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Auditoria clínica ao tratamento da Diabetes mellitus num serviço de Medicina Interna – O internamento como janela de oportunidade

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w w w . e ls e v i e r . p t / r p e d m

Revista

Portuguesa

de

Endocrinologia,

Diabetes

e

Metabolismo

Artigo

original

Auditoria

clínica

ao

tratamento

da

Diabetes

mellitus

num

servic¸

o

de

Medicina

Interna

O

internamento

como

janela

de

oportunidade

Sara

Vieira

Silva

a,∗

,

Inês

Ferreira

a

,

Ana

Rita

Cruz

b

,

Miguel

Ricardo

a

,

Claudia

Pereira

a

,

Rute

Alves

a

e

João

Araújo

Correia

c

aInternoComplementardeMedicinaInterna,Servic¸odeMedicina,HospitaldeSantoAntónio,CentroHospitalardoPorto,Porto,Portugal

bAssistenteHospitalardeMedicinaInterna,Servic¸odeMedicina,HospitaldeSantoAntónio,CentroHospitalardoPorto,Porto,Portugal

cAssistenteHospitalarGraduadodeMedicinaInterna,DiretordoServic¸odeMedicina,HospitaldeSantoAntónio,CentroHospitalardoPorto,Porto,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo: Recebidoa16dejulhode2014 Aceitea24defevereirode2015 On-linea17deabrilde2015 Palavras-chave: Diabetesmellitus Internamento MedicinaInterna

r

e

s

u

m

o

Introduc¸ão:AnualmenteocorrememPortugalcercade100000internamentoscomaDiabetesmellitus (DM)comodiagnósticoprincipalousecundário,amaioriadelesemenfermariasdeMedicinaInterna (MI).OpresenteestudopretendeavaliaraabordagemdosdiabéticoseminternamentodeMIeauditara qualidadeassistencialrelativamenteaestadoenc¸a.

Materiaisemétodos:Análiseretrospetivadosepisódiosdeinternamentonoservic¸odeMIcomdiagnóstico deDMnumperíodode6meses.Recolhadedadosporconsultadoprocessoclínicoeletrónico. ResultadoseDiscussão: Consideraram-se1099episódios,42,8%comaDMcomoodiagnóstico princi-palousecundário,21,9%tinhamHbA1C>8%e63,0%eramdiabéticoshámaisde5anos,commúltiplas complicac¸õescrónicasnosórgãos-alvo.Aprocuraregistadadecomplicac¸õesdeórgão-alvofoiexcelente noscasosdaNefropatia(95,8%),Cardiopatiaisquémica(96,0%)eDoenc¸acerebrovascular(95,6%), insa-tisfatórianasrestantes.Ointernamentorevelou-secomooportunidadedealterac¸ãodeterapêuticaem 61,9%doscasos,sendoosinibidoresdaDPP4(34,2%)eainsulina(24,5%)osfármacoscommaiortaxa deintroduc¸ãodenovoeassulfunilureiasasquemaisforamsuspensas(53,6%).Àdatadealta,ataxade insulinizac¸ãodestapopulac¸ãofoide35,9%.

Conclusões:Osdadosapresentadosrefletemumaatitudeinterventivanosdoentesdiabéticosinternados, principalmentenaáreadaterapêutica.Háaindadéficedoregistoclíniconaprocuradecomplicac¸ões crónicasgravesdadoenc¸a.EstetrabalhotornaevidenteaimportânciadotratamentoglobaldaDiabetes numservic¸odeMedicinaInterna.

©2014SociedadePortuguesadeEndocrinologia,DiabeteseMetabolismo.PublicadoporElsevier España,S.L.U.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençadeCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

Clinical

audit

on

the

treatment

of

Diabetes

Mellitus

in

an

Internal

Medicine

service

-

hospitalization

as

window

of

opportunity

Keywords:

DiabetesMellitus Hospitalization InternalMedicine

a

b

s

t

r

a

c

t

Introduction: About100,000hospitalizationsoccureveryyearinPortugalrelatedtodiabetesmellitus (DM)asaprimaryorsecondarydiagnosis,mostofthemininternalmedicineservices(IM).Thisstudy intentedtoassesstheapproachofDMinIMhospitalizationandauditthequalityofcareforthisdisease.

