COMPOSIÇÃO TECIDUAL DA PALETA DE CORDEIROS CRIOULOS, TERMINADOS EM CONFINAMENTO

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(1)COMPOSIÇÃO TECIDUAL DA PALETA DE CORDEIROS CRIOULOS, TERMINADOS EM CONFINAMENTO. Gabrielly Carpes Ruschel Krüger 1 Leandro Vieira dos Santos 2 Camila da Rosa Monteiro 3 Mikaele Simas dos Santos 4 Andressa dos Santos Souto 5 Gladis Ferreira Correa 6. Resumo: A diversidade dos produtos obtidos pela exploração de ovinos gera a necessidade de obtenção de maiores informações sobre sistemas de produção e terminação de um produto ainda explorado de forma pouco eficiente pelo produtor brasileiro: a carne de cordeiro. Após inúmeras pesquisas realizadas diretamente com os produtores observou-se que o tipo de terminação e os alimentos a serem utilizados são as principais dificuldades encontradas na manutenção e lucratividade da atividade. Nesta perspectiva, atualmente a indústria brasileira tem gerado crescentes sobras de resíduos, que podem contribuir na alimentação dos animais e ainda diminuir custos de produção. Desta forma, este trabalho teve como objetivo a avaliação instrumental da paleta de cordeiros da Raça Ovina Crioula, alimentados com diferentes níveis de inclusão do Farelo de Arroz Integral (FAI) na dieta. O trabalho foi conduzido na Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito, Rio Grande do Sul, com 14 dias de adaptação e 76 dias de confinamento. Foram utilizados 29 cordeiros machos castrados, com aproximadamente 120 dias de idade e peso vivo médio inicial de 20,6 kg, da raça Ovina Crioula Lanada, que foram distribuídos aleatoriamente em 4 tratamentos: T1 - Apenas feno de alfafa (Medicago sativa); T2 - Controle: ração a base de milho (0% de FAI) + feno de alfafa; T3 - 15% de FAI na ração + feno de alfafa; T4 - 30% de FAI na ração + feno de alfafa. O alimento foi ofertado em nível de 3% do peso vivo, ajustado de acordo com as sobras diárias, que respeitavam os níveis entre 10% a 20%. Logo o abate foi realizado em frigorífico especializado, as carcaças foram separadas em cortes sendo estes paleta, quarto e costilhar. Para a determinação da composição tecidual foram utilizadas as paletas, que logo foram dissecadas para a avaliação da composição percentual de músculo, gordura, ossos e outros. De acordo com os dados analisados, a utilização do Farelo de arroz integral na alimentação dos animais não prejudicou o desenvolvimento dos cordeiros em relação aos animais que receberam o milho ou somente o volumoso, mesmo sendo suplementados com 30% de farelo de arroz integral em inclusão na dieta, uma vez que esta proporção de alimentação poderia interferir na flora ruminal. Com isso, a substituição da fonte tradicional de energia da dieta, o milho, pelo farelo de arroz integral apresentou resultados satisfatórios para o desenvolvimento dos tecidos músculo, osso e gordura, quando alimentados em regime de confinamento sob dieta balanceada com substituição de até 30 % na composição total.. Palavras-chave: Cordeiros Crioulos; Confinamento; Terminação.

(2) Modalidade de Participação: Iniciação Científica. COMPOSIÇÃO TECIDUAL DA PALETA DE CORDEIROS CRIOULOS, TERMINADOS EM CONFINAMENTO 1 Aluno de graduação. gabrielikruger@gmail.com. Autor principal 2 Outro. leandrovieiradossantos@gmail.com. Co-autor 3 Aluno de graduação. camiladarosamonteiro@gmail.com. Co-autor 4 Aluno de graduação. mikaelesimassantos@gmail.com. Co-autor 5 Aluno de graduação. andressa.souto2014@gmail.com. Co-autor 6 Docente. gladiscorrea@unipampa.edu.br. Orientador. Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017.

