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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Atribuic
¸ão
dada
pelo
levantador
em
sua
organizac
¸ão
ofensiva
ao
papel
do
treinador:
da
base
ao
alto
nível
do
voleibol
Cristino
Julio
Alves
da
Silva
Matias
a,∗e
Pablo
Juan
Greco
baUniversidadeFederaldeMinasGerais,EscoladeEducac¸ãoFísica,FisioterapiaeTerapiaOcupacional,Programade
Pós-Graduac¸ãoemCiênciasdoEsporte,BeloHorizonte,MG,Brasil
bUniversidadeFederaldeMinasGerais,EscoladeEducac¸ãoFísica,FisioterapiaeTerapiaOcupacional,Departamentode
Esportes,BeloHorizonte,MG,Brasil
Recebidoem15deabrilde2013;aceitoem5deagostode2014 DisponívelnaInternetem2demarçode2016
PALAVRAS-CHAVE Treinador-Levantador; Distribuic¸ão; Decisão; Voleibol
Resumo Oobjetivodoestudofoiinvestigarosignificadoqueotreinadortemparao levan-tadordevoleibol.Aamostra(n=18)foicompostaporlevantadorescampeõesdosescalõesde baseedoprofissional(Superliga).Aabordagemqualitativadenotouarelevânciadotreinador nodesenvolvimentodaorganizac¸ãoofensivadaequipe,distribuic¸ãodejogo,essencialmenteno cernedostreinamentosenosdiálogostreinador-levantador.Napartidaolevantadorprivilegia atuarcomautonomiaemsuasac¸õesdedistribuic¸ão,quesãobaseadasnostreinosefetuados. Ressalvaparaoaceitedaspreposic¸ões(intervenc¸ões)dotreinadornosmomentosde constran-gimentodosistemaofensivo.Otreinodevepossibilitaraolevantadoracompreensãotáticado jogo,emvezdeseconcentrarexclusivamenteematitudespassivasderepetic¸ão.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´e umartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/). KEYWORDS Coach-Setter; Distribution; Decision; Volleyball
Thevolleyballsetter’sperspectiveonrelationwiththecoach:fromformationtohigh level
Abstract Theaimofthisstudywastoinvestigatethesignificancethatthecoachhasforthe volleyballsetter.Thesample(n=18)wascomposedbychampionsettersfromtheformative andprofessional(Superliga)categories.Thequalitativeapproachshowed theimportanceof thecoachintheteam’soffensivedevelopmentandorganization,gamedistribution,essentially inthetrainingsessionsandinthecommunicationbetweencoachandsetter.Inthegamethe
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:crismatias@gmail.com(C.J.A.S.Matias). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.010
0101-3289/©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
setterpreferstoactwithautonomyinthedistributionoftheballsthatarebasedintheprevious trainingsessions,exceptwhenthecoachproposesactionswhentheoffensivesystemisunder pressure.Thetrainingsessionsshouldenablethesettertotacticallyunderstandthegamerather thanfocussolelyonpassiveattitudesofrepetition.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). PALABRASCLAVE Entrenador-armador; Distribución; Decisión; Vóleibol
Laperspectiva delarmadordevóleibolensu organizacióndefensiva enlarelación conelentrenador:desdelabasehastalomásalto
Resumen Elobjetivo del estudio consistió en investigar el significado que el entrenador adquiereparaelarmadorenvóleibol.Lamuestra(n = 18)seconstituyóconlosarmadores campeonesdelosequiposnacionalesdebaseyprofesionales(SuperligadeBrasil).Unabordaje cualitativodemostrólarelevanciadelentrenadoreneldesarrollodelaorganizaciónofensiva delequipo, distribucióndejuego,esencialmenteenlassesionesdeentrenamientoy enlas conversacionesentresentrenadoryarmador.Eneljuego,elarmadorprefiereactuarcon auto-nomíaensusaccionesdedistribución,quetienencomobaselosentrenamientosefectuados, exceptocuandoelentrenadorproponeaccionescuandoelsistemadefensivoestábajopresión. Elentrenamientodebeposibilitaralarmadorlacomprensióntácticadeljuegoynoconcentrarse exclusivamenteenactitudespasivasderepetición.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Estees unart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Novoleibol, na tomada de decisãodo levantadorsobre a estruturadas ac¸õese combinac¸õesdoataque, destaca-se o conhecimento a respeito das características, condic¸ões técnicas, táticas e psicológicas dos próprios atacantes. Assim, a partir dessas esferas, entre outras, é elaborada a organizac¸ão ofensiva. Isso por meio da interac¸ão com os jogadores da própria equipe, à luz de toda a exten-são do sistema ofensivo, em concomitância ou não com acontracomunicac¸ão comosistemadefensivoadversário, sobretudocomobloqueio(Palaoetal.,2004;Palaoetal., 2005;Queiroga etal.,2010; Ramosetal.,2004; Matiase Greco,2011a,b).
