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TítuloEducaçâo Ambiental em jardins botânicos: um caso brasileiro

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Academic year: 2020

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(1)MARCO TEÓRICO ISSN: 1887-2417 D.L.: C-3317-2006. Educação Ambiental em Jardins Botânicos. Um caso brasileiro Environmental education within Botanic Gardens. A Brazilian case Maryane V. Saísse1 e María Manuela Rueda2. 1 Educadora do Núcleo de Educação Ambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e 2 Chefe do Núcleo de Educação Ambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Brasil). Resumo Os Jardins Botânicos são instituições cada vez mais abertas ao público, que visam a pesquisa, a conservação vegetal e a educação. Hoje, de acordo com o Botanic Gardens Conservation Internacional (BGCI), existem cerca de 33 mil espécies de plantas ameaçadas de extinção, enquanto há mais de 2500 jardins botânicos e arboretos no mundo, a maior parte em centros urbanos e que recebem uma estimativa de 200 milhões de visitantes por ano. Nesse quadro, a educação ambiental assume papel estratégico visando sensibilizar e mobilizar um público amplo tornando-o multiplicador dos esforços pela conservação da biodiversidade. No Jardim Botânico do Rio de Janeiro a educação ambiental segue os princípios socioambientais do Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA e compartilha das orientações da Estratégia de Conservação em Jardins Botânicos, construindo projetos através do diálogo com diversas disciplinas. O Núcleo de Educação Ambiental (NEA) desenvolve atividades em ações organizadas nas linhas de Divulgação Científica, Formação de Educadores Ambientais, Formação de multiplicadores, Educação para a Gestão Ambiental, Pesquisa em EA e Extensão, buscando ampliar a reflexão sobre a questão ambiental e a implantação de programas educativos para além dos canteiros do Jardim. Abtract Botanic Gardens are increasingly becoming accessible to the public, developing scientific research, plant conservation and education. Today, according to Botanic Gardens Conservation International (BGOI), there are about 33 thousand plant species threatened by extinction, while there are over 2500 botanic gardens in the world, most in urban centres, which receive about 200 million visitors per year. In this context, environmental education assumes a strategic role aiming to be sensitive and encourage the involvement of the public increasing the efforts for the biodiversity conservation. In the Rio de Janeiro Botanic Garden, Environmental Education follows social and environmental principles established by the National Program of Environmental Education –ProNEA and shares the guidelines of the Strategy of Conservation in Botanic Gardens, developing projects through the dialogue between diverse disciplines. The Environmental Education Centre (NEA) develops activities organised within the areas of scientific information, Training of Environmental Educators, Education of the Providers, Education for the Environmental Management, Research in Environmental Education encouraging the reflection of the environmental issue and the development of an educative program beyond the garden walls. Palavras chave Educação ambiental, Jardins botânicos, Conservação da biodiversidade Key-words Environmental Education, Botanic Gardens, Biodiversity Conservation ambientalMENTEsustentable ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. xullo-decembro 2008, ano III, vol. II, núm. 6, páxinas 7-19. .

(2) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” Paulo Freire. Introdução. loca os jardins botânicos, lugar de natureza e cultura, em posição relevante. A expansão do mundo iniciada com a descoberta da América descortinou uma grande diversidade biológica e colocou a acli-. Os jardins botânicos já em sua fase em-. matação de espécies exóticas na agenda. brionária em Atenas (372-287 a.C) se ca-. econômica das potências coloniais. Foi o. racterizaram como espaço de transmissão. estabelecimento dos Jardins Botânicos. de cultura, voltado à observação e classi-. que possibilitou a transposição dessas. ficação de plantas.. espécies por todo o globo, o que os fez desenvolver num campo de tensão entre. Espaços de apoio das práticas medicinais. objeto da ciência botânica e instrumento. monásticas na idade média se estenderam. de