Autorparacorrespondência:RuaD.ManuelII,n278,1(esquerdo,4050-343Porto.Tel.:+351963102086.

Correioseletrónicos:nevessp@gmail.com(S.VieiraSilva),inescmhferreira@gmail.com(I.Ferreira),ritalv.cruz@gmail.com(A.R.Cruz),miguelbentoricardo@gmail.com

(M.Ricardo),laupereira85@gmail.com(C.Pereira),ruteifalves@gmail.com(R.Alves),joaoacorr@gmail.com(J.AraújoCorreia).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpedm.2015.02.002

1646-3439/©2014SociedadePortuguesadeEndocrinologia,DiabeteseMetabolismo.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.U.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençadeCC BY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

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Methods:RetrospectiveanalysisofpatientshospitalizedintheIMservicewithadiagnosisofDMwithin aperiodof6months.Datacollectionbyconsultingtheelectronicmedicalrecord.

ResultsandDiscussion: 1099episodeswereconsidered,42.8%withDMastheprimaryorsecondary diagnosis,21.9%hadHbA1c>8%and63.0%hadDMformorethanfiveyears,withmultiplechronic complicationsintargetorgans.Registeredscreeningforchroniccomplicationswasexcellentincasesof nephropathy(95.8%),ischemicheartdisease(96.0%)andcerebrovasculardisease(95.6%),poorinothers. Thehospitalizationresultedasanopportunityfortherapeuticchangein61.9%ofcases.DPP4inhibitors (34.2%)andinsulin(24.5%)werethemorefrequentlyintroduceddrugclassesandsulfonylureasthemost frequentlysuspended(53.6%).Atdischarge,insulinizationratewas35.9%.

Conclusions:Thepresentdatareflectsaninterventionistattitudeinhospitalizeddiabeticpatients, especi-allyintheareaofpharmacologictherapy.Yet,thereisstillaclinicalgapregardingthescreeningofserious chroniccomplications.ThisworkclearlyshowstheimportanceofglobaltreatmentofDMinIMservices. ©2014SociedadePortuguesadeEndocrinologia,DiabeteseMetabolismo.PublishedbyElsevierEspaña,

S.L.U.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

A Diabetes mellitus(DM) é um dos principaisproblemas de saúdepúblicaemnívelmundial,nãosópelasuaaltaprevalência eincidência,mastambémpeloseuimpactoeconômico,pelassuas complicac¸õesepelamortalidadequeprovocaanualmente.1,2

Naúltimadécadaassistimosaumincrementosubstancialda prevalênciadaDMtipo2.Em2013aestimativadaOrganizac¸ão MundialdeSaúde(OMS)apontavapara382milhõesdepessoas comDM.Amenosquesejamtomadasmedidaspreventivas, estima--sequeessenúmeropossaaumentarpara592milhõesdepessoas emtodoomundoem2035.Nãomenospreocupanteéofatode ape-nascercademetadedessaspessoassaberemquetêmadoenc¸a1e cercademetadedosdoentescomDMtipo2teremcomplicac¸ões àdatadodiagnóstico2.Umdosfatoresdemográficoscommaior impactona prevalência da DM em nível mundial parece ser o aumentodaproporc¸ãodepessoascomidadesuperiora65anos.1,4 Portugalposiciona-seentreospaísesdaEuropacommaior pre-valênciadeDM,comtendênciaaaumentarnospróximosanos.Em 2012,aprevalênciadeDMfoiestimadaem12,9%2dapopulac¸ão portuguesa,dosquais43,3%pordiagnosticar.

Osdoentesdiabéticosapresentammaiorriscodeinternamento, considerandoaDMquercomodiagnósticoprincipalousecundário. Ainda,essadoenc¸aassocia-seapioresindicadoresclínicos,3-5como oaumentodotempodeinternamento,oriscodecomplicac¸ões,a necessidade de escalada de cuidados, a perda de autonomia e amaiormortalidade.