Noprocessodetreinamentoreferenteaosaspectos táti-cos do voleibol os atletas demonstram a preferência por treinadores com estilo de lideranc¸a democrática. Logo, destaqueparaostreinadoresqueenvolvemospróprios lide-radosnasdecisõesrelativasàsquestõesdegrupo,instruem os atletasnas práticas, técnicase táticas da modalidade (Lopesetal.,2004).Novoleibol,deacordocomasregras oficiais,emqualquer instantedapartida otreinadorpode emitirinformac¸ãoaosjogadores.Assim,sãodadas oportu-nidades únicasdeinfluenciar positivamente o rendimento dosjogadores/equipe(Botelhoetal.,2005b;Pereiraetal., 2009). De acordo com o estudo de Pereira etal. (2010), ostreinadores(voleibol)empregamcomofeedback pedagó-gico o conhecimentodoprocesso parao aportereferente à informac¸ão da técnica e o conhecimento de resultado referente à informac¸ão tática. A informac¸ão sobretática coletivaéemitidaemformaverbaleosdemaisconteúdos deformaverbaleverbal-visual.
A partir do expostoanteriormente, o objetivodo pre-senteestudofoi investigarosignificado que o levantador, inseridonoprocessode ensino-aprendizagem-treinamento no voleibol, atribui ao papel do treinador em relac¸ão à tomadadedecisãonaorganizac¸ãoofensiva.
Material
e
métodos
Cuidadoséticos
OestudorespeitouasnormasestabelecidaspeloConselho Nacionalem Saúde.Houve asua aprovac¸ão noComitêde ÉticaemPesquisadaUFMG:parecern◦.ETIC165/08.
Amostra
O número de indivíduos participantes deste estudo foi determinadopelaamostragemporjulgamento:selec¸ãode indivíduosacritériodopesquisador(Luna,1998).Ocritério aplicadoaoslevantadoresdeMinasGerais(MG)eSãoPaulo (SP)definiaquesomenteolevantadortitulardaequipe cam-peãdecadaumdoscampeonatosdasFederac¸õesdeVoleibol dessesestados,domirimaojuvenil,femininoemasculino, estava eleito para participar desta pesquisa. Foi incluído tambémolevantadortitular daequipecampeãda Super-liga,masculinae feminina,nomefantasiadoCampeonato BrasileiroAdultodeClubes,organizadopelaConfederac¸ão BrasileiradeVoleibol(CBV)(Ramosetal.,2004).Esse crité-riofoiaplicadoemvirtudedosinúmerostítulosconquistados poressesestados nas competic¸ões nacionaisdebase pro-movidaspelaCBV.Aamostraapresentou umn=18,coma
Tabela1 Caracterizac¸ãodaamostra:estatísticadescritivadavariávelidade,tempodepráticadevoleiboletempodeprática comolevantador Sexo/Escalão n Média Idadea DP Médiatempo deprática devoleibola DP Médiatempode práticacomo levantadora DP Feminino Mirim 2 14 0,00 6 1,41 4 0,00 Infantil 2 15 0,00 7 2,82 3 0,70 Infanto 2 17 0,00 9 1,41 5 2,82 Juvenil 2 17 0,00 8 2,12 4,5 2,12 Adulto 1 38 - 29 - 19 -Masculino Mirim 2 14 0,00 5 0,00 4 0,00 Infantil 2 15 0,00 5 0,00 4,5 0,70 Infanto 2 17 0,00 5 3,53 4,5 3,53 Juvenil 2 18 1,41 6 2,82 3 1,41 Adulto 1 32 - 22 - 15
-aTempodepráticadevoleiboletempodepráticacomolevantadorexpressoemanos.
seguintecomposic¸ãodelevantadores:quatrodomirim(dois masculinosedoisfemininos, faixaetária≤14anos); qua-trodoinfantil(doismasculinosedoisfemininos≤15anos); quatrodo infanto (doismasculinos e dois femininos ≤ 17 anos);quatrodojuvenil(doismasculinosedoisfemininos≤
20anos);doisdaSuperliga(um masculinoeumfeminino). Natabela1observam-seosdadosdescritivosdessaamostra, comamédiaeodesviopadrão(DP)daidade,dotempode práticadevoleiboledotempodepráticacomolevantador.
