Director Director Adjunto
Desenho Gráfico e Paginação Propriedade, Direcção,_ Redação e Sede de Adminlstraçao Pré-impressão Impressao Tlrngem 'u ,
,
1
2
18
26
3 O
Espaço CIentifiCo4 O
(Dccurso de fologranaEspaco
científ
i
co
~
S. M. Afonso Pires
Mestre em Produção Animal (Patologia Aplcol.a). Escol;:;
Superior Agrána de Bragança
(Departamento de Zoolecnla)
Apanado 172.
53 Bragança Codex-Portugal
spires@lpb.pt
E. M. G. Silva
Estagiário do Curso de Gest~o
cios Recursos Florestais
J_ M. Flores Serrano Professor Unlversitano Centro Andaluz de Apicultura Ecológica. Campus Unlversilano
de Rabanales 14071
Cordoba-EspalÍa ba 1 pupuf@lucano.uco.es
J. A. Ruíz
DOutor em Veterinária
J. O. B. Pereira
Professor UnlverSllllflQ UniverSidade de TráS-úS-Montes
e Alio Douro (Departamento
de Zoolecnl8)
5000 Vila Real
opere,ra@utad.pl
S. M. Afonso Pires J. M. Flores Serrano J.A. Ruíz J. O. B. Pereira E. M. G. Silva
Ensaio
sobre
a
eficácia do
ácido fórmico no tratamento
da Varroose
Resumo Este ensaio teve como objectivo estudar a eficá
-cia do ácido fórmico no tratamento da Varroose. O ensaio decorreu num apiário situado na área de influência do Parque Natural de Montesinho. De acordo com a metodologia descrita por (2; 3), em 15 colmeias de modelo Langstroth e infestadas de forma natural, pelo acaro Varroa destructor (1). aplicamos esponjas impregnadas com 240 mi de ácido fórmico a 85%, durante 20 dias. O número de ácaros caídos, ao nivel do estrado de cada colmeia, foi quantificado em duas contagens com 8 dias de intervalo. Seguidamente e ao longo de 42 dias, foi reali-zado o tratamento de controlo, com o produto quimico Apivar,. Como grupo testemunha foram utilizadas 7 colmeias
nas quais não se aplicou qualquer tipo de tratamento.
O tratamento com o produto orgânico aumentou significati -vamente (P<O,01) o número de ácaros caidos na primeira contagem, com um valor médio de 17 e 155 ácaros no grupo testemunha e no grupo tratado, respectivamente. A eficácia média do tratamento com ácido fórmico foi de 87,9%. Palavras-Chave: Varroose, Varroa destruc/or. ácido fórmi-co, Apivar, eficácia.
Field
test
to deter
m
i
ne the
efficacy
of f
o
rm
ic
aci
d
on
Varroa treatment
Abstract The aim Df thls study was to determlnate the effl-cacy of formlc aCld on Varraa treatment. The tnal was car-ned out on 22 Langstrath hives naturally II fected wlth h6
mi te Varroa destruc/or (1) The expel Imental apiary wac located in the Influenced area of the r,atural Park of Montesinho Accordlng to the methodology descnbed by
(2 ) on 1 ç I Ives WP pp led lIT]rregn~ted sr: 'l1ge w th
240 mi of commerclally pure lormle' aClel 01 55 conr.'ntra tlon per hlve dUllng a pertod of 20 1ayo TIl8 number l f
dEatll miles was clll c,"d tWIC t art <l-day Interval r 1 r IIV l baBe m~ The c Jf1tr ti rTlt ')1 \J drrled Ui
ej,alE Iv altel the la'it 'Idmlnlstr 11'011 Clf tllb ]<-,c! WI-tt I rirug ApivAIV'J (jurlng
.2
days. Sever' unlreated colonlWflA uSEd as contr ,I F rrr c. (Id" rcre'l',EcI Ignlfl(
(P )1) v", :1 nll! v S n rst )rc! t 1 mual of 17 and 155 mltE w the ( mtnl aI (j tr atHlllIV rf'spectlvely The mean "II ~ lCy nf lhe treatment wlth formte
H I j
waoJ
qooIntrodução O ácido fórmico é um composto quimico
orgânico que se apresenta sob a forma de um liquido
incolor, solúvel em água e com um cheiro forte e irritante
(4). Este ácido orgânico é um componente natural de