Anívelnacionalocorremcercade100.000internamentos/ano2 coma DM como diagnóstico principal ou secundário, a maio-ria delesem enfermariasde medicinainterna(MI). Apesar das limitac¸ões inerentes ao internamento, habitualmente atribuído a outras causas, este pode constituir uma oportunidade para intervenc¸ãonosdoentesdiabéticos.

Opresenteestudopretendeavaliaraabordagemdosdiabéticos eminternamentodeMIe,considerandoasuanaturezacomplexa emultissistêmica,auditaraqualidadeassistencialdoservic¸o rela-tivamenteaessadoenc¸a.

Materialemétodos

AnáliseretrospectivadosepisódiosdeinternamentodoServic¸o deMedicinadoCentroHospitalardoPortocomdiagnóstico prin-cipalousecundáriodeDM(ICD-9CM250),de1dejulhoa31de dezembrode2012(ototaldedoentesinternadosnesseperíodofoi de1.099).

Arecolhadosdadosfoiefetuadaporconsultadosregistosno processoclínicoeletrônico.Comessesdiagnósticosforam revis-tos470episódios(42,8%detodososepisódiosdeinternamentodo SMnessemesmoperíodo),dosquaisforamexcluídos16.Critérios

deexclusão:internamentodedurac¸ãoinferiora48horas, admis-sãoparacuidadosdefimdevidaourealizac¸ãodeprocedimentos eletivos.

Para cada episódio foram recolhidos: dados demográficos, presenc¸ade outrosfatores de risco cardiovascular(hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, excesso ponderal e hiperuri-cemia), diagnóstico principal de internamento e orientac¸ão à datadealta.RelativamenteàDM:valordehemoglobinaglicada (HbA1c) do último trimestre (incluindo o período de inter-namento), complicac¸ões micro e macrovascularesidentificadas, descompensac¸õesagudasnointernamento(hipoglicemia, hipergli-cemiasdedifícilcontrole,síndromehiperosmolarhiperglicêmica ecetoacidosediabética).Noque respeitaàabordagem terapêu-tica:registo derecomendac¸õesdietéticas,terapia farmacológica específicadaDMedirigidaàprevenc¸ãodadoenc¸acardiovascular, identificandoalterac¸õesnaprescric¸ão.

AanáliseestatísticafoiefetuadacomosoftwareSPSS®v21para Windows®.

Resultados

Caraterizac¸ãodemográficaedadosgeraisdointernamento

Aamostraemestudoécompostapor454episódios,52,8%do gênerofeminino,commédiade75anos(desvio-padrão11,5). Apre-sentavamalgumgraudedependêncianasatividadesdevidadiária 57%((n=259).Desses,35,9%(n=93)eramtotalmente dependen-tes.

Ademoramédiadeinternamentofoidenovediaseataxade reinternamentoaos30diasde14%(tabela1).Nomomentodaalta, 66,5%(n=272)foramreferenciadosaalgumaconsultaexterna(CE) deâmbitohospitalar(fig.1).

Amortalidadehospitalarfoide9,9%(n=45).Asépsisfoia etio-logiapredominante(notadamenteasépsisgrave).

Motivodeadmissão

Ainfecc¸ãofoiomotivodeinternamentoem44,9%daamostra (n=204),majoritariamenterespiratória(52,9%,n=108)e uriná-ria(18,6%,n=38).Ainsuficiênciacardíaca descompensada foia segundacausa mais prevalente de internamentoe representou

Tabela1

Indicadoresdequalidadedointernamento

Indicadoresdequalidade DoentescomDM Todososdoentes

Demoramédia 9,4 9,9

Reinternamentoaos30dias(%) 14,0 13,9

(3)

Medicina Endocrinologia Cardiologia Nefrologia Neurologia Oftalmologia Cirurgiavascular 151 16 47 21 36 24 9

Figura1. Orientac¸ãoparaconsultaexternahospitalar.

