w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
de
Atualizac¸ão
Osteocondroma:
ignorar
ou
investigar?
Antônio
Marcelo
Gonc¸alves
de
Souza
ae
Rosalvo
Zósimo
Bispo
Júnior
b,c,∗aFaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),Recife,PE,Brasil bFaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),JoãoPessoa,PB,Brasil cCentroUniversitáriodeJoãoPessoa(Unipê),JoãoPessoa,PB,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem23deagostode2013 Aceitoem31deoutubrode2013 On-lineem30desetembrode2014 Palavras-chave: Osteocondroma/etiologia Osteocondroma/fisiopatologia Osteocondroma/diagnóstico Neoplasiasósseas
r
e
s
u
m
o
Osteocondromas sãoprotuberânciasósseas envolvidasporumacamada decartilagem.
Atingem, habitualmente,asextremidades dos ossos longosno esqueletoimaturo e os
deformam.Emgeralsãoúnicos,masaformadeapresentac¸ãomúltiplapodeser
encon-trada.Deaspectobastantecaracterístico,sãodefácildiagnóstico.Contudo,porvezes,a
localizac¸ãoatípica(esqueletoaxial)e/ouamalignizac¸ãodalesãopodemdificultarasua
prontaidentificac¸ãoporexamesradiográficos.Nessescasos,examesdeimagemmais
apura-dossãonecessários.Apesardenãoafetaremdiretamenteaexpectativadevidadoportador,
algumascomplicac¸ões,comvariadosgrausdegravidade,podemocorrer.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora
Ltda.
Osteochondroma:
ignore
or
investigate?
Keywords: Osteochondroma/etiology Osteochondroma/physiopathology Osteochondroma/diagnosis Boneneoplasms
a
b
s
t
r
a
c
t
Osteochondromas are bone protuberances surrounded by a cartilage layer. They
generallyaffecttheextremitiesofthelongbonesinanimmatureskeletonanddeform
them.Theyusuallyoccursingly,butamultipleformofpresentationmaybefound.They
haveaverycharacteristicappearanceandareeasilydiagnosed.However,anatypicalsite(in
theaxialskeleton)and/ormalignanttransformationofthelesionmaysometimesmakeit
difficulttoidentifyosteochondromasimmediatelybymeansofradiographicexamination.
Inthesecases,imagingexaminationsthataremorerefinedarenecessary.Although
oste-ochondromasdonotdirectlyaffectthesepatients’lifeexpectancy,certaincomplications
mayoccur,withvaryingdegreesofseverity.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora
Ltda.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:zosimobispo@gmail.com(R.Z.BispoJúnior).
0102-3616©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.10.024
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
CC BY-NC-ND
556
rev bras ortop.2014;49(6):555–564Introduc¸ão
Permaneceodebateseoosteocondromaéumadesordemdo
desenvolvimento(lesãopseudotumoral)ouumaneoplasia.1
Sejaeleumalesãopseudotumoralouomaiscomumtumor
benignodoosso,2 certamente éumaexostose (proliferac¸ão
ósseaexternaquedeformaoosso).3Protuberânciaóssea,essa,
habitualmenteencontradanoesqueletoimaturodascrianc¸as
edosadolescentes(fig.1).
SegundoaOrganizac¸ãoMundialdaSaúde(OMS),os
oste-ocondromassãoprojec¸õesósseas,envolvidasporumacapa
cartilaginosa,queseelevamnasuperfícieexternadoosso.1
Apesardapredominantecomposic¸ãoóssea,oseucrescimento
ocorrenaporc¸ãocartilaginosa.4
Apresentam-sesobduasformasclínicasdistintas:5lesão
única(osteocondromasolitário)oudiversaslesões
(osteocon-dromasmúltiplos).
Osteocondromasolitário
Entidade também denominada exostose
osteocondroma-tosa,1 exostose osteocartilaginosa4,5 ou, simplesmente
exostose.2
Osteocondromasmúltiplos
Dentreosdiversossinônimosusadosnaliteratura,sãoosmais
comuns:exostosemúltiplahereditária,exostosecartilaginosa
múltipla, osteocondromatosehereditáriae
osteocondroma-tosemúltiplahereditária.
