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educación
Q
uímica
COMO
SE
EXPERIMENTA?
Proposta
de
preparac
¸ão
e
caracterizac
¸ão
de
ésteres:
um
experimento
de
análise
orgânica
na
graduac
¸ão
Phelipe
Matheus
Moraes
Calvalcante
b,
Renato
Luiz
da
Silva
a,
Jucleiton
José
Rufino
de
Freitas
a,
Juliano
Carlo
Rufino
de
Freitas
ce
João
Rufino
de
Freitas
Filho
a,∗aDepartamentodeQuímica,UniversidadeFederalRuraldePernambuco,Recife/PE,Brasil
bUnidadeAcadêmicadeGaranhuns,UniversidadeFederalRuraldePernambuco,Garanhuns/PE,Brasil cCentrodeEducac¸ãoeSaúde,UniversidadeFederaldeCampinaGrande,Cuité/PB,Brasil
Recebidoa26dedezembrode2014;aceitea19demaiode2015 DisponívelnaInterneta14deagostode2015
PALAVRAS-CHAVE Esterificac¸ão; Ensinodequímica; Laboratóriode química; Experimentona graduac¸ão
Resumo Ésteresconstituemumadasclassesdesubstânciasquímicaslargamenteencontradas na natureza.Algunsésteres,de baixopeso molecular, tendem aapresentar sabore aroma agradáveise,porisso,sãobastanteusadosemalimentosebebidasindustrializadas.Osésteres podemsersintetizadosatravésdareac¸ãoentreumânioncarboxilatoeum haletodealquila ouaindapelareac¸ãodeesterificac¸ãodeFischer.Industrialmente,areac¸ãodeesterificac¸ãode Fischeréumdosprincipaismétodosparaasíntesedosésteres.Nopresentetrabalho descreve--searealizac¸ãodeumexperimentosimplesparaaobtenc¸ãodeésteresnadisciplinaAnálise Orgânicanagraduac¸ão.Apreparac¸ãodelevulinatodealquilaelactatodealquila,apartirdo ácidolevulínicoe/ouácidolático,émuitosimples;requer3aulasde4heéútilparaoapoio emsaladeaulanoscursosdegraduac¸ão.
DireitosReservados©2015Universidad NacionalAutónomadeMéxico,FacultaddeQuímica. EsteéumartigodeacessoabertodistribuídosobalicençadeCreativeCommonsCCLicense BY-NC-ND4.0. KEYWORDS Esterification; Chemistryteaching; Laboratoryof chemistry;
Proposalofpreparationandcharacterizationofesters:anundergraduateexperiment
oforganicanalysis
Abstract Estersconsistinoneoftheclassesofchemicalsubstanceswidelyfoundinnature. Someestersoflowmolecularweighttendtohaveapleasantflavorandthereforearewidely usedbyfoodanddrinksindustries.Theesterscanbesynthesizedbythereactionbetweena
∗Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:joaoveronice@yahoo.com.br(J.R.deFreitasFilho). ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaUniversidad Nacio-nalAutónomadeMéxico.
http://dx.doi.org/10.1016/j.eq.2015.07.003
0187-893X/DireitosReservados©2015UniversidadNacionalAutónomadeMéxico,FacultaddeQuímica.Esteéumartigodeacessoaberto distribuídosobalicençadeCreativeCommonsCCLicenseBY-NC-ND4.0.
Undergraduate experiment
carboxylateanionandanalkylhalide,orbyFischeresterificationreaction.Industrially,thislast reactionisoneofthemainproceduresfortheesterssynthesis,andaccordingthiswork,asimple experimentaboutthisspecificobtainingmethodisdescribedandproposedforundergraduate disciplineoforganicanalysis.The preparationofalkyllevulinateandlactate,fromlevulinic acidand/orlacticacid,iscarriedoutinlaboratory,easily,requiringthreeperiodsoffourhours andisusefulforchemistryteaching.
AllRightsReserved©2015UniversidadNacionalAutónomadeMéxico,FacultaddeQuímica. ThisisanopenaccessitemdistributedundertheCreativeCommonsCCLicenseBY-NC-ND4.0.
Introduc
¸ão
Nasaulasexperimentais deQuímicaOrgânicaem cursode graduac¸ãooestudantenormalmenteéintroduzidoàs técni-casbásicasdelaboratório,bemcomoàsíntesedemoléculas orgânicas simples, mediante a interconversão de grupos funcionaise/ou aformac¸ãode ligac¸ão carbono-carbono e carbono-heteroátomo(Cunha,Lião,Bonfim,Bastose Mon-teiroet al., 2003). A inter-relac¸ão entreo conhecimento adquirido em química através de estudos teóricos e a experimentac¸ão laboratorial, quando realizada de forma bemclaraecoordenada,permiteaoestudanteaconstruc¸ão de conceitos científicos de forma mais sólida e com um maiorrelacionamento entreostópicos teóricos (Hamelin,
1995).Nestesentido,Bieber(1999)ratificaqueo
laborató-riodequímica experimentalé agrandeoportunidade que
osestudantestêmdetercontatocomomundorealda
quí-micaque, sebem conduzida,levaao aprofundamento do
aprendizadodediversostemaspoucoexploradosemsalade
aulacomo,porexemplo,processosdeseparac¸ãoetécnicas
espectroscópicas. A busca por melhores métodos
experi-mentais(ImamuraeBaptistella,2000;ReiseAndrade,1996)
ouexperimentosricos em subsídios paradiscussões
teóri-casutilizandoreagentesdebaixocustoedefácilaquisic¸ão,
temsido umtemabastanteinvestigado nasdiversasáreas
daquímica(Pereira,1989;Soares,PireseSouza.,1987).
