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Intervenção não-medicamentosa na Doença de Alzheimer: Efeitos da estimulação cognitiva

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Revista Sul Americana de Psicologia, v5, n2, Jul/Dez, 2017

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INTERVENÇÃO NÃO-MEDICAMENTOSA NA DOENÇA DE

ALZHEIMER: EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

Non-drug intervention in Alzheimer's disease: effects of cognitive stimulation

Intervención no-medicamentosa en la enfermedad de Alzheimer: efectos de la estimulación cognitiva

Flavia Ogava Aramaki–Faculdade de Medicina de Jundiaí

Gisele Correa de Moraes– Faculdade Anhanguera de Jundiaí/Faculdade de Medicina de Jundiaí Elaine Battissaco– Faculdade Anhanguera de Jundiaí/Faculdade de Medicina de Jundiaí

Juliana Francisca Cecato– Faculdade de Medicina de Jundiaí

Endereço para contato Juliana Francisca Cecato

cecatojuliana@hotmail.com

Flavia Ogava Aramaki gerontologa, mestre em Ciências da Saúde e colaboradora do Ambulatório de Geriatria e Gerontologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí

Gisele Correa de Moraes graduanda de psicologia pela Anhanguera e estagiárias do Ambulatório de Geriátrica e Gerontologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí

Elaine Battissaco graduanda de psicologia pela Anhanguera e estagiárias do Ambulatório de Geriátrica e Gerontologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí

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145 Resumo

A doença de Alzheimer é um dos casos de demência descrito na literatura e sua incidência está aumentando devido ao crescimento da perspectiva de vida. Avaliar os aspectos cognitivos de idosos com diagnóstico de doença de Alzheimer antes e após receber estimulação cognitiva. Estudo de caráter longitudinal, entre novembro de 2013 a dezembro de 2014, em que foram avaliados 24 idosos, de ambos os sexos, com mais de 60 anos de idade e que receberam diagnóstico de doença de Alzheimer. Os participantes passaram por anamnese clínica detalhada e avaliação neuropsicométrica por meio do Cambrigde Cognitive Examination (CAMCOG), Mini-exame do Estado Mental (MEEM) e Teste do Desenho do Relógio (TDR). Os efeitos do programa de treino cognitivo foram avaliados em 6 sessões. Foi determinado pelos pesquisadores 6 sessões com 40 minutos de duração, uma vez por semana. Para a análise comparativa entre as médias nos testes cognitivos antes e após a estimulação cognitiva, o método estatístico de escolha foi a prova Wilcoxon, testando a hipótese unilateral (H0>H1), e o teste t de Student. As análises comparativas evidenciaram diferenças estatisticamente

significativas entre pré e pós intervenção no MEEM (p<0,0001), no CAMCOG (p<0,0001) e no TDR pela escala de Mendez (p<0,0001). Analisando as funções cognitivas, observa-se diferenças estatisticamente significativa pré e pós intervenção no item Memória (p=0,004) e Praxia (p=0,003). Os efeitos do treinamento na velhice têm como objetivo prevenir déficits cognitivos no envelhecimento normal e no caso das demências retardar a evolução da doença. Isso implica em manutenção da autonomia e independência do paciente e consequentemente promover a qualidade de vida.

Palavras-chave: Envelhecimento; demência; reabilitação; cognição.

Abstract

Alzheimer's disease is one of the dementia cases described in literature due population aging. To evaluate the cognitive aspects of elderly diagnostic with Alzheimer's disease before and after receiving cognitive stimulation. Longitudinal study, November 2013 to December 2014, which were evaluated 24 elderly of both sexes, with over 60 years old and who were diagnostic with Alzheimer's disease. The subjects underwent detailed clinical examination and neuropsicometric evaluation through the Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG), Mini-Mental State Examination (MMSE) and Clock Drawing Test (CDT). The effects of cognitive training program were assessed in 6 sessions. It was determined by researchers 6 sessions of 40 minutes duration, once a week. For the comparative analysis between means in cognitive tests before and after cognitive stimulation, statistical method used was Wilcoxon test, testing the unilateral hypothesis (H0> H1), and the Student t test. Comparative analysis showed statistically significant differences between before and after intervention in MMSE (p <0.0001), CAMCOG (p <0.0001) and TDR by Mendez scale (p <0.0001). Analyzing the cognitive functions, there is statistically significant differences before and after intervention Memory (p = 0.004) and Praxis (p = 0.003). The effects of training in the elderly are important to prevent cognitive deficits in normal aging and in case of dementia slow the progression of the disease. This implies maintaining the autonomy and independence of the patient and consequently improve the quality of life. Key-words: Elderly, dementia, rehabilitation, cognition.