incremento à produção agrícola. Con-. às universidades européias no século XVI. seqüentemente, um instrumento político.. por iniciativa de monges, professores das universidades e alguns mecenas. Come-. Expedições científicas como a Viagem. çaram então a serem reconhecidos como. Filosófica da Capitania do Grão Pará, no. ambientes de observação, experimenta-. norte do Brasil e com orientação de Van-. ção e investigação, que buscavam a re-. delli. produção do mundo vegetal de uma forma. Lisboa, e a Real Expedição Científica à. sistemática e orientada para a transmissão. Nova Espanha, que atravessou parte das. desse conhecimento, originando os jardins. Américas do Norte e Central, resultaram. botânicos modernos.. na remessa de milhares de amostras da. – diretor do Real Jardim Botânico de. fauna e da flora para a Europa, incremenA classificação binária de plantas criada. tando, no âmbito botânico, os grandes jar-. por Lineu em 1757, deu grande contribui-. dins botânicos como os de Madri, Lisboa,. ção para a difusão do conhecimento sobre. Viena, Paris e Londres.. o mundo vegetal e isso refletiu nos jardins botânicos que ganharam muita importância. A consciência da crise ambiental e da. no final do século XVIII, seguindo a valori-. ameaça à biodiversidade, a partir da se-. zação que adquiriam as ciências naturais. gunda metade do século XX, levou os jar-. com o Iluminismo. A laicização do pensa-. dins botânicos a ocuparem uma posição. mento, quando o homem passa a ser defi-. estratégica na conservação da diversida-. nido pelas suas relações com a natureza e. de vegetal, ao mesmo tempo, que ampliou. as condições de superação que conseguia. seu papel social em direção à conscienti-. estabelecer com ela através da cultura, co-. zação pública e à inclusão social.. . ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(3) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. Segundo o BGCI - Botanic Gardens Conservation Internacional existem hoje mais de 2.500 jardins botânicos e arboretos espalhados pelo planeta com capacida-. Educação Ambiental em jardins botânicos: “conscientizar para conservar”. de técnica necessária para manter largas reservas de germoplasma e que guardam uma coleção estimada em “100.00 espécies de plantas superiores, a maior reserva de diversidade vegetal fora dos habitats naturais e semi-naturais”1. Desse total de plantas, dez mil plantas são raras ou estão ameaçadas de extinção. Soma-se a isso o fato que esses espaços verdes estão em sua maioria em áreas urbanas e recebem uma média anual de 200 milhões de visitantes que os buscam com objetivos de educação, cultura e lazer. Essas instituições, atualmente descritas como “Instituição que guarda coleções documentadas de plantas vivas, visando à pesquisa científica, à conservação, à exibição e a educação”2, passaram a se organizar em rede no final do século XX com o objetivo de prover uma estrutura global comum de políticas para jardins botânicos com vistas à conservação. Estabeleceram para isso estratégias e normas, onde a educação ambiental aparece como um dos elementos principais da missão global.. Até a década de 80 a função conservacionista dos jardins botânicos estava implícita. Hoje, de acordo com o IUCN –International Union for Conservation of Nature– essas instituições devem ser entendidas como centros de recursos para a conservação, pesquisa e desenvolvimento e seu valor na conservação deve ser tratado por diversos campos da ciência. O primeiro passo para a elaboração de uma estratégia comum a todos os jardins botânicos, foi dado em 1985 com a Estratégia dos Jardins Botânicos para a Conservação. Parte integrante de um programa conjunto entre a IUCN e a WWF3 para Conservação das Plantas, visava defender a importância destas em todas as atividades de conservação. Esse documento que buscava orientar os jardins botânicos na adoção de ações comuns foi debatido na conferência internacional sobre “Jardins Botânicos e a Estratégia Mundial para a Conservação”, realizada na Espanha e a versão final do documento foi aprovada em 1989 no 2º Congresso dos Jardins Botânicos para a Conservação, com base na reflexão sobre o papel dos jardins botânicos como agentes vitais para a ação. 1. http://www.bgci.org/policy/citesmanual/ 2. Normas Internacionais de Conservação para Jardins Botânicos, 2001. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. 3. Worldwife Fund for Nature. .

