a orientação científica da Doutora Teresa Nunes, Professora Associada do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro.

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Para os meus pais, Que sempre me apoiaram.

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o júri

presidente Professora Doutora Maria Helena Gomes de Almeida Gonçalves Nadais Professora Auxiliar do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

orientadora Professora Doutora Teresa Filomena Vieira Nunes

Professora Associada do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

arguente Professor Doutor Luís Miguel Moura Neves de Castro Professor Adjunto do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

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agradecimentos Quero agradecer ao Sr. engenheiro Maximino Rodrigues e a toda a equipa da Envienergy, por me terem acolhido tão bem na empresa, por me terem ajudado e apoiado em tudo o que puderam ao longo do estágio.

De seguida, à Professora Teresa Nunes, pelo acompanhamento e apoio ao longo do estágio e da escrita do relatório.

À minha família e aos meus amigos, por todo o carinho e apoio que me deram e que sempre acreditaram em mim.

E a todas as pessoas que embora não citadas, direta ou indiretamente, foram estímulo e motivação constante.

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palavras-chave Conforto Térmico, Stress Térmico, Segurança e Saúde no Trabalho, Qualidade do ar interior, Exposição de particulas

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resumo A churrasqueira, devidamente equipada e higienizada, é o local no qual se confecionam todo o tipo de refeições. Durante a produção das mesmas, existe a libertação de calor e de vapor de água, fumo e substâncias químicas que vão afetar o ambiente, tanto a nível térmico como a nível da qualidade do ar, expondo os trabalhadores e os clientes a um ambiente desagradável.

Para evitar que tal aconteça, são necessárias ferramentas/instrumentos que tornem o posto de trabalho agradável para os trabalhadores e para as pessoas que utilizam o estabelecimento. A ventilação, por exemplo, é uma ferramenta que permite extrair o ar interior e substituí-lo por ar limpo (Monteiro, 2009). O presente trabalho tem por objetivo a avaliação e o diagnóstico das condições do ambiente ocupacional e qualidade de ar interior em estabelecimentos na área de restauração que contenham churrasqueira. Para o efeito foi feito um levantamento das unidades de restauração no Centro de Aveiro e estabelecido contactos com os operadores, no sentido de apurar as que incluem churrasqueiras. O estudo incidiu sobre três restaurantes, cujos menus são suportados essencialmente na confeção em grelhadores a carvão. A realização de campanhas de monitorização em cada local permitiu apurar que os trabalhadores dos grelhadores estão expostos a um stress térmico elevado, com valores de temperatura do ar e temperatura de globo superiores ao que está referenciado na ISO 7730/2005 e 7243/1989. Ao nível da qualidade do ar interior observaram-se sistematicamente concentrações médias de partículas PM10,

durante o período de funcionamento, superiores ao limiar de proteção e margem de tolerância para os poluentes físico-químicos estabelecidos na Portaria n.º 353-A/2013. A variação da concentração dos poluentes medidos no interior dos restaurantes evidencia uma estreita relação com a atividade e ocupação dos mesmos.

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keywords Thermal Comfort, Thermal Stress, Safety and Health at Work, Indoor Air Quality, Particle Exposure

abstract The kitchen of grill restaurants, properly equipped and sanitized, is the place where all kind of meals are prepared. During their productions, it is released heat a water vapour, smoke and chemical vapours that will affect the environment, both in terms of temperature and air quality, exposing workers and costumers to unpleasant environment.

To prevent this from happening, tools/instruments are needed to make the work station pleasant for the workers and for the people to use the facilitys. Ventilation, for example, is a tool a tool that extracts the indoor air and renews the space with fresh clean air (Monteiro, 2009).

The objective of this study is to evaluate and diagnose occupational and indoor air quality conditions in the establishments in the restaurant business that contain barbecue.

For that purpose, a survey of the restaurants units in the Center of Aveiro was made and contacts were established with the operators, in order to determine which ones, include barbecue. The study focused on three restaurants, whose menus are mainly based on cooking on charcoal grills. The implementation of monitoring campaigns at each location, allowed to verify that the workers of the grills are exposed to a high thermal stress, with values of air temperature and global temperature higher than what is referenced in ISO 7730/2005 and ISO 7243/1989. The level of indoor air quality, average concentrations of PM10

particles, during the operating period, were consistently above the protection threshold margin of tolerance for the physic-chemical pollutants established in “Portaria No. 353-A / 2013”. The variation of the concentration of the pollutants measured inside the restaurants, evidences a close relation with the activity and occupation of the same one.

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Índice

1- Introdução ... 1

1.1-Enquadramento e objetivos ... 1

1.2-Envienergy - Ambiente e Energia, Lda... 2

1.3-Estrutura do relatório ... 3

2- Caracterização do sector de restauração alvo ... 5

2.1- Generalidades... 5

2.2- Problemas associados à restauração ... 6

2.3- Restaurantes escolhidos ... 9

2.4- Metodologia geral ... 11

3- Exposição profissional ... 13

3.1- Conforto térmico ... 13

3.1.1- Introdução ao conforto térmico e stress térmico ... 13

3.1.2- Índices e variáveis estudadas no conforto e stress térmico ... 15

3.2- Exposição a partículas ... 21

3.3- Metodologia e equipamentos utilizados ... 24

... 25

3.4- Resultados obtidos ... 26

4- Qualidade do ar interior nos estabelecimentos ... 29

4.1- Introdução à Qualidade do ar interior ... 29

4.2 – Variáveis físicas da QAI ... 30

4.2.1– Partículas suspensas ... 30

4.2.2– Dióxido de carbono ... 32

4.2.3– Monóxido de carbono ... 32

4.2.4– Compostos orgânicos voláteis ... 33

4.3- Enquadramento legal ... 33

4.4– Metodologia e equipamentos ... 34

4.5- Resultados obtidos ... 38

4.5.1- Resultados gerais da QAI nos estabelecimentos... 38

4.5.2- Variação da concentração de gases nos GrayW olf. ... 42

4.5.3– Variação da concentração de PM10 nos Estabelecimentos. ... 45

5- Conclusão ... 49

6- Bibliografia... 51

Anexo I – Caracterização no sector da área de restauração em Aveiro... i

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Serviços prestados pela Envienergy. ...2

Tabela 2 - Ensaios acreditados na Envienergy. ...3

Tabela 3 - Indicadores recolhidos nos três estabelecimentos. ...11

Tabela 4 - Índice de PMV. (Fonte: ISO 7730/2005) ...15

Tabela 5 - Classe de metabolismo. (Fonte: ISO 7243/1989) ...18

Tabela 6 - Classificação da taxa metabólica. Fonte: (ISO 7243/1989) ...20

Tabela 7 - Valores de em referência função da atividade desempenhada. (Fonte: ISO 7243/1989) ...20

Tabela 8 - Resistência térmica do vestuário. Fonte: (ISO 7730/2005)...21

Tabela 9 - Valores máximos recomendados de exposição segundo a NP 1796:2014. Fonte: (NP 1796:2014) ...24

Tabela 10 – Concentração de partículas inaláveis e respiráveis a que o trabalhador está exposto nos estabelecimentos A e B...26

Tabela 11 - Parâmetros do conforto térmico no estabelecimento A. ...27

Tabela 12 - Parâmetros do conforto térmico no estabelecimento B. ...27

Tabela 13 - Fatores e fontes que afetam a qualidade do ar e conforto. (Fonte: APA, 2009) ...30

Tabela 14 - Limiar de proteção e margem de tolerância para os poluentes físico-químicos. (Fonte: Portaria 353-A/2013) ...34

Tabela 15 – Concentração média de partículas (μg/m³) e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento A. ...38

Tabela 16 - Concentração média de CO2, CO e COV e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento A. ...39

Tabela 17 - Concentração média de partículas (μg/m³) e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento B. ...39

Tabela 18 - Concentração média de CO2, CO e COV e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento B. ...39

Tabela 19 - Concentração média de partículas (μg/m³) e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento C. ...39

Tabela 20 - Concentração média de CO2, CO e COV e outros parâmetros estatísticos observados no período de atividade no estabelecimento C. ...40

Tabela 21 - Comparação das concentrações médias no período de ocupação de PM10 pelo método gravimétrico (Tecora) e pelo método ótico (DustTrack)...46