Um dos tópicos abordados nas aulas experimentais de
Química Orgânica é a reac¸ão de substituic¸ão nucleofílica
acílica,apresentadaatravésdasreac¸õesdeesterificac¸ãoe
transesterificac¸ão.Demodogeral,noensinodessasreac¸ões
seutilizamcompostosdepartidasimplesedebaixocusto,
como por exemplo, o ácido benzoico, o ácido salicílico,
a anilina para preparac¸ão do benzoato de metila, ácido
acetilsalicílicoeacetanilida,respectivamente(Vogel,1985;
Soares,SouzaePires,1988).
Motivadospor estesfatos, por relatosdeinovac¸ões no
ensino de química orgânica experimental (Cunha et al.,
2003; Ferreira, Silva e Perrone, 2001), neste
traba-lho utilizou-se como estratégia de ensino estratégia a
experimentac¸ão para obtenc¸ão ésteres a partir do ácido
levulínicoeácido(R,S)-lácticoutilizandocomocatalisador
oácido4-toluenosulfônico.
Entreoscompostosencontradosnanatureza,osésteres
estãoentre osmaiscomuns.Estes compostoscomumente
estãoassociadosaoodoragradávelexaladoporflorese
fru-tos.Porexemplo,quandotomamosumsorvetedeabacaxi,
comumente noseu preparo utiliza-se umaessência
sinté-ticaquedáogostodeabacaxi(Costa,Ornelas,Guimaraes
e Merc¸on, 2004). Também podemos encontrar os ésteres
na gorduraanimal e nosóleos vegetais(ostriglicerídeos).
A tabela 1 apresenta alguns exemplos de ésteres e seus
respectivosaromas.Essescompostospossuemimportantes
aplicac¸ões na indústriacomo flavorizantes, ouseja,
subs-tâncias que, quando adicionadas em pequena quantidade
aosalimentos,conferem-lhescaracterísticasdegustativase
olfativas.
Existe uma grande variedade de ésteres encontrados
nacomposic¸ãodepolímeros.Dentreestesésteres pode-se
citaroésterpolivinílicopresentenaformadeemulsõesna
composic¸ãodetintas,o poliésterutilizadoprincipalmente
na fabricac¸ãodetecidoseo acetatodecelulosepresente
em filmesfotográficos.Outro polímero bastante comumé
o politereftalato de etileno (PET), produzidopela reac¸ão
entreoácidotereftálicoeoetilenoglicol,queseapresenta
como uma resina plástica degrande resistência. O PETé
usado na fabricac¸ão de fibras têxteis, filmes (para
adesi-vos,porexemplo)eembalagenspararefrigerantes,águase
sucos.Diversosoutroslíquidospodemestarembaladosem
PET:óleoscomestíveis,medicamentos,cosméticos,
produ-tosdehigieneelimpeza,destilados,isotônicosecervejas,
entreoutros(Pereiraetal.,2002).
Os ésteres são compostos de baixa polaridade e com
pontodeebulic¸ãomenordoque osácidoscarboxílicos de
pesomolecularsemelhante.Podemsersintetizadosatravés
dereac¸ãoentreumânioncarboxilatoeumhaletodealquila
ouaindapelareac¸ãodeesterificac¸ãodeFischer,àqualse
tem dado maiorênfase devidoà viabilidade de aplicac¸ão
industrialparasíntesedeflavorizantes(Costaetal.,2004).
Osésteressãoderivadosdosácidoscarboxílicosepodem
serpreparadosatravésdareac¸ãodeálcooiscomácidos,
clo-retosde ácido ouanidridos na presenc¸ade catalisador.A
reac¸ãodeácidoscom álcoois éumareac¸ãodeequilíbrio.
Nosentidodireto conduzàformac¸ãodeésteres eno
sen-tido inversoleva à hidrólisedos mesmos. Para deslocar a
reac¸ãonosentidodaformac¸ãodoésterpodeutilizar-seum
excessodeumdosreagentesouremoverumdosprodutosà
medidaqueareac¸ãodecorre.
Em 1895, Fischer e Speier constataram que era
pos-sível a obtenc¸ão de ésteres através do aquecimento de
umácidocarboxílicoeumálcoolna presenc¸ade
catalisa-dor ácido (Oliveira,Souza, Santos,Silva e Lachteret al.,
Tabela1 Ésteresusadoscomoaromasdefrutasnasindústriasdealimentos
Nome Estrutura Aroma
Etanoatodeetila O O Mac¸ã Etanoatoden-octila O O Laranja Butanoatodeetila O O Abacaxi
Etanoatode3-metilbutila
O O Banana Metanoatodeetila O O H Groselha Antranilatodemetila O O NH2 Uva Acetatodepropila O O Pêra Acetatodebenzila O O Pêssego Butanoatoden-butila O O Damasco Etanoatodeisobutila O O Morango Butanoatoden-pentila O O Abricó Formatodeisobutila O O H Framboesa
Figura1 Esterificac¸ãodeFischercatalisadaporácido.