(3) COMPOSIÇÃO TECIDUAL DA PALETA DE CORDEIROS CRIOULOS, TERMINADOS EM CONFINAMENTO 1. INTRODUÇÃO A diversidade dos produtos obtidos pela exploração de ovinos gera a necessidade de obtenção de maiores informações sobre sistemas de produção e terminação de um produto ainda explorado de forma pouco eficiente pelo produtor brasileiro: a carne de cordeiro, que além de incrementar os lucros na propriedade rural pode trazer benefícios por suas características de produção e composição química. Após inúmeras pesquisas realizadas diretamente com os produtores, onde foram levantadas as dificuldades de manutenção da atividade, diagnosticou-se que o tipo de terminação e os alimentos a serem utilizados na ovinocultura é o que mais dificulta a manutenção da lucratividade na atividade. A indústria brasileira atualmente, com sua grande escala produtiva, tem gerado crescentes sobras de resíduos, que podem contribuir com a alimentação dos animais, diminuindo custos de produção. A utilização de farelo de arroz, em regiões onde há disponibilidade deste subproduto, mostra-se interessante, visto que pode ser usado na forma de farelo de arroz desengordurado ou integral em substituição a fonte energética do concentrado. Assim como outras fontes de lipídios, o farelo de arroz integral é usado nas dietas de ruminantes com objetivo de elevar a sua densidade energética, principalmente para animais mais exigentes, o que pode reduzir o uso abundante de grãos e diminuir o custo da unidade de energia na matéria seca da dieta (SILVA et. al, 2012). Entretanto, quando optar pelo uso farelo de arroz integral na dieta de ruminantes, é imprescindível observar que o teor de gordura não ultrapasse 5%, e este pode compor até 30% da ração concentrada (RECH, 2006). Para determinação das proporções de cada parte dentro de uma carcaça, é imprescindível a realização da composição regional. As diferenças na proporção dos cortes comerciais da carcaça variam em função do peso, raça, sexo e sistema de criação (SAÑUDO, 1980). Desta forma, este trabalho teve como objetivo a avaliação instrumental da paleta de cordeiros da Raça Ovina Crioula, alimentados com diferentes níveis de inclusão do Farelo de Arroz Integral na dieta. 2. METODOLOGIA O trabalho foi conduzido na Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito, Rio Grande do Sul, com 14 dias de adaptação e 76 dias de confinamento total, totalizando 90 dias. Foram utilizados 29 cordeiros machos castrados, com aproximadamente 120 dias de idade e peso vivo médio inicial de 20,6 kg, da raça Ovina Crioula Lanada, que foram distribuídos aleatoriamente em 4 tratamentos: T1 ± Apenas feno de alfafa (Medicago sativa); T2 ± Controle: ração a base de milho (0% de FAI) + feno de alfafa; T3 ± 15% de FAI na ração + feno de alfafa; T4 ± 30% de FAI na ração + feno de alfafa..