Instrumento
Naavaliac¸ãodaatribuic¸ãorelativaàdecisãodolevantador emrelac¸ãoaopapeldotreinador,empregou-seaabordagem qualitativa,pormeiodousodaentrevistasemiestruturada baseadanosquestionáriosdeQueirogaetal.(2010)eMatias eGreco(2011a),queenglobouquestõesderespostas aber-tas(tabela2).Naentrevistaforamseguidasasorientac¸ões daliteratura(Minayo,1999;ThomaseNelson,2002).Desse modo,aordemdasperguntasparatodososlevantadoresnão teveumasequênciarígida.Houvealterac¸ãodaordemdas perguntas,aoserconstruídaumarespostaassociadaauma perguntaquenãoeraasubsequente.Formularam-se tam-bémperguntasnãoinseridasnaentrevistasemiestruturada nasrespostasqueexigiramummaioresclarecimento.
Coletadedados
O supervisor, o treinador, o próprio levantador e os pais dos jogadores menores de idade foram informados sobre o objetivodeste estudo e tambémsobre oscuidados éti-cos:concordânciadoclube,direitoàparticipac¸ãovoluntária edireito de desistênciaa qualquer momentosema ocor-rência de prejuízo e constrangimento. Ao término desses esclarecimentosforam assinadosos termosde concordân-cia da instituic¸ão e consentimento livre e esclarecido. Em seguida, no próprio clube, após o treinamento, o levantador respondeu às perguntas da entrevista semies-truturada.Asrespostasdadaspelosatletas,decorrentesda suaidentificac¸ão,dasua experiênciana prática esportiva edaentrevistasemiestrutura,foramregistradasnum gra-vadordigital Panasonic RR-US430. As entrevistas duraram
40minutoseforamfeitassempreem umasalasilenciosa. Nasalaestavampresentesapenasopesquisadoreoatleta.
Análisedosdados
As entrevistas foram transcritas integralmente pelo pes-quisador responsável por este estudo e por mais dois acadêmicos docursodegraduac¸ão em educac¸ão físicada Universidade Federal de Minas Gerais. Ambos foram atle-tas participantes dos campeonatos de base daFederac¸ão MineiradeVoleibol.FoiusadoosoftwareWord2007 (Micro-soft) na elaborac¸ão das transcric¸ões. Na conclusão das transcric¸ões,houveaaudic¸ãoealeituradasentrevistaspara umacorrec¸ãodepequenostrechos,termosoupalavras.No fim,obteve-seumaconcordânciaplenanoconteúdodecada umadastranscric¸ões.
A transcric¸ão foi enviada para os levantadores, para leitura eautorizac¸ãodouso. Oconteúdo das18 entrevis-tas foi liberado para o uso em estudos científicos. Desse modo,oexamedosdadosqualitativosdopresentetrabalho, frutodaentrevistasemiestruturada,seguiuasorientac¸ões de triangulac¸ão propostas para a confiabilidade na pes-quisaqualitativa(ThomaseNelson,2002;FrasereGondim, 2004):verificac¸ãodastranscric¸õesporoutrosindivíduoscom conhecimentonaáreaemespecífico,nocasoovoleibol,ea conferênciadastranscric¸õesefetuadapelospróprios entre-vistados.
Ostextos das entrevistas foram codificados, compara-dos, agrupados por similaridadede sentidoe propiciaram aformac¸ãodecategorias(MinayoseSanches,1993;Thomas eNelson,2002).DoistreinadoresdaSuperligaconferiramse ascategoriascodificadastinhamsimilaridadedesentidoao seragrupadas comarespectiva parte dotextotranscrito. Nessesentido,houveconcordânciaentreopesquisadoreos treinadores.
Resultados
e
discussão
Treino
Na tabela 3 observam-se as citac¸ões dos levantadores campeões referentes à categoria treino como fonte de
Tabela2 Entrevistasemiestruturadacomolevantadordevoleibol 1 Qualéopapeldolevantadornojogodevoleibol?