(4) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. conservacionista. Naquela ocasião, 60 mil. deixá-lo fascinado e entretido: a educação. espécies de plantas estavam ameaçadas. não causa motivação, a menos que haja. de desaparecer ou de empobrecer gene-. interesse.. ticamente, enquanto existiam 1500 jardins botânicos e arboretos no mundo. O ex-. A Estratégia estimulou a criação de novos. pressivo número de visitantes desses es-. jardins botânicos e a renovação de anti-. paços era visto positivamente, no sentido. gos. Esse fato aliado às demandas sociais. que se esperava que através de ações de. e à necessidade de incorporar novas polí-. educação ambiental, esse público abra-. ticas de conservação às suas práticas, re-. çasse os objetivos da conservação e se. sultou na revisão do documento.A posição. tornasse multiplicador desses esforços .. estratégica dos jardins botânicos precisa-. 4. va ser re-contextualizada frente ao novo Os jardins botânicos foram chamados a. quadro de alianças que se formava para o. implementar a Estratégia Mundial para a. enfrentamento da crise ambiental. A fim de. Conservação e a elaborar seus próprios. orientar uma atuação em rede foram pu-. planos através de parcerias, no sentido. blicadas em 2000, pelo BGCI, órgão que. de defender a conservação das plantas e. se tornou independente da IUCN com a. atrair a atenção do público, por intermédio. missão específica de apoiar a instituição. de programas educacionais apropriados,. jardim botânico, as Normas Internacionais. com abordagem que privilegiasse a pre-. de Jardins Botânicos para a Conservação. servação da diversidade genética e o de-. com o objetivo de prover uma estrutura. senvolvimento sustentável. As estratégias. global comum de políticas para jardins bo-. sugerem que alguns princípios comuns. tânicos definindo o papel dessas institui-. deveriam estar presentes nos programas. ções no desenvolvimento de sociedades. educativos de todos os jardins. Sugeria,. globais e possibilitando a formação de. por exemplo, que os métodos para a con-. alianças dirigidas para a conservação da. servação fossem valorizados no sentido. biodiversidade.. de convencerem os visitantes do alcance das ciências e da importância do pa-. Além de fornecer uma orientação global. pel dessas instituições. A orientação era. para os jardins botânicos, essas Normas. para que as atividades educativas fossem. pretendiam contribuir para a implementa-. múltiplas e variadas conquistando o públi-. ção efetiva dos tratados internacionais,. co para a sua mensagem. A intenção era. leis nacionais e outras estratégias relevantes para a conservação da biodiversidade. Nesse sentido incorpora como fontes a Agenda 21, a Convenção sobre Diversida-. 4. Normas Internacionais de Conservação para Jardins Botânicos, 2001. 10. de Biológica, a Convenção sobre Comér-. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(5) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. cio Internacional de Espécies de Fauna. A educação foi concebida, com vistas à. e Flora Silvestre em Extinção, a Conven-. conscientização pública, como um dos. ção das Nações Unidas para o Combate. elementos principais da missão global. à Desertificação, a Convenção das Na-. dos jardins botânicos necessária para. ções Unidas sobre Mudança Climática, a. promover a sustentabilidade ambiental.. Convenção sobre Proteção do Patrimônio. A Agenda 21 e a Convenção sobre Di-. Cultural e Natural do Mundo, a Conven-. versidade Biológica (CDB), resultantes da. ção sobre Terras Úmidas, o Plano Global. Conferência Rio-92, são assumidas como. de Ação para a Conservação e Utilização. pilares da nova concepção de educação. Sustentável de Recursos Genéticos de. e a parceria com as escolas é encoraja-. Plantas para Alimentação e Agricultura,. da, vendo-se nisso a possibilidade de ser. além da legislação específica de cada país. o professor um parceiro multiplicador da. pertinente a esses temas.. mensagem conservacionista.. As Normas incluem a dimensão sócio-. Pelas Normas os Jardins Botânicos de-. econômica ao estabelecer mais claramen-. viam desenvolver-se como centros para. te as relações entre sociedade e natureza. educação e sustentabilidade ambiental. pelo viéis do desenvolvimento sustentá-. contando com educadores profissionais. vel. Dessa maneira, constitui para os jar-. e programas de educação ambiental bem. dins botânicos uma nova função social,. planejados e com recursos fixos. O pro-. ao mesmo tempo em que coloca para a. grama de EA devia estabelecer metas e. comunidade uma participação maior nas. propor novas atitudes e comportamentos. ações da instituição, tornando esta cada. a serem encorajados. Mensagens de con-. vez mais aberta ao público. Nessa pers-. servação, questões de sustentabilidade e. pectiva sugere aos jardins botânicos. desenvolvimento devem ser priorizadas e debatidas, assegurando uma certa flexibi-. “Desempenhar um papel ativo, na comu-. lidade aos programas levando em conta os. nidade, em serviços de extensão e pro-. diferentes valores culturais e comunitários.. gramas de grande alcance, em áreas tais como mitigação da pobreza, cuidados mé-. A fim de complementar esses documentos -. dicos, treinamento, desenvolvimento hortí-. Estratégia e Normas- são elaboradas e publi-. cola e outros campos que ajudarão a gerar. cadas, por iniciativa do BGCI e da WWF, di-. melhores padrões de vida e sustentabilida-. retrizes para educação em jardins botânicos,. de para as comunidades locais”. para uma ação planejada de conservação.. 5. Inicialmente formuladas para o desenvol4. Normas Internacionais de Conservação para Jardins Botânicos, 2001, p. 84. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. vimento de estratégias individuais nos jar-. 11.