(4) O alimento era ofertado em nível de 3% do peso vivo, ajustado de acordo com as sobras diárias, que respeitavam os níveis entre 10% a 20%. O abate, em frigorifico especializado ocorreu após jejum de 12 horas de dieta hídrica e sólida. As carcaças inteiras foram identificadas, submetidas à resfriamento em câmara frigorifica, por 24 horas a 4ºC, para posterior avaliação das medidas métricas realizadas de acordo com metodologia descrita por Osório (2005). Após se procedeu a separação da carcaça em cortes: paleta, quarto e costilhar. Para a determinação da composição tecidual das carcaças foram utilizadas as paletas, pesadas individualmente e dissecadas segundo metodologia descrita por Colomer et al. (1988). As amostras foram embaladas e conservadas congeladas (18ºC) até a dissecação, onde foram avaliados a composição porcentual de músculo, gordura subcutânea, gordura intermuscular, osso e outros (grandes vasos, tendões e gânglios pré-escapulares). As amostras provenientes da dissecção foram embaladas, identificadas e pesadas obtendo-se os pesos em gramas(g) dos tecidos dissecados através de balança de precisão. O delineamento foi inteiramente casualizado e os resultados foram submetidos à DQiOLVH GH YDULkQFLD H WHVWH ³)´ H WHVWH GH 7XNH\ HP QtYHO GH SDUD comparação de médias. Os procedimentos estatísticos foram conduzidos utilizandose o R (Melo, 2013).. 3. RESULTADOS e DISCUSSÃO As médias dos pesos de abate, de descongelamento e pesos dos tecidos (músculos, ossos, gordura e outros) em quilos, podem ser observadas na tabela 1. Conforme a observação dos resultados, não foi observada diferenças significativas entre os tratamentos utilizados. TABELA 1 ± Médias e desvio padrão das variáveis peso de abate, peso de descongelamento, peso de músculo, osso, gordura e outros (em kg), para as diferentes dietas fornecidas a cordeiros Crioulos Lanados, em confinamento Variáveis PA (kg) PD (kg) Músculo (kg) Osso (kg) Gordura (kg) Outros (kg). Volumoso 1.068 + 0.091 1.055 + 0.073 0.492 + 0.056 0.217 + 0.020 0.130 + 0.047 0.168 + 0.036. Milho 1.254 + 0.225 1.248 + 0.212 0.560 + 0.088 0.215 + 0.012 0.220 + 0.090 0.195 + 0.058. 15% FAI 1.274 + 0.186 1.235 + 0.188 0.546 + 0.071 0.217 + 0.021 0.229 + 0.074 0.194 + 0.494. 30% FAI 1.214 + 0.130 1.183 + 0.136 0.514 + 0.068 0.212 + 0.014 0.189 + 0.057 0.213 + 0.064. P 0.1105 0.1298 0.3041 0.9446 0.0515 0.4805. PA = peso de abate; PD=Peso de descongelamento Fonte: elaboração própria. Rota et al (2002), estudando cordeiros crioulos criados em condições extensivas de campo nativo encontrou valores de 1,037 kg para peso de abate, para músculo 0,733 kg, para osso 0,280 kg e para gordura 0,021, observando-se valores menores de peso ao abate e gordura enquanto um maior valor relacionado à musculatura, contrapondo-se com um maior valor de peso de osso quando comparado com os valores obtidos neste trabalho. Já Jardim et al (2007) estudando cordeiros da raça Corriedale em três sistemas alternativos de produção (pastagem nativa, pastagem cultivada e confinamento), obteve valores maiores de peso de abate e dos componentes (músculo, osso e gordura) nos animais criados em campo nativo do que em.