Resumen

La enfermedad de Alzheimer es un tipo de demencia descrito en la literatura y su incidencia está aumentando debido al crecimiento de la perspectiva de vida. El objetivo del estudio fue evaluar los aspectos cognitivos de los ancianos con diagnóstico de enfermedad de Alzheimer antes y después de recibir estimulación cognitiva. El estudio fue de longitudinal, desarrollado entre noviembre de 2013 a diciembre de 2014, fueron evaluados 24 ancianos, de ambos sexos, con más de 60 años de edad que recibieron diagnóstico de enfermedad de Alzheimer. Los participantes pasaron por anamnesis clínica detallada y evaluación neuropsicométrica a través del Camborde Cognitive Examination (CAMCOG), Mini-examen del Estado Mental (MEEM) y Prueba del Dibujo del Reloj (TDR). Los efectos del programa de entrenamiento cognitivo se evaluaron luego 6 sesiones de 40 minutos, una vez por semana. Para el análisis comparativo entre las medias en las pruebas cognitivas antes y después de la estimulación cognitiva, el método estadístico de elección fue la prueba Wilcoxon, probando la hipótesis unilateral (H0> H1), y la prueba t de Student. Los análisis comparativos evidenciaron diferencias estadísticamente significativas entre pre y post intervención en el MEEM (p <0,0001), en el CAMCOG (p <0,0001) y en el TDR por la escala de Mendez (p <0,0001). Al analizar las funciones cognitivas, se observan diferencias estadísticamente significativas pre y post intervención en el ítem Memoria (p = 0,004) y Praxia (p = 0,003). Los efectos del entrenamiento en la vejez tienen como objetivo prevenir los déficits cognitivos en el envejecimiento normal y en el caso de las demencias retardar la evolución de la enfermedad. Esto implica el mantenimiento de la autonomía e independencia del paciente y, consecuentemente, promover la calidad de vida.

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Introdução

A composição etária da população brasileira está passando por alterações nos

últimos anos. A queda combinada das taxas de mortalidade e fecundidade resulta na

diminuição do número de jovens e no aumento do número de idosos. O envelhecimento

populacional é uma realidade que tem motivado os cientistas sobre as alterações

cognitivas que ocorrem no envelhecimento, já que a expectativa de vida é crescente e as

pessoas ficam cada vez mais suscetíveis a estes declínios cognitivos (Ávila, 2003). A

Doença de Alzheimer (DA) tem sido constantemente descrita por ser o tipo de demência

que ocorre com maior incidência1. De acordo com o National Institute of Neurological

and Communicative Disorders and Stroke e a Alzheimer's Disease and Related

Disorders Association (NINCDS-ADRDA) (Mckhann et al., 1984), o diagnóstico da

DA baseia-se no comprometimento progressivo de memória, orientação, atenção,

percepção visual, declínio progressivo da apraxia e funções cognitivas, além do prejuízo

em desempenhar atividades de vida diária, como por exemplo calcular a quantidade em

dinheiro de uma compra ou usar o telefone, e em fases avançadas há o

comprometimento em se alimentar sozinho (Mckhann et al., 1984; 2011).

Luders e Storani (1996) e Silva & Damasceno (2002) descrevem que as

primeiras definições de demência (publicadas na década de 90) referiam-se a uma

síndrome clínica, caracterizada por comprometimento da memória e secundariamente de

outros domínios cognitivos e alterações comportamentais. A DA é uma doença que

acomete principalmente pessoas acima dos 60 anos, não tem cura e o principal sintoma

é a perda de memória recente (Damasceno, 2010; Hamdan, 2008). Sua evolução é

progressiva e lenta, podendo durar até 20 anos. Classifica-se em estágios leves, no caso

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147 a estágios avançados, onde a doença causa uma incapacidade completa e o paciente

necessita de auxílio para alimentar-se, vestir-se ou tomar banho (Damasceno, 2010;

Hamdan, 2008; Veras et al., 2007).