Tabela 22 - Número de restaurantes visitados na área de estudo. ... i

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Índice de figuras

Figura 1 – Restauração em Aveiro. ...5

Figura 2 – Área de estudo. ...5

Figura 3 - Restaurantes em Aveiro com ou sem churrasqueiras. ...5

Figura 4 – Local de medição no estabelecimento B. ...10

Figura 5 - PPD em função do PMV. (Fonte: ISO 7730/2005) ...16

Figura 6 - Local de deposição das frações inaláveis, torácicas e respiráveis no sistema respiratório. (Fonte: Ouriques et al, 2015) ...22

Figura 7 - Aparelho de medição do conforto térmico. ...25

Figura 8 - Caudalímetro e Bomba de aspiração. ...26

Figura 9 - Filtros amostrados. ...26

Figura 10 - Tecora. ...35

Figura 11 - DustTrak ™ II Aerosol Monitor 8530. ...36

Figura 12 - Analisador termo-ótico desenvolvido no Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro. ...36

Figura 13 – Representação da evolução do CO2, da temperatura e do sinal do laser ao longo de uma análise. (Fonte: Martins, 2012) ...37

Figura 14 - GrayWolf. ...38

Figura 15 - Variação das concentrações de PM10, OC e EC no interior e exterior estabelecimento A. ...41

Figura 16 - Variação das concentrações de PM10, OC e EC no interior e exterior estabelecimento B. ...41

Figura 17 - Variação da concentração de PM10 no interior e exterior estabelecimento C. ...42

Figura 18 - Compostos Orgânicos Voláteis presentes nos estabelecimentos A, B e C...43

Figura 19 - Dióxido de carbono presentes nos estabelecimentos A, B e C. ...44

Figura 20 - Monóxido de carbono presentes nos estabelecimentos A, B e C. ...45

Figura 21 - Correlação dos dados do Tecora e DustTrack. ...46

Figura 22 - Variação temporal de PM10 no estabelecimento B. ...47

Figura 23 - Variação temporal de PM10 no estabelecimento A. ...47

Figura 24 - Variação temporal de PM10 no estabelecimento C...48

Figura 25 - Área de estudo. ... i

Índice de equações Equação 1 - Cálculo do PPD. ...16

Equação 2 - Cálculo do WGBT. ...17

Equação 3 - Estimativa do valor metabólico do trabalhador. ...17

Equação 4 - Cálculo da fração inalável. ...23

Equação 5 - Cálculo da fração torácica. ...23

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Abreviaturas

• SST – Segurança e Saúde no Trabalho;

• NP – Norma Portuguesa;

• ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers;

• Tg– Temperatura do globo; • Va - Velocidade do ar;

• PMV – Índice do voto médio estimado;

• PPD - índice da percentagem prevista de insatisfeitos;

• WGBT - Índice da temperatura do bolbo húmido;

• Tbun - Temperatura do bolbo húmido; • Ta - Temperatura do ar;

• M – Taxa de metabolismo;

• EPA – Agência de Proteção ao Ambiente;

• OMS - Organização Mundial de Saúde;

• COV– Compostos Orgânicos Voláteis;

• QAI – Qualidade do ar Interior;

• PMX - Partículas ou aerossóis suspensos no ar; • CO2 – Dióxido de carbono;

• CO – Monóxido de carbono;

• EC – Carbono elementar;

• NC – Carbono negro;

• OC – Carbono orgânico;

• VLE – Valor limite de exposição;

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1-

Introdução

1.1- Enquadramento e objetivos

No âmbito da unidade curricular de dissertação do mestrado integrado em engenharia do ambiente, realizou-se um estágio curricular na empresa Envienergy - Ambiente e Energia, Lda., orientado pela professora Teresa Nunes e orientado, na empresa, pelo engenheiro Maximino Rodrigues.

O estágio desenvolvido na Envienergy teve como principal objetivo a avaliação e o diagnóstico das condições ocupacionais, conforto térmico e qualidade do ar, em estabelecimentos de restauração com churrasqueiras.

A planificação do trabalho comportou uma cronologia temporal onde se realizaram várias tarefas que pretenderam dar resposta ao objetivo no estágio. Primeiramente, o trabalho realizado teve uma componente mais teórica, tendo sido realizado um enquadramento da legislação aplicável aos principais temas de estágio e um levantamento bibliográfico ao nível de artigos científicos e dissertações. Numa segunda fase, foi efetuado o contacto e visitas a estabelecimentos de restauração. Durante as visitas aos estabelecimentos levantaram-se alguns dados como a área do restaurante, medido em m2, o tipo de carvão que utilizavam, horário de funcionamento e a

ocupação máxima do restaurante. Ainda nesta fase começou-se a ter conhecimento do material que será usado para a realização das medições e o seu procedimento.

Na terceira fase foram escolhidos três estabelecimentos onde se efetuaram várias monitorizações dos indicadores de exposição profissional e qualidade do ar interior.

Por fim, foi realizada a análise de resultados e propostas algumas melhorias e medidas preventivas para os estabelecimentos de restauração escolhidos.

O estágio decorreu maioritariamente nas instalações da empresa envolvendo igualmente trabalho no exterior relacionado com o tema de estágio e a realização de análises específicas no Departamento de Ambiente e Ordenamento, da Universidade de Aveiro. Ao longo do estágio também houve a oportunidade de participar em diferentes tarefas relacionados com outras áreas de serviços prestadas pela entidade acolhedora, assim como acompanhar a equipa em trabalhos externos, como por exemplo a exposição ao amianto e a avaliação do conforto térmico a trabalhadores de algumas empresas industriais.

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1.2- Envienergy - Ambiente e Energia, Lda.

A Envienergy - Ambiente e Energia, Lda., adiante designada por Envienergy, é uma empresa localizada no concelho e distrito de Aveiro, que trabalha em diferentes setores da área do ambiente, como a eficiência energética, emissões gasosas, SST, licenciamento industrial e consultoria ambiental. Os seus serviços, de uma forma resumida, estão apresentados na tabela 1.

A Envienergy está acreditada pelo Instituto Português de Acreditação como Laboratório de Ensaios, segundo a Norma Portuguesa (NP) EN ISO/IEC 17025:2005.

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3 A empresa é acreditada para diversos ensaios de acústica (ruído ambiente e ruído laboral), ar ambiente laboral e efluentes gasosos. Na Tabela 2, apresentada de seguida, é possível ver alguns desses ensaios e os respetivos métodos utilizados.

1.3- Estrutura do relatório

O relatório foi estruturado em capítulos, que descrevem os principais tópicos a serem estudados, estando organizado da seguinte forma:

➢ Enquadramento e objetivos: este ponto tem como finalidade enquadrar e explicar o objetivo do estágio realizado e descrever a empresa onde foi efetuado o estágio; ➢ Restauração em Aveiro: enquadrou-se e descreveu-se o setor de restauração na cidade, os problemas associados à restauração e os estabelecimentos que formam Tabela 2 - Ensaios acreditados na Envienergy.

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escolhidos para a realização do trabalho de suporte para a avaliação e o diagnóstico das condições ocupacionais, conforto térmico e qualidade do ar em churrasqueiras; ➢ Exposição profissional: consiste em explicar o conceito do conforto térmico, stress térmico e exposição do trabalhador a partículas. Neste capítulo descreveram-se os fatores que influenciam a exposição profissional, o enquadramento legal, o material e procedimento necessário para as medições e análise de resultados. ➢ Qualidade do ar anterior: tem como objetivo avaliar a qualidade do ar a que os

trabalhadores e as pessoas, que estão presentes no estabelecimento, estão expostas, o seu enquadramento legal, o material e procedimento para realizar as medições e, no final, a análise de resultados obtidos nos estabelecimentos; ➢ Conclusão: neste último capítulo são mencionadas as principais conclusões obtidas

na realização do estágio; ➢ Referências bibliográficas;

➢ Anexo I: Setor de restauração na área estudada na cidade de Aveiro;

➢ Anexo II: Recomendações aos trabalhadores e aos estabelecimentos: estão referidas algumas medidas preventivas e soluções para o melhoramento das condições do estabelecimento;

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Caracterização do sector de restauração alvo

2.1- Generalidades

Aveiro é uma cidade portuguesa com cerca de 55 mil habitantes, na qual a restauração é um dos maiores setores económicos da cidade. A restauração, nos últimos anos, tem vindo a sofrer um crescimento significativo. Vários tipos de produtos são confecionados, em diferentes tipos de estabelecimentos, desde restaurantes tradicionais, a pizzarias ou a restaurantes indianos. No concelho de Aveiro encontram-se em atividade cerca de 480 unidades de restauração e similares, principalmente concentradas nas freguesias de Glória/Vera-Cruz (260 estabelecimentos) (Racius, 2018).