(6) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. dins botânicos, as diretrizes se prestavam. As diretrizes inovaram ao buscar maior re-. a ser um método para a construção do. lação entre as ciências naturais e as ciên-. projeto pedagógico local.. cias sociais, ao assumir o princípio político que há no ato educativo e ao provocar a. Essas diretrizes buscavam contribuir para. transversalização dessa abordagem edu-. a realização das metas traçadas pela Es-. cativa em toda instituição.. tratégia Global para a Conservação de Plantas, adotada a partir da sexta reunião. Entretanto essa concepção absorve um. da Conferência das Partes da Convenção,. corolário de “novos” conceitos, seguin-. realizada em Haia, em 2002, em particu-. do as orientações das agências interna-. lar as de nº12 e nº13 usar a diversidade. cionais, ignorando que muitos países já. vegetal de forma sustentável e de nº14. concebiam a educação ambiental de uma. promover a educação e a conscientização. forma mais crítica e por isso mesmo tota-. sobre a diversidade vegetal e fazer com. lizadora e política. Por esse motivo a Edu-. que jardins botânicos dos cinco continen-. cação Ambiental para o Desenvolvimento. tes realizassem diagnósticos para atuarem. Sustentável (EDS) tem sido questionada. dentro de suas necessidades.. por vários educadores, entre outros analistas, que entendem que a educação di-. Dando continuidade a essa proposta Edu-. rigida para um conceito em disputa não. cação para o desenvolvimento Sustentá-. atende a todos os sujeitos sociais. Afinal,. vel: Diretrizes para a atuação de jardins bo-. de que desenvolvimento sustentável es-. tânicos foi publicado pelo BGCI em 2006,. tamos falando? Como reflete Loureiro: “A. assumindo uma posição que buscava cla-. generalidade do conceito pode gerar até. ramente a articulação entre sustentabilida-. projetos antagônicos (apropriações distin-. de ambiental e justiça social.. tas por diferentes grupos e classes sociais, expressando visões de mundo e interesses. “A EDS é um processo holístico para a. conflitantes). Os sentidos ideológicos agre-. abordagem das questões ambientais e re-. gados ao conceito, as práticas entendidas. lativas ao desenvolvimento do século XXI.. como sustentáveis e sua suposta capaci-. Essas diretrizes se propõe a ajudar os jar-. dade integradora e mobilizadora de grupos. dins botânicos a desenvolver seu pensa-. sociais são, portanto, aspectos que devem. mento dessa forma e assim contribuírem. ser considerados. O conceito de desenvol-. para uma vida sustentável”6. vimento sustentável sem implicar a crítica das múltiplas desigualdades existentes na sociedade, termina por ser uma mera ten-. 6. Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Diretrizes para a atuação dos jardins botânicos, 2006, p. 4. 12. tativa de ajustar-nos ao modo de reprodução social capitalista (ou a qualquer outro. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(7) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. excludente), que nos coloca na situação. à transmissão dos conhecimentos científi-. de crise ecológica global.” (2005, p.8). cos e à conscientização para a conservação da natureza, deixando de abordar os. Não se trata simplesmente de negar todas. aspectos políticos, econômicos, culturais. as premissas contidas na concepção do. e sociais. Cristalizam o ensino da ecolo-. genérico “desenvolvimento sustentável” e. gia, apresentando o ser humano como. demais conceitos que o acompanham. Em. elemento da cadeia alimentar ou, no má-. jardins botânicos, como nos diversos es-. ximo, causador genérico do desequilíbrio. paços educativos, temos como horizonte. ambiental, sem diferenças e sem história.. a busca de uma outra realidade que com-. Com isso perdem a referência dos princí-. porte uma relação mais respeitosa com a. pios norteadores da educação ambiental.. natureza e menos desigual no direito ao uso dos recursos naturais. Princípios como. Trata-se assim de reconhecer o papel es-. os que consideram a racionalidade do uso. tratégico desses espaços para possibilitar. desses recursos, a diversidade em sua. vivências e diálogos que mudem a relação. dimensão natural e cultural, a