2 Quaissãoparasiosrequisitosessenciaisparaserumlevantadordealtonível? 3 Emsuaopinião,qualéacaracterísticamaisimportantedolevantador? 4 Oquedistingueumlevantadorexcepcionaldeumbomlevantador? 5 Serlevantadorimplicaserlíderdaequipe?
6 Vocêpensaeelaboraestratégiasantesdojogo?
7 Asopc¸õesdolevantadornojogosãosempreemreferênciasasquaisaspectos?
8 Oresultadodojogoteminfluêncianasdecisõesquetoma(ganhando,perdendoouestandoequilibradoojogo)? 9 Omomentodosetcondicionaassuasopc¸ões(início,meiooufim)?
10 Ofatode‘‘determinados’’jogadoresestarememdeterminadazonacondicionaassuasopc¸ões?
11 Vocêsepreocupaemrelac¸ãoaosbloqueadoresadversários,sobreoqueelesestãoapensarnoquevocêvaifazer? 12 Otipodepassequeefetuaéemfunc¸ãodazonaemquequeroatacantebata?Fazissocomtodososatacantes? 13 Quandooatacantenãofoieficiente,oquevocêfaz?
14 Quaissãoascaracterísticasqueumjogadordeveterparaseroseuatacantedeconfianc¸a? 15 Nomomentoemqueumatacanteébloqueadooquevocêpensa?
16 Quandovocêdeixaumatacanteemcondic¸ãofavorável(emsituac¸ãodeoposic¸ãocomumbloqueioousemnenhum bloqueio)eeleerraoataque,qualéasuareac¸ãoperanteaele,perantevocêeperanteasituac¸ão?
17 Comovocêreageperanteumerro,nolevantamento,deconduc¸ãooudedoistoques? 18 Comovocêprocuraagirnopedidodetempotécnico?
conhecimento.A especializac¸ão na posic¸ão de levantador devoleibolrequertreinosparaaquisic¸ãoeaprimoramento da precisão e também para a contracomunicac¸ão com o bloqueio(Queiroga,2005;Matias,2009).Odesempenhodo jogadoremcompetic¸ãoéumaconsequênciadoquesefezno treino(AraújoeVolossovitch,2005).Aênfasenoverbofazer
deve-se aofatodehaverumadiferenc¸aentreo treinador
dizeroqueojogadordevefazereaquiloqueojogador real-menteefetuanotreino.Aorganizac¸ãodastarefasdetreino devepossibilitar a autorregulac¸ão.Isso é conseguidoseo treinadororientaoprocessodeexplorac¸ãodojogador,para quesejaeleadescobrirassoluc¸ões,dentrodos constran-gimentosdojogo.Deformainversa,aoagiràluzdecomo pensaotreinador,ojogadorconstantementedeverá imagi-narouesperarasorientac¸õesdotreinador,emvezdeusar asprópriasestruturascognitivasnotranscorrerdapartida. Ficoudemonstradoqueotreinoparaolevantadorde volei-boltemcomoobjetivooaprimoramentodaprecisãodassuas ac¸ões,segundotoqueemdirec¸ãoaoterceiroeapercepc¸ão dobloqueioadversáriopormeiodetreinamentos específi-cos (isolados) ouem interac¸ão com os demais jogadores, semprecomintenc¸ãodesebuscarumpadrãoemcadatipo debolalevantadaparaoatacanteemparticular.Otreinoé umafontedeconhecimentoparao levantadordevoleibol encontrada nosestudosdeClemens (2005),Grac¸a (2005),
Queirogaetal.(2005;2010)eResende(1995),que corrobo-ramascitac¸õesdoslevantadoresdopresenteestudo.
Diálogocomotreinador
Natabela4observam-seascitac¸õesdoslevantadores cam-peõesreferentesàcategoriadiálogocomotreinadorcomo fonte de conhecimento. Esse diálogo é fundamental na preparac¸ão ou no auxílio das decisões do levantador de voleibol,antesouduranteumapartida,paraassim aprimo-rarainterpretac¸ãodojogo(Botelhoetal.,2005a;Mesquita, 2005a;Queirogaetal.,2005;2010).Otreinador,pormeio
dasua instruc¸ão verbal e não verbal, aconselha, motiva, opina,avalia,dirige,corrige, prescreveeinforma osseus jogadores,para que essesconsigam em todos os momen-tosadequar o seu comportamento,tenham como meta o rendimentomaiseficaz,sejaem situac¸õesdetreinamento oudecompetic¸ão(Crispin-SantoseRodrigues,2004;Grac¸a, 2005). Ficou demonstrado que o diálogo com o treinador forneceaolevantadorinformac¸õesparaconstruc¸ãode pla-nostáticosparadistribuic¸ãodejogo,organizac¸ãoofensiva eparacorrec¸õesdassuasdecisõesduranteotranscorrerdo jogo.O diálogocomo treinador é umafontede conheci-mentodolevantadordevoleibolencontradanosestudosde
Arroyo etal.(2003), Botelhoetal. (2005a),Grac¸a(2005)
eQueirogaetal.(2005;2010),quecorroboramascitac¸ões doslevantadoresdopresenteestudo.
