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Artigo
Original
Uso
de
cone
de
metal
trabecular
tântalo
para
tratamento
de
defeitos
ósseos
na
artroplastia
de
revisão
do
joelho
夽
Alan
de
Paula
Mozella
∗,
Ricardo
Reiniger
Olivero
e
Hugo
Alexandre
de
Araújo
Barros
Cobra
InstitutoNacionaldeTraumatologiaeOrtopedia,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem7dedezembrode2012 Aceitoem12dejulhode2013 On-lineem12demarçode2014 Palavras-chave: Artroplastiadojoelho Próteseseimplantes Tântalo Osteointegrac¸ão
r
e
s
u
m
o
Objetivos:avaliaratécnicacirúrgicaedeterminarosresultadosiniciais,comseguimento mínimodedoisanos,dasrevisõesdeartroplastiatotaldojoelhonasquaisconesdemetal trabeculartântaloforamempregadospeloCentrodeCirurgiadoJoelhodoInstitutoNacional deTraumatologiaeOrtopedia(Into)ounaclínicaprivadadosautoresdejulhode2008a dezembro2010.
Métodos:foramincluídosnoestudo10pacientes,prospectivamenteemavaliac¸ãoclínicae radiográfica.
Resultados: setepacientesapresentaramevoluc¸ãosemcomplicac¸õesrelacionadasaouso deconesdetântalo,cinconegamdoretodosdeambulamsemnecessidadedemuletas. Emtodososcasos,verificamososteointegrac¸ãodosconesdetântaloenãofoiobservada migrac¸ãoousolturadeimplantes,assimcomoosteólise.
Conclusão:ousodeconesdemetaltrabeculartântaloparatratamentodedefeitosósseos tipoIIouIIIAoriapresenta-secapazdeproversuporteestruturaleficienteaosimplantes protéticosderevisãoemavaliac¸ãodecurtoseguimento.
©2013SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.
Use
of
a
trabecular
metal
cone
made
of
tantalum,
to
treat
bone
defects
during
revision
knee
arthroplasty
Keywords:
Kneearthroplasty Prosthesesandimplants Tantalum
Osseointegration
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives: theaimofthisstudywastoevaluatethesurgicaltechniqueanddeterminethe initialresults,withaminimumfollow-upoftwoyears,fromtotalkneearthroplastyrevisions inwhichtrabecularmetalconesmadeoftantalumwereusedattheKneeSurgeryCenter oftheNationalInstituteofTraumatologyandOrthopedics(INTO)orattheauthors’private clinicbetweenJuly2008andDecember2010.
Methods:tenpatientswereincludedinthestudyprospectively,throughclinicaland radio-graphicevaluations.
Results:sevenpatientspresentedevolutionwithoutcomplicationsrelatingtothetantalum conesused.Fiveofthesepatientssaidthattheydidnothaveanypainandallofthemwere
夽TrabalhodesenvolvidonoCentrodeCirurgiadoJoelhodoInstitutoNacionaldeTraumatologiaeOrtopedia,RiodeJaneiro,RJ,Brasil. ∗ Authorparacorrespondência.
E-mail:apmozella@terra.com.br(A.d.P.Mozella).
0102-3616©2013SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.07.002
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
Introduc¸ão
Desdeofimdadécadade1980observa-seelevac¸ãodeaté10% aoanononúmerodeartroplastiasdejoelhofeitasnosEstados Unidos.1Entre1990e2002,onúmerodecirurgiasprimárias
por100milhabitantesnaquelepaístriplicou.1Aelevac¸ãoda
expectativadevidaeomaiornúmerodecirurgiasprimárias feitasmotivaram, consequentemente,maiorquantidadede cirurgiasderevisão.
Em2002,maisde350milprótesesdejoelhoforam implan-tadasnosEUA.2Nomesmoano,onúmerodeprocedimentos
de revisão aumentou em7,5%.2 Kurtz et al.3 estimaram a
elevac¸ão donúmero decirurgias derevisõespara 2030em 600%.