vários produtos alimentares, como por exemplo as frutas e
o mel (5; 6), por esta razão apresenta uma baixa toxici
-dade para as abelhas. No entanto, tem um forte efeito
acaricida sobre os ácaros (7). Por outro lado, é um co m-posto muito volátil e os seus resíduos nos produtos ap
ico-las são minimos. Estas duas características justificam a sua crescente utilização no controlo da Varroose (8). O primeiro estudo sobre a utilização do ácido fórmico no
tratamento da Varroose foi efectuado na Alemanha no i
ni-cio dos anos 80 e posteriormente noutros paises europeus
(9; 10 citados por (7)). Este quimico apresenta também
algumas desvantagens, nomeadamente: 1) danifica a cria
-ção nos primeiros dias da fase larvar (11; 12; 13); 2)
dani-fica as abelhas jovens (11; 12; 13); 4) pode causar a morte das rainhas (11; 12; 13); 4) elevada variabilidade na sua
eficácia quando aplicado para tratamento da Varroose (7)
e 5) as metodologias utilizadas são de difícil apllcaçao
para os apicultores.
Este trabalho teve como objectivo estudar a eficácia do
ácido fórmico no tratamento da Varroose.
Materiaf e métodos Este estudo foi reafizado nos meses
de Abril e Maio de destructor. O ácido fórmico foi aplicado
em solução aquosa a 85%. Os aplicadores utilizados con
-Figura 1 -Colmeias Langstroth
slstiam numa pequena secção de esponja de florista de 20 cm de comprimento por 17,5 cm de largura por 0,4 cm
de espessura. A dose utilizada foi de 240 mi de ácido fór
-mico por aplicador. O tratamento consistiu na utilização de um aplicador por colmeia, colocado sobre a parte superior
dos quadros, na área central do ninho (Figura 2). Em cada
uma de 15 colmeias foi realizado um tratamento durante
um período de 20 dias. Os ácaros caidos recolheram-se
em cartolinas previamente cobertas 1999, em 22 colmeias
de modelo Langstroth (Figura 1) situadas num apiário na
área de influência do Parque Natural de Montesinho. A
metodologia aplicada foi a descrita por (2; 3).
As colónias do ensaio estavam infestadas de forma nat
u-ral, pelo ácaro Varraa com uma fina camada de vaselina. Sobre estas colocaram-se redes de malha fina, ao nível do
estrado de cada colmeia. Após o tratamento com ácido
fórmico, foi aplicado um produto químico de controlo (Apivar) durante 42 dias. Como grupo testemunha foram
utilizadas 7 colmeias nas quais nâo se aplicou qualquer
tipo de tratamento. O controlo do número de ácaros cai-dos foi efectuado de 8 elTl 8 dias. Os dados foram
sub-metidos a análise de variância (14). A significância das
diferenças entre médias foi analisada pelo teste de Tukey. A eficácia calculou-se com a seguinte fórmula:
Número de mortos com o tratamento
Eficácia (%)
--
---
---
----
x
100Nivel de infestação
Figura 2 -Aplicação do ácido fórmico com esponja
I nivel de infestação foi calculado adicionando os ácaros aidos no tratamento com ácido fórmico e os ácaros que
lOrreram no tratamento de controlo.
lesuttados Nas colmeias tratadas com ácido fórmico o úmero de ácaros caidos no primeiro periodo de contagem,
li superior (P~0,01) ao número de ácaros caidos no grupo lstemunha, com o valor médio 155 e 17 ácaros, respecti-amente. No segundo periodo de contagem o número de
caros caidos não foi diferente entre os dois grupos ">0,05). Contudo, no final deste ensaio as diferenças ,bservadas entre as colónias tratadas com ácido fórmico
as testemunhas foram estatisticamente significativas "~0,05) (Quadro 1).