Treinador
Natabela5observam-seascitac¸õesdoslevantadores cam-peões referentes à categoria treinador no transcorrer do jogo.Otreinadorprocurainterromperojogo,mudarofluxo de jogo, por meio do pedido de tempo (time out) para secomunicar com seusjogadores quando sua equipe não está com posse do saque e/ou perde mais de três pon-tos consecutivos durante o set; a partir do 20◦ ponto a solicitac¸ão de tempo é mais recorrente, com o objetivo deseobter avitória noset (Arroyo et al.,2003; Botelho etal.,2005a).Osatletasemsituac¸ãodetreinoecompetic¸ão trazemconsigo conhecimento,capacidades,motivac¸ões e expectativas,nãosãoelementospassivosemseuscontextos esportivos(Grac¸a,2005).Otreinadorficatentadoaemitir informac¸ão durante o decorrer do jogo, já que é autori-zadooseuposicionamentoaoladodazonadejogo.Assim, forneceinformac¸õesmesmoqueissonãosejaestritamente necessário.Logo,otreinadorpodeemitirinformac¸õesem excesso,desviaraatenc¸ãodosjogadoresedificultaro feed-backintrínsecodosatletas(Botelhoetal.,2005b;Pereira
Tabela3 Categoriascitadaspelosescalõesnacategoriatreino Treino
Escalão/Sexo Citac¸ão
MirimMasculinoa Tudovemdotreino,comcertezatemquesepreparar,otreinoacabaquandoojogocomec¸a.
Entãotemquehavertodaumapreparac¸ãoparaojogoeparaocampeonatointeiro. MirimFemininoa Nocomec¸ootreinoerasódeprecisão,parapoderacertarasbolascomasatacantesnahora
dojogo.Jánofimdoanocomeceiatreinarobservandoobloqueioadversário.
InfantilMasculinob Nãoadiantatertalentoparaserumlevantadordevoleibol,nãoadiantaterforc¸anasmãos
efazerabolachegarnaponta,olevantadortemquetreinarmuito,temqueacertarabola decadaumdosseusatacantes,temquepegarconsistência,padrãonasbolaseotreino específicoajudamuito.Temquemovimentarojogotendopadrãonasbolas.
InfantilFemininoa Nocomec¸o,nomirim,eratreinosódeprecisão,agoranoinfantilcomec¸amosatreinara
observac¸ãodobloqueio.Adorotreinar,treinomuito.
InfantoMasculinoa Semprenofimdotreinoeuvoudarunstoques,achoquesempretemqueterissoparapoder
serpreciso,tododiatenhoquefazerumasbolinhas,semprenofimdotreino.Nãoadiantaeu treinaralitodahoranaquadracomosmeusatacantesenãoteraprecisão,tenhoque treinaromeutoque,tenhoquemostrarqueireilevantarparapontaelevantarparasaída, issoétreinoespecíficodelevantamento,issosócommuitarepetic¸ão.
InfantoFemininoa Nãotemnadamelhorqueotreino,otreinoéquefazolevantador.Semtreino,muitotreino,
nãoadiantaquererserumlevantadordevoleibol.
JuvenilMasculinob Seeunãoconseguiracertarumabolaparasaída,euvoueficotentandoconsertarnotreino,
antesedepoisdotreinocomogrupo.Ficorepetindoatéficarautomático.
JuvenilFemininoa Umlevantadortemqueestarsempretreinando,aprecisãoéaprimeiracoisaqueum
levantadortemqueter.Olevantadortemquetreinarparaterprecisãocomasaída,coma ponta,comameioecomatacantedefundo.Abolademeioéumabolaquetemquetreinar muitoparaterotempocertodaatacante.Então,emminhaopiniãoolevantadortemque estarsempretreinando,sejanotreinocomtodomundo,sejasozinhoousejafazendoacerto dabolacomoatacante.