Durante um período da realização do estágio foram efetuadas visitas a 54 estabelecimentos, cujo o seu tipo de confeção de alimentos e sua localização estão representadas nas figuras 1 e 2 respetivamente.

As churrasqueiras são espaços, dentro do restaurante, que ocupam uma determinada área e que produzem um número elevado de refeições. Na área de estudo existem poucos restaurantes que contenham uma grande quantidade de grelhas para produção de refeições de churrasco.

18% 30% 52%

Restaurantes em Aveiro

Churrasqueira Mini- churrasqueiras Sem churrasqueiras 6% 7% 2% 9% 7% 4% 6% 59%

RESTAURAÇÃO EM AVEIRO

Hoteis Chinês Indiano Italiano Japonês Mácrobiótico Cervejaria Convencional

Figura 2 – Área de estudo. Figura 1 – Restauração em Aveiro.

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Ao observar o gráfico pode-se comprovar que existem mais restaurantes sem churrasqueiras, que são os estabelecimentos onde se incluem os de fast food ou indianos. De seguida, temos as chamadas mini-churrasqueiras que podem ser descritas deste modo porque o número de refeições que são produzidas na grelha e as quantidades de carvão utilizadas não são elevadas comparadas com os estabelecimentos mais focados no churrasco, pois estes estabelecimentos que contém as mini-churrasqueiras centram-se mais na produção de refeições tradicionais portuguesas. Na cidade de Aveiro só 18% da área restauração é que apresenta churrasqueiras que produzem um elevado número de comida de churrasco, onde se utiliza uma quantidade elevada de carvão e que contém três grelhas, no mínimo, para a confeção de refeições de churrasco.

Em anexo estão descritos os parâmetros que foram recolhidos nas visitas aos estabelecimentos de restauração na área de estudo.

O licenciamento na área da restauração é denominado por “licenciamento zero” e o diploma que aprova este licenciamento é o decreto-lei nº 48/2011 alterado pelo decreto-lei nº 10/2015 de 16 de janeiro. Estes decretos constituem a base legal para se abrir um restaurante e estabelece os requisitos, que são importantes, para as instalações dos estabelecimentos de restauração, o seu funcionamento e o regime de classificação. A fiscalização é da responsabilidade da câmara municipal e da ASAE, autoridade de segurança alimentar e económica. Neste sentido é importante para quem pretende iniciar um negócio conhecer as leis e as normas que o regulam antes de avançar com arrendamentos, compra de materiais e equipamentos, realização de obras.

A lei nº102/2009 de 10 de setembro, estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde nos locais de trabalho e a Portaria n.º 353-A/2013, de 4 de dezembro, retificada pela Declaração de Retificação n.º 2/2014 de 31 de janeiro, estipula exigências em matéria de qualidade do ar interior (QAI), principalmente, ao nível dos valores mínimos de caudal de ar novo por espaço e dos limiares de proteção para as concentrações de poluentes do ar interior nos estabelecimentos de comércio e serviços.

2.2- Problemas associados à restauração

A segurança e saúde no trabalho sempre foi um conceito utilizado ao nível empresarial e institucional, que ultimamente tem vindo a crescer devido ao aumento significativo da economia, da sociedade e da tecnologia.

Existe uma necessidade crescente de melhorar as condições de trabalho, de forma a otimizar a qualidade de vida dos trabalhadores e a evitar a ocorrência de acidentes no local de trabalho ou de doenças profissionais.

A segurança no trabalho está relacionada com o Homem, podendo ser considerada de forma coletiva ou singular. Consiste num conjunto de medidas que podem prevenir acidentes de trabalho, através de perguntas e respostas dos trabalhadores a avaliações das condições de trabalho e assim controlar e mitigar os riscos profissionais (Organização Internacional do Trabalho, 2009).

O Homem, descrito como forma singular, pode afetar a produção ou outros vários aspetos no seu posto de trabalho, se não tiver as condições apropriadas para o seu bem-estar. Enquanto de

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7 forma coletiva se um grupo de trabalho estiver em mau ambiente, nem que seja só algumas pessoas desse grupo, afetam vários indicadores de produtividade da empresa.

A saúde no trabalho foca-se “na vigilância médica e no controlo físico, social e mental que podem afetar de nível diferente o trabalhador, reduzindo a sua produtividade no trabalho” (Organização Internacional do Trabalho, 2009).

A temperatura do corpo humano, encontra-se normalmente, em situação de equilíbrio, entre os 36°C e os 37°C. Quando este valor passa dos limites, o corpo humano reage através da circulação do sangue pela pele, o que leva a um aumento da temperatura corporal e liberte para fora o calor em excesso, onde pode aparecer vários tipos de doenças (Carneiro, 2012).

As temperaturas altas e baixas podem levar a consequências de desconforto e de um mau ambiente. Nas temperaturas baixas, a exposição ambiental do trabalhador pode provocar um mal-estar, redução da sensibilidade com as mãos ou até mesmo o desconforto devido a frieiras (Rodrigues, 2007).

As altas temperaturas também podem provocar danos na saúde humana. No caso dos estabelecimentos de restauração, as temperaturas altas podem começar a colocar problemas de natureza subjetiva e depois fisiológica, até se atingir o limite físico de tolerância. A subida de temperatura acima da zona de conforto provoca problemas de natureza psicológica (incómodo, mal-estar), psicofisiológica (aumento da sobrecarga do coração e aparelho circulatório) e patológica (agravamento de doenças) (Rodrigues, 2007).

Em relação à qualidade do ar interior, a exposição a agentes biológicos e químicos no ambiente interior abrange um risco para a saúde das pessoas que estão presentes, causando vários efeitos no corpo humano. O desenvolvimento de agentes biológicos no ar interior é provocado pela humidade e pela ventilação ineficiente.

A humidade provoca a degradação dos materiais, um fator da poluição no interior do estabelecimento que origina doenças como a asma e dificuldades respiratórias. A ventilação é considerada inadequada quando ocorre uma insuficiente entrada e distribuição de ar do exterior para o interior. A falta de manutenção dos filtros e limpeza dos sistemas de ventilação poderá favorecer a acumulação de partículas, que irão provocar a contaminação do ar interior. A exposição partículas pode levar ao aparecimento de várias doenças, dependendo do tamanho de partículas que se inala ou se respira, desde lesões pulmonares, fibroses pulmonares, bronquites e irritações do septo nasal (NP 1796:2014).

Os problemas de saúde associados a agentes químicos presentes no ambiente interior podem ser desde reações alérgicas, irritações da pele, sintomas de gripe, náuseas, fadiga e dor no peito (Costa, 2011).

Em suma, as principais doenças causadas na atividade de restauração são:

Golpe de calor –é considerado o mais importante problema de saúde, relacionado com ambientes quentes, devido a ser difícil de prever. O golpe de calor ocorre em condições de

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stress térmico, quando uma combinação de esforço físico e temperaturas ambientais esgotam a capacidade dos mecanismos de regulação do calor interno do corpo humano, o que causa uma maior temperatura, acima do nível que é considerado de perigo (41°C) (Sousa et al, 2005).

Cãibras –resultam do esforço físico da pessoa que está a realizar a atividade, em ambientes quentes. As cãibras são caracterizadas por intensos espasmos nas pernas e braços, devido à existência de redução de líquidos e sódio.

Síncope de calor –é observada após um longo período em temperaturas quentes, como resultado da concentração sanguínea de circulação venosa da pele e dos músculos, não permitindo que o cérebro não receba a quantidade suficiente de oxigénio devido a uma descida da pressão arterial (Sousa et al, 2005).

Esgotamento por desidratação - resulta de uma perda de água por transpiração que não é reposta pela ingestão de líquidos, provocando uma diminuição de água no corpo humano. Em ambientes secos onde o suor é rapidamente evaporado da superfície da pele, o ser humano pode não dar conta da transpiração e a desidratação acontece de uma forma mais rápida.