Fischer(fig.1),sendoumdosprincipaismétodosutilizados
naproduc¸ãodeésteres.
Segundo Yadav e Rahuman (2002), reac¸ões de
esterificac¸ão sãoamplamente empregadas em uma
varie-dade de indústrias químicas. O procedimento geralmente
usa ácidos minerais como catalisador. Esses catalisadores
geramgrandesquantidadesderesíduosácidos,que
reque-rem tratamento adequado antes dodescarte. O processo
catalítico convencional consiste na catálise homogênea
comácidosulfúrico,o qualpermanecedissolvidonomeio
reacional.Nesteprocesso,ocatalisadordeveserremovido
aofinaldareac¸ãoporlavagemaquosaalcalina.Éum
rea-gentedebaixocustoeémuitoativo.Noentanto,também
écorrosivoeapresentaproblemasdearmazenamentoede
controlesegundoBondioli(2004).Areac¸ãodeesterificac¸ão
pode ser catalisada por catalisadores ácidos de Brönsted
oudeLewis, por catalisadores básicos deLewis, alémde
enzimas(Cardoso,2008).
A esterificac¸ão de Emil Fischer é uma reac¸ão de
substituic¸ão nucleofílica do grupamento acila catalisada
porácido mineral,envolvendo umácido carboxílico e um
álcool. O ácido mineral protona o átomo de oxigênio do
grupocarbonila,tornadooácidocarboxílicomuitomais
Figura2 Mecanismogeraldaesterificac¸ãodeFischer.
Figura3 Reac¸õesdehidrólisedeéster,catalisadaporácido ouporbase.
intermediáriotetraédrico.Apartirdaí, atransferênciade
umprótondeumoxigênio paraoutro originaumsegundo
intermediáriotetraédricoeconverteogrupoOHemumbom
grupodesaída.Finalmenteaperdadeumprótonregenerao
catalisadorácido,originandooésterconformeafigura2.2.
Omecanismodereac¸ãoparaaformac¸ãodeésteresapartir
deácidoscarboxílicosealcoóisnapresenc¸aadecatalisador
ácidofoidemonstradoporSolomonseFryhle(2009).
Poroutrolado,aesterificac¸ãoéumareac¸ãoreversível,
sendo necessária cautela durante todo o processo
reaci-onal, de purificac¸ão ou ainda de armazenagem. A etapa
depurificac¸ão doéster é umpontocrítico,pois a reac¸ão
inversa,ahidrólisedoéster,podesercatalisadatantopor
ácido quanto por base, como pode ser visto na figura 3,
necessitandodeumcontrole rigorosona neutralizac¸ão do
meioreacionalenadestilac¸ão.Assim,paradeslocaro
equi-líbrioem favordosprodutospodem-seutilizar2métodos:
remoc¸ão de umdos produtos,preferencialmente a água,
ouutilizarumexcessodeumdos regentes,comooálcool
(Neves,2008).
Em2004,Costaetal.(2004)propôsodesenvolvimentode
umexperimentosimplesparaaobtenc¸ãodeésteresdebaixa
massamolar,osquaispodemserfacilmentecaracterizados
porpossuíremaromasdefrutas.Estaatividadepossibilitou
acorrelac¸ãoentreosconteúdosprogramáticosdaQuímica
noEnsinoMédioeocotidianodosalunos.
Areac¸ãodeesterificac¸ãodeácidosmonocarboxílicoscom
álcooisfoi extensivamente estudada. Estesestudos
envol-veram reac¸ão de esterificac¸ão via catálise homogênea ou
heterogênea. Diferentes metodologias podem ser
empre-gadas na reac¸ão de esterificac¸ão via catálise homogênea
ouheterogênea(Rezende, Pinto,Suarez,AroeiraePereira
et al., 2012). Lilja, Murzin, Salmo, Aumo e Mäki-Arvela etal.(2002)propuseramumareac¸ãodeesterificac¸ãosobre
catáliseheterogênea e homogênea com diferentes ácidos
e álcoois usandocomo catalisador heterogêneoas resinas
detroca iônica(amberlyst 15 e smopex-101) e HCl como
catalisadorhomogêneo.
O emprego de aula experimental na disciplina Análise
Orgânicanãocostumaserumaestratégiadeensinoaplicada
nas aulas de Análise Orgânica, pois os conteúdos
progra-máticos selecionados para a disciplina são extensos e os
professores responsáveis peladisciplina preferem abordar
os conteúdos através de aula expositiva dialogada, pois
acreditamquenãovãodarcontadetodososconteúdos
pre-vistos.Acreditamqueasaulasexperimentaisvãoatrapalhar
avivênciadosmesmos.Poroutrolado,asreac¸õesorgânicas
geralmentesecaracterizamporapresentaremlongotempo
dedurac¸ão,cuidadosnamanipulac¸ãodosreagentes,
neces-sidadedevidrariaespecíficaedificuldadenacomprovac¸ão
imediatadosprodutos.