participa-. da sociedade com a natureza, visando re-. ção social, a integração entre o sentir e o. fletir e agir em prol da conservação bio-. pensar são pilares de nossa missão. O que. lógica. Mas para isso é fundamental ex-. precisa estar presente e associado a esse. pandir os objetivos “conscientizantes” da. entendimento é a necessidade de contex-. visão comportamental, restrita à mudança. tualizar esses conceitos, definindo coleti-. de atitudes, e inseri-los na perspectiva de. vamente que futuro queremos construir, o. Freire (1983), onde conscientizar implica o. que queremos manter e o que é imperativo. movimento dialético entre o desvelamento. transformar. Desvelar o que fica oculto em. crítico da realidade e a ação social trans-. idéias como conservação, desenvolvimen-. formadora, seguindo o princípio de que os. to e sustentabilidade, por exemplo, seja a. seres humanos se educam reciprocamen-. partir de uma espécie arbórea, de uma pai-. te e mediados pelo mundo.. sagem, de um monumento histórico ou de um equipamento científico pode ser muito rico e gerar de fato um movimento na defesa da conservação da vida no planeta. Em jardins botânicos, como em parques. Educação Ambiental no Jardim Botânico do Rio de Janeiro: “educar para transformar”. e reservas, o enfoque naturalmente privilegiado das atividades é o das relações entre espécies vegetais e seu meio. Essas atividades algumas vezes se limitam. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi criado em 1808 com a chegada da corte. 13.

(8) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. portuguesa no Brasil. Uma das primeiras. gico: sensibilizar e mobilizar o público com. instituições fundadas no país, serviu à. vistas à construção de uma outra relação. aclimatação de espécies vegetais exóticas. da sociedade com a natureza.. como o cravo- da- índia (Syzygium aromaticum L.), a canela (Cinnamonum zeylani-. O Brasil possui atualmente 34 jardins bo-. cum Nees) e a fruta-pão (Artocarpus altilis. tânicos, representando todos os biomas. Park.). Um marco para a ciência botânica. brasileiros e vinculados à Rede Brasileira. foi o ano de 1824 quando assumiu o pri-. de Jardins Botânicos, criada em 1991 para. meiro diretor botânico da instituição, um. fomentar a integração e o desenvolvimen-. frei carmelita, organizando as coleções. to dessas instituições brasileiras. Segun-. e abrindo mais o espaço ao público. Na. do dados da Rede metade desses jardins. segunda metade do século XIX o Jardim. botânicos possui um Centro de Educação. atendeu aos interesses da agricultura para. Ambiental atuante. Na estrutura da Rede. revitalizar as terras empobrecidas, devi-. foi criada uma comissão de educação. do à cultura da cana de açúcar (Saccha-. ambiental, o que tem possibilitado o com-. rum officinarum L.) e para formar mão de. partilhamento de experiências e de estra-. obra qualificada, em substituição à mão. tégias para o fortalecimento da educação. de obra escrava. Período em que predo-. nesses espaços.. minaram, além do destaque do uso público em visitações, a química, as técnicas. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro é. agrícolas e a formação de jovens pobres. uma instituição federal de pesquisa botâ-. para trabalhar no campo, colidindo com. nica vinculada ao Ministério do Meio Am-. o que era esperado de uma instituição. biente e sua área de 137 ha. foi decretada. botânica. Na transição para a República,. pela UNESCO como Reserva da Biosfera.. em 1890, o Jardim Botânico resgatou a. A área cultivada abriga cerca de nove mil. pesquisa botânica, aumentando as expe-. exemplares de plantas e uma área de re-. dições científicas e sistematizando o es-. manescentes da Mata Atlântica. Recebe. tudo da flora brasileira. Consolidando-se,. anualmente cerca de 600 mil visitantes, dos. ampliou cada vez mais o acesso público. quais grande parte em visitas escolares.. e a sua dimensão educativa: foi um período ativo em ensino botânico com aulas de. Hoje, a educação ambiental no Jardim. campo, estágios, atendimento às escolas.. Botânico do Rio de Janeiro é desenvol-. O engajamento dos Jardins Botânicos na. vida pelo Núcleo de Educação Ambien-. luta pela conservação da biodiversidade,. tal (NEA) que está estruturado como um. expandiu seu papel e o comprometimento. Centro de Educação Ambiental (CEA), isto. social da instituição, onde a educação am-. é, possui equipe multidisciplinar formada. biental passou a ocupar um lugar estraté-. por educadoras do quadro institucional,. 14. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(9) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. conta com edificação de uso planejado,. de Janeiro e das Conferências Nacionais. com equipamentos e com recursos pró-. do Meio Ambiente.. prios destinados aos projetos, o que tem possibilitado a permanência do programa. Buscamos relacionar em nossas ações,. com uma dinâmica efetivação do projeto. sensibilização, apreensão do conhecimen-. pedagógico.. to e atitude cooperativa e transformadora frente às questões ambientais, a partir do. O Núcleo foi criado em 1992, seguindo a. cenário natural e estratégico formado pelo. Constituição Brasileira de 1988 e os princí-. Jardim Botânico e seu entorno, tendo em. pios resultantes da Conferência de Tbilisi.. mente o que nos lembra Reigota (1994) que. Tem como pressupostos teóricos a edu-. a missão de conservação biológica de ins-. cação ambiental crítica e emancipatória. tituições como a nossa não tem que cor-. e compartilha as diretrizes previstas junto. responder, obrigatoriamente, ao conserva-. ao BGCI para a Conservação da biodiver-. dorismo político e social intrínseco à visão. sidade. A metodologia adotada recebe. biologizante do ser humano.. influência da educação em museus, que considera a integração das dimensões. Para alcançar o público variado e opor-. cognitiva, afetiva e comunicativa, com a. tunizar inserção da abordagem ambiental. abordagem interdisciplinar e participativa. nos diversos contextos que se abrem para. sugerida pelos princípios da EA. Nessa. a educação ambiental é necessário nos. perspectiva, o ambiente é compreendido. desdobrarmos em muitas ações. A fim de. em sua totalidade, a biodiversidade inclui. melhor organizar o projeto pedagógico, as. a diversidade sócio-cultural e a relação en-. ações estão estruturadas em seis linhas,. sino-aprendizagem se faz dialogicamente,. embora todas mantenham co-relação en-. na interseção da razão e do desejo.. tre si.. As ações de Educação Ambiental do Jar-. Divulgação científica. dim Botânico seguem as deliberações do Programa Nacional de Educação Ambien-. Ação que trata as questões ambientais. tal (ProNEA) do Ministério do Meio Am-. pela produção científica e pelo discurso. biente e temos participação na implemen-. das ciências. Voltada à alfabetização cien-. tação de políticas públicas nesse campo. tífica e desenvolvida através dos seguintes. através de espaços de articulação e de. programas e projetos:. colegiados como a Comissão Intersetorial de Educação Ambiental do Ministério do. • laboratório didático: Desenvolvimen-. Meio Ambiente, do Grupo Interdisciplinar. to de temáticas ambientais e vivências. de Educação Ambiental do Estado do Rio. de práticas educativas com atividades. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. 15.

(10) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. reflexivas, lúdicas e criativas que utili-. ano possibilitou a produção de material. zam elementos e situações existentes. expositivo pelos estudantes e de um. no JB como ponto de partida. Dirigida. roteiro pedagógico pelos educadores e. ao público escolar a fim de despertar. professores.. uma reflexão crítica diante das questões ambientais e difundir o conhecimento. • diagnóstico meta 14: Diagnóstico, re-. histórico e técnico científico das ações. alizado junto às escolas e instituições. desenvolvidas no JBRJ. Atividades co-. de ensino formal, que visou analisar a. laborativas: jogos, construção de narra-. inclusão da temática “diversidade das. tivas, investigação.. plantas” nos currículos escolares. A Meta 14 “Educação e Conscientização. • um olhar educativo sobre as nossas. sobre a Diversidade das Plantas” é parte. plantas: Programa voltado às coleções. de um conjunto de metas acordadas na. vivas encontradas no arboreto do Jardim. Reunião das Partes da Convenção so-. Botânico: Coleção de Plantas