\ eficácia média do tratamento com ácido fórmico, foi de
,7,9%, no entanto, apresentou uma elevada variabilidade ümo podemos observar pela amplitude dos valores da ' ,ficácia 62,8 e 99,3% (Figura 3).
liscussão Estes resultados indicam-nos que apesar da ,ficácia média do tratamento ter sido aceitável, existem no
,ntanto, colmeias que não reduziram de forma acentuada I população de ácaros. Além disso, os fenómenos de leriva podem produzir altos niveis de reinfestação. Este
,nsaio foi realizado na Primavera com colmeias que ap
re-,entavam grandes áreas de criação, facto este que origina
Ima diminuição do grau de eficácia de qualquer acaricida. 'or sua vez, constatámos a morte de 3 colónias ao longo lo ensaiO, a qual pode estar relacionada com a aplicação
Irrecta deste ácido a esta concentração (85%). Se a :olmeia não tiver uma ventilação adequada pode
'presentar riscos para a colónia.
Como é conhecido da bibliografia a utilização, deste "oduto orgãnico, pode resultar na danificação da criação lOS primeiros dias da fase larvar e das abelhas jovens,
lodendo ainda causar a morte das rainhas (11; 12; 13; 7)
,m 5-10% das colónias (15 citado por (6)), causando linda toxicidade para as abelhas e mortalidade das lbelhas adultas (7). Paralelamente, (6) determinaram que ) produto Formidol (cuja composição é
a
base de ácido órmico) podia ser recomendado para o tratamento da larroose. Estes autores obtiveram uma elevada percenta-jem de rainhas mortas (25%) e verificaram também que a lficácia deste produto variava consideravelmente entre ;olónias. O que também está em concordãncia com oslstudos de (7). Estes exemplos indicam-nos que,
lrovavelmente será mais prudente trabalhar com
concen-rações mais baixas de ácido fórmico.
No que se refere à eficácia obtida no nosso ensaio resul-tados idênticos foram encontrados por (16) e (17). Pelo
contrário, (2; 3), aplicando ácido fórmico a temperaturas
diurnas acima de 30Q C, obtiveram uma eficácia muito infe-rior (49,2%). A diferença de resultados pode relacionar-se,
fundamentalmente, com a temperatura à qual decorreu o
ensaio e com o número de aplicações, uma vez que, no nosso caso, a temperatura máxima diurna não ultrapassou
os 25º C e só efectuamos uma aplicação. (7) afirmaram que na época de primavera uma aplicação é suficiente
para se obter uma boa eficácia no controlo desta doença. Anteriormente, (18) também verificou que a máxima efi cá-cia deste produto é obtida a uma temperatura
compreen-d,da entre 15 e 28ºC. A temperatura inferior a 15ºC o ácido evapora-se com dificuldade e acima dos 28-30ºC o ácido evapora-se rapidamente, pelo que ambas as situações
prejudicam a eficácia do tratamento. Estes exemplos per-mitem-nos sugerir que os resultados finais dos tratamentos
à base de ácido fórmico podem ver-se influenciados por distintas variáveis.
Este estudo evidencia a validez da utilização do ácido
fórmico no controlo da Varroose (com uma eficácia de 87,9%). No entanto, existe ainda actualmente a necessi-dade e a sensatez de adaptar os distintos métodos de aplicação de acordo às distintas realidades apicolas.
1!ii
Bibliografia
(1) Af\lDERSON. D. L and TRUEMAN. J W H. (2000\
Varroa Jacobsonl (Acari: Varroldae) IS more than one specles. Expenmental & Applled Acarology, 24: 165-189.
(2) UTINELLI, F, CREMASCO, S. NANETII, A, I\IIASSI
S, ARCUELO, P, ARTESE, F (1996) Ensayos con
diferentes métodos de apllcaclon dei ácido fórmiCO
(1) Vida Apicola, 76 17-21
(3) MUTINELlI. F CREMASCO. S, NANETTI. A, MASSI
S. ARCUELO, P ARTESE F (1996) Ensayos con ' diferentes metodos de aplicaclón dei aCido fórrnlco
(2) Vicia Aplcola, 77 38-43.