Objetivo
Comopresentetrabalhobuscou-searealizac¸ãodeum
expe-rimentosimplesparaobtenc¸ãodeésteres,osquaispodem
serfacilmentecaracterizadosportécnicasdeinfravermelho
eressonânciamagnéticanuclear.Estaatividadepossibilitou
acorrelac¸ãoentreosconteúdosprogramáticosdadisciplina
de AnáliseOrgânica e o cotidiano dosestudantes.
Inicial-menteosexperimentosforamotimizadospor2estudantes
deiniciac¸ãocientífica,coautoresdotrabalhoe,
posterior-mente,aplicadocomoaulaexperimentalnadisciplina.
Metodologia
MateriaisemétodosOs espectros de RMN 1H e 13C (Ressonância Magnética
Nuclear de Hidrogênio e Carbono-13) foram obtidos em
espectrofotômetroVARIANmodeloUnityPlus300MHz,para
1Hea75MHzpara13C,respectivamente,usandoCDCl
3como
solvente.OsdesviosquímicosdeRMN1He13Cestão
expres-sosem␦ppmrelativamenteaumpadrãodetetrametilsilano
(TMS).
Osespectrosdeinfravermelho(IV)doscompostossólidos
foram obtidos com um espectrofotômetro de
infraverme-lho com transformadade Fourier no instrumento BRUKER
ModeloIFS66.
Para obtenc¸ão dos espectros recorreu-se à técnica de
pastilha de brometo de potássio: aproximadamente 1mg
docompostoaestudarfoidispersoemcercade100mgde
brometo de potássio e a mistura prensada a 10t durante
15min.
Os solventes e reagentes comerciais foram utilizados
na sua forma comercial para análise (p.a), sem nenhuma
purificac¸ãoadicional.
Para concentrar assoluc¸ões orgânicasforam utilizados
evaporadores rotatórios do modelo IKA-WERK operando a
pressãoreduzida.
Estratégiadepreparac¸ão
A metodologia consistiu basicamente em reagir o ácido
levulínico 2 e ácido (R,S)-láctico 3 com diferentes
álco-ois(metanol, etanol,propanol, isopropanol, terc-butanol,
ciclohexanolen-butanol),empresenc¸adequantidade
Figura4 Estratégiadesíntesedosésteres.
Procedimento
experimental
ProcedimentoA---Esterificac¸ãoconvencionalsob refluxo
A uma soluc¸ão de 99,00 mmol (10 mL, 11,5 g) do ácido
levulínico ouácido láctico(separadamente)em 64 mL de
metanoladicionou,a0◦Cesobagitac¸ãoquantidade
cata-líticade ácido 4-tolueno sulfônico mono-hidratado (0,005
mol/moldosubstrato),em seguidaamisturafoiaquecida
sob agitac¸ão a refluxo por 3 horas.. Decorrido o tempo
reacionalrotaevaporou-se oexcesso demetanol. A seguir
neutralizou-secom 0,25 gdebicarbonatode sódio
dissol-vidoemmetanolehidrolisoucom50mLdeágua.Comum
funildeseparac¸ãoextraiu-seafaseorgânicacomacetatode
etila(3x20mL),lavouosextratoscomáguaesecousobre
sulfatodesódio. Apósevaporac¸ãodosolventesobre
pres-sãoreduzidaoresíduooleosofoisubmetidoaumadestilac¸ão
fracionadafornecendoumlíquidooleosoincolor.Usou-seo
mesmoprocedimentoparaoetanol,propanol,isopropanol
eterc-butanol.
ProcedimentoB---Esterificac¸ãousandoavidraria DeanStark
Em umbalãode fundo redondo de250 mL equipado com
oagitadormagnético,DeanStarkecondensadorderefluxo
sãoadicionados99,00mmol(10mL,11,5g)doácido
levulí-nicoouácidoláctico(separadamente),50mLdebutanole
emseguidaadicionou,a0◦Cesobagitac¸ãoquantidade
cata-líticade ácido 4-tolueno sulfônico mono-hidratado (0,005
mol/moldosubstrato).Amisturafoiaquecidasobagitac¸ãoa
refluxoatéquenãoseseparemaiságuanoDeanStark(cerca
de1h, temperaturadobanho deóleo100-120◦C,volume
deáguacoletado2,5mL).Decorridoo tempodereac¸ão a
misturareacionalfoiresfriada,eadicionou50mLdeágua,
posteriormentetransferida paraumfunil de separac¸ão. A
faseorgânicafoiseparadaelavadaduasvezescom50mLde
soluc¸ãosaturadadebicarbonato(liberac¸ãodegás)seguida
de20 mLdesoluc¸ão saturadadecloretode sódio.Dando
continuidade,secouafaseorgânicasobresulfatodesódio
e fez-se uma filtrac¸ão simples. Após evaporac¸ão do
sol-ventesobpressãoreduzidaoresíduooleosofoisubmetidoa
umadestilac¸ãofracionadaoucromatografiafornecendoum
líquidooleosoincolor.Usou-seomesmoprocedimentopara
ociclohexanol.
Estratégiadasaulas
Estapropostadeexperimentac¸ãofoidesenvolvidano
Depar-tamento de Química da Universidade Federal Rural de
Pernambuco,envolvendo estudantes dooitavo períododo
curso de licenciatura em Química. A proposta foi
desen-volvidanadisciplinaAnáliseOrgânica,porumgrupode18
estudantesqueforamorganizadosemgrupode3
estudan-tes,tendodecorridodurante4aulasde4he umaaulade
50min.