Outros efeitos – O esgotamento e o ritmo cardíaco podem aumentar rapidamente e dar-se um colapso no corpo. Erupções cutâneas, devido às temperaturas elevadas, podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas preferencialmente nas partes mais húmidas. Por outro lado, existem diversas práticas de segurança que foram estudadas e devem ser praticadas, na área da restauração, por parte do trabalhador que está exposto a temperaturas elevadas e a libertação de partículas e substâncias.

As medidas de segurança mais utilizadas são:

Aclimatização –São diversas as medidas que podem promover a proteção individual da pessoa, entre estas a aclimatação que é definida por um ajustamento fisiológico que podem ocorrer no organismo, quando uma pessoa é exposta a elevadas temperaturas num determinado período de tempo. Numa primeira fase de exposição a elevadas temperaturas, a pessoa apresenta elevado ritmo cardíaco, mas após alguns dias de exposição, o corpo humano fica a suportar melhor o calor devido aos tais ajustamentos fisiológicos (Oliveira, 1998).

Limite do tempo de exposição –A limitação do tempo de exposição tem como objetivo reduzir a carga térmica do trabalhador. A definição de critérios de valores limites à exposição do calor é impossível de se obter, devido às diferentes atividades desempenhadas pelas pessoas e pelos diferentes vestuários utilizados, mas é possível recomendar valores limites de exposição que não põe em perigo a saúde das pessoas (Oliveira, 1998).

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9 • Formação – A educação dos trabalhadores quanto à prática de algumas tarefas pode evitar esforços e períodos de permanência junto ás fontes de calor desnecessários. Os trabalhadores devem ser sensibilizados para os riscos numa determinada exposição, para utilização de alguns vestuários e equipamentos que os protejam do calor e alertados para a higiene pessoal.

Exames médicos –Os exames médicos constituem uma “ferramenta” de prevenção, para detetar se o trabalhador, que está exposto, tem alguma doença ou está a agravar alguma doença antiga por estar exposto a temperaturas elevadas.

Ingestão de água e sal – A ingestão destes componentes destina-se a compensar as perdas por suor que ocorrem a temperaturas elevadas. A água é um dos mais importantes componentes no corpo humano, devido a envolver todos os tecidos e pelo seu transporte por todas as células. O sal contribui para a retenção dos líquidos no organismo (Hudson et al, 2003).

Equipamento de proteção individual - O vestuário que o trabalhador usa pode ter grande influência no intercâmbio de calor entre o corpo e o ambiente. O objetivo do vestuário é evitar o sobreaquecimento do corpo humano, mantendo a temperatura dentro dos limites.

2.3- Restaurantes escolhidos

Os estabelecimentos escolhidos para a realização do relatório estão localizados no centro de Aveiro, de modo a facilitar o transporte de material e a realização do seu procedimento. Os estabelecimentos foram denominados por A, B e C.

O estabelecimento A consiste num restaurante localizado no centro de Aveiro, tem uma área de 147 m2 e uma ocupação máxima de 85 lugares.

A área da grelha ocupa um pequeno espaço do restaurante onde é colocado carvão vegetal, do tipo betuminoso, para a produção de refeições.

Tem diversos equipamentos desde frigoríficos, bancas de preparação, arcas de bebidas e comida, lavagem de alimentos, fogões e recipientes para o lixo. De referir ainda que o restaurante possui um exaustor. Muitas vezes, a diminuição da temperatura ambiente do local é conseguida graças à abertura das portas.

Durante a produção de refeições na grelha, o seu tempo de funcionamento são de duas horas ao almoço e as mesmas ao jantar, onde só existe um trabalhador para esse espaço.

O horário de abertura é às 10h e o horário de fecho, depois todas as limpezas realizadas, é por volta das 23h30. Os produtos mais confecionados neste estabelecimento são os de carne para churrasco e peixe grelhado.

O estabelecimento B consiste num pequeno restaurante localizado perto do centro de Aveiro, com uma área de 127 m2 e uma ocupação máxima de 42 lugares.

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A área da grelha para a produção de refeições ocupa um grande espaço do restaurante, constituída por três grelhas onde é colocado o carvão vegetal, do tipo betuminoso.

Este estabelecimento possui equipamentos de elevado porte, como por exemplos os frigoríficos e as arcas para guardar a carne ou as bebidas. O estabelecimento contém dois exaustores e muitas das vezes, o local resfria devido a conter janelas e portas abertas.

Durante a produção de refeições nas grelhas, o seu tempo de funcionamento é de duas horas ao almoço e as mesmas ao jantar, onde existe dois trabalhadores para esse espaço.

O horário de abertura é às 10h e o horário de fecho, depois todas as limpezas realizadas, é por volta das 22h00. Neste estabelecimento o que predomina mais em termos de refeição é a carne para churrasco, mas também são fornecidos alguns pratos de peixe.

O estabelecimento C consiste num restaurante localizado na cidade de Aveiro, tem uma área de 150 m2 e uma ocupação máxima de 62 lugares.

A área da grelha ocupa um grande espaço do restaurante, constituída por três grelhas a carvão vegetal onde se produz a maior parte das refeições. Tem diversos equipamentos desde frigoríficos, bancas de preparação, arcas de bebidas e comida. O estabelecimento contém um exaustor e a porta de entrada permanece sempre aberta.

Durante a produção de refeições nas grelhas, o seu tempo de funcionamento é de duas horas ao almoço e as mesmas ao jantar, onde existe um trabalhador para esse espaço.

O horário de abertura é às 9h e o horário de fecho, depois de todas as limpezas realizadas, é por volta das 22h30. Estima-se que são vendidos mais de quatrocentos frangos durante a semana (segunda a sexta)e mais de duzentos ao fim de semana. No estabelecimento C o que se consome mais em termos de refeição é a carne para churrasco, mas também são fornecidas refeições de peixe.

(29)

11 Em resumo, os principais indicadores dos três estabelecimentos de restauração estão descritos na seguinte tabela:

Tabela 3 - Indicadores recolhidos nos três estabelecimentos.

Estabecimento A Estabecimento B Estabecimento C Localização em Aveiro Glória/Vera-Cruz Esgueira Glória/Vera-Cruz

Área (m²) 147 127 150 Nº de lugares 85 42 62 Nº de exaustores 1 3 2 Trabalhadores na grelha 1 2 2 Tipo de carvão Vegetal – Betuminoso Vegetal – Betuminoso Vegetal - Betuminoso Horário de trabalho 10h-22h 10h-22h 10h-22h 2.4- Metodologia geral

A metodologia deste trabalho consiste em avaliar o conforto/stress térmico, exposição a partículas e a qualidade do ar no interior dos estabelecimentos.

Efetuou-se a avaliação dos parâmetros, referidos anteriormente, ao longo de cinco dias em cada estabelecimento. Em relação à exposição dos trabalhadores, esta avaliação foi feita no trabalhador que está na grelha por ser o mais exposto. Neste tópico foi utilizada a NP 1796:2014 para avaliação da exposição a partículas respiráveis e inaláveis (Instituto Português da Qualidade, 2014) e as ISO 7730/2005 e 7243/1989 para o conforto e stress térmico, respetivamente.

Para a qualidade do ar interior do estabelecimento fez-se a medição da presença de agentes químicos e partículas (PM10), tendo por base a metodologia de avaliação da qualidade do ar interior

em edifícios de comércio e serviços no âmbito da portaria 353-A/2013 (Agência Portuguesa do Ambiente, 2015). Para esta exposição foram consideradas as pessoas presentes nos estabelecimentos, quer sejam trabalhadores ou clientes. A legislação utilizada foi a Portaria 343-A/2013, de 4 de dezembro, que indica os valores mínimos e limiares de proteção para as concentrações de poluentes do ar interior nos estabelecimentos de comércio.

Os objetivos principais serão o cálculo dos índices de conforto térmico e stress térmico e avaliar os valores obtidos de partículas e agentes químicos presentes nos estabelecimentos, verificando se estes se encontram dentro dos valores desejados.