Representando em torno de 50 a 70% dos casos de demências, a DA possui uma

incidência maior após os 65 anos de idade. Em casos menos comuns, pode acometer

pessoas mais jovens, na faixa etária entre 40 e 50 anos, sendo denominada de demência

de início precoce (pré-senil), sendo que quanto mais precoce seu início, pior o

prognóstico (Damasceno, 2010; Hamdan, 2008; Veras et al., 2007). O declínio da

memória não é o único fator acometido, pois pode apresentar alteração na afasia,

apraxia ou incoordenação visuomotora espacial. Com a evolução da doença, nos casos

mais avançados, o comprometimento da região cortical torna o paciente incapaz de

cuidar de si mesmo, por apresentar desorientação, confusão mental, além de provocar

incontinência urinária (Silva & Damasceno, 2002). O diagnóstico de DA provável é

apoiado pela deterioração progressiva de outras funções cognitivas específicas, tais

como a linguagem (afasia), as habilidades motoras (apraxia) e percepção (agnosia)

(Mckhann e al., 2011). Apraxia tem um amplo espectro de doenças com a incapacidade

para executar um ato aprendido e vários tipos têm sido descritos, sendo denominada de

Apraxia de construção a dificuldade em desenhar figuras simples. A deficiência

visuoconstrutiva é o termo frequentemente utilizado e abrange apraxia construcional

(Gerda, Fillenbaum, Burchett, Unverzagt & Kathleen, 2011). Este déficit neurológico

que causa a perda da capacidade de realizar movimentos precisos e gestos, impede o

paciente de realizar um ato complexo proposital aprendido corretamente. Em geral, a

apraxia piora à medida que a demência avança e profissionais que fazem o atendimento

clínico devem sempre testar esta função nas avaliações neurológicas do paciente idoso,

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148 um papel, fazer o movimento de beber água segurando um copo, dentre outras (Aron &

Buchman, 2011; Roth et al., 1986; Zadikoff & Lang, 2005).

Diante do exposto anteriormente e devido ao grande número de idosos com

doença neurodegenerativa, este artigo teve como objetivo avaliar os aspectos cognitivos

de idosos com diagnóstico de doença de Alzheimer antes e após receber estimulação

cognitiva.

Método

Participantes

Estudo de caráter longitudinal, entre Novembro de 2013 a Dezembro de 2014,

em que foram avaliados 24 pacientes idosos, de ambos os sexos, com mais de 60 anos,

com níveis variados de escolaridade e que receberam diagnóstico de doença de

Alzheimer (fase leve). Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de

Medicina de Jundiaí, com o parecer 54/11.

Instrumentos

A entrevista estruturada do Cambrigde Mental Desorders of the Elderly

Examination (CAMDEX) foi criada por Roth et. al (1986) com o objetivo de fornecer

informações diagnósticas sobre transtornos mentais. O instrumento avalia algumas

formas de demência, sendo elas a doença de Alzheimer (DA), a demência vascular

(DV) e demência decorrente de doenças médicas, e também fornece informações

relevantes sobre transtornos mentais orgânicos e funcionais diferentes das demências. O

CAMDEX possui algumas seções em toda a sua estrutura. A seção B corresponde à

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Examination(CAMCOG). Abrange áreas como memória, atenção, concentração,

orientação, linguagem, pensamento abstrato, cálculo, praxia e percepção.

O Miniexame do Estado Mental (MEEM) (Folstein, Folstein & Mchugh,

1975)considerado um dos instrumentos de rastreio mais utilizado em todo o mundo por

ser capaz de mensurar perdas cognitivas e também como instrumento que monitora a

resposta ao tratamento terapêutico. Por ser um teste extremamente simples, que avalia

orientação temporal, orientação espacial, memória imediata, cálculo, linguagem e

praxia.

O Teste do Desenho do Relógio (TDR) pela escala de Mendez, Ala &

Underwood (1992). O TDR é amplamente utilizado, envolve diversas funções

cognitivas (compreensão verbal, memória e função executiva). Alterações no TDR

podem ser observadas antes do declínio de memória em pacientes com demência, este

conceito tem importância na medida em que a maioria das avaliações cognitivas

analisam a memória, linguagem e a orientação temporoespacial e ainda podem estar

preservados no início do declínio.