19,2%doscasos(n=87).ADMdescompensadafoimotivode admis-sãoem3,3%(n=15).

ADiabetesmellituseascomplicac¸õesagudasnointernamento

Em63%(n=286)doscasosotempodesdeodiagnósticodeDM eraigualousuperioracincoanos(fig.2).Jáem27,3%dosepisódios nãofoipossívelapuraradatadediagnóstico(n=124).ADMfoi diagnósticoinauguralemcincoepisódiosdeinternamento.

Ovalordehemoglobinaglicada(HbA1c)estavadisponívelem 84,4%dosepisódios(n=383);35%apresentavamHbA1cinferiora 6,5%(n=134),43,1%entre6,5e8%(n=165)e21,9%HbA1csuperior a8%(n=84).

Ocorreram descompensac¸ões agudas em 26,2% dos episó-dios (n=119): hiperglicemias em 84% (n=100) (13 casos de síndrome hiperosmolar hiperglicêmica [SHH], uma cetoacidose diabética[CAD]e86casosdehiperglicemiadedifícilcontrolesem critérios deSHHouCAD). Comofatores precipitantes maiorita-riamenteidentificados:infecc¸ão(n=60),corticoterapiasistêmica (n=12)edoentesemajusteterapêutico(n=9).Osrestantescasos de descompensac¸ão aguda (16%, n=19) referem-se a hipogli-cemias sintomáticas.Fatores precipitantes identificados dessas: desadequac¸ão da terapêutica instituída previamente ao inter-namento e/ou alterac¸ão das necessidades metabólicas face ao contextoagudo.

Complicac¸õesmicroemacrovasculares

Emapenas3,5%(n=16)dosepisódiosestavaregistadadeforma completaacaracterizac¸ãodascomplicac¸õesdetodosos órgãos--alvo.

Quantoàpresenc¸adecomplicac¸õesnosórgãos-alvo:cardiopatia isquêmicapresenteem63,2%(n=287);doenc¸acerebrovascularem

0 Desconhecido < 1 ano 1 a 5 anos 5 a 10 anos 11 a 20 anos > 20 anos 20 40 60 80 100 120 140 124 73 100 55 65 37

Figura2.TempodediagnósticodeDM.

0 100 Nefropatia Doenca cerebrovascular Cardiopatia isquémica Retinopatia Neuropatia Pé diabético Arteriopatia periférica 200 300 400 500 392 81 63 45 63 287 213 435 112 128 162 201 436 434 Repercussãopresente Repercussãopesquisada

Figura3. Complicac¸õesmicroemacrovasculares.

46,9%(n=213)edoenc¸arenalcrônicaestágio3daNKFousuperior em44,1%(n=200)(fig.3).

Outrosfatoresderiscocardiovascular

Quantoàpresenc¸adeoutrosfatoresderiscocardiovasculares (FRCV):hipertensãoarterialem83,3%(n=378),dislipidemiaem 59%(n=268),excessoponderalem41,2%(n=187),tabagismoativo oupassadoem23,6%(n=107)ehiperuricemiaem11,7%(n=53). Dosepisódios,75%apresentavamtrêsoumaisFRCV(fig.4).

Atitudesterapêuticas

Daanálisedosepisódiosdosdoentesnãofalecidos(n=409),à datadealtafoirevistaaabordagemterapêuticaem61,9%(n=253). Em45,7%(n=187)dosepisódiosdeinternamentofoiregistrada recomendac¸ãodemedidasdietéticas.Foiprescritaantiagregac¸ão em 263 (64,3%) episódios de internamento, dos quais 96,6% (n=254)apresentavamdoisoumaisFRCVefoiessaumaprescric¸ão denovoem12,1%(n=32).