(4) SARDELLA, A e MATEUS, E (1981) DICionário
Escolar de QUlmlca, São Paulo, Atica
(5) CRANE, E. (1975), Honey: a comprehenslve survey
Heinemann, London, UK, 1-608
(6) HARTWIG A TOPOLSKA G KRZYZAf\lSKA I,
(1996) The use of Fonnadlol ior varroa dlsease
control ln producllve aplary. XL, 2: 175·178.
(7) EGUARAS, M, DEL HOYO, M, PALACIO, M. A
RUFFIf\lENGO, S, BEDASCARRASBURE E L
(2001). A new product wlth Form,ca ACld'for VarrOil jacobsobi Oud Control ln Argentina. I Efftcacy.
J
Quadro 1 - Valor médio de ácaros caídos no 1'2, 2'2 e no total dos períodos de contagem relativamente ao tratamento com ácido fórmico.
Tratamento
I
NI
Contaqem 1 ContaQem 2 TotalTestemunha
I
7I
167 + 68a 29 1 + 15 5a 45 8 + 19 7a Ácido formicoI
15I
155.3 ± 32.8b 906+ 28 2a 2459 + 57 4c- ~ ~
a-a, para P>O,05, a,....b, para PSO,01, a.,....c, para PSO,05
Figura 3 - Representação gráfica da eficácia obtida com a aplicação do ácido fórmico
100 90
80
Eficácia do ácido fórmico (%)
10
O'~~-r~~.-~-r~~~
2 3 5
Colmeias
6 7 8
(8) VANDAME. R. e DE FELlPE. H.M.A (2000). Controlo alternativo da Varroa na apicultura. O APicultor, 29: 19-30.
(9) RITTER, W and RUTNER, F. (1980). Neuewege ln der
Behandlung der Varroatose. Allg. Dtsch Irnkerztg,
14 151 - 155.
(10) WACHENDORFER, W, FIJALKOWSKI. J .. KAISER,
E .. SEINSCHE, O, SIEBENTRIH J. (1985)
Laboratory and fleld test wlth Illertisser Milbenplatte,
a new way of appllcation of forrnic acid to contrai
var-roatosls. Apidologie, 16 291 - 305.
(11) LlEBIG, G, SCHLlPF, U , FREMUTH, W, LUDWIG, W
(1984). Ergebnlsse der Untersuchungen uber die
Befallsentwlcklung der Varroa jacobsoni in
Stuttgart--Hohenllein 1983. AlIgemelne Deutsche
Imkerzeltung, 18: 185-191.
(12) FRIES, I (1989). Short-Interval treatrnents Witll forrnlc
aCld for contrai oi Varroa jacobsoni ln honey bee
(Apls melllfera) colonies in cold cllmates. Swedish
Journal Agrlcultural Researcll, 19: 213-216
(13) BOLLI, H. K, BOGDANOV, S, IMDORF. A, FLURI. P
(1993). Zur Wirkungswelse von Arneisensaure bel
Varroa jacobsonl Oud. Und der Honigblene (Apls mellifera L) Apldologl8.24 51-57
9
(14) STELL, R,G.D. e TORRIE, J.H., (1980). Principies and
procedures of statistics. A biometrical approach, 2nd Edition. Mc Graw-HIII, Inc, 1-633.
(15) BALL, B. (1994). Host-paraslte-pathogen Interactions.
ln: Matheson, A .. Ed New perspectives on varroa.
IBRA Carclrff, UI" 5-1 1 pp.
(16) EGUARAS, M, QUIROGA, S, GARCIA, O. (1996).
Control de Varroa jacobsoni (Acari: Gamasida)
rnedi-ante la utilizaclon de acidos organlcos. Apiacta,
XXXI 51-54.
(17) CALlS, J. r~. M, BOOr
w.
J" BEETSrvtA, J, VANDEN EIJNDE, J. H. P M, DE RUIJTER. A, VAN DER
STEEN J. J M (1998) Contrai of varroa by cornbln
Il1g trapping ln honey bee worker brood with formlc
acid treatment Df the capped brood outside the colony' putting knowledge on braod cell Invasion Into practice. Journal of Apicultural Resealch, 37(3): 205-215. (18) GATTI, F (1995). Trattamentl antivarroa cosa SI deve
e cosa non si deve fare Apitalia, 7-8: 34-36.