Foram aplicados a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) (Yesavage et al.,

1983) e o ponto de corte para sintomas depressivos é > 5 pontos e o Questionário de

Atividades Funcionais de Pfeffer (QAFP) (Pfeffer et al., 1982), em escala Likert, sendo

que cada item possui uma variação de pontuação de 0 a 3, ou seja, em que a pontuação

mais alta indica pior desempenho. O resultado final varia de 0 a 30 pontos, sendo o

ponto de corte igual a 5 pontos.

Como critérios de exclusão, não fizeram parte desta pesquisa pacientes com

menos de 60 anos de idade, analfabetos, com diagnóstico de DA grave, com diagnóstico

de síndrome demencial do tipo não-Alzheimer (como por exemplo, demência por

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150 outros), histórico de Acidente Vascular Cerebral em algum momento da vida, tremor

importante, diagnóstico de doença de Parkinson, comprometimento visual ou auditivo

severo, pacientes que não realizaram alguns dos exames solicitados (laboratorial,

neuroimagem e neuropsicométrico) e participantes que não aceitassem participar da

pesquisa.

Procedimentos

Foram realizadas 6 sessões de treino cognitivo, duração de 40 minutos cada

sessão, uma vez por semana. As sessões de treino cognitivo também aconteciam apenas

uma vez por semana e somente com um sujeito por vez. Por essa razão, era necessário

terminar de avaliar um paciente para iniciar o programa com outro paciente.

Utilizaram-se as Utilizaram-seguintes atividades palavras-cruzadas, cálculos (simulando a troco de mercado),

construção de estórias a partir de figuras, memorização de nomes dos personagens das

estórias criadas, pintura (optativa) e método de costura de “fuxico” (optativa). Em todas

as sessões foram realizadas todas as técnicas, com exceção da pintura e “fuxico”, em

que participantes poderiam escolher entre a pintura e a atividade com costura, ou seja, o

participante que escolhesse o “fuxico” não precisava fazer a atividade de pintura. Nas

atividades com pintura e “fuxico” foi feito trabalho com assimilação de cores e inserção

de palavras no repertório linguístico, ou seja, para cada cor, o sujeito teve que assimilar

e dizer três nomes de animais, três nomes de frutas e três objetos cujas palavras iniciais

começam com a letra “M”. Foram anotadas as respostas dadas por cada participante.

Os participantes passaram por anamnese clínica detalhada e avaliação

neuropsicométrica. A avaliação clínica constou de exames laboratoriais (solicitou-se

exames de TSH, T4L, vitamina B12, sífilis e colesterol total e frações) e de neuroimagem

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151 antes e após intervenção foram o Cambrigde Mental Desorders of the Elderly

Examination (CAMDEX) (Roth et al., 1986), o Mini exame do Estado Mental (MEEM)

(Folstein, Folstein & Mchugh, 1975) e Teste do Desenho do Relógio (TDR) (Mendez,

Ala & Underwood, 1992).

Análise de dados

A análise do desempenho dos participantes nos treinos antes e após as

intervenções foi realizado por meio do programa SPSS (15.0). Foram realizadas análises

descritivas quanto a idade, gênero e escolaridade por meio de médias, desvio padrão e

porcentagem. Para a análise comparativa entre os testes cognitivos (MEEM, CAMCOG

e TDR) e também as funções cognitivas Linguagem, Memória e Praxia, antes e após

intervenção, o método estatístico de escolha foi a prova Wilcoxon, testando a hipótese

unilateral (H0>H1), em que H0 representa o resultado pós intervenção e H1 representa o

resultado antes da intervenção, e também o teste de comparação de médias por

ANOVA, seguida de teste t de Students.

Resultados

Amostra com 24 participantes, média de idade igual a 72,25 anos (mínimo = 60;

máximo = 84; desvio padrão [dp]= ± 5,91 anos), maior parte composta por mulheres,

79,17% (19 participantes). A escolaridade foi igual a 54,17% (13 participantes) para 1 a

4 anos de estudo, 8,33% (2 participantes) entre 5 a 8 anos e 37,5% (9 participantes)

apresentaram mais de 9 anos de estudo.

Em relação às médias dos testes cognitivos antes da estimulação cognitiva foi

utilizada a análise ANOVA, seguido do teste t de Student. No MEEM a média pré

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152 desenho do relógio (TDR) pela escala de Mendez igual a 14,92 pontos, como descrito

na Tabela 1.