Neste experimento, além da preparac¸ão dos ésteres,
trabalhou-se diversas técnicas de laboratório, tais como,
extrac¸ão, filtrac¸ão, evaporac¸ão, separac¸ão e destilac¸ão,
bemcomodemétodosdecaracterizac¸ãodoproduto
(infra-vermelho e ressonância magnética nuclear de próton e
carbono).
Noprimeirodia deaulasos6grupos detrabalho
apre-sentaramoralmente,durante10min,apropostadesíntese
que iamrealizar, assim como o material necessário, após
leitura do artigo Síntese de Ésteres de Aromas de
Fru-tas: Um Experimento para Cursos de Graduac¸ão dentro de um dos Princípios da Química Verde (Oliveira et al.,
2014). Após discussão entre o professor e todos os
estu-dantes,acerca domecanismo dareac¸ão deesterificac¸ão,
deu-seinícioaotrabalho,deu-seinícioaotrabalhode
sín-tese. Cada grupo realizou a preparac¸ão dos ésteres de
acordocom o procedimentoapresentado detalhadamente
noitemprocedimentoexperimental,oqualfoiconstruído
pelos estudantes coautores dotrabalho. Na segunda aula
procedeu-seà neutralizac¸ão domeioreacionalcom
bicar-bonatodesódioeemseguidarealizouumafiltrac¸ãosimples
eevaporac¸ãodosolvente. Naterceiraaula foirealizadaa
destilac¸ãoe separac¸ão cromatográfica dosprodutos.
Con-vém destacar que a purificac¸ão dos ésteres (levulinato
den-propila,isopropila,n-buila,terc-butilae ciclohexila)
dealtopontode ebulic¸ão foi realizada porcromatografia
coluna,umavezqueosestudantesnãoconseguiram
purifi-caratravésdedestilac¸ãosimples.
Naquartaaulaosestudantesefetuaramacaracterizac¸ão
recorrendoàstécnicasderessonânciamagnéticanuclearde
1Hede13Ceàespectroscopiadeinfravermelho,seguindo-se
discussãodosresultados.
Depoisda realizac¸ão daaula experimental cada grupo
deviaproduzirumrelatóriosobreoexperimento,quedevia
apresentarosseguintesitens:introduc¸ão,objetivos,
meto-dologia, resultados e conclusão. Foi explicado aos grupos
que os resultados e as conclusões do relatório deveriam
responderasperguntaspresentesnoquestionário.O
questi-onáriofoicompostode4perguntasdiscursivasdescritasna
seguintesequência:
1. Oqueéumareac¸ãodeesterificac¸ão?
2. Oquesãoésteres?
3. Quaisasmetodologiasusadasparareac¸ãoesterificac¸ão?
Emqueconsistem?
4. Como elucidar a estrutura deum composto usando as
técnicasdeIVeRMN?
Posteriormente os relatórios foram entregues ao
pro-fessor para a correc¸ão e análise da contribuic¸ão do
Tabela2 Rendimentosepontodeebulic¸ãodoscompostos4a-ge5a-c
Substratos Produtos Rendimentos(%) P.E.* O O OH 2 4a 75 196 0C 4b 75 2050C 4c 73 CC 4d 74 CC 4e 70 CC 4f 68 CC 4g 65 CC O OH OH 3 5a 77 144-1450C 5b 75 154-1550C 5c 75 166-1670C
* Pontodeebulic¸ão.
CC:colunacromatográfica.
ensino-aprendizagem.Tambémforamobservadoso
compor-tamento e as falas de alguns estudantes durante a aula
experimental
Resultados
e
discussão
Areac¸ão de esterificac¸ão foi realizada utilizando o ácido
levulínico ou ácido láctico, com diferentes álcoois.
Inici-almenteo ácidolevulínicofoi convertidonoalquil(metil,
etil,n-propil,isopropileterc-butil)levulinato4a-ecom
ren-dimento variando entre 70-75% (vide tabela 2), a reac¸ão
foi realizada em presenc¸a do ácido 4-tolueno sulfônico
como catalisador, usando a metodologia de aquecimento
sobrefluxo convencional.Osresultados acimadescritos e
apresentadosnatabela2foramobtidospelosestudantes.
Poroutro lado,o ácidolácticofoiconvertidoem alquil
(metil,etilen-propil)lactato5a-ccomrendimentode
75-77%.Areac¸ãofoirealizada,tambémempresenc¸adoácido
4-tolueno sulfônico, como catalisador e aquecimento sob
refluxoconvencional.Osresultadosdescritostambémforam
obtidospelosestudantes.
O experimento proposto foi realizado partindo-se do
excessodeumdosreagentes,afimdedeslocaroequilíbrio
dareac¸ãonosentidodeformac¸ãodoéster.