Omanejodaperdaósseanocenáriodaartroplastiade revi-sãodojoelhorepresentaenormedesafio.Odefeitoósseopode serresultadodadoenc¸ainicial,dodesenhodaprótese primá-riausada,domecanismodefalha,deerrostécnicosnacirurgia primáriaoudadificuldadenaretiradadeimplantesfixos.4,5
Acorrec¸ãodadeficiênciaósseatorna-senecessáriapara aobtenc¸ãodeinterfaceosso-implanteestável,oquepermite corretoalinhamentodoscomponentes,manutenc¸ãode ade-quadaalturadainterlinhaarticularebalanc¸oligamentar.É, portanto,determinantenoresultadoclínico.4–6
Defeitosósseospodemsermanejadosporpreenchimento commetilmetacrilato,enxertoósseoesponjosoautólogo, frag-mentosdeenxertoestruturalautólogo,aumentosmodulares metálicos ou componentes de polietileno mais espessos. Todavia, o correto tratamento de grandesdefeitos perma-nece indefinido e podem ser usados enxertos estruturais homólogos,enxertosesponjososimpactadosouprótesenão convencional.7–10
Diversosestudosqueusaramenxertosestruturais homó-logosnomanejodasfalhasósseasdurantecirurgiasderevisão demonstramíndicedenãouniãodeaté4%,riscodeinfecc¸ão com variac¸ão de 4% a 8%e de falha entre 8% e 23%.11–14
Dessemodo,questiona-seacapacidadedeenxertos estrutu-raismanteremfunc¸ãodesuportedeformaefetivaporlongo prazo.
Aumentosdemetaltrabeculartântalo,emdiversos forma-tosdecones,representam,atualmente,opc¸ãoaomanejode falhasósseasemrevisõescomplexasdeATJesãoopc¸ãoao usodeenxertoestruturaldeBancodeTecidos Musculoesque-léticos.
Oobjetivodeste estudofoi avaliarosresultadosiniciais, comseguimentomínimodedoisanos,dasrevisõesde artro-plastia total do joelho em que cones de metal trabecular tântaloforam usados para tratamento de grandes defeitos ósseostibiaisoufemorais.
Material
e
métodos
Foram incluídosnoestudopacientessubmetidos àcirurgia de revisão de artroplastia totalde joelho de julho de 2008 a dezembro 2010, nosquais foi necessário o usode cones demetaltrabecularparaadequadotratamentodosdefeitos ósseos.
AscirurgiasforamfeitasnoCentrodeCirurgiadoJoelho doInstitutoNacionaldeTraumatologiaeOrtopedia(Into)e naclínicaprivadadosautores.Foramexcluídosdessasérie todos ospacientes submetidosàcirurgia derevisãodeATJ nosquaisosdefeitosósseosencontradosforamtratadospor outrosmétodos,comocunhasmetálicasouenxertos homó-logos,ou,ainda,aquelesemqueosconesdetântaloforam empregadosassociadosaenxertoestrutural.
Ospacientesforamacompanhadosprospectivamenteem avaliac¸ãoclínicaeradiográficanoperíodopós-operatóriocom 15dias,ummês,trêsmeses,seismeses,umanoe,apósesse período,emconsultasanuais.
Avaliac¸ão radiográficafoifeitapelacomparac¸ãode radi-ografiasemanteroposteriorcomcarga eperfildojoelhono pós-operatório imediato e nas avaliac¸ões subsequentes. A existência de reac¸ãotrabecularna interfacemetal trabecu-lardoossohospedeiro,avaliadaporradiografiassequenciais, configuradapelapresenc¸adeescleroseósseaassociadaà ine-xistênciadelinhasderadioluscência,foiocritérioparadefinir aocorrênciadeosteointegrac¸ãodosconesdetântalo.
Foram usados,durante observac¸ãoradiográfica,critérios do sistema de avaliac¸ão e escore da Knee Society15 para
determinac¸ãodesolturasoumigrac¸ãodecomponentes pro-téticosoudeconestrabeculares.
Oestudofoisubmetidoàavaliac¸ãoeaprovac¸ãodoComitê deÉticaemPesquisadoInstitutoNacionaldeTraumatologia eOrtopedia efeitopeloCentrodeCirurgiadoJoelhodesse Instituto.
Conesdemetaltrabeculartântalo
Metal trabecular tântalo (Trabecular Metal, Zimmer, War-saw, Indiana) representa um material biocompatível, que apresenta baixo módulo de elasticidade, alta porosidade e excelente potencial biológico de fixac¸ão. Tais característi-cas possibilitamdistribuic¸ãouniforme decarga,o que,em tese,reduzaocorrênciadofenômenoconhecidocomostress shielding.16
Diversostrabalhoshistológicosdemonstrambaixo poten-cialdeaderênciabacterianaeaumentodaativac¸ão leucocitá-riaquandocomparadoscommateriaishabitualmenteusados emortopedia.17,18
Figura1–(A)Defeitotibial,(B)debridamentocombrocatipobur,(C)testedoconedetântalo.