Tabela 1

Análises descritivas (médias e desvio padrão) dos 24 participantes antes e após estimulação cognitiva, nos testes Mini-exame do Estado Mental (MEEM), Cambridge Cognitive Examination (CAMCOG) e Teste do Desenho do Relógio (TDR). ANOVA, seguida do teste t de Students.

Testes Pré intervenção Pós intervenção p

Média (±dp) Média (±dp)

MEEM 23,17 (±5,80) 25,42 (±3,94) 0,0001

CAMCOG 78,38 (±20,57) 80,88 (±13,01) 0,0001

TDR (escala Mendez) 14,92 (±6,01) 16,21 (±4,83) 0,0001

Após intervenção, as médias dos escores nos mesmos testes foram no MEEM foi

igual a 25,42 pontos, no CAMCOG igual a 80,88 pontos e no teste do desenho do

relógio (TDR) pela escala de Mendez igual a 16,21 pontos. As análises comparativas

evidenciaram diferenças estatisticamente significativas entre pré e pós intervenção no

MEEM (p<0,0001), no CAMCOG (p<0,0001) e no TDR pela escala de Mendez

(p<0,0001) (Tabela 1). Analisando as funções cognitivas, observa-se diferenças

estatisticamente significativa pré e pós intervenção no item Memória (p=0,004) e Praxia

(p=0,003). Não houve diferença estatística no item Linguagem (p=0,051) (Tabela 2)

Tabela 2

Análises descritivas (médias e desvio padrão) dos 24 participantes antes e após estimulação cognitiva, em relação as funções cognitivas Linguagem, Memória e Praxia. ANOVA, seguida do teste t de Students.

Testes Pré intervenção Pós intervenção p

Média (±dp) Média (±dp)

Linguagem 24,58 (±4,23) 25,13 (±2,17) 0,051

Memória 17,33 (±6,13) 17,83 (±5,18) 0,004

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153 As análises comparativas realizadas por meio do teste Wilcoxon (Tabela 3)

evidenciam valor negativo e estatisticamente significativo no teste MEEM (Z= -3,266;

p= 0,001), em que observa-se maior média no teste pós intervenção. Os testes

CAMCOG (Z= -0,305; p= 0,761) e TDR (Z= -1,319; p= 0,187), e os itens cognitivos

Linguagem (Z= -0,315; p= 0,753), Memória (Z= -0,086; p= 0,911) e Praxia (Z= -1,428;

p= 0,153) não evidenciaram diferenças estatisticamente significativas. Apesar dos

resultados com a prova Wilcoxon não apresentar diferenças estatisticamente

significativa no CAMCOG, TDR e itens cognitivos, pode-se inferir com os resultados

as médias após a estimulação cognitiva, que os pacientes apresentaram maiores médias

nos testes pós intervenção para os instrumentos MEEM e TDR, e também para as

funções cognitivas da Memória e Praxia.

Tabela 3:

Análises comparativas por meio do teste Wilcoxon, testando a hipótese H0>H1.

HipóteseH0>H1 Z p

MEEM -3,266ª 0,001

CAMCOG -0,305b 0,761

TDR (Mendez) -1,319a 0,187

Linguagem -0,315b 0,753

Memória -0,086a 0,911

Praxia -1,428a 0,153

a. H1 pos>H0 pre b. H1 pos<H0 pre

O subteste do CAMCOG que avaliou a Memória foi uma das funções cognitivas

de escolha pelos esquecimentos serem um dos primeiros sintomas da doença. Os

resultados apontam que, mesmo com uma doença neurodegenerativa, os participantes

desta pesquisa não apresentaram declínios nas médias no segundo teste (após

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Discussão

O declínio das funções cognitivas dependente de fatores educacionais, de saúde,

personalidade e capacidades intelectuais específicas (Sá et al., 2012). Nesta pesquisa

avaliou-se a linguagem, a memória e a praxia de testes cognitivos pré e pós intervenção

e observou-se melhora nas médias das funções memória e praxia e este dado corrobora

com o descrito por Sá et al. (2012) ao qual descreveu que os testes de apraxia foram

capazes de diferenciar casos de demência, tanto nas fases precoce e tardia da doença,

provavelmente devido ao envolvimento do hemisfério posterior nas fases iniciais da

DA.