Medici-. bre Diversidade Biológica, vinculadas à. nais, exposição “O homem e as plantas. Estratégia Global para a Conservação. medicinais –uma história em constru-. de Plantas. Essa ação buscou contribuir. ção”. Tratamento das relações entre o. com esses esforços e subsidiará outras. conhecimento popular e o conhecimen-. ações e programas realizados em parce-. to científico, os aspectos inerentes à di-. ria com as escolas.. versidade e à conservação biológica, e sua apropriação pelo homem.. Formação de Multiplicadores. • tecendo redes por um planeta terra. Ações destinadas a difundir práticas de. saudável: Ação colaborativa de Edu-. educação ambiental e possibilidades pe-. cação Ambiental construída entre insti-. dagógicas a partir do arboreto do Jardim. tuições científicas e escolas municipais. Botânico.. promovendo a popularização da ciência. Visa refletir com os estudantes a situa-. • conhecendo nosso jardim: Atividade. ção socioambiental do planeta e os ins-. didática em roteiros monitorados, de. trumentos necessários para se intervir na. abordagem multidisciplinar. Participan-. realidade. Realizamos diagnóstico com. tes recebem declaração de participação. os estudantes e a construção de ativi-. e material impresso. Insere-se na pro-. dades em conjunto com os professores,. posta de educação permanente e con-. aproximando a educação ambiental rea-. tinuada de professores em espaços de. lizada nos espaços de educação formal. educação não-formal. Busca incentivar. e não formal. A ação em seu primeiro. o uso pedagógico do Jardim Botânico. 16. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(11) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. em atividades de educação ambiental e. promovendo a melhoria da qualidade de. motivar a abordagem ambiental na edu-. vida no ambiente de trabalho. Insere a. cação formal. Cerca de 9.000 professo-. instituição na Agenda Ambiental da Ad-. res participaram da atividade de 1992. ministração Pública, gerando compro-. até abril de 2008.. misso individual e coletivo, na busca de uma nova cultura institucional ambien-. Formação de Educadores Ambientais. talmente sustentável. Entre as ações,. Programa que participa de esforços mo-. diagnóstico. bilizados pela Programa Nacional de Edu-. para implantar coleta seletiva e sistema. cação Ambiental pela ampliação dos qua-. de compras públicas reorientado para a. dros de educadores ambientais em todo. sustentabilidade.. energético,. mobilização. território nacional. • preservação do rio dos macacos: Enfo• especialização em educação ambien-. que na bacia hidrográfica como unidade. tal: Programa de Pós- Graduação da Es-. espacial com a apresentação das carac-. cola Nacional de Botânica Tropical per-. terísticas dos meios físico, sócio-cultu-. tencente ao Jardim Botânico do Rio de. rais e econômicos, dos atores sociais. Janeiro. Objetiva a formação de educa-. da Bacia do Rio dos Macacos. Objetiva. dores ambientais críticos. Coordenação. incorporar na gestão da bacia hidrográ-. do curso e docência no módulo “Educa-. fica do Rio dos Macacos, afeta ao JBRJ,. ção Ambiental em Áreas Protegidas”.. a participação das comunidades do entorno usando para isso o Diagnóstico. Educação para Gestão Ambiental. participativo e a história oral. Produção de material pedagógico.. Programa com vistas a transversalizar a educação ambiental no Jardim Botânico,. Extensão. mobilizando os funcionários para a incorporação de princípios que se traduzam na. Ações que se dirigem para além dos muros. gestão institucional.. do Jardim Botânico, são construídas para outros espaços e para público externo.. • uso racional dos nossos recursos: Projeto de gestão ambiental com diretrizes. • coral vivo: Ações de conservação de. estabelecidas pelo MMA – A3P (Agenda. recifes de coral brasileiros e recupera-. Ambiental da Administração Pública).. ção de populações de organismos reci-. Visa adotar critérios ambientais na ad-. fais em áreas degradadas em parceria. ministração pública, reduzindo impactos. com o Museu Nacional da Universidade. ambientais decorrentes de suas ações e. Federal do Rio de Janeiro. Participação. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. 17.