A capacidade de fixac¸ão biológica possibilita ao metal trabecular atuar como substrato para crescimento ósseo, com migrac¸ão de osteoblastos hospedeiros para as lacu-nas do metal e, consequentemente, reposic¸ão do estoque ósseo.
Em virtude dessas vantagens potenciais, é notório o interesse crescente no uso desse metal nas cirurgias de reconstruc¸ãoarticular.
Osconesforamdesenvolvidosemdiversostamanhose for-matos,parapossibilitaropreenchimentodegrandevariedade dedefeitosfemoraisdistaisoutibiaisproximais,localizados nocentrodametáfiseouassociadosàdeficiênciaóssea corti-cal.
Esses conesdevem ser impactados nos defeitosósseos, possibilitarosteointegrac¸ãodessesaoossohospedeiroe per-mitir,concomitantemente,ousodecomponentesprotéticos derevisãocomhastesintramedulares.
Técnicacirúrgica
O acesso cirúrgico foi feito conforme técnicas tradicionais comumenteusadasnacirurgiaderevisão.
Técnicapadrãopararetiradadoscomponentesprotéticos oudeespac¸adoresfoi,inicialmente,empregada.Após debri-damento,osdefeitosósseosencontradosforamclassificados comousodosistemaAndersonOrthopaedicsResearch Ins-titute(Aori).19Abordou-seseparadamentefêmuretíbia, da
seguinteforma:tipo1–apresenta ossometafisário íntegro compequenosdefeitosquenãocomprometemaestabilidade doimplantederevisão;tipo2–perdadeossoesponjosoem regiãometafisária,quepodeocorreremum(A)ounosdois(B) côndilos,femoraloutibial;tipo3–ossometafisáriodeficiente, ocasionalmente associado a destacamento dos ligamentos colaterais.
Aclassificac¸ãodafalhaóssea,assimcomoaquantidade ealocalizac¸ãodeossocorticaleesponjosoremanescente,foi consideradanadecisãoparamanejododefeitoósseocomuso deconedemetaltrabecular.Emtodosospacientesodefeito foiclassificadocomotipo2ousuperior.
Foramempregadosguiasintramedularestibialefemoral paraobtenc¸ãodecorretoalinhamentodoscomponentes pro-téticosefeituradoscortesósseos,conformetécnicapadrão. Balanc¸oligamentarfoiobtidoconformeosconceitosemvoga. Os defeitos encontrados foram adequadamente pre-enchidos com testes de diversos formatos e tamanhos representativos dos conesde metal trabecular disponíveis. Proeminênciasósseasque impossibilitavamaimpacc¸ão ou manutenc¸ãodosconestrabecularesemposic¸ãoestávelforam debridadoscom ousodebrocatipobur,comoobjetivode alcanc¸aramaiorestabilidadeeomaiorcontatoósseopossível
(figura1A-C).
A rotac¸ão dos cones de tântalo foi determinada pela localizac¸ão,peloformatoepelotamanhodosdefeitosósseos. Aestabilidaderotacionaldoconetrabecularfoiavaliadapor manipulac¸ãodocirurgiãoapósimpacc¸ãodesseimplante.
Arotac¸ãodoscomponentesprotéticosdefinitivosfoi ori-entada pelos parâmetros da técnica padrão, e não pela localizac¸ãoepelarotac¸ãodosconestrabeculares.
Áreas existentes entre a superfície externa do cone de tântaloeoossohospedeiroforamenxertadascomosso autó-logoprovenientedoscortesfeitos.Asuperfícieinternados cones trabeculares reconstituiu a região metafisária proxi-maldatíbiaoudistaldofêmureatuoucomosuperfíciepara cimentac¸ãodoscomponentesprotéticosdefinitivoscomouso dehastesintramedulares(figura2A-C).
Noperíodopós-operatórioimediato,o ganhode arcode movimentocompletofoiestimuladoeacargafoipermitida conformetolerado.