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(31)

13

3-

Exposição profissional

Os profissionais encontram-se sujeitos a variados riscos nos seus locais de trabalho. Estes podem estar sujeitos a agentes físicos e químicos. As estratégias de avaliação de exposição profissional vão desde o diagnóstico à monitorização e controlo, de forma a revelar as fontes e as tarefas num determinado ambiente de trabalho, que representam um maior risco de exposição para os trabalhadores.

3.1- Conforto térmico

3.1.1- Introdução ao conforto térmico e stress térmico

Os estudos sobre o conforto térmico têm como objetivo analisar e definir as condições que são precisas para um melhor desempenho e um ambiente térmico adequado a diferentes atividades humanas. Por conseguinte foram estabelecidos métodos e princípios, com a ajuda de ferramentas e instrumentos, para uma análise térmica do ambiente detalhada (Lamberts et al, 2008). A nível profissional o conforto térmico visa, principalmente, três fatores:

• A satisfação do Homem ou o seu bem-estar ao sentir-se confortável no seu posto de trabalho;

• O desempenho humano é um dos principais fatores para ajudar a explicar o conceito de conforto térmico. O desconforto causado por temperaturas frias ou quentes reduzem o desempenho na sua atividade de trabalho.

• A conservação de energia exigida em resultado dos consumos atuais e impactos ao nível do aquecimento global. O aumento de população causada pelo acréscimo rápido das tecnologias, “obrigou” as pessoas a passarem a maior parte do tempo em locais denominados “artificiais”, ou seja, em ambiente condicionados, permitindo descobrir parâmetros e condições que evitam problemas desnecessários, como o desconforto, resolvidos frequentemente com um aumento do consumo de energia.

O ambiente térmico é um dos indicadores mais importantes relacionados com os postos de trabalho, sendo essencial para garantir melhores condições de trabalho e o conforto de todos os trabalhadores presentes num dado estabelecimento.

O Homem é negativamente afetado quando está sujeito a situações de desconforto térmico, que pode causar várias consequências/sintomas, como o decréscimo na satisfação do que realiza, o seu desempenho incorreto no trabalho e, consequentemente, uma diminuição de produtividade (Quintela, 2009). A saúde do trabalhador, bem como a sua segurança, se existir este desconforto pode implicar um aumento da taxa de risco de acidentes (Halton, 2007). Por conseguinte deverá ser garantida uma temperatura que varie ente os 18ºC e os 26°C (Halton, 2007).

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14

Pode-se também definir o ambiente térmico como o conjunto de variáveis térmicas que pode influenciar o organismo do trabalhador, intervindo de forma direta ou indireta, na saúde e bem-estar, bem como na produção e realização das tarefas que está sujeito (Carneiro, 2012). O conforto térmico não é uma definição exata e não envolve ter condições únicas e específicas. Tornar o trabalho satisfatório, num determinado estabelecimento, é uma tarefa que se pode dizer que é quase impossível. Todas as pessoas presentes em diferentes setores de trabalho podem reagir de maneira diferente por terem uma sensibilidade diferente de todos os outros. Com uma boa temperatura vários fatores tornam-se favoráveis, como por exemplo o menor número de acidentes (Baptista, 2011).

O stress térmico pode ser descrito como o estado em que a pessoa está submetida e exposta a condições de trabalho de ambientes extremos, tanto de frio como calor (Lamberts et al, 2008). A procura de um índice de stress térmico que descreva a sobrecarga fisiológica para determinadas condições ambientais, tem vindo a representar um esforço no campo da saúde e da higiene nos estabelecimentos de trabalho. O índice de stress térmico é um indicador muito competente para quando se procede ao estudo de medidas de controlo das temperaturas observadas no local de trabalho.

As churrasqueiras representam locais de trabalho sujeitos a gamas de temperaturas e de humidade elevadas e podem-se confrontar diariamente com condições desfavoráveis, que podem implicar riscos para a segurança, saúde e bem-estar do trabalhador. No caso das churrasqueiras, a manutenção de temperatura e humidade adequada a que o trabalhador está exposto é de extrema dificuldade, devido a estas serem zonas críticas, onde à sua volta existem aparelhos/equipamentos com fortes emissões de calor, tais como o grelhador, fogões, fritadeiras ou frigideiras (Carneiro, 2012). Além disso a intensidade das fontes de calor não é constante ao longo da produção de refeições, acarretando uma grande variação de temperatura na proximidade destas fontes assim como na quantidade de poluentes gerados no processo de processamento dos alimentos.

O desconforto, nos estabelecimentos de restauração, pode ser causado por vários fatores como por exemplo assimetria da radiação térmica, correntes de ar, gradiente térmico vertical, entre outros. Estes fatores não atingem o corpo de forma global, mas podem causar desconforto na pessoa. Os principais fatores são:

Assimetria de radiação térmica – A assimetria de radiação térmica pode ser observada por janelas abertas, superfícies não isoladas, fornos e calor gerado por máquinas em alguns setores de trabalho. Quanto maior a assimetria maior o número de pessoas desconfortáveis com o ambiente (ISO 7730:2005).

Correntes de ar - Esta situação é causada pelo ar em movimento num determinado espaço;

Diferenças de temperatura do ar, no sentido vertical – Na maioria dos espaços a temperatura do ar aumenta com a altura. Se o gradiente da temperatura é grande entre a temperatura do ar ao nível da cabeça e do tornozelo, pode ocorrer desconforto no corpo, estando este em neutralidade térmica (ISO 7730:2005).

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15 • Pisos aquecidos ou resfriados – Devido ao contacto dos pés com o chão, o desconforto local nos pés pode ser observado quando o piso estiver resfriado ou aquecido. A temperatura do piso é influenciada pelos constituintes que fazem parte da construção de um prédio, por exemplo. Uma reação normal das pessoas em contacto com o chão, quando sente desconforto, é aumentar a temperatura interna do ambiente, possibilitando o aumento do desconforto térmico e o aumento de consumo de energia (ISO 7730:2005).

3.1.2- Índices e variáveis estudadas no conforto e stress térmico

Os fatores físicos, ambientais e pessoais, para o cálculo do conforto e stress térmico têm por base a temperatura do ar, a temperatura radiante média, a velocidade do ar, a humidade do ar, a atividade desempenhada e o vestuário utilizado pelas pessoas expostas. A partir do conhecimento e quantificação dos fatores atrás referidos é possível estimar um conjunto de índices que estão na base da avaliação do conforto e stress térmico, como por exemplo o índice do voto médio previsto (PMV), o índice da percentagem prevista de insatisfeitos (PPD) e o índice da temperatura do bolbo húmido e globo (WBGT).

O índice de voto médio previsto (PMV) agrupa os dados em sete níveis de classificação, baseado no balanço térmico do corpo humano. (ISO 7730:2005).

Segundo a ISO 7730:2005, a insatisfação individual manifesta-se em ambientes Quentes (+2), Muito Quentes (+3), Frios (-2) ou Muito Frios (-3).

O PMV pode ser usado para verificar se um determinado ambiente está conforme os critérios estabelecidos de conforto e estabelecer requisitos para diferentes aceitabilidades. O PMV deve ser

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16

calculado para quando a sensação térmica está considerada entre os valores “-2” e “+2” da tabela. Terão também que se verificar as seguintes condições:

• Metabolismo entre 46 e os 232 [w/m2] (0,8 a 4 met);

• Isolamento do vestuário entre 0 e os 0,310 [m2.K/W] (0 a 2 Clo); • Temperatura do ar entre os 10 e os 28 [°C];

• Temperatura média radiante entre os 10 e os 40 [°C];

• Velocidade do ar entre os 0 e 1 [m/s];

• Pressão parcial de vapor entre os 0 e os 2700 [Pa];

A ISO 7730:2005 contém indicações precisas para o cálculo do índice da percentagem previsto de insatisfeitos (PPD –Predicted Percentage of Dissatisfied). Este índice indica a percentagem de população insatisfeita, ao estar exposta a um certo ambiente térmico, correlacionando diretamente com o PMV calculado nas mesmas circunstâncias.

Equação 1 - Cálculo do PPD.

𝑃𝑃𝐷 = 100 − 95 × (𝑒𝑥𝑝−0,03353×𝑃𝑀𝑉4−0,2179×𝑃𝑀𝑉2

) A correlação entre o PMV e PPD é apresentada na Figura 5.