(5) confinamento e campo nativo, mesmo os animais apresentando condição corporal semelhantes. Isso indica que a condição corporal dos cordeiros pode não ser um bom indicador para verificar a terminação dos animais para o abate quando não são levados em conta fatores como idade e sistema de alimentação (OSÓRIO et al. 2002). Entretanto, quando observada esta experimentação, a condição corporal dos animais não apresentou diferença significativa entre os grupos (P>0,05), assim como não foi observada diferença entre os componentes das paletas dos animais. A não observância de diferença entre os tratamentos pode ser explicado por Fourie et al (1970), quando define que ao se aumentar o peso da carcaça há um maior incremento na proporção de gordura, uma vez que o peso dos cordeiros Crioulos não foi influenciado pelos diferentes níveis de FAI na dieta dos animais (27,342 kg para o grupo zero, 26,425 kg para o grupo 15% FAI e 27,142 kg para o grupo 30% de FAI), De acordo com os dados analisados, a utilização do FAI na alimentação dos animais não prejudicou o desenvolvimento dos cordeiros em relação aos animais que receberam o milho ou somente o volumoso, mesmo sendo suplementados com 30% de farelo de arroz integral em inclusão na dieta, uma vez que esta proporção de alimentação poderia interferir na flora ruminal. Outro fator que se deve levar em consideração, é que a ração era feita em pequenas quantidades, não influenciando no consumo dos animais, pois quando feito em grandes quantidades pode ocorrer a rancificação do produto, alterando o consumo. O que não corrobora com Siqueira (1990) que diz que alimentos de baixo custo em geral apresentam baixa qualidade nutricional, não apresentando desempenho desejado aos cordeiros, tornando-se inviável economicamente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A substituição da fonte tradicional de energia da dieta, o milho, pelo farelo de arroz integral apresentou resultados satisfatórios para o desenvolvimento dos tecidos músculo, osso e gordura, quando alimentados em regime de confinamento sob dieta balanceada com substituição de até 30 % na composição total. 5. REFERÊNCIAS COLOMER, F.; MORAND FEHR, P.; KIRTON, A.H.; DELFA, R.; SIERRA, I. Métodos normalizados para el estudio de los caracteres cuantitativos y cualitativos de las canales caprina y ovinas. Madrid, INIA, 1988. 41p. FOURIE, P. D., KIRTON, A. H., JURY, K. E. Growth and development of sheep. II. Effect of breed and sex on the growth and carcass composition of the Southdown and Romney and their cross. New Zealand Journal of Agricultural Research, v. 13, p .753-770, 1970. JARDIM, R. D.; OSÓRIO, J. C. S.; OSÓRIO, M. T. M.; MENDONÇA, G.; ESTEVES, R.; GONÇALVES, M. Efeito da idade de abate e castração sobre a composição tecidual e química da paleta e da perna de ovinos Corriedale. R. Bras. Agrociência, Pelotas, v. 13, n. 2, p. 237-242, abr-jun, 2007. MELLO, M. P. PETERNELLI, L. A. Conhecendo o R: uma visão mais que estatística. Viçosa, MG: Ed. UFV. 2013.

(6) OSÓRIO, J.C., O.SÓRIO, M.T., OLIVEIRA, N.M., SIEWERDT, L. Qualidade, morfologia e avaliação de carcaças. Pelotas:Ed. Universitária Universidade Federal de Pelotas, 2002. 194p. OSÓRIO, J.C.S; OSÓRIO, M.T.M. Produção de carne ovina: Técnicas de avaliação ³LQ YLYR´ H QD FDUFDoD HG 3HORWDV (G 8QLYHUVLWiULD 35(& 8)3(/ 2005. 82p. RECH, C. L. S. Relação entre temperamento, desempenho animal e qualidade de carne em ovinos. 147f. 2006. Tese (Doutorado em Ciências), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas, 2006. ROTA, E. L.; OSÓRIO, M.T.M.; OSÓRIO, C. S.; VAZ, M.; OLIVEIRA, M. Desenvolvimento dos componentes do peso vivo, composição regional e tecidual em cordeiros da raça Crioula. R. bras. Agrociência, v. 8, n. 2, p. 133-137, mai-ago, 2002. SAÑUDO, C. Calidad d ela canal y de la carne en el ternasco aragonés. 337p. 1980. Tese (Doutorado em Zootecnia), Universidade de Zaragoza, 1980. SILVA, J.C.; GOMES, D.I.; MEZZOMO, R.; ALVES, K.S. Efeito do farelo de arroz integral como fonte de gordura sobre a digestibilidade em ovinos. IN: Anais do 10º Seminário Anual de Iniciação Científica da UFRA; outubro 2012; Amazônia. Amazônia: Universidade Federal Rural da Amazônia; 2012. p.1-4. SIQUEIRA, E. R. Estudo da produção, correlações fenotípicas e repetibilidade das características da lã em cinco raças de ovinos, no sistema intensivo de pastejo. São Paulo, Universidade Estadual Paulista, 1990. 121p..

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