AdultoMasculino Eudividoolevantadoremduasformas,otalentosoeoquemaistreina.Sãoduasmaneiras deserlevantador,hojesãopoucosostalentosos,hojeolevantadortreinamuitoaquestão doobjetivodojogo,doestudodojogo,masnemporissodeixadeserumgrandelevantador. Olevantador,atémesmootalentoso,temquetreinarprecisãoumdiaapósooutro,quanto maismelhor.Écomoojogadordebasquetebolquenotreinoarremessabolasemaisbolasde trêspontos.Éatémaiscomplicado,poisemcertascircunstânciasdojogoolevantadortem queacelerarojogoeabolaestámolhada.
AdultoFeminino Achoqueolevantadoréapessoaquemaistemquetreinar,anossafunc¸ãoémuitarepetic¸ão paraquesepossaadquirircontroledabola.Otreinamentoparaolevantadoréfundamental.
aDeclarac¸õesfeitasporsujeito‘‘y’’desteescalão. b Declarac¸õesfeitasporsujeito‘‘x’’desteescalão.
etal.,2010).Ficoudemonstradoqueolevantadorde volei-bolprefereatuarcomautonomianasuadistribuic¸ãodejogo, asorientac¸ões dotreinador notranscorrer dapartida são assimiladasem situac¸õesdebaixorendimentoofensivoda equipe.Otreinadoréumorientador, nãoumguia,paraa tomadadedecisãotática dolevantadordevoleibol, refe-rida nos estudos de Arroyo et al. (2003) e Grac¸a (2005), quecorroboram ascitac¸õesdos levantadores dopresente estudo.
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento ela-borado pelo treinador deve centrar-se em metodologias deensinoativas, baseadas nodesenvolvimentotático, de acordo com a linearidade do jogo. Assim, é visado o desenvolvimento da percepc¸ão calibrada em relac¸ão aos companheiros e aos adversários, propicia-se a formac¸ão de jogadores com autonomia em suas ac¸ões, capazes de elaborac¸ão de decisões inteligentes e criativas em múlti-plos cenários de jogo (Costa e Nascimento, 2004; Greco, 2006,2009;Mesquita,2005b;Mesquitaetal.,2009;Morales
e Greco, 2007;Nascimento etal.,2009; VilhenaeGreco, 2009).Otreinamentoporintermédiodemétodosdeensino analítico ofertará a possibilidade de desenvolvimento da precisão das ac¸ões (Mesquita, 2005a; Lima et al., 2012). O treinador empregará ambas as formas de treino, sem negligenciar a formac¸ão dolevantadorcomo ‘‘cérebro da equipe’’,paratalénecessáriaaprecisãodasac¸õeseo pen-samentoconvergenteedivergenteparaadaptac¸ãoesoluc¸ão de problemas no jogo. Ressalta-se que o déficit técnico, possível gerador deuma limitac¸ãotática, podedenotar a necessidadedetreinamentorelativoàcoordenac¸ãomotora (GrecoeSilva,2013;Greco,2013a,b).
O levantador, organizador do sistema ofensivo, como arquiteto do cenário de contracomunicac¸ão entre ataque ebloqueio-defesa,comobjetivonessaconstruc¸ãodeobter o ponto, deve realmente pensar para existir no contexto do jogo, pois caso fac¸a a ac¸ão sem compreender o que fazer (conhecimento declarativo) e como fazer (conheci-mentoprocessual)asuaac¸ãoperdeosignificado(Mesquita,
Tabela4 Citac¸õesdoslevantadores,porescalão,nacategoriadiálogocomotreinador Diálogocomotreinador
Escalão/Sexo Citac¸ão
MirimMasculinoa Euconversocommeutécnico,euvejoquaissãoascaracterísticasdosmeusatacantes,quais
asbolasqueelespodematacar,treinoedecidoemusarounãonojogo. MirimFemininoa Paraatuarcomolevantadoraeuprocuroconversarcomomeutreinador.
InfantilMasculinoa Ostécnicosmeajudammuito,elessãoimportantesparaqueeumelhoreaminhavisãode
jogocomotreinamento.
InfantilFemininoa Quandoeuvejoquetemalgoerradoeuprocurofalarcomosatacanteseouvirotécnico.
InfantoMasculino Nesteescalãonãohouveocorrênciadecitac¸ãoparaestacategoria. InfantoFemininob Notempo,primeiroouc¸ooqueomeutécnicofala.