Epidemiologia
OsteocondromasolitárioConstitui 10% de todos os tumores ósseos e, dentre eles,
35% (20-50%) dos benignos.1,4–8 Lesão única é encontrada
em85%dosindivíduosdiagnosticadoscomosteocondroma.5
A exostose é, comumente, identificada na infância e na
adolescência.1,4
Os osteocondromas acometem, com mais frequência, o
esqueleto apendicular (membros superiores e inferiores).5
Os ossos longos dos membros inferiores são mais
comu-mente afetados.6,9–11 A região do joelho (40% dos casos)
é a mais envolvida (fig. 2).5–7,12 Após o joelho, as porc¸ões
proximais do fêmur e do úmero são os sítios
preferenci-almente atingidos.Uma vez no osso longo, habitualmente
se localiza na metáfise e é raro na diáfise.2 Ossos chatos,
como a escápulaequadril,também podem serenvolvidos
(fig.3).5
Apesar da levepredominância dogênero masculinoem
relac¸ãoaooposto,referidaporalgunsautores,4,5,7parecenão
existirumaefetivapredilec¸ãopelogênero.1
Osteocondromasmúltiplos
Alguns autores reportam uma incidência de 1:50.000
pessoas.1,13 Dos pacientes com exostose, 15% têm
múlti-plas lesões.1 Nessa apresentac¸ão, o osteocondroma tende
a sergrandeeséssil comuma lobuladaeabundante capa
cartilaginosa.5Deformasimilaraosolitário,oosteocondroma
múltiplotemumapredilec¸ãopelametáfisedosossoslongos,
especialmentedomembroinferior(fig.4).14
Figura1–RadiografiasemAP(anteroposterior)(A)ePerfil(B)dojoelhoesquerdo.Notarexostose(osteocondroma–setas) naregiãoproximaldatíbiaemumpacientecomesqueletoimaturo.
Figura2–Osossoslongosdosmembrosinferiores(regiãodojoelho)sãomaiscomumenteafetados.(A)Radiografiasimples emperfil.(B)Reconstruc¸ãodeTCem3D.Observarlesão(setas)naregiãoproximaldatíbia.
Aidadedospacientescomlesõesmúltiplasésemelhanteà
deoutroscomexostoseúnicaenãoexistetambémpredilec¸ão
pelogênero.1
Etiologia
Suacausapermanecedesconhecida.Baseadonasemelhanc¸a
dacapacartilaginosadaexostosecomacartilagemde
cres-cimento(fise)doosso,váriashipótesestêmsidoaventadas:
todaselasrelacionadascomalterac¸õesdafise.1Outrodado
quecorrobora apossível correlac¸ãoentreascartilagens(do
osteocondromaedaplacaepifisial)éque,usualmente,coma
Figura3–Imagemdereconstruc¸ãoem3Ddetomografia computadorizadadotórax.Notar,nointeriordafiguraoval preta,exostoseúnicanaregiãodocorpodaescápula esquerda,juntoaosarcoscostais.