As reac¸ões de esterificac¸ão também foram realizadas
usando aquecimento sob refluxo, empregando uma
vidra-riadenominada DeanStark,cujoobjetivofoipossibilitara
retiradadeáguadomeio,poisemreac¸ãodeesterificac¸ão
formaumazeótropo entreosprodutosdareac¸ão(éstere
água), logo aremoc¸ão daágua domeiodesloca o
equilí-briodareac¸ão.Otemporeacionalfoide1h.Decorridoeste
temponeutralizamosoprodutoreacionalcombicarbonato
desódio,hidrolisamoscomáguaeemseguidaextraímosa
faseorgânica com acetato de etila. Após evaporar o
sol-vente,obteve-seumresíduoamareladoquefoisubmetidoa
umadestilac¸ão ouumacolunacromatográfica fornecendo
um líquido oleoso. Nesta metodologia usou-se os álcoois
n-butanoleciclohexanolobtendoosésteres4f-g.Foi
expli-cado aos estudantes que os motivos das escolha dos 2
álcooisforam:a)osésteres4f-gforamobtidospelométodo
convencionalcomrendimentobaixo;b)ousoda
metodolo-giaempregando avidrariaDean Starkreduziuotempode
reac¸ãode3 para1h;c)devido àreduc¸ão significativado
tempodereac¸ão,oprofessortevecondic¸õesdediscutircom
osestudantesotópicodeaula.
A compreensão das reac¸ões envolvidas nesse
expe-rimento foi alcanc¸ada através das discussões pré e
pós-laboratorialem saladeaula,elaborac¸ãoderelatórios
envolvendo algumas questões, taiscomo o mecanismo da
reac¸ãodeesterificac¸ãoereac¸õesdehidrólisedeéster,
cata-lisadaporácidoutilizadanesseexperimento.
Salienta-seaimportânciadasocializac¸ãodosresultados
entreos grupos parao melhor aproveitamentoda
experi-ência, uma vez que cada grupo efetua 3 reac¸ões, 2 pelo
métododeaquecimentoconvencionaleaterceiracom
auxí-liodoDeanStark.Logo,duranteoperíodoemqueosistema
permanece reagindo, cada grupo observou sua respectiva
reac¸ãoecomparoudiferenc¸ascomasreac¸õesaoutilizaras
diferentesmetodologiaseresultadosdosoutrosgrupos.
Na etapa de separac¸ão dos produtos o emprego da
soluc¸ãosalinaprovocouoaumentodaforc¸aiônicadomeio,
ocasionando a formac¸ão de interac¸ões intermoleculares
entreosal,osreagentesemexcesso,ocatalisadoreaágua
formada na reac¸ão, uma vez que setrata de substâncias
polares. Como os ésteres são compostos de baixa
polari-dade,elesapresentaramumamenorsolubilidadenomeio,
facilitandosuaseparac¸ão.
Umavezobtidos, oscompostos4c-g,forampurificados
atravésdecromatografiaemcoluna,porapresentarpontos
deebulic¸ãoelevados.Nodecorrerdacromatografiaforam
trabalhadososconceitosdefasemóvel,faseestacionária,
polaridade de solvente, fator de retenc¸ão, cromatografia
3448.492 3255.320 3008.344 2929.204 2649.927 1996.395 1709.150 1402.596 1369.452 1214.382 1166.469 1061.752 1022.204 988.468 923.334 893.994 800.497 609.556 571.343 506.431 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200 3400 3600 3800 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 %Transmittance O 2 O OH
Figura5 EspectrodeIVdoácidolevulínico.
dealtaeficiênciaecromatografiagasosadealtaresoluc¸ão.
Por outro lado, oscompostos 4a-be 5a-c foram
submeti-dos a umadestilac¸ão simples, onde foramtrabalhados os
conceitosdepontodeebulic¸ão,misturaazeotrópica,calor
etemperatura.
Apóspreparac¸ãoe purificac¸ãodoscompostos, deu-sea
caracterizac¸ãoestrutural,atravésdetécnicas
espectroscó-picas.Particularmente,astécnicasespectroscópicaspodem
serutilizadasparaacaracterizac¸ãodemateriais. Isso
sig-nificaque comelasé possível obterinformac¸õessobreos
tiposdeligac¸õesentreátomos,avizinhanc¸aatômicadesses
átomos e ligac¸ões, apresenc¸a e a concentrac¸ão de
subs-tânciasem amostras,etc. Naescalaatômica e molecular,
acaracterizac¸ãodecompostostemumsignificadoespecial,
poistratadaspequenaspec¸asqueformamtodasascoisas(os
átomos)ecomoelasestãoarranjadasentresi.Finalmente,
a espectroscopia é, sim, uma aplicac¸ão do conhecimento
científicoquepermitegerarmaisconhecimento.
Inicialmente os estudantes analisaram os espectros de
infravermelhodosésteresobtidos.Acomparac¸ãodos
espec-trosdeIVdoscompostosdepartida (fig. 5)edosprodutos
obtidos(fig.6)permitiuqueosestudantes observassemas
mudanc¸asestruturaisdoscompostosfinais.
Nocaso docompostodepartida, elesperceberamuma
bandalargadogrupoOH(hidroxila)naregiãode2640-3500
cm-1,oquenãoseobservounocompostoobtido.Osdados
dosésteresobtidosestãoexpostosnatabela3(anexo1),a
qualfoiconstruídas,apósanálisedorelatórioescritospelos
estudantes
Osestudantestambémobservaramqueosespectros de
infravermelhodosésteresderivadosdoácidoláctico
apre-sentaram uma banda larga do grupo OH, isto por que os
ésteresformadospossuemnasuacadeiaumgrupoOH.