Sabe-se que para um ambiente térmico confortável o PPD não deverá ultrapassar os 10%, correspondentes a uma gama de valores compreendida entre os “-0,5” e os “+0,5” na tabela de sensação térmica.

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17 O índice da temperatura do bolbo húmido e globo (WBGT) combina a medição de dois parâmetros, temperatura de bolbo húmido e a temperatura de globo negro e em algumas situações, a medição da temperatura do ar (ISO 7243/1989).

A temperatura de bolbo húmido é o valor indicado por um sensor de temperatura envolto de água destilada, ventilada naturalmente e colocado num determinado ambiente sem ventilação forçada.

A temperatura de globo negro é a temperatura indicada por um sensor de temperatura colocado no centro de um globo com um diâmetro de 150 mm. Para a medição da temperatura do ar, o sensor de temperatura deverá estar protegido da radiação por um dispositivo que impeça a circulação do ar em torno do sensor.

O índice da temperatura do bolbo húmido e do globo (WBGT) é um dos índices do stress térmico ao qual um sujeito está exposto. O método para avaliar o stress térmico ligado a este índice é a hipótese ou a escolha entre usar o índice muito preciso e a necessidade de realizar várias medições de monitorização, em diversos postos de trabalho (ISO 7243/1989).

O índice WBGT é determinado a partir da temperatura do bolbo húmido (tbun) e da temperatura

do globo (tg), em algumas medições pode ser preciso igualmente a temperatura do ar (ta).

• Para ambientes internos ou externos sem radiação direta do sol: Equação 2 - Cálculo do WGBT.

𝑊𝐵𝐺𝑇 = 0,7 × 𝑡𝑏𝑢𝑛+ 0,3 × 𝑡𝑔

• Para a estimativa do valor metabólico do trabalhador, basta somar o índice correspondente à sua posição ao índice correspondente ao trabalho por ele desempenhado.

Equação 3 - Estimativa do valor metabólico do trabalhador.

𝑊𝐵𝐺𝑇 =𝑊𝐵𝐺𝑇(𝑐𝑎𝑏𝑒ç𝑎) + 2 ∗ 𝑊𝐵𝐺𝑇(𝑎𝑏𝑑ó𝑚𝑒𝑛) + 𝑊𝐵𝐺𝑇 (𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜𝑧𝑒𝑙𝑜𝑠) 4

O valor do WBGT, quando o ambiente térmico é uniforme (não existem variações de temperatura superiores aos 5%), pode assumir o valor para medições feitas à altura do abdómen (h=1,1 m).

(36)

18

Os valores de referência do WBGT estão apresentados na seguinte tabela: Tabela 5 - Classe de metabolismo. (Fonte: ISO 7243/1989)

Classe de Metabolismo Valor de referência do WBGT

0 33

1 30

2 28

As variáveis de conforto térmico estão divididas em 7 partes:

• Temperatura do ar, (°C);

• Temperatura média radiante, Trm, (°C); • Humidade do ar (%);

• Velocidade do ar, Var, (m/s);

• Pressão parcial do vapor de água no ar ambiente, pa, (kpa);

• Isolamento térmico das roupas utilizadas, Icl, (clo); • Atividade desempenhada, M, (W/m2);

A temperatura do ar é a temperatura ao redor do corpo humano e a temperatura média radiante pode ser obtida a partir dos valores da temperatura do globo, tg, da temperatura do ar e

da velocidade do ar ao redor do globo. O termómetro de globo esférico representa melhor o corpo humano na posição sentada, mas um sensor do tipo elipsoide observa melhor o corpo humano tanto na posição em pé como sentada.

A humidade descreve a quantidade real de vapor de água contida no ar, ao contrário da humidade relativa, que descreve a quantidade de vapor de água presente a uma dada temperatura. A humidade permite analisar as trocas por evaporação entre o homem e o ambiente, na mesma temperatura.

A velocidade do ar é um indicador que deve ser levado com uma elevada importância quando se observam trocas de calor por convecção e evaporação na posição da pessoa, no seu posto de trabalho. Nos casos em que o fluxo de ar é unidirecional, é possível o uso de um sensor que seja sensível a só esta direção. Em suma, a velocidade do ar define-se pela magnitude e direção. Em ambientes térmicos é considerada a velocidade do ar efetiva, ou seja, o valor da magnitude do fluxo

(37)

19 da velocidade numa determinada direção. O fluxo do ar pode ser explicado pela velocidade média, va, que é dada pela velocidade média que se tira instantaneamente, num determinado intervalo de

tempo.

O metabolismo é caracterizado por uma conversão química em trabalho mecânico e energia térmica que o corpo humano realiza para a concretização das suas tarefas. Assim procede-se a um cálculo da taxa de metabolismo de forma a caracterizar o esforço muscular e o custo enérgico implícito. Este fator torna-se bastante importante para determinar o esforço e conforto em climas especialmente quentes (Carneiro, 2012)

A taxa de metabolismo, representada pela letra M, significa a energia consumida/utilizada por um ser humano num determinado período de tempo ou a quantidade de calor por unidade de tempo produzida por unidade de área de pele. A taxa de metabolismo pode ser expressa em W/m2

ou em met.

De acordo com a norma internacional (ISO 7730/2005), um met corresponde a uma perda de energia sob a forma de calor de 58W/m2, estando associado ao estado de um indivíduo do sexo

masculino em repouso. Podem-se distinguir dois tipos de metabolismo: o metabolismo de atividade, que resulta do esforço físico humano e da sua atividade e o metabolismo basal que é considerado um valor standard igual a 45W/m2, correspondendo ao estado de repouso do

organismo, sem influências térmicas externas e com vestuário termicamente neutro (Meles, 2012). Em geral, as taxas de metabolismo associadas às mulheres são cerca de 30% inferiores à dos homens (Meles, 2012). No entanto, a atividade das pessoas consiste num conjunto diferente de atividades e períodos de descanso ao longo do dia. A taxa de metabolismo varia tendo em conta vários fatores, como a atividade desempenhada por um indivíduo, o próprio indivíduo, as condições em que a atividade é desempenhada, entre outros (Meles, 2012).

A quantidade de calor produzido internamente no corpo humano é um dos fatores de determinação ou estudo do stress térmico. A energia metabólica é a quantidade de energia consumida pelo corpo no desempenho das atividades e pode ser determinada a partir do consumo de oxigénio do trabalhador ou a partir de tabelas de referência, em função da atividade.

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20

O vestuário é uma variável importante para estudar o conforto térmico, pois permite identificar o vestuário de trabalho face às condições de trabalho a que estão expostos. É também um elemento de elevado relevo, para este estudo, devido a regular as trocas de energias sob a forma de calor.

Tabela 6 - Classificação da taxa metabólica. Fonte: (ISO 7243/1989)

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21 O vestuário pode funcionar como um isolante térmico, pois forma uma resistência no corpo junto a uma camada de ar mais aquecido, tendo em conta a adaptação ao corpo e à porção do corpo que cobre.

Para a análise do variável vestuário é avaliada a resistência térmica do vestuário que consiste no poder protetor do mesmo (Rodrigues, 2007). Esta variável é expressa em Clo, que representa, citando Rodrigues (2007), “a resistência térmica oferecida por cada 0,155m2 do conjunto de roupa

vestida, quando a pele coberta arrefece 1°C devido à transferência de energia sob a forma de calor de 1W para a superfície exterior da referida roupa”.

A resistência térmica do vestuário está relacionada com a temperatura do ar, trabalho externo e das características do vestuário. O trabalho externo está associado com a taxa metabólica e da atividade/ movimento desenvolvido por um indivíduo.

Os valores da resistência térmica do vestuário podem ser consultados através de valores tabelados associadas à ISO 7730/2005. Na Tabela 8 podem observar-se alguns exemplos desses valores.

3.2- Exposição a partículas

Por norma, os trabalhadores passam cerca de oito horas por dia no seu local de trabalho, o que faz acreditar a que os ambientes que estão expostos sejam seguros e saudáveis. No entanto, frequentemente, nos seus postos de trabalho estão expostos a diversas substâncias que podem ser perigosas para a sua segurança e para a sua saúde no trabalho.