JuvenilMasculinoa Dentrodaquadra,nojogoenotreino,procuroouvirotécnico,porquequerendoounãonaa
genteficaolhandoproalto,abolaestásemprerodando,entãotemcoisasqueacontecemno fundodaquadraenaredequenãopercebemosdireito.
JuvenilFemininob Achoqueotécnicovêojogodefora,entãoémaisfácilparaeleorientaralgumacoisa.Mas
àsvezestenhoumaideiadiferenteeagenteatédebatealgumascoisas.
AdultoMasculino Otécnicotemqueterconhecimentodojogoparapoderconversarcomolevantadorepassar informac¸õesqueirãoserimportantes,masotécnicotemquetersensibilidadeparapassara informac¸ãoomaisrapidamentepossível,porqueassimolevantadorpodealterarojogo. AdultoFeminino Eusempreesperoqueotécnicofalealgumacoisa,dêorientac¸ão,dentrodaquiloqueestou
vendodojogo.
a Declarac¸õesfeitasporsujeito‘‘x’’desteescalão. b Declarac¸õesfeitasporsujeito‘‘y’’desteescalão.
Tabela5 Citac¸õesdoslevantadores,porescalão,nacategoriatreinador Treinador Escalão/Sexo Citac¸ão
MirimMasculinoa Osmeustécnicosnuncafalaramparaeucolocarabolaemdeterminadolocal,somenteem
determinadosmomentosdojogo.Eugostodejogarmaissolto,masotécnicohojeestudamuito ooutrotimeepedeparacolocarabolaemtalredeemtaljogador.Fac¸ooqueotécnicopediu, massenãofuncionareufac¸oomeujogo.
MirimFemininoa Otécnicoquedáliberdadeduranteojogoéomeupredileto,masàsvezesolevantadornão
acionaoatacantecorretoeotreinadortemquecomandarolevantador.Masprefirootécnico quedáliberdadedejogar.
InfantilMasculinoa Otécnicotemquedarindependênciaparaolevantadoratuar,sóemcertosmomentospedir
paraolevantadorcolocartalbolaparapoderfecharojogo.Sentiutambémqueolevantador estáforc¸andomuitoojogo,otécnicodevefalarcomolevantador.Masachoqueotécniconão podeficarcomandandoolevantadorjogadaajogada,apenasemalgunsmomentosdojogo. InfantilFemininoa Otécnicodevedeixarolevantadorfazerojogo,assimeutenhomaisseguranc¸a,euéqueestou
sentindoojogodentrodaquadra.Seelepedirparafazeristoouaquilo,eupossoacabar errando,soumaisfazeromeujogoqueémaiscertinho.
InfantoMasculinob Procuropegarinformac¸ãocomotécnicoduranteojogo,maseusemprefac¸oomeujogo,o
levantadoréquetemquedecidiramovimentac¸ãodosatacanteseparaquemvailevantar,só usootécnicoquandoestouerrandomuito.
InfantoFemininoa Otécnicotemquedarautonomiaparaolevantador,masderepenteolevantadornãoestá
conseguindorodareotécnicotemquefalaralgoparapodermudarojogo,otécnicoestudao jogoeémaisexperiente,entãoeletemqueajudarolevantadornestesmomentos,massem tiraraautonomiadolevantador.
JuvenilMasculinoa Otécnicotemquedeixarolevantadorcomliberdade,eunãoconsigojogarseeleficarotempo
tododandoordensnomeuouvido.Casoeutenhaerradoumaououtrabolaébomouviro técnico,omeutécnicomedáliberdade,sómedáalgumasdicas.Nahoradotempo,elenão falanadacomigo,porquevêqueojogoestáfluindo.Masquandocomec¸oajogarcombolaalta napontaelepedeparaqueeuacelereojogo,masjámeacostumeicomasfalasdele,poisjá escuteimuitonaminhacabec¸a,entãoelenemprecisafalarcomigo,falamaiscomosatacantes.
Tabela5 (Continuac¸ão)
Treinador Escalão/Sexo Citac¸ão
JuvenilFemininob Eugostodejogarcomoeuquero.Àsvezesnãodámuitoresultado,aíobviamenteotécnicodá
algumasdicas,dáumaajuda.Temhoraquevocêficasemsaberoquefazer,otimenãoestá rodando,entãovocêcomec¸aaperderacabec¸a,entãootécnicotemqueajudarnesses
momentos,masnormalmenteeufac¸oomeujogo.Então,eufac¸oomeujogo,secomec¸oaerrar ouelevêquepodereierrar,elemeajuda,masdeixaojogocorrerporminhaconta.