Relativamenteaoatingimentomacrovascular,foiprescrito anti-agregante em: 77,2% (n=115) dos episódios com registo de cardiopatia isquêmica (n=149); 72,7% (n=48) na arteriopatia periférica (n=66); 70,9% (n=151) com doenc¸a cerebrovascu-lar (n=213). Por contraindicac¸ão formal, não foi instituída

0 20 40 60 80 100 120 140 160 6 5 4 3 2 1 23 91 159 127 45 9

(4)

Tabela2

Abordagemterapêuticafarmacológicaàadmissãoeàalta

Prescric¸ão

Admissão Alta

Suspensão introduc¸ão denovo Antidiabéticos Metformina 46,9% (n=192) 42,2% (n=175) 31,3% (n=60) 24,5% (n=43) Sulfonilureia 20,5% (n=84) 9% (n=37) 53,6% (n=45) 8,1% (n=3) Acarbose 2,9% (n=12) 0,7% (n=3) 66,7% (n=8) – Glitazona 4,6% (n=19) 3,2% (n=13) 47,4% (n=9) 15,4% (n=2) InibidorDPP4 28,4% (n=116) 29,3% (n=120) 31,2% (n=37) 34,2% (n=41) Insulina 28,6% (n=117) 35,9% (n=147) 8,5% (n=10) 27,2% (n=40) Outrosfármacos iECA 42,1% (n=172) 35,5% (n=145) 36,6% (n=63) 24,8% (n=36) ARAII 18,1% (n=74) 11,5% (n=47) 47,3% (n=35) 17% (n=8) Estatina 46,5% (n=190) 42,1% (n=172) 21,1% (n=40) 12,8% (n=22) iECA,inibidordaenzimaconversoradeangiotensina;ARAII,antagonistadoreceptor deangiotensina;DPP4,inibidordadipeptidilpeptidase4.

antiagregac¸ãoem4,5%(n=3)dosepisódioscomregistode arteri-opatiaperiféricae1,9%doscomregistodedoenc¸acerebrovascular (n=4).

Dosantidiabéticos,ametforminafoiofármacomaisprescritoà datadealta(42,8%dosepisódios),seguidadainsulina(35,9%)edos inibidoresdaDPP4(29,3%).OsinibidoresdaDPP4apresentarama maiortaxadeintroduc¸ãodenovo(em34,2%doscasos)(tabela2). A classe farmacológica mais frequentemente descontinuada foi a das sulfonilureias (suspensa em 53,6% dos episódios). No momentodaaltafoiprescritainsulinaem35,9%(n=147)dos epi-sódios.Em27,2%dessesfoiinstituídadenovo.

De47 episódios comDRC estágio4 ou5daNKF, 27 (57,4%) tiveramalta sobinsulina,23já fariampreviamenteàadmissão. Foiefetuadamodificac¸ãonadoseounotipodeinsulinaem44,4% (n=12).Dos29,8%(n=14)casossobantidiabéticosorais (notada-mentemetforminae/ousulfonilureia),essesforamsuspensosem 57,1%(n=8).

Dos74casoscommicroalbuminúriaouproteinúriafoiprescrito iECAouARAIIem44,6%(n=33).Em268episódioscomdislipidemia foiprescritaestatinaem58,2%(n=156).

Discussão

Noperíodo daanálise efetuadacontabilizaram-se1.099 epi-sódios de internamento no Servic¸o de Medicina. Desses, 470 (42,8%)tinhamodiagnósticodeDM.Tão significativa prevalên-ciaapresenta-secomoumindicadorpreocupantedoseguimento dosnossosdoentesdiabéticos,dadaaconhecidaassociac¸ãoa pio-resindicadoresclínicosdointernamentonessapopulac¸ão.Apenas secompreendepelaamostraseressencialmenteconstituídapor doentesidosos(idademédiade75anos)ecommúltiplas comor-bidades,logocomelevadoriscodeinternamento.Destaca-seque 57%(n=259)dapopulac¸ãoanalisadaapresentavamalgumgraude dependência,oquecondicionouaabordagemdiagnósticae tera-pêuticadessesdoentes.