maturidadeesquelética(apósaadolescência),ocrescimento
da lesão tambémcessa.2 Assim,a lesãoparece resultarda
separac¸ão de um fragmento da cartilagem de crescimento
(do esqueleto imaturo) que sofre umaherniac¸ão.2 O
cres-cimento contínuo desse pedac¸o solto de cartilagem e sua
subsequenteossificac¸ãoendocondralformamumasaliência
queseprojetadasuperfícieóssea,recobertacomumacapa
decartilagem.2Contudo,aindanãoestáclarocomodefatoa
referidaseparac¸ãoocorre.2
Avariantecom múltiplaslesõeséumaalterac¸ão
autos-sômica dominante15,16 transmitida para ambos os sexos e
caracterizada pela presenc¸a de diversos osteocondromas.2
Nessegrupo,hánamaioriadosindivíduosumahistória
fami-liarpositivae/oumutac¸ãoemumdosgenesEXT.17,18Esses
genes(EXT1,EXT2eEXT3)sãoencontradosnoscromossomos
8,11e19,respectivamente.19–22
Diagnóstico
clínico
OsteocondromasolitárioDentreossolitários,aimensamaioriaéassintomática.7,8,15,23
Naverdade,suadescobertaéhabitualmenteocasional.Uma
vezdetectados,apresentamumabaulamentodecrescimento
lento,consistênciaendurecidaeindolor(fig.5).1,2
Já os sintomáticos estão, muitas vezes,relacionados ao
tamanhoeàlocalizac¸ãodaexostose.Comovimos,no
esque-letoimaturooosteocondromaacompanhaocrescimentodo
ossoenvolvido,lentaeprogressivamente,eparaaoatingira
maturidadeesquelética.24
Empoucoscasos,adormaisintensapodeestarpresentee
associadaàscomplicac¸õesdeorigemmecânica,1promovidas
558
rev bras ortop.2014;49(6):555–564Figura4–Exostosemúltiplahereditária.(AeB)Nosjoelhos,radiografiasevidenciamlesõesmúltiplasnasregiões proximaisdastíbiasedasfíbulas.
simplescontato,compressãoouatrito,podemosobservar(em
diversosgraus)parestesias,paresias,estalidos,edema,rubor
oupalidez,adependerdaestruturaanatômicaatingidapela
exostose.
Noosteocondromadotipopediculado(verDiagnósticopor
Imagem),adoragudapodeocorrer porfratura dabase(do
pedículo)apóstraumalocal.1,4,14,25
Osteocondromasmúltiplos
Naformamúltipladaafecc¸ãosãoobservadas:baixaestatura,
deformidades dosossos afetadosedesproporc¸ãodotronco
e dosmembros.2,5,14,17,26–28 Envolvimento severo de alguns
ossospromovemencurtamentoedeformidadeosteoarticular,
comconsequenterestric¸ão14daamplitudedemovimentoda
Figura5–Noexameclínico(A),porvezes,observa-seabaulamentodecrescimentolento,consistênciaendurecida eindolor.(B)Radiografiadaregiãoproximaldoúmerodireitodomesmopaciente.
Figura6–Radiografiadeindivíduocomexostosemúltipla hereditária.Notardeformidadedoantebrac¸o
(porencurtamentodaulna).
articulac¸ão. Comoprincipais exemplostemos:deformidade
doantebrac¸o (por encurtamentoda ulna), desigualdade no
comprimentodosmembrosinferioreseangulac¸ão(varoou
valgo)dojoelho(fig.6).13,29,30
Transformac¸ãomaligna
Rápido aumento no tamanho da lesão e processo álgico
local sugerem transformac¸ão sarcomatosa em indivíduos
com osteocondroma previamente assintomáticos.1,16,28,30,31
A continuidade do crescimento da lesão após
maturi-dade esquelética também deve despertar tal suspeita.
Outros achados clínicos ocasionalmente relacionados:
dis-cretoaumentode partesmoles,elevac¸ãoda temperaturae
eritemalocais.30
Diagnóstico
por
imagem
RadiografiassimplesA aparência radiográfica reflete uma lesão composta de
tecido ósseo cortical e medular2 que se projeta para fora
do osso acometido. Éexatamente a continuidadeda lesão
com asuperfíciedoossohospedeiro queépatognomônico
do osteocondroma.2 Essacontinuidade éfacilmente
obser-vada nas lesõesque “habitam”os ossos longos,2 naquelas
incidênciasradiográficaspadrões(duasimagensemplanos
ortogonais). Contudo,nosossosplanos (baciaeescápula)e
irregulares(vértebras),essarelac¸ãoe,comoconsequência,o
diagnósticopodemnãoserevidentesapenasnasradiografias
simples(fig.7).2
A imagem característica é de uma protuberância óssea
(externa)1,4 e pode ter a base larga (séssil) ou estreita
Figura7–Radiografiascomosteocondromasprojetados(setasvazadas)dediferentestiposdeossos.(A)Nosossoslongos (p.ex.falange–setacheia),asincidênciasradiográficaspadrão(duasimagensemplanosortogonais)sãosuficientesparao diagnóstico.(B)Contudo,nosossosplanos(p.ex.escápula–setacheia)eirregulares,asexostosespodemnãosertão evidentesapenasnasradiografiassimples.