Resultados
Dadosdemográficos
Foramincluídosnesteestudo10pacientessubmetidosà cirur-giaderevisãodeartroplastiatotaldejoelhocomusodecone demetaltrabeculartântalo.Trêseramdosexomasculinoe sete, dofeminino.Amédiade idadefoi de71,1 anos, com variac¸ãoentre59e80.Acirurgiafoifeitanoladodireitoem
Figura2–(A)Conedetântaloemtíbiaproximalcomenxertiaautólogaemsuperfícieexterna,(B)cimentac¸ãonointerior,(C) comimplantac¸ãodocomponentetibial.
trêsvezesedoesquerdoemsete.Umpacientefoiperdidodo acompanhamentopós-operatóriopormortenãorelacionada àcirurgiaumanoapósarevisão;emsuaúltimaavaliac¸ãode seguimento,nãoapresentavacomplicac¸õesemantinhaboa func¸ãoarticular.Otempomédiodeacompanhamento pós--operatóriofoide34,7meses,comvariac¸ãode26a45meses. Emoitopacientes,o conedemetaltrabecularfoiusado naprimeirarevisãoeascausasdefalhaforam:infecc¸ãoem doiscasos,maualinhamentoeafundamentoemvaroemdois, osteóliseemdois,desgastedopolietilenoemumesoltura assépticaemoutro.
Em um paciente, o aumento de tântalo foi usado no segundoprocedimentoderevisãodeATJ.Aartroplastia pri-mária falhou com afundamento do componente tibial em varo.Foi,nessemomento,feitarevisãocomusodecunhade aumentometálicoconvencional.Após10dias,sofreuqueda daprópriaaltura,evoluiucomexposic¸ãodaprótese,que resul-tou eminfecc¸ão tratada com revisão emdois tempos. Foi, então,usadoconedetântalo.
Emoutrocaso,oconefoiusadonaterceirarevisão.Não identificamosacausadasduasprimeirasrevisões.Aterceira foifeitapormaualinhamentoeinstabilidade.
Dadoscirúrgicos
Noladofemoral,emtrêscasosforamusadoscones trabecula-res;odefeitoósseofoiclassificadocomoF2Bemdoiscasose F3emum.Acausadefalhafoi maualinhamentoemdois casoseosteóliseemum.Emumcaso, oimplantede revi-sãousadofoioTCIII(DepuySynthes®),quenecessitoude hastefemoral18x175mmcimentadaedeaumentos metáli-cosdistaisde12mmeposterioresde4mm.Oconetrabecular usadonessecasofoiomédio,de40mmdealtura.Nosoutros casos,oimplanteusadofoioRotatingHingeKnee(Zimmer®) efoiimplantadahaste10x145mmcimentadae15x145mm. Emambososcasos,usaram-secunhasdeaumentometálico distalde10mm.Osconestrabecularesusadosnessescasos foramdetamanhomédio.
No lado tibial, emnove casos, foram usados cones tra-beculares de tântalo.Os defeitosencontrados foramassim classificados:T2A,T2BeT3,emtrêscasoscada.
Emcincopacientesforamusadosimplantes semiconstri-tosLCCK(Zimmer®),emdois,implantessemiconstritosTCIII (DepuySynthes®)eemmaisdois,implantesconstritostipo dobradic¸a(RotatingHingeKnee,Zimmer®).
Em todos os componentestibiais foi usadahaste intra-medularcimentadaenãoforamusadascunhasmetálicasde aumento.Ocimentousadonascirurgiasderevisão,emtodos oscasos,foioSimplex,comadic¸ãode2gdevancomicinapor dosedemetilmetacrilato.
Aespessuradopolietilenovarioude10a22,5mm.Apatela foirevisadaemseiscasosenosoutrosquatrofoimantidoo implantepatelaroriginal.
Resultadosclínicosereoperac¸ões
Umpacientefaleceuaos12mesesdepós-operatóriodecausas nãorelacionadasàcirurgiaderevisão.
Ocorreu uma reoperac¸ão para drenagem de hematoma volumosonoprimeiromêsdepós-operatórioemumcaso.
Umpacienteapresentourecorrênciadainfecc¸ãoapósnova intervenc¸ãocirúrgicaparatratamentodelesãodomecanismo extensorocorridadurantequedadaprópriaalturanoprimeiro mêsapóssegundarevisãodeATJ.Essepacientefoisubmetido àretiradadoscomponentesprotéticoseàartrodesedojoelho eobtevecritériosdecuradainfecc¸ão.
Dois pacientes apresentaram fratura periprotética no fêmur.Oprimeirohaviarecebidoconedemetaltrabecularem defeitofemoraletibialeforaimplantadapróteseconstritado tipodobradic¸aummêsantes.Foisubmetidoàosteossíntesee àenxertiahomóloga,evoluiucomsolturadasínteseehouve necessidadedenovaabordagemcirúrgica.Evoluiu,então,com infecc¸ãodedifícilcontroleclínicoassociadaàperdado meca-nismoextensorenecessitou-seamputaromembro.