SegundodadosdoObservatórioNacionaldaDiabetes2(OND),a demoramédiadointernamentohospitalar(médicoecirúrgico)de umdoentecomDM(comodiagnósticoprincipalousecundário)

éde10,5dias.No nossoestudo,a demoramédiaobservadafoi de 9,4 dias, ouseja, ligeiramente menordo que a supracitada, porémnãodiferiusignificativamentedogeraldosdoentes inter-nadosnomesmoperíodoemtodooServic¸odeMedicina(9,9dias). Paralelamenteàtaxa dereinternamento aos30dias do Servic¸o Medicinaemgeraledosepisódiosanalisados,tambémnãodifere deformarelevante(13,6%vs.14%,respectivamente).Finalmente, quantoàmortalidadeintra-hospitalar,oONDestima-aem7,7%, nonossoestudo,napopulac¸ãogeraleminternamentodeMIfoi de9,7%(n=45),sobreponívelàdaamostraestudadade9,9%.A semelhanc¸averificadaentreosdiferentesindicadoresgerais consi-deradospoderárefletirqueacomplexidade/gravidadeclínicageral dosdoentesinternadosaocuidadodonossoservic¸onãoseja alte-radasignificativamentepelacoexistênciadeDM.

Majoritariamenteapopulac¸ãodiabéticaéadmitidaparagestão decomplicac¸õesrelativasàscomorbidades,enãodiretamentepor descompensac¸ãoagudadaDM7,8,verificadaemapenas3,3%(n= 15)doscasos,númeropoucoexpressivo,dadoqueessesdoentes sãomajoritariamenteadmitidosnoServic¸odeEndocrinologiado nossoCentroHospitalar.

Ointernamentoconstituitambémumaoportunidadede diag-nóstico de novo, comose observouem cinco casos. De fato, a American DiabetesAssociation prevê a pesquisa deHbA1c nos doentessemdiagnósticoequeseapresentemcomhiperglicemias duranteointernamento.6

Aliteraturaexistenteapoiaaindaqueosdoentesdiabéticoscom necessidadedeinternamentosejamoscompiorcontrole meta-bólicoecomintercorrênciasassociadas7,8.Nopresenteestudo,o controlemetabólico,estimadopelaHbA1c,foiobtidonamaioria dosepisódios.Quaseumquartodessesapresentou-secomvalor acimadoestipuladocomorazoável(HBA1c>8).Édesalientarque umasignificativaparceladosdoentesconsideradospertenceauma faixaetáriaavanc¸adaeapresentacomorbidadesemqueoalvodo controlemetabólicoéporissomenosestrito.8-10

Verificaram-se descompensac¸ões agudas da DM em 26,2% (n=119) dos episódios, o que sublinha em parte a importân-ciadamonitorac¸ãometabólicanodoentediabéticointernado.As hiperglicemias foram as mais frequentementeverificadas.Já as hipoglicemias,apenassedocumentaramem19(4,2%)dos episó-dios,fatoarealc¸ardadooseuvalordemauprognóstico.

Quanto às complicac¸ões micro e macrovasculares, foi possí-velapurarasuaavaliac¸ãocompletaemapenas3,5%(n=16)dos episódios.Essenúmerolimitadodeepisódiosrevelauma insufi-cienteavaliac¸ãoglobaldodoentediabéticointernado,oquepode comprometerasuamelhororientac¸ão.Nodoentediabéticoestá preconizado orastreioeseguimentodas suascomplicac¸õeseo respectivointervalodeavaliac¸ão.6 Nãoéclaroopapeldo inter-namento para o fazer. No entanto, no contexto em que se fez estetrabalho,reforc¸a-sequeolevantamentodedadossecingiu aoregistradoequemuitosdosepisódiosconsiderados,pelos pró-priosobjetivosdo internamento(determinadospelaspatologias associadas condicionadorasde prognóstico ouo grauavanc¸ado dedependência),nãojustificaramasua avaliac¸ão. Peloreferido, a interpretac¸ãodas complicac¸ões registradas foilimitada pelos dadosdisponíveis.Apenassepodemrealc¸arascomplicac¸ões micro-vasculares,comumnúmeromuitosignificativodedoentescom insuficiênciarenalcrônicaemestágioavanc¸ado(44,1%em está-gio≥3NFK, n=200), oque conferesignificativas implicac¸ões à terapêuticainstituída,bemcomoàorientac¸ãosubsequente des-sesdoentes(emespecialemfasepré-dialítica).Porseulado,do atingimentomacrovascular, a cardiopatia isquêmicaea doenc¸a cerebrovascularforam amplamentepesquisadas, oque se com-preendepeloimpactoque têmna gestãoeminternamentodos doentes.Destaca-seaelevadaprevalênciadessaspatologias(66% e49%,respectivamente),queconstituemasprincipaiscausasde mortalidadeemPortugal11.Oriscovasculardapopulac¸ãodiabética