560
rev bras ortop.2014;49(6):555–564Figura8– Diferentestiposdeosteocondroma.Notarquenoexame(A)alesãodoúmeroéséssil(tembasealargada–setas); enquantoqueno(B)épediculadaoupedunculada(baseestreita[seta]menoremrelac¸ãoàsuaaltura).
(pediculadooupedunculado)(fig.8).Peloseuaspectoúnicoé
possível,porexemplo,prescindirdabiópsia,namaioriados
casos,paraoseudiagnóstico.
Comumentea suacapa cartilaginosa nãoé visível
nes-ses exames, pois a sua densidade é similar aos tecidos
moles circundantes.15 Entretanto, calcificac¸ões
cartilagino-sas,algumasvezes,podemserobservadas.15,23,31Calcificac¸ão
irregular é por vezes vista.1 Porém, nas radiografias com
excessiva calcificac¸ão tipo “flocos”,1 devemos suspeitar de
transformac¸ãosarcomatosadoosteocondroma.
Figura9–Cortesaxiaisdetomografiacomputadorizadadaregiãodistaldacoxa.Detalhedaexostosenaregiãomedial (figuraovalbranca).Observarcontinuidadedalesãocomacorticaldoosso(setapretavazada)easuarelac¸ãocomaspartes molesadjacentes.
Figura10–Asimagensdetomografiacomputadorizadafacilitamalocalizac¸ãodeexostoses(figurasovaisbrancas) emsítiosanatômicosmaiscomplexos(aexemplodacoluna–regiãosacral).(A)Imagemaxial.(B)Reconstruc¸ãoem3D.
Tomografiacomputadorizada
Complementamasradiografiasquemostramdetalhesda
con-tinuidadedoossocorticaleesponjosonointeriordalesão32–37
esuarelac¸ãocom aspartesmoles adjacentes(fig.9).Seus
cortesaxiaisfacilitamainterpretac¸ão2daslesõesquese
loca-lizamemsítiosanatômicosmaiscomplexos,23aexemploda
colunaedoscíngulos dosmembrossuperioreseinferiores
(fig.10).
Figura11–Imagensderessonânciamagnética.(A)Imagem sagitalponderadaemT1(notarhipossinaldascorticaisdo ossoedalesão[setasvazadas];ehiperssinaldamedula ósseaemambos[setascheias]).(B)Imagemsagital ponderadaemT2(observarqueamaiorespessuradacapa cartilaginosaapresentacercade1,5cm[entresetas]).
Ressonânciamagnética
Éumexame quetambém demonstracontinuidadecortical
emedularentreoosteocondromaeoossohospedeiro.2De
formaidênticaaumaporc¸ãonormaldoosso,naexostosea
corticalapresentaumabaixaintensidadede sinal
(hipossi-nal)emtodasassequências,enquantoocomponentemedular
permanececomaaparênciadamedulaamarela(fig.11A).2
É aceito como o mais seguro método de imagem
paraavaliarasestruturasadjacentesaoosteocondromaepara
observaremensuraracapadecartilagem2,30 queenvolvea
exostose. Aespessuradessacamada éusadacomo critério
paradiferenciac¸ão1,30 nasuspeitademalignizac¸ão
sarcoma-tosadotecidocartilaginoso(fig.11B).Contudo,aesserespeito
asopiniõesnãosãoconsenso.30Algunsautores1,4,38sugerem
queumaespessuramaiordoque2cm(noadulto)podeser
indicativademalignizac¸ão;outrosaceitamessapossibilidade
quandosuperiora1,5cm.2Necessáriolembrarquenoperíodo
dainfânciaessacamadadecartilageménaturalmentemais
espessadoquenoesqueletomaduroepodechegaraaté3cm.