Nodecorrerdaanálisedoespectrodeinfravermelhoos
professores abordaram os conceitos de número de onda,
frequência, vibrac¸ão, estiramento simétrico e não
simé-trico,deformac¸ãoangular,deformac¸ãoaxial.
Em um momento posterior foram analisados e
discuti-dos os espectros de RMN dos compostos sintetizados. O
fenômeno daRMN foi observado experimentalmentepela
primeiravezem1946,porF.BlocheE.Purcell(PrêmioNobel
deFísica de 1952). A RMN é observada quando se incide
ondasde rádio frequênciaem umaamostra que tem
isó-toposcomspinnuclear maiorque0(por exemplo,1H)na
presenc¸adeumcampomagnético.ARMNpassouaserde
grandeimportânciaparaanálisesquímicasjánadécadade
50,comadescobertadequeseusinalrefleteoambiente
químicoem que o núcleose encontra em uma molécula.
Essefenômeno,denominadodeslocamentoquímico,
permi-tiuumgrandeavanc¸o naáreadedeterminac¸ão estrutural
demoléculaspequenase/oudemédiamassamolecular.
Apósanálise dosespectros deRMN,osestudantes
con-cluíram que: o espectro de RMN 1H (300MHz, CDCl
3) do
levulinatodemetila4aapresentousinaisdeabsorc¸ãocomo
um simpleto na região de 3,59ppm, atribuída à metila
do éster. Os hidrogênios em C-3 e C-2 acoplam entre si
e fornecem um tripleto em ␦ 2,69ppm (J=12,0Hz)
atri-buídoaohidrogênioemC-3eoutrotripletoem␦2,49ppm
(J=12,0Hz),atribuídoaohidrogêniodeC-2.Osimpletoem
␦2,11ppm foiatribuídoaoshidrogêniosmetílicosemC-5.
Aanálisede ressonânciamagnéticanuclearde hidrogênio
edecarbono-13,dosoutrosésteres,estãosumarizadosna
tabela4(anexo2).
Nodecorrerdaanálisedoespectroderessonância
mag-néticanuclearhidrogênioedecarbono-13foramabordados
os conceitos de estados de spin, momentos
magnéti-cosnucleares,deslocamento,multiplicidade,constantede
acoplamento, solvente, equivalência química, ambiente
químico,campobaixo, campoalto,blindagem,
desblinda-gem,desdobramentoeanisotropiamagnética,carbono-13.
O experimento foi aplicado no final do semestre,com
o objetivo de avaliar os estudantes, no que se refere a
todos os conteúdos vivenciados em sala de aula ao logo
3424.907 2984.081 2929.409 2566.723 2359.255 2121.031 1959.314 1722.131 1407.879 1370.331 1310.428 1207.511 1159.614 1099.992 1031.142 922.212 871.872 767.057 660.040 617.134 571.288 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600 2800 3000 3200 3400 3600 3800 70 65 60 55 50 45 40 %Transmittance O 4 5 3 2 1 7 6 O O
Figura6 IVdolevulinatodeetila.
relatóriosescritospelos estudantes.Convémdestacarque
o experimento pode ser utilizado para ilustrar os
seguin-tes conteúdos em sala de aula, por exemplo: a) ácidos
carboxílicosederivadosdosácidos;b)propriedadesfísicase
químicasdeácidosederivados;c)reac¸ãodeesterificac¸ão,
mecanismo deformac¸ãodo éstere velocidades de
hidró-lise;d)técnicadeseparac¸ãopordiferenc¸adesolubilidade;
e)métodoinstrumentalparadetecc¸ãodegruposfuncionais
(espectroscopia noinfravermelho); e f) elucidac¸ão
estru-turaldeumcomposto(espectroderessonânciamagnética
nucleardeprótonecarbono).
Ao propor a preparac¸ão e caracterizac¸ão de ésteres
conseguimosabordarosseguintesconteúdosprogramáticos
nadisciplinadeAnálise Orgânica:a)métodosclássicosde
separac¸ãoepurificac¸ãodesubstânciasorgânicas(filtrac¸ão,
extrac¸ãoedestilac¸ão);b)purificac¸ãodecompostos
orgâni-cos---cromatografia;c)basesteóricaseaspectoshistóricos
dacromatografia;c)cromatografiaplanareemcoluna;d)
determinac¸ãoestrutural---espectrometriadeinfravermelho
(IV);e)espectrosdeIVdehidrocarbonetoseoutrosgrupos
funcionais;f)interpretac¸ãodeespectrosdeinfravermelho;
g)determinac¸ãoestrutural---espectrometriaderessonância
magnésianuclearde1He13C;h) oespectro
eletromagné-tico;i)spinnuclear---aorigemdosinal;j)odeslocamento
químico;k)espectrosdeRMNde1Hede13C;l)determinac¸ão
estrutural---espectrometriademassas(EM);m)oespectro
demassa;n)determinac¸ãodasfórmulasmolecularesedos
pesosmoleculares;eo)fragmentac¸ão.