O segundo havia sido submetido à revisão com uso de tântaloemdefeitotibial14mesesantes.Durantequedada própriaaltura,apresentoufraturaperiprotéticafemoralsem
Figura3–(A)Implantefinalcomconedetântalo,(BeC)Rx pós-operatório.
solturadoscomponentesesinaisdeosteointegrac¸ãodocone demetaltrabecular.Foisubmetidoàosteossínteseeàenxertia ósseahomólogadeduasréguasfemoraisdeBancodeTecidos eevoluiuparaconsolidac¸ão.
Dessaforma,setepacientesapresentavamseguimento clí-nicomínimo de 24 meses.A flexão médiafoi de 95◦, com variac¸ão de 85◦ a115◦. Em seis casos, observava-se exten-sãocompletaeemumpaciente,déficitdeextensãoativade 10◦.
Seispacientes apresentavam estabilidadevaro-valgoem extensãoeestabilidadeanteroposteriorduranteavaliac¸ãoem 90◦ de flexão.Emumpaciente, após24 mesesde evoluc¸ão deimplantesemiconstritoeconedetântalonatíbia, obser-vamosevoluc¸ãodeinsuficiênciadeestruturasmediais,oque acarretouinstabilidade.Foi, portanto,indicadarevisãopara implanteconstrito.
Em um paciente observamos necrose de patela e subluxac¸ão.Contudo,evoluiucomlimitac¸ãodofimde exten-sãoativa, porém semlimitac¸ãopara as atividadesda vida diária.Osdemaispacientesnãoapresentaramcomplicac¸ões patelofemorais. Cinco dessespacientes negam dor etodos deambulamsemnecessidadedemuletas.
Resultadosradiográficos
Acomparac¸ãode examesradiográficossequenciais eviden-cioureac¸ãoóssea trabecularna interfaceosso hospedeiro--metaltrabeculareinexistênciadelinhasderadioluscência entrecone eosso hospedeironesses sete pacientes,oque configurousinaisdeosteointegrac¸ãodoimplante.
Emnenhumpacienteobservamosperdaoumigrac¸ãodo conedemetaltrabecularoudecomponentesprotéticos.Não foram observados sinais de osteólise nos casos avaliados. Duranteacompanhamentoradiográficodenossaamostra,não identificamos,até o presente,linhas de radioluscênciaque configurassemsolturadosimplantes(figura3).
Discussão
O manejo dodefeitoósseo durante arevisão de artroplas-tiatotaldejoelhoédeterminantenoresultadoclínicofinal, haja vista que possibilita a obtenc¸ão de interface osso--implanteestávelepermitecorretoalinhamentodomembro, manutenc¸ão de adequada altura da interlinha articular e balanc¸o ligamentar. A melhor técnica de tratamento de grandesdefeitosósseospermanece,atéosdias atuais,não definida.7–10
Estudos disponíveis que avaliam a seguranc¸ae a efeti-vidadedousodeenxertoshomólogosestruturaisdeBanco de Tecidos Osteo-Muscular durante cirurgias de revisão apresentamlimitado númerodecasosecarecem de acom-panhamentopós-operatóriodelongoprazo.20–22
Hockmanetal.,20queavaliaram65cirurgiasderevisãocom
deficiênciaósseaeacompanhamentopós-operatóriomínimo decincoanos,concluíramqueaumentosmetálicos modula-resnãosãoefetivosmodosdetratamentodegrandesfalhas ósseasnocenárioderevisãodeATJ.Contudo,nasrevisõesem queforam usadosenxertos estruturais,afalhaocorreuem aproximadamente20%doscasos.
EstudofeitoporEngheAmmeen21equeavaliou35
cirur-gias de revisão deartroplastia, nas quaisse apresentavam defeitos ósseos tipo II ou III Aori tratados com o uso de enxertoestruturalecomacompanhamentopós-operatóriode 4,2anos,evidenciouresultadosbonsouexcelentesem87%dos casos.Clatworthyetal.22demonstraram72%debons
resulta-dosemestudoqueusou66enxertosestruturaisparaomanejo de52cirurgiasderevisãodeartroplastiadejoelhoe corrobo-raramessesdados.
Lonner et al.23 relataram arevisãode ATJem 17casos,
nosquaisgrandesdefeitosósseosnãocontidosforam mane-jadoscomousodeenxertoósseoimpactado.Nesseestudo, nenhumafalhadaenxertiafoirelatada,emborao acompa-nhamentopós-operatórioem15casostenhasidomenordo que24meses.