Áreascalcificadasdacapaapresentambaixaintensidadede
sinalnassequênciasponderadasemT1eT2.2Todavia,aalta
concentrac¸ãodeáguanaporc¸ãonãocalcificadadessacamada
demonstrasinalintermediárioabaixonasimagens
pondera-dasemT1ealtosinalemT2.2
Cintilografiaóssea
Otecidocartilaginoso(capa)daexostosepode(ounão)
apre-sentarhipercaptac¸ãodoradiofármacotantonacondic¸ãode
normalidade como nade transformac¸ãomaligna
(condros-sarcoma secundário). Por isso, não teria grande valor na
diferenciac¸ãoentrealesãocartilaginosabenignaemaligna.39
Diagnóstico
anatomopatológico
MacroscopiaSuasuperfícieélobuladaerevestidaporumaabundantecapa
cartilaginosa (fig.12).5 Sãolesões quevariam
consideravel-mentedetamanho:de1a10cm.2Jáacapadecartilagempode
apresentardimensõesde1a3cmdeespessuranospacientes
562
rev bras ortop.2014;49(6):555–564Figura12–Fotografiadointraoperatóriodeexéresede osteocondroma.Observarsuasuperfíciemultilobulada erevestidaporumacapadecartilagem.
Microscopia
Osteocondromas, solitários ou múltiplos, são
histologi-camente similares.30 A lesão apresenta três camadas:1
pericôndrio(maisexterna),cartilagem(intermediária)eoosso
(maisinterna).
Transformac¸ãomaligna
Geralmenteadiferenciac¸ãodacartilagemnormalsedápara
condrossarcoma(secundário)debaixograudemalignidade.30
Perda da arquitetura da cartilagem, atividade mitótica,
presenc¸adeatipiacelularenecrosesãoalgunsdosachados
quepodemindicartransformac¸ãomalignasecundária.1
Tratamento
Osteocondromasolitário
Umaexostoseé,porsisó,razãoinsuficienteparaasuaexérese
cirúrgica,especialmentenoscasosisolados.42Paraindivíduos
com lesão única, na grandemaioria das vezes, a conduta
é expectante, com retornos sucessivos, pela probabilidade
(mesmoquepequena)detransformac¸ãomaligna.
Remoc¸ãocirúrgicaestáindicadaseotumorpromovedorou
incapacidadefuncional,4sejaporcompressãoneurovascular
oulimitac¸ãodomovimentoarticular(fig.13).Outrasituac¸ão
estárelacionadaàfraturadabasedoosteocondroma.25
Osteocondromasmúltiplos
Nessespacientesotratamentoémaiscomplexo.Nasformas
múltiplasdapatologia,osteocondromassãoremovidos
cirur-gicamenteporrazõescosméticas,43afimdeevitarprogressão
dasdeformidadesósseas.Noantebrac¸o,porexemplo,a
sim-plesexéresedalesão(naporc¸ãodistaldaulna)podeimpedir
adeformidadelocal.44
Figura13–Opc¸ãoporressecc¸ãocirúrgica(pec¸a)deuma exostosequepromoviacompressãovascularnaregião poplítea.
Transformac¸ãomaligna
A transformac¸ão sarcomatosa é geralmente tratada com
ressecc¸ãocirúrgicaamplaepreservac¸ãodomembro30esegue
rigorososcritériosoncológicos.
Complicac¸ões
Dentreaspossíveiscomplicac¸õesdessaslesõesestãoas
fra-turas(geralmentedasexostosespedunculares,nasuabase),
lesõesvasculares(formac¸ãodepseudoaneurisma)e
neuroló-gicas(compressãodenervosperiféricos,queenvolveacoluna
ouasregiõesperiarticulares),formac¸ãodebursa(queacomete
asuperfíciecartilaginosadalesão,resultadodoatritolocal)ea
transformac¸ãomaligna.5,14,30,45Essaúltima,amaistemidade
todasascomplicac¸ões,ébastantevariável:noosteocondroma
solitário é inferior a 1%;1,16,23,45 nos pacientes com lesões
múltiplas, varia de 1% a30%1,4–6,9,46–48 emdiversas séries.