(5)

intensifica-sequandoassociadoaoutrosfatoresderisco cardio-vascular, associac¸ãoverificada amplamentenopresente estudo. Em2007osdadosdoEurotrial12indicaramqueaprevalênciada HTAemPortugalerade42,1%.Noentanto,napopulac¸ãocom>64 anosessaaumentapara>70%,aindaassiminferioraovalorobtido na nossa populac¸ão (mais idosa e diabética). Associadamente, quase metade da populac¸ão do presente estudo tinha excesso ponderal.

OtratamentodaDMengloba,comomedidadeprimeiralinha,a educac¸ãoparaasaúde–quernoquedizrespeitoàalimentac¸ãoeao exercíciofísico,queremtermosdeensinodetécnicasde autovigi-lância,controledadoenc¸aesuascomplicac¸ões13.Ointernamento éummomentodecontatoprivilegiadocomoscuidadosdesaúde eseusprofissionais emotivaporvezesmaiorreceptividadeaos ensinospossíveiseàspotenciaismudanc¸asterapêuticas.Paraalém detodaalogísticaemtornodasvariadasegravescomplicac¸ões daDM,oseuelevadocustoparaasaúdeprende-sediretamente aosfármacos,àstiras-teste,àsconsultasexternasdecuidadosde saúdeprimáriosehospitalares,aoscuidadosde enfermageme, maissignificativamente,aoscustosdointernamento.Defato,em 2013essesrepresentaram 454,8milhõesde euros2 e constituí-rama parcelamaiselevadadadespesa associadaàDM. Apesar dasuaonerosidadeedaslimitac¸õesinerentesàcomplexidadedos internamentosnumservic¸odeMI,essesconstituemaindaassim mais uma oportunidadede aferiro status dadoenc¸a einvestir emmedidascusto-efetivasquemelhoremaqualidadedevidados doenteseocontroledaDM.Nopresenteestudoaantiagregac¸ão foiadequadamenteinstituída,mantidaoususpensanamaioriados casoseficoupordeterminaromotivopeloqualem37episódios, ausentecontraindicac¸ãoformal,essa nãofoi instituída. Admiti-mosquedadooatingimentomarcadodoestadogeraleelevado graudedependênciadosdoentes,essanãorepresentasse benefí-cioefetivo.Ointernamentoconstituiutambémumaoportunidade de revisão da estratégia terapêutica, refletida na alterac¸ão fre-quentedaprescric¸ãodeADOounoiníciodeinsulinoterapia.Apesar denemsempreseremacessíveisosmotivosdessaalterac¸ão,que permitamavaliaraescolhaadotada,osmaisfrequentemente veri-ficadosforamomaucontrolemetabólico,apresenc¸adedisfunc¸ão renaleahistóriaouriscodehipoglicemias.Noquedizrespeito ao tipodeADO,a tendência para ametformina eosinibidores da DPP-4 em detrimentodas sulfonilureias vai deencontro ao perfildeseguranc¸aeaosobjetivosdetratamentopretendidosna populac¸ãoidosaecommúltiplascomorbidades2.Defato,estudos comparativos,omaisrecentedeMarikoOishi,14queconsiderou o período de2002 a 2011, confirma a tendência de uma cres-centeprescric¸ãodasbiguaninas(28,7para47,7%),umasignificativa prescric¸ãodosinibidoresdaDPP-4,apesardeclasse farmacoló-gicarecentementeinstituída(6,8%emmonoterapia,30,7%quando combinada),e uma diminuic¸ãoda prescric¸ãodas sulfonilureias (37,7para 12,5%).Essatendência foitambémconsiderada nou-troscontextos,comonosEstadosUnidosdaAmérica15enoReino Unido.16Surpreendeaindaumasignificativataxadeprescric¸ãode metforminaàdatadealta queatendeàelevadaprevalênciade insuficiênciarenal.Essaapenassecompreendeporquetambémfoi elevadaasuataxadesuspensão,noscasosdeinsuficiênciarenal moderadaagrave,emantém-secomofármacodeeleic¸ãode mui-tosdosdoentesseminsuficiênciaoucominsuficiênciarenalapenas ligeira.