Sperling et al. (2011) argumentam sobre a medida que o indivíduo apresenta

uma idade cronológica avançada, menor será o seu desempenho em testes cognitivos.

Contudo, os achados de Sperling et al. (2011) discordam dos achados desta pesquisa,

pois analisando os pontos de corte após intervenção, observa-se melhora nas médias

tanto nos testes cognitivos quanto nos subitens que avaliaram memória e praxia.

Encontra-se na literatura nacional estudos com reabilitação cognitiva referente à

importância na aprendizagem e para pacientes que tiveram algum comprometimento ou

dano cerebral (Lima-Silva & Yassuda, 2012; Pontes & Hubner, 2008). A estimulação

cognitiva tem como objetivo compensar e recuperar áreas lesionadas por algum dano

(Macedo & Boggio, 2008) e melhorar as habilidades no processamento de informações

para que o paciente consiga desenvolver estratégias cognitivas no cotidiano (Abreu &

Tamai, 2002). A preocupação recente com o envelhecimento populacional emerge

novos desafios em atender uma demanda comprometida cognitivamente, conceituado

senilidade ou envelhecimento patológico (Neri, 2004). Pesquisas recentes (Lima-Silva

& Yassuda, 2012; Neri, 2004; Verhaeghen, 2002; Yassuda, Batistoni, Fortes & Neri,

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155 memória para a população idosa, pois o idoso saudável é capaz de melhorar o seu

desempenho após receber treinamento (Verhaeghen, 2002), revelando a plasticidade

neuronal (Yassuda, Batistoni, Fortes & Neri, 2006). Lima-Silva et al. (2012)

promoveram técnicas de reabilitação cognitiva com 64 idosos e observaram melhoras

no grupo que passou pelo processo de treino cognitivo quando comparados a um grupo

sem treinamento. Lima-Silva et al. (2012) analisaram as funções executivas de 26

idosos em testagem pré e pós intervenções e também evidenciaram-se melhoras pós

intervenções. Os dados desses dois artigos corroboram com os achados desta pesquisa

que também encontrou melhoras em pacientes com demência após treino cognitivo.

Pode-se inferir com os resultados encontrados que são necessários uma quantidade de

treinamento suficiente para que o treino produza algum efeito sobre o indivíduo.

A melhora nos testes cognitivos pós intervenção evidenciam que nas fases

iniciais da demência, o paciente apresenta, mesmo que de maneira reduzida e limitada

quando comparado a um idoso sem comprometimento, capacidade de aprendizado e de

funções cognitivas (Abrisqueta-Gomez et al., 2004). Esse fato pode ser justificado pela

neurogênese, ou seja, o neurônio ainda possui a capacidade de se regenerar e estabelecer

novas sinapses por um processo denominado de neuroplasticidade (Gomez-Fernández,

2000; Johansson, 2004). A plasticidade neuronal deve ser encarada como um dos

grandes motivadores para se estabelecer os trabalhos de estimulação cognitiva com

pacientes com demência.

Neste estudo, apresentamos os efeitos sob a cognição em pacientes que

receberam diagnóstico de DA e receberam estimulação cognitiva por meio de 6 sessões.

Apenas 37,5% da nossa amostra tinham escolaridade maior que 9 anos. Isto representa

uma das limitações do estudo porque, principalmente, as intervenções elaboradas para a

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156 cruzadas e cálculos e por essa razão não permitiu-se incluir analfabetos nesta pesquisa.

Contudo, para novas pesquisas, é necessário elaborar intervenções que favoreçam a

estimulação cognitiva com pacientes sem escolaridade.

Considerações finais

Pode-se concluir que o treino cognitivo em idosos com doença de Alzheimer

viabilizou aumento dos escores pós teste. Os efeitos do treinamento na velhice têm

como objetivo prevenir déficits cognitivos no envelhecimento normal e no caso das

demências retardar a evolução da doença. Isso implica em manutenção da autonomia e

independência do paciente e consequentemente promover a qualidade de vida tanto do

paciente quanto de seus familiares. Os estudos com treino cognitivo ainda são escassos

no Brasil e pode-se dizer que as pesquisas com a reabilitação cognitiva podem trazer

uma importante contribuição para o campo da psicologia, medicina e gerontologia.

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Submissão: 10/11/2016

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