Contudo, estudos maisrecentes sugerem umaprevalência
maisbaixa:3%a5%nosindivíduoscomosteocondromatose
múltipla.49–54
Considerac¸ões
finais
Osteocondromassãolesõesbenignasenãoafetama
expec-tativa de vida. Contudo, o risco de malignizac¸ão (para
condrossarcomasecundário)deveserconsiderado,
especial-mente,nasexostosesmúltiplas.
Noscasossintomáticosoude localizac¸ãoatípica,outras
modalidadesde exames de imagemdevem sersolicitadas,
comvistasaodiagnósticopreciso.Também,nasuspeic¸ão
clí-nicadetransformac¸ãomalignae/oualterac¸õesradiográficas
comparativas(examesantigos),aressonânciamagnéticaestá
bemindicada para umaanálisedetalhadada espessura da
Quandooptadopelaexéresedoosteocondroma,ela
usu-almente é curativa. Recorrência é vista com a incompleta
remoc¸ão.
A sobrevida global dos pacientes portadores de
transformac¸ãosarcomatosaemgeraléboa.Todavia,aqueles
comlesõesdesdiferenciadastêmumprognósticoaindapior.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. KhuranaJ,Abdul-KarimF,BovéeJVM.Osteochondroma.In: FletcherCD,UnniKK,MertensF,editors.Pathologyand geneticsoftumoursofthesofttissuesandbones.Lyon:IARC Press;2002.p.234–7.
2. MurpheyMD,ChoiJJ,KransdorfMJ,FlemmingDJ,GannonFH. Imagingofosteochondroma:variantsandcomplicationswith radiologic-pathologiccorrelation.Radiographics.
2000;20(5):1407–34.
3. CosteiraO.Termoseexpressõesdapráticamédica.Riode Janeiro:Farmoquímica;2001.
4. UnniKK.Osteochondroma.Dahlin’sbonetumors:general aspectsanddataon11,087cases.5thed.Springfield:Thomas;
1996.p.11–23.
5. DorfmanHD,CzerniakB.Osteochondroma.Bonetumors. StLouis:Mosby;1998.p.331–46.
6. ResnickD,KyriakosM,GreenwayGD.Osteochondroma.In: ResnickD,editor.Diagnosisofboneandjointdisorders. 3rded.Philadelphia:Saunders;1995.p.3725–46.
7. GiudiciMA,MoserRPJr,KransdorfMJ.Cartilaginousbone tumors.RadiolClinNorthAm.1993;31(2):237–59.
8. ScarboroughMT,MoreauG.Benigncartilagetumors.Orthop ClinNorthAm.1996;27(3):583–9.
9. MirraJM.Benigncartilaginousexostoses:osteo-chondroma andosteochondromatosis.Bonetumors:clinical,radiologic, andpathologiccorrelations.Philadelphia:Lea&Febiger;1989. p.1626–59.
10.MilgramJW.Theoriginsofosteochondromasand enchondromas.Ahistopathologicstudy.ClinOrthopRelat Res.1983;(174):264–84.
11.KeithA.Studiesontheanatomicalchangeswhich accompanycertaingrowth-disordersofthehumanbody:I. Thenatureofthestructuralalterationsinthedisorderknown asmultipleexostoses.JAnat.1920;54Pt2–3:101–15.
12.UnniKK.Chondrosarcoma(primary,secondary, dedifferentiated,andclear-cell).Dahlin’sbonetumors: generalaspectsanddataon11,087cases.5thed.Springfield:
Thomas;1996.p.71–108.
13.SchmaleGA,ConradEU3rd,RaskindWH.Thenaturalhistory ofhereditarymultipleexostoses.JBoneJointSurgAm. 1994;76(7):986–92.
14.StieberJR,DormansJP.Manifestationsofhereditarymultiple exostoses.JAmAcadOrthopSurg.2005;13(2):110–20.
15.SteinerGC.Benigncartilagetumors.In:TaverasJM,Ferrucci JT,editors.Radiology:diagnosis–imaging–intervention. Philadelphia:JBLippincott;1992.p.1–3.
16.HarmsSE,GreenwayG.Musculoskeletaltumors.In:StarkDD, BradleyWG,editors.Magneticresonanceimaging.2nded.