Ainsulinafoiprescritaemumterc¸odosepisódiosesuperou mesmoodescritonoutrasséries14-16edenovoem27,2%desses. Essesdadosreforc¸amaimportânciadointernamentoemunidade multidisciplinarparainiciaroureverumaterapêuticaqueexige ensinoevigilânciaparaosquaisnemsempreadinitioestão reuni-dascondic¸õesemambulatório.

Como principais limitac¸ões do estudo há a salientar a sua natureza retrospectiva, a amostra selecionada dependente da

codificac¸ãopeloGDHeofatodeacolheitadedadosserrestrita aoregistonoprocessoclínicoeletrônico.

Conclusões

Nesteestudo,queenglobou1.099episódiosdeinternamento numservic¸odeMI,aDMfoiodiagnósticoprincipalou secundá-rioem42,7%doscasos.Desses,21,9%(n=84)tinhamHbA1C>8%e 63%(n=286)eramdiabéticoshaviamaisdecincoanos,com múlti-plascomplicac¸õesnosórgãos-alvo(cardiopatiaisquêmicaem63,2% (n=287),doenc¸acerebrovascularem46,9%(n=213)edoenc¸arenal crônicaemestágioavanc¸adoem44,1%(n=200).

Aprocuraregistadadecomplicac¸õesdeórgão-alvofoi exce-lentenoscasosdanefropatia(95,8%,n=435),cardiopatiaisquêmica (96%,n=436)edoenc¸acerebrovascular(95,6%,n=434).Foi insa-tisfatóriaparaaretinopatia(24,7%,n=112),neuropatiaperiférica (28,2%,n=128),arteriopatiaperiférica(44,3%,n=201)epé diabé-tico(35,7%,n=35,7).

ADMéapenasumdosFRCVpresentenosdoentesinternados noservic¸odeMI,pois

¾

dessesapresentaram-secompelomenos trêsFRCV.

Ointernamentorevelou-secomooportunidadedealterac¸ãode terapêuticaem55,7%doscasos.OsinibidoresdaDPP4eainsulina foramosfármacoscommaiortaxadeintroduc¸ãodenovo(34,2%e 27,2%)eassulfonilureiasasquemaisforamsuspensas(53,6%).À datadealta,ataxadeinsulinizac¸ãodessapopulac¸ãofoide35,9%.

Osdadosapresentados,apesarderefletiramumaindesejável elevada prevalência de doentes diabéticos internados, refletem tambémumaatitudeinterventivanointernamentodessesdoentes, principalmentenaáreadaterapêutica.Háaindadéficedoregisto clíniconaprocuradecomplicac¸õesgravesdadoenc¸a(retinopatia, neuropatia, arteriopatiaperiféricaepé diabético).Estetrabalho tornaevidenteaimportânciado tratamentoglobaldaDMnum servic¸ode MI esalienta, contudo, que a gestãodesses doentes esuascomplicac¸õesdeveocorrerpreferencialmentenocontexto doambulatório,numaarticulac¸ãoconcertadaentreas especiali-dades,notadamentedeMedicinaGeraleFamiliar,Endocrinologia eMedicinaInterna,comomododegarantirumamaiorqualidade decuidadosprestadoscomumcusto-efetividademelhordoqueo alcanc¸adoeminternamento.

Conflitodeinteresses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses. Referências

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