(12) Maryane V. Saísse. e. María Manuela Rueda. no subprojeto de educação ambiental. • “Educação Ambiental e formação de. com o objetivo de capacitar agentes. futuros. professores:. contribuições. multiplicadores nos municípios costei-. para uma parceria”: Pesquisa qualita-. ros do Extremo Sul da Bahia, para atuar. tiva a fim de analisar como espaços de. na sensibilização e educação da popu-. educação não formal nas áreas de meio. lação local e de turistas sobre a impor-. ambiente e ciências podem contribuir,. tância da recuperação e preservação de. em parceria com as universidades, com. recifes de corais. Realização de oficinas. a formação inicial de professores. Envol-. e produção de material pedagógico. ve alunos das graduações, professores formadores e educadores de museus e. • jardim botânico vai à escola: Progra-. áreas naturais. Foi realizado, em 2007,. ma conjunto da Comissão de Educação. um Seminário envolvendo profissionais. Ambiental da Rede Brasileira de Jardins. das três instituições, universidades, es-. Botânicos, no âmbito do Programa In-. colas e espaços de educação não for-. vestindo na Natureza parceria do Bota-. mal para gerar debate sobre o tema.. nic Gardens Conservation Internacional (BGCI) com o banco HSBC. Visa incentivar a participação escolar na conserva-. Conclusão. ção da flora brasileira, inclui atividades na escola e no Jardim em colaboração de educadores dos dois espaços. As. Aproximadamente 33.000 espécies de plan-. atividades realizadas com escola vizinha. tas correm o risco de desaparecer, o que. ao Jardim Botânico constaram de cons-. segundo a BGCI corresponde a 1/8 do total. trução de terrários, criação de painel. estimado de espécies da flora mundial.. sobre biodiversidade, análise do solo da escola, atividades com e professores e. Diante desse quadro ameaçador às condi-. funcionários da escola.. ções da vida no planeta, que atinge alimen-. Pesquisa em Educação Ambiental. tação, medicamentos, diversidade cultural contida no conhecimento e utilização das plantas, além do elementar equilíbrio dos. Linha de ação que visa avaliar os limites. elementos propícios à vida e que atingirá. e as potencialidades de nossas ações e. primeiramente as populações mais vulne-. aproximar a reflexão da prática.. Busca. ráveis, nós como educadores nos colo-. contribuir para atender as determinações. camos o desafio de realçar a abordagem. de permanente avaliação das ações de. ambiental da educação.. educação ambiental.. 18. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6.

(13) Educação Ambiental em Jardins Botânicos. Os esforços dirigidos para mudar essa re-. podemos, junto a outros coletivos como. alidade que passavam pela conscientiza-. os da escola, das instituições similares,. ção para mudanças isoladas de atitudes. das universidades, de grupos comunitá-. e ações de conservação que protegiam. rios e demais organizações da sociedade,. partes territoriais de biodiversidade, se-. buscar meios para transformar as relações. gregando-as das relações sociais, não. da sociedade com a natureza e entre os. têm sido muito eficientes, pelo menos não. sujeitos sociais.. o suficiente para alterar esse quadro. Se inicialmente a educação ambiental era vista como sinônimo de educação sobre o. Referência bibliográfica. meio natural e realizada preferencialmente em espaços naturais, hoje ela se coloca como possível e necessária em todos os espaços, pois sabemos que os problemas ambientais que nos atingem resultam principalmente da forma como a sociedade se organiza e dos meios que busca para se desenvolver, e que medidas pontuais ajudam mais a distorcer que a resolver o problema. Jardins botânicos e parques naturais continuam sendo espaços estratégicos para que ocorra a educação ambiental. Sua presença urbana, seus elementos biológicos e culturais, seu contingente público, sua potencialidade para vivências de sociabilidade são bases para oportunizar a reflexão sobre os motivos pelos quais precisamos proteger a vida em toda sua diversidade e gerar novas ações. No entanto é necessário não perdermos de vista. Botanic Gardens Conservation International. Normas Internacionais de Conservação para Jardins Botânicos/ Conselho Nacional do Meio Ambiente, Rede Brasileira de Jardins Botânicos, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EMC, 2001. Freire, P. Pedagogia do oprimido, Rio de Janeiro: Paz e terra, 12ª ed., 1983 IUCN-BGCS, WWF. Estratégias dos Jardins Botânicos para a Conservação V.H.Heywood, Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 1989. Loureiro,C.F.B. et al. Educação Ambiental e gestão participativa em Unidades de Conservação. Rio de Janeiro: IBAMA, 2005. Reigota, M. O que é educação ambiental? São Paulo: Editora brasiliense S.A, 1994. Saisse,V.M. A escola vai ao Jardim e o Jardim vai à escola: a dimensão educativa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Educação, 2003 Willison,J. Educação para o Desenvolvimento Sustentável Diretrizes para a atuação dos jardins botânicos. Rio de Janeiro: Rede Brasileira de Jardins Botânicos, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, BGCI, 2006. http://www.bgci.org/conservation/threats/ http://www.bgci.org/garden_search.php. a relação do que é próprio de cada Jardim, nossa identidade local, com o que nos torna parte de toda uma cadeia, nossa dimensão global. É nesse contexto que vislumbramos nosso maior sentido e que. ambientalMENTEsustentable, 2008, (II), 6. 19.

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