StLouis:MosbyYearBook;1992.p.2132–3.
17.Legeai-MalletL,MunnichA,MaroteauxP,LeMerrerM. Incompletepenetranceandexpressivityskewingin hereditarymultipleexostoses.ClinGenet.1997;52(1):12–6.
18.BovéeJV,HogendoornPC.Multipleosteochondromas.In: FletcherCD,UnniKK,MertensF,editors.WorldHealth OrganizationClassificationofTumours.Pathologyand geneticsoftumoursofsofttissueandbone.Lyon:IARCPress; 2002.p.360–2.
19.WuYQ,HeutinkP,deVriesBB,SandkuijlLA,vanden OuwelandAM,NiermeijerMF,etal.Assignmentofasecond locusformultipleexostosestothepericentromericregion ofchromosome11.HumMolGenet.1994;3(1):167–71.
20.LüdeckeHJ,JohnsonC,WagnerMJ,WellsDE,TurleauC, TommerupN,etal.Moleculardefinitionoftheshortest regionofdeletionoverlapintheLanger-Giedionsyndrome. AmJHumGenet.1991;49(6):1197–206.
21.ParrishJE,WagnerMJ,HechtJT,ScottCIJr,WellsDE. Molecularanalysisofoverlappingchromosomaldeletions inpatientswithLanger-Giedionsyndrome.Genomics. 1991;11(1):54–61.
22.HechtJT,HogueD,StrongLC,HansenMF,BlantonSH,Wagner M.Hereditarymultipleexostosisandchondrosarcoma: linkagetochromosomeIIandlossofheterozygosityfor EXT-linkedmarkersonchromosomesIIand8.AmJHum Genet.1995;56(5):1125–31.
23.ResnickD,KyriakosM,GreenwayGD.Tumorsandtumor-like lesionsofbone:imagingandpathologyofspecificlesions.In: ResnickD,NiwayamaG,editors.Diagnosisofboneandjoint disorders.2nded.Philadelphia:Saunders;1988.p.3648–720.
24.MargolisM,McLennanMK.Radiologyrounds.
Osteochondroma.CanFamPhysician.1995;41(216):220–2.
25.TanigawaN,KariyaS,KojimaH,KomemushiA,FujiiH, SawadaS.Lowerlimbischaemiacausedbyfractured osteochondromaofthefemur.BrJRadiol.2007;80(952):e78–80.
26.WicklundCL,PauliRM,JohnstonD,HechtJT.Naturalhistory studyofhereditarymultipleexostoses.AmJMedGenet. 1995;55(1):43–6.
27.McCormickC,DuncanG,TufaroF.Newperspectivesonthe molecularbasisofhereditarybonetumours.MolMedToday. 1999;5(11):481–6.
28.HennekamRC.Hereditarymultipleexostoses.JMedGenet. 1991;28(4):262–6.
29.ShapiroF,SimonS,GlimcherMJ.Hereditarymultiple exostoses.Anthropometric,roentgenographic,andclinical aspects.JBoneJointSurgAm.1979;61(6):815–24.
30.ShahZK,PehWC,WongY,ShekTW,DaviesAM.Sarcomatous transformationindiaphysealaclasis.AustralasRadiol. 2007;51(2):110–9.
31.GreenspanA.Tumorsofcartilageorigin.OrthopClinNorth Am.1989;20(3):347–66.
32.KenneyPJ,GilulaLA,MurphyWA.Theuseofcomputed tomographytodistinguishosteochondromaand chondrosarcoma.Radiology.1981;139(1):129–37.
33.LangeRH,LangeTA,RaoBK.Correlativeradiographic, scintigraphic,andhistologicalevaluationofexostoses.JBone JointSurgAm.1984;66(9):1454–9.
34.HudsonTM,SpringfieldDS,SpanierSS,EnnekingWF,Hamlin DJ.Benignexostosesandexostoticchondrosarcomas: evaluationofcartilagethicknessbyCT.Radiology. 1984;152(3):595–9.