Finalizando,o relatório foi escolhidocomo ferramenta
paraavaliac¸ãodoprocessoensino-aprendizagempor
permi-tirapesquisaeformulac¸ãodeideiasporpartedoestudante
envolvidona aula experimental, permitindo ao estudante
uma síntese de pensamento, assim como o incentivo a
buscar novas fontes de informac¸ão em outros meios de
comunicac¸ãocientífica.
Osgrupostiveramumperíodode7diasparaconfeccionar
orelatório,sendoquepoderiamutilizartodasafontesde
pesquisapossíveis(livros,revistas,sites,etc.).Foiutilizada
umaaula(50min)paraaexposic¸ãoporpartedosprofessores
decomoseriafeitoorelatórioequedadosdeviamconstar
nesserelatório.Aproduc¸ãodorelatóriosegundoos
estudan-tesauxiliouaaprendizagemdosconteúdosvivenciados.
Apósaentregadosrelatóriosforamfeitasascorrec¸õese
asanálises emcimadasrespostasparaasperguntasfeitas
noroteirodoexperimento.Todososrelatóriosapresentaram
ositenspedidos(introduc¸ão,objetivos,resultadose
conclu-sões)easrespostasforamsatisfatóriasquantoàsperguntas.
Alémdisso,todasastabelasforamconstruídascombaseno
quefoidescritopelosestudantesnosrelatórios.
Dopontodevistadecustos,oexperimentoéacessível,
poisempregaapenas5reagentesdebaixocusto(ácido
levu-línico,ácidoláctico,diferentesálcoois---2paracadagrupo
--- eácido4-toluenosulfônico).Emtermosdeseguranc¸a,é
preferível em comparac¸ãoa umaesterificac¸ão tradicional
que geralmente emprega como catalisador o ácido
sulfú-ricoconcentrado,queemcontatocomapelepodeprovocar
queimadurasgraves.
Considerac
¸ões
finais
Estetrabalhodemonstraumaestratégiaexperimental
sim-ples para obtenc¸ão de ésteres a partir ácido levulínico
e ácido (R,S)-láctico em aulas experimentais no curso de
Química, na disciplina de Análise Orgânica. O principal
objetivo deste trabalho foi a realizac¸ão de um
experi-mento simples no qual o conteúdo referente às reac¸ões
de esterificac¸ão, exigido na ementa da disciplina, fosse
aplicado na preparac¸ão de ésteres, utilizando
ferramen-tas comuns em um laboratório de química orgânica. Por
se tratar de umareac¸ão de durac¸ão deuma ou3h,
per-mitiu que o estudante, enquanto aguardasse o término
de uma determinada reac¸ão, utilizasse algumas técnicas
de laboratório, tais como extrac¸ão, neutralizac¸ão,
métodos de caracterizac¸ão do produto (infravermelho e
ressonância magnética nuclear de próton e carbono), de
produtos jápreparados e caracterizados pelos 2
estudan-tesdeiniciac¸ãocientífica,coautoresdotrabalho.Todavia,
o experimentoproposto contemplaotreinamentodo
gra-duandoemdiversastécnicasdelaboratório,bemcomona
síntese,caracterizac¸ãoestrutural,manuseioereatividade
desubstânciaorgânica,eenvolveosmecanismosiônicosde
eliminac¸ãoeadic¸ão.
Oexperimentomostrou-sepotencialmenteútilparaque
osestudantes empreguem a espectroscopiana elucidac¸ão
estrutural de compostos sintetizados, bem como buscar
conhecimentosteóricosparasustentarashipóteses
formu-ladas.
Conflito
de
interesses
Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.
Agradecimentos
Osautoresdeste trabalho agradecema todasas agências
queauxiliamfinanceiramenteasnossaspesquisas:aFACEPE,
através do financiamento do projeto APQ-FACEPE
(1257-1.06/2010); a CAPES e CNPq pelas bolsas concedidasaos
estudantesdeiniciac¸ãocientíficaepós-graduac¸ão.
Anexo
1.
Tabela3.Anexo
2.
Tabela4.Tabela3 AnálisedosespectrosdeIVdosésteresobtidos
Compostos IV(KBr)cm−1 Atribuic¸ão 4a 2.987,1.736,1.369,1.204,1.043
4b 2.984,1.722,1.370,1.159,1.031 Deformac¸ãoaxialdeC-Ha
4c 2.972,1.731,1.403,1.166,1.055 Deformac¸ãoAxialdeC=Ob
4d 2.987,1.721,1.374,1.113,980 Deformac¸ãoangulardeC-Hc
4e 2.958,1.735,1.460,1.162,1.038 Deformac¸ãoaxialdeC-Odeésterd
4f 2.922,1.722,1.362,1.190,998
4g 2.941,1.711,1.450,1.076,989
5a 3.412,2.997,1.736,1.490,1.304,1.137 Deformac¸ãoaxialdeC-OHe
5b 3.464,2.985,1.754,1.460,1.298,1.200 5c 3.445,2.983,1.731,1.453,1.266,1.136 a 2.922-2.997cm−1. b 1.711-1.754cm−1. c 1.360-1.490cm−1. d (980-1.200)-(1.104-1.304)cm−1. e 3.412-3.464cm−1.
Tabela4 AnálisedosespectrosdeRMN