Modernamente,ousodeconesdemetaltrabecular tân-talo,emdiversostamanhoseformatos,representaimportante opc¸ãoparatratamentodegrandesdefeitosósseos metafisá-riosemrevisõescomplexasdeartroplastiadejoelho.
Atécnica deimplantac¸ãodoconede tântaloé relativa-mentesimplificadaquandocomparadacomousodeenxerto estrutural e reduz,dessa forma, o tempo cirúrgico e, con-sequentemente, o risco de infecc¸ão. Outra vantagem é a eliminac¸ãodoriscopotencialdetransmissãodedoenc¸as con-tagiosasassociadasaotransplanteósseohomólogo.
Diversas características do metal trabecularsão favorá-veis a seu uso como biomaterialemcirurgias ortopédicas. Assim,destacam-se:oaltocoeficientedefricc¸ão,que possibi-litaaoconedetântaloapresentarótimaestabilidademecânica inicial,mesmocomreduzidaáreadecontatocomoosso hos-pedeiro;obaixomódulodeelasticidadedometal,queésimilar aodoossoesponjosoepossibilitamelhordistribuic¸ãodecarga e reduc¸ãodo fenômenode stress shielding; ea alta porosi-dade, quepossibilita asuperfíciede migrac¸ão de célulase osteointegrac¸ãoquandoemcontatocomossohospedeiroea interdigitac¸ãodocimentoquandoemcontatocomos implan-teseashastescimentadas.
ósseas,ostrabalhosqueavaliamaseguranc¸aeaefetividade dometaltrabecularnãosãonumerososeaamostragemé limi-tada,emboraosresultadosiniciaissejamsatisfatórios.24–27
EstudofeitoporMeneghini etal.24 queavaliou 15
cirur-giasderevisãocomdefeitotibiaissuperioresaT2B,comuso deconemetafisáriotrabecularnatíbiaproximalecom acom-panhamentomédiode34meses,nãoevidenciousolturaou migrac¸ãodosconesoucomponentesprotéticosenotaram-se sinaisradiológicosdeosteointegrac¸ãoemtodososcasos.
Damesmaforma,Radnay eScuderi,25 queavaliaram10
pacientes com defeitos tibiais proximais manejados com conemetafisáriotibialapós10 mesesdeacompanhamento pós-operatório,nãonotarammigrac¸ãoousolturade implan-tes.
Howard et al.26 estudaram 24 cirurgias de revisão de artroplastia total de joelho com falhaóssea no fêmur dis-taltratadoscom ousode conesmetafisáriosfemorais. Em acompanhamentopós-operatóriode33meses,não evidenci-aramcomplicac¸ões associadasaousodoconedetântaloe todoscom sinais radiográficosde osteointegrac¸ão. Concluí-ram,portanto,queconesmetafisáriosfemoraissãocapazes deproverefetivosuporteestruturalaosimplantesfemorais derevisão.
Lachiewics et al.27 relatam a implantac¸ão de 33 cones
detântalodurante 27cirurgias derevisãocom seguimento mínimode doisanoseverificaramsolturadosimplantese nãoosteointegrac¸ãodeconedetântalofemoralemumcaso, quenecessitou,portanto,dereabordagemcirúrgica.
Nossosdadosapresentam-seemconcordânciacoma lite-ratura.Emtodosospacientes,observamossinaisradiográficos deosteointegrac¸ãoenãonotamosqualquercasodemigrac¸ão ousolturadecomponentes.Ascomplicac¸õesocorridas,como infecc¸ãoefraturas periprotéticas,nãoforam associadasao usodometaltrabecular,massimàcomplexidadedoscasos. Emnossacasuística,amaioriadosdefeitosocorreunolado tibial.Entretanto,nãoverificamosdiferenc¸asnacapacidade deoconetrabecularproversuporteaoimplanteprotético,seja noladofemoralsejanotibial.
Conclusão
Ousodeconesdemetaltrabeculartântaloparatratamentode defeitosósseostipoIIouIIIAori,nocenáriodaartroplastiade revisãodojoelho,é,emavaliac¸ãodecurtoseguimento,capaz deproversuporteestruturaleficienteaosimplantesprotéticos derevisão.
Emavaliac¸ãodecurtoprazo,nãoverificamossolturasou migrac¸ãodecomponenteseidentificamososteointegrac¸ãoem todososcasos.Contudo,estudoscommaiornúmerodecasos emaioracompanhamentopós-operatóriosefazem necessá-rios.
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