AdultoMasculino Temlevantadorquegostadeserconduzidopelotécnico,temlevantadorquegostade
autonomia.Temexcelenteslevantadoresdosdoistipos,édifíciljogarcomolevantadorquetem aobediênciatática,muitodifícilmesmo.Temoslevantadorescriativos,jogamcomautonomia, masébomterosnúmerosparacontribuirnasdecisões.Omelhorébalanceartudoisso. AdultoFeminino Otécniconaquadradeveauxiliarolevantadordentrodatáticaqueolevantadorestá
desenvolvendoduranteojogo.Olevantadortemqueterumalinhadepensamentoeotécnico dentrodeladeveauxiliarolevantador.Senãoficamuitodifícil,poisquemjogaéolevantador.
aDeclarac¸õesfeitasporsujeito‘‘x’’desteescalão. b Declarac¸õesfeitasporsujeito‘‘y’’desteescalão.
2005b;Duarte, 2009; Greco, 2009; Matias e Greco, 2010; Limaetal.,2012).Casoasac¸õessejamausentesde signi-ficado,eleseráummerolevantadordebolasparao alto. Logo,nãoseráumatorativo(pensador), nãoseráum efe-tivotomadordedecisões(MesquitaeGrac¸a,2002a,b;Ramos etal.,2004;Queirogaetal.,2010;MatiaseGreco,2011a,b).
Considerac
¸ões
finais
Deacordocom osresultadosapresentados,bemcomo em respeitoàlimitac¸ãodopresenteestudo,foipossíveltecer asconclusõesabaixo.
Oslevantadorestêmdedicac¸ãoeinteresseemevoluirnos aspectosrelacionadosàorganizac¸ãoofensiva,distribuic¸ão de jogo, a partir do processo de ensino-aprendizagem--treinamentoofertadopelotreinador.Issocomointuitode aprimoraraprecisãoeasprópriasac¸õesnoespac¸o-tempo, ouseja,efetuarcomexatidãoe demodoeficazdiferente velocidades de levantamento para os diversos setores da áreaofensiva,apartirdediferenteslocaisedeumavariada eficáciadoprimeirotoque---aomesmotempoemquedefine asmovimentac¸õesdaspec¸asofensivas.Alémdisso,percebe osistemadefensivoadversário,sobretudo obloqueio,e é executada a tomada de decisãofinal, por intermédio dos processoscognitivos,comvistaaoferecercondic¸ões favo-ráveisàac¸ãoofensivafinal(ataque). Aac¸ãoofensivafinal éefetuadademodoplenoaonãosernecessáriaacorrec¸ão daimprecisãodosegundotoqueemdirec¸ãoaoterceiro,isso emconcomitânciaounãocomumcenáriodedesequilíbrio nobloqueio.
Aoinformaroslevantadores,ostreinadorestêmumcanal decomunicac¸ãoefetiva pormeiododiálogocom o distri-buidor de voleibol e por meio dainserc¸ão desse jogador nostreinamentosseconstróiaconcepc¸ãodosistema tático--estratégicodaequipe.Emumapartidaolevantadoranseia emgozarporliberdadeprocessualemsuasac¸õesnonúcleo dadistribuic¸ãodejogo.Entretanto,nosmomentosde cons-trangimentostemaexpectativadeumeixonorteador,que otreinadorpossadarluzàorganizac¸ãodosistemaofensivo,
interrompido pela eficácia positiva do sistema defensivo oponente.
Otreinador,comconcretacompreensãodovoleibol,tem umarealimportância parao levantador.Ao desejaratuar livremente no transcorrer de um jogo, o levantador tem como parâmetro a organizac¸ão ofensiva elaborada e efe-tuada nos treinamentos, arquitetadaem conjunto com o própriotreinador,deacordocomopotencialealimitac¸ão tático-técnicadosdemaismembrosdaequipeenvolvidosna distribuic¸ãodejogo.Assim,otreinadorsempreestá envol-vidodeformadiretacomadistribuic¸ãodejogo,mesmoque a organizac¸ãoofensiva seja elaboradapelo levantadorno momentodojogo.
Financiamento
Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) eConselho Nacionalde Desenvolvimento CientíficoeTecnológico(CNPq).
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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