(40)

22

O aparelho respiratório constitui a via principal de penetração de partículas no organismo humano. Após a inalação, as partículas podem ser libertadas ou depositadas em diferentes regiões do sistema respiratório. Essa deposição varia em função do diâmetro, do grau de agregação e aglomeração e do comportamento no ar dessas mesmas partículas.

Para se obter um maior controlo e uma melhor monitorização destes parâmetros, existem formas de avaliar, reduzir ou eliminar esta exposição, o que implica a realização de análises segundo normas de amostragem e análise, assim como a comparação dos resultados obtidos com valores limites de exposição, que se denominam pela sigla VLE (NP 1796:2014).

Os VLE são valores que correspondem às concentrações do ar das várias substâncias e podem representar as condições para as quais se admite que o trabalhador esteja exposto no dia-a-dia, sem efeitos adversos. Por vezes, alguns trabalhadores são mais suscetíveis a certos poluentes, podendo apresentar desconforto a concentrações iguais ou com valores inferiores aos VLE (NP 1796:2014).

Entre 1980 e 1990 desenvolveram-se classificações para as partículas e poeiras, dependendo dos seus critérios de amostragem. Estabeleceu-se que as amostragens devem ser baseadas em frações ou em tamanhos progressivamente mais finas: inaláveis, torácicas e respiráveis. Pode-se definir estes três termos como:

Partículas inaláveis - Agentes que são potencialmente perigosos quando se depositam em qualquer região do trato respiratório;

Partículas torácicas - Agentes que são potencialmente perigosos quando se depositam na região dos canais pulmonares e na zona de trocas gasosas;

Partículas respiráveis - Agentes potencialmente perigosos quando se depositam na região de trocas gasosas;

Figura 6 - Local de deposição das frações inaláveis, torácicas e respiráveis no sistema respiratório. (Fonte: Ouriques et al, 2015)

(41)

23 Os três tipos de fração mássica de partículas considerados acima, são definidos, segundo a norma, quantitativamente pelas seguintes equações:

Fração inalável:

Equação 4 - Cálculo da fração inalável.

𝑃𝐼(𝑑𝑎𝑒) = 0,5[1 + 𝑒(−0,06𝑑𝑎𝑒)]

para 0 < (𝑑𝑎𝑒)≤100μm, onde:

o 𝑃𝐼(𝑑𝑎𝑒) – Eficiência da colheita;

o dae– diâmetro aerodinâmico da partícula, em μm; • Fração torácica:

Equação 5 - Cálculo da fração torácica.

𝑃𝑇(𝑑𝑎𝑒) = 𝑃𝐼(𝑑𝑎𝑒)[1 − 𝐹(𝑥)] Onde:

o F(x) – função densidade de probabilidade da variável normalizada, x, sendo: 𝑥 = ln (𝑑𝑎𝑒 Ţ ) ∈ Onde: o Ţ= 11,64μm – mediana de distribuição;

o ∈=1,5 – desvio padrão geométrico da distribuição

Fração respirável:

Equação 6 - Cálculo da fração respirável.

𝑃𝑅(𝑑𝑎𝑒) = 𝑃𝐼(𝑑𝑎𝑒)[1 − 𝐹(𝑥)] Onde:

o F(x) – função densidade de probabilidade da variável normalizada, x, sendo: 𝑥 =

ln (𝑑Ţ )𝑎𝑒 ∈

o Ţ= 11,64μm – mediana de distribuição;

o ∈=1,5 – desvio padrão geométrico da distribuição

Existe uma preocupação crescente, por parte da sociedade, relativamente aos possíveis efeitos que a emissão de poluentes possa ter na sua qualidade de vida, saúde e ambiente. Os poluentes existentes e os seus níveis dependem do tipo de ambiente: exterior, interior, urbano e rural.

De modo a salvaguardar a segurança e a saúde dos trabalhadores, diversos organismos nacionais e internacionais têm desenvolvido um conjunto de normas, visando o estabelecimento dos níveis máximos de exposição aos diferentes poluentes. A NP 1796:2014 apresenta uma lista

(42)

24

dos valores limite de exposição profissional a agentes químicos. Torna-se por isso necessário realizar a monitorização destes parâmetros, de forma a estudá-los, controlá-los e reduzi-los. A monitorização ocupacional é entendida como a observação, medida e cálculo, sistemáticos, da condição do ambiente de trabalho e das emissões de poluentes, ao longo do tempo.

Os valores recomendados para a exposição ao trabalhador a partículas estão representados na seguinte tabela:

Tabela 9 - Valores máximos recomendados de exposição segundo a NP 1796:2014. Fonte: (NP 1796:2014)

Agente Químico VLE Normas e Legislação

Partículas inaláveis 10 mg/m3 NP 1796:2014

Partículas respiráveis 3 mg/m3 NP 1796:2014

Carvão Antracite – Fração

respirável 0.4 mg/m

3 NP 1796:2014

Carvão Betuminoso – Fração

respirável 0.9 mg/m

3 NP 1796:2014

Quanto às partículas, segundo o Anexo B da NP 1796:2014, como não existem uma quantidade de informação elevada para dar um VLE a norma recomenda que as partículas inaláveis têm um valor máximo de 10 mg/m3 e as respiráveis de 3 mg/m3, até que se verifique o estabelecimento de

um VLE para uma dada substância. Nesta norma pode-se especificar a fração respirável do tipo de carvão utilizado nos estabelecimentos que é betuminoso.

3.3- Metodologia e equipamentos utilizados

O equipamento utilizado para a medição de conforto térmico contém sensores de medição de temperatura do ar, temperatura do globo negro, velocidade do ar e humidade presente no local. Este equipamento tem um painel de controlo que permite definir um intervalo de tempo e foi colocado ao nível do abdómen da pessoa que está a realizar a sua tarefa de trabalho. O intervalo de tempo escolhido para a realização da medição foi o período de almoço, onde se definiu um tempo de obtenção de dados de quinze segundos em quinze segundos, por um período consecutivo de duas horas.

O modelo onde se realiza a análise de resultados denomina-se por DeltaLog10. Permite criar uma relação entre o isolamento térmico do indivíduo e a sua exposição. Os resultados deste modelo possibilitam criar gráficos onde as variáveis, que se apresentaram anteriormente, podem estar relacionadas em função umas das outras e permite verificar se o individuo está em conforto térmico

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25 através do cálculo automático do PMV e se está satisfeito com o nível de exposição que está sujeito, com o cálculo do PPD (módulos de software incluídos no DeltaLog10).

Para a medição da exposição de partículas em que o trabalhador estava exposto, utilizou-se uma bomba de amostragem pessoal que permite a recolha de partículas inaláveis e partículas respiráveis através de dois filtros colocados perto das vias respiratórias do trabalhador que está exposto às partículas, provenientes do grelhador.

A medição realiza-se de acordo com as instruções de trabalho existentes na empresa. A determinação das partículas inaláveis/respiráveis realiza-se no laboratório da Envienergy. Para isso faz-se a pesagem inicial e final dos filtros em condições de temperatura e humidade controladas pelo procedimento imposto pela empresa. Se a diferença entre as duas massas obtidas for igual ou superior a 2 mg, a amostragem é validada. A bomba de amostragem utilizada é uma bomba de vácuo, com um caudal de 0-5 l/min. O tipo de filtro a utilizar varia de acordo com a substância a analisar.

Antes de iniciar qualquer procedimento de amostragem que utilize as bombas de aspiração, faz-se a verificação do caudal, utilizando um caudalímetro. Todos os caudalímetros utilizados na Envienergy são periodicamente calibrados por um laboratório externo acreditado.

O processo de validação é semelhante para todas as substâncias analisadas, e consiste em efetuar 5 leituras antes da amostragem e 5 leituras após a mesma, sendo que o valor do caudal é obtido pela média das 10 leituras realizadas. A diferença entre os valores dos caudais lidos antes e depois tem que ser inferior a 5%, repetindo-se a amostragem caso este critério não se cumpra.

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26

Após definir o caudal e o volume, a bomba de aspiração encontra-se pronta para iniciar a amostragem. Desta forma, pode colocar-se o equipamento no trabalhador, pondo a entrada de ar o mais próximo possível das vias respiratórias.

O transporte das amostras para os laboratórios efetua-se em recipientes adequados e segundo procedimentos bem definidos, de forma a garantir a integridade dos filtros, com a face exposta à recolha virada para cima, de modo a assegurar que não existem perdas de massa.