35.KobayashiH,KotouraY,HosonoM,FujimotoR,TsuboyamaT, ItohH,etal.3D-spiralCTofmultipleexostoses.ComputMed ImagingGraph.1995;19(5):419–22.
36.LeePC,ChenWJ,TuYK,ChenLH.Solitaryosteochondroma ofthelumbarspinewithcordcompression:acasereport. ChanggengYiXueZaZhi.1998;21(2):227–31.
37.MoriwakaF,HozenH,NakaneK,SasakiH,TashiroK,AbeH. Myelopathyduetoosteochondroma:MRandCTstudies. JComputAssistTomogr.1990;14(1):128–30.
38.LeeJK,YaoL,WirthCR.MRimagingofsolitary
osteochondromas:reportofeightcases.AJRAmJRoentgenol. 1987;149(3):557–60.
564
rev bras ortop.2014;49(6):555–56439.LeeFY,YuJ,ChangSS,FawwazR,ParisienMV.Diagnostic valueandlimitationsoffluorine-18fluorodeoxyglucose positronemissiontomographyforcartilaginoustumors ofbone.JBoneJointSurgAm.2004;86(12):2677–85.
40.MalghemJ,VandeBergB,NoëlH,MaldagueB.Benign osteochondromasandexostoticchondrosarcomas: evaluationofcartilagecapthicknessbyultrasound.Skeletal Radiol.1992;21(1):33–7.
41.GarrisonRC,UnniKK,McLeodRA,PritchardDJ,DahlinDC. Chondrosarcomaarisinginosteochondroma.Cancer. 1982;49(9):1890–7.
42.BispoJúniorRZ,deSouzaAMG,MelloJúniorCF.
Osteocondroma.In:BispoJúniorRZ,MelloJúniorCF.
OrtopediaBásica.Cap6.RiodeJaneiro:Revinter;2014.p.63-9.
43.BovéeJV.Multipleosteochondromas.OrphanetJRareDis. 2008;3:3.
44.AkitaS,MuraseT,YonenobuK,ShimadaK,MasadaK, YoshikawaH.Long-termresultsofsurgeryforforearm deformitiesinpatientswithmultiplecartilaginousexostoses. JBoneJointSurgAm.2007;89(9):1993–9.
45.SeveroA,CalieronLG,KuhnA.Compressäodonervofibular comumporosteocondroma:relatodecaso.RevBrasOrtop. 2001;36(9):356–8.
46.MeissnerSA,ViethV,AugustC,WinkelmannW. Radiology-pathologyconference:osteosarcomaina
cartilaginousexostosisofthefemur.ClinImaging. 2006;30(3):206–9.
47.PierzKA,StieberJR,KusumiK,DormansJP.Hereditary multipleexostoses:onecenter’sexperienceandreview ofetiology.ClinOrthopRelatRes.2002;(401):49–59.
48.LeeKC,DaviesAM,Cassar-PullicinoVN.Imagingthe complicationsofosteochondromas.ClinRadiol. 2002;57(1):18–28.
49.FischgrundJS,CantorJB,SambergLC.Malignantdegeneration ofavertebralosteochondromawithepiduraltumor
extension:areportofthecaseandreviewoftheliterature. JSpinalDisord.1994;7(1):86–90.
50.YoungCL,SimFH,UnniKK,McLeodRA.Chondrosarcoma ofboneinchildren.Cancer.1990;66(7):1641–8.
51.NormanA,SissonsHA.Radiographichallmarksofperipheral chondrosarcoma.Radiology.1984;151(3):589–96.
52.WillmsR,HartwigCH,BöhmP,SellS.Malignant
transformationofamultiplecartilaginousexostosis–acase report.IntOrthop.1997;21(2):133–6.
53.BellRS.Musculoskeletalimages.Malignanttransformation infamilialosteochondromatosis?CanJSurg.1999;42(1):8.
54.OstlereSJ,GoldRH,MirraJM,PerlmanRD.Casereport658: chondrosarcomaoftheproximalphalanxofrightfourth fingersecondarytomultiplehereditaryexostoses(MHE). SkeletalRadiol.1991;20(2):145–8.