As medições no restaurante foram realizadas quando o trabalhador começava a colocar carvão na grelha e a produzir refeições, com o seguinte caudal e volume:

• Inaláveis – Caudal de 2 l/min e volume 130l;

• Respiráveis – Caudal de 2.5 l/min e o volume de 220l;

3.4- Resultados obtidos

As avaliações da exposição a partículas foram realizadas nos dois primeiros estabelecimentos e consistiram em cinco amostras de partículas inaláveis e partículas respiráveis realizadas segundo a NIOSH 0500 e NIOSH 0600, respetivamente. As medições foram realizadas durante o período “almoço” e “jantar”, representando estes os períodos mais desfavoráveis em termos da exposição do trabalhador - períodos em que se inicia o carregamento de carvão no grelhador e se confecionam as refeições. O tempo de amostragem para inaláveis é de 65 minutos e para as respiráveis é de 90 minutos.

Tabela 10 – Concentração de partículas inaláveis e respiráveis a que o trabalhador está exposto nos estabelecimentos A e B.

Estabelecimento A 1ª amostra 2ª amostra 3ª amostra 4ª amostra 5ª amostra Parâmetro I R I R I R I R I R Concentração (mg/m3) 1.8 1.4 0.7 0.5 1.0 0.5 0.8 0.4 0.8 0.7

Estabelecimento B 1ª amostra 2ª amostra 3ª amostra 4ª amostra 5ª amostra Parâmetros I R I R I R I R I R Concentração (mg/m3) 2.8 < 0.4 1.3 <0.4 0.8 0.6 0.8 <0.4 1.0 <0.4

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27 • Legenda:

o I - Inaláveis; o R – Respiráveis;

o <0.4 – Valor limite mínimo de massa não atingido;

Pode-se concluir que todos os valores, de partículas respiráveis e inaláveis, estão abaixo do limite máximo recomendado pela norma NP 1796:2014.

Os resultados obtidos na avaliação do conforto térmico estão representados nas tabelas seguintes:

Tabela 11 - Parâmetros do conforto térmico no estabelecimento A.

Estabelecimento A

Valor Máximo

Valor

Mínimo Valor Médio Desvio Padrão

Tw (°C) 51.6 24.8 40.5 7.3 Tg (°C) 63.8 25.2 49.8 11.8 Ta (°C) 53.8 25.1 40.0 7.5 Pr (hPa) 1012.6 1012.9 1012.2 0.2 RH (%) 53.9 52.9 53.9 0.4 Va (m/s) 0.4 0.1 0.2 0.1 Tr (°C) 78.4 23.7 56.3 15.7 WBGT -i (°C) 53.8 24.9 43.3 8.51

Tabela 12 - Parâmetros do conforto térmico no estabelecimento B.

Estabelecimento B

Valor Máximo

Valor

Mínimo Valor Médio Desvio Padrão

Tw (°C) 30.8 25.8 28.9 1.5 Tg (°C) 32.4 26.9 30.4 1.6 Ta (°C) 30.6 26.2 28.9 1.3 Pr (hPa) 1012.6 1011.8 1012.2 0.2 RH (%) 63 46.1 52.1 2.8 Va (m/s) 0.2 0 0.1 0.03 Tr (°C) 33.9 27 31.1 1.7 WBGT -i (°C) 31.3 26.2 29.3 1.5

Observando as tabelas e seguindo as normas do conforto térmico e do stress térmico, verificou-se, como era esperado, que o trabalhador se encontrava em condições extremamente insatisfatórias. As temperaturas que são sentidas na área, onde está presente a churrasqueira, são muito elevadas, o que causa desconforto e o que leva a considerar, que em ambos os estabelecimentos, o trabalhador encontrava-se em stress térmico. No estabelecimento B os parâmetros apresentam valores mais baixos do que no estabelecimento A o que pode ser explicado pelo facto do aparelho de conforto térmico ter estado um pouco distante da grelha, em relação ao que se verificou no estabelecimento A, e a um bom funcionamento do sistema de ventilação.

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De modo a contribuir para um maior conforto e bem-estar do trabalhador apresenta-se no anexo I estão descritas algumas recomendações que deverão ser postas em prática a favor do bem-estar do trabalhador e ocupantes destes espaços.

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Qualidade do ar interior nos estabelecimentos

4.1- Introdução à Qualidade do ar interior

Com o passar do tempo e com muitos estudos realizados a definição de ar poluído tornou-se uma das maiores preocupações na sociedade. Foi com o início da revolução industrial, a crescente preocupação higiénica da sociedade e dos espaços interiores que se começou a estudar com mais atenção as condições de trabalho ao nível da qualidade do ar interior (Costa, 2011).

Devido à crise do petróleo a nível mundial, na década de 70, revelou-se ser importante a poupança da energia. Com a existência da preocupação de evitar grandes perdas de energia pelo meio exterior, os edifícios tornaram-se mais confinados, fazendo uma nova redução ao nível da ventilação natural, aumentado, consequentemente, ar poluído no seu interior. Além destes efeitos, com o passar de alguns anos, existiu a procura de material sintético e químico para a construção e decoração, o que levou ao aparecimento de novas fontes de poluição interior que se vieram juntar às decorrentes das diferentes atividades dos ocupantes nos espaços confinados (Jones, 2009).

As preocupações da saúde humana originaram uma maior reflexão e uma sensibilização da comunidade para os problemas de qualidade de ar interior, a par com a eficiência energética nos edifícios. Nos últimos anos, a agência de proteção do ambiente (EPA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificaram a poluição de ar interior como um dos principais riscos ambientais para a saúde humana (EPA, 2009).

A qualidade do ar interior (QAI) está relacionada com uma combinação de fatores, onde as suas fontes de poluição podem ser tanto ao nível físico, químico ou biológico, quer de origem interior como exterior, como ao nível da sociedade, devido aos comportamentos e ao número de ocupantes de edifícios, sistemas de aquecimento, ar condicionado e atividade desempenhada do indivíduo (Agência Portuguesa do Ambiente, 2015).

Frequentemente, ao nível da saúde, os sintomas mais sentidos são as dores de cabeça, náuseas, fadiga, irritação dos olhos, garganta e nariz. Estes sintomas podem estar associados à exposição dos ocupantes a determinados poluentes químicos, físicos e biológicos no interior do edifício (Costa, 2011).

Quando estamos perante um estabelecimento de preparação de refeições, os trabalhadores ficam expostos a várias substâncias que são libertadas, resultantes quer dos processos de confeção, quer de produtos de limpeza ou de desinfeção do estabelecimento. Estas substâncias podem incluir uma panóplia de compostos inorgânicos e compostos orgânicos voláteis(COV), gorduras e vapores de água.

Por exemplo, quando se está a confecionar frango de churrasco, a gordura do frango em contacto com as temperaturas elevadas pode libertar cerca de 200 ppb de COV, alguns deles tóxicos e com propriedades cancerígenas e mutagénicas (Quintela, 2008).

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O impacto no trabalhador e nas pessoas que frequentam o estabelecimento pode variar consoante o tipo de alimentos que são confecionados e por consequência, as substâncias que são libertadas e, as suas concentrações, dependem do tipo de combustível utilizado, das técnicas de confeção e duração das diferentes operações.

O ar ambiente interior de um edifício resulta da interação da sua localização, do clima, do sistema de ventilação do edifício, das fontes de contaminação, e do número de ocupantes do edifício. Alguns destes fatores e fontes estão listados na seguinte tabela:

4.2 – Variáveis físicas da QAI 4.2.1– Partículas suspensas

As partículas ou aerossóis suspensos no ar (PM), são consideradas como a matéria sólida ou líquida suspensas no ar. A matéria sólida é constituída por poeiras, fumos e organismos, ao passo que a matéria líquida é constituída por matérias no estado de vapor que condensam.

As partículas em suspensão no interior do edifício são, no geral, provenientes de fontes quer do exterior quer do interior. Nos espaços interiores, as concentrações de partículas em suspensão aumentam durante o período de ocupação devido em grande parte à ressuspensão de partículas depositadas nas superfícies e às fontes de combustão internas como o fumo de tabaco, fogões, lareira, velas e incensos (Agência Portuguesa do Ambiente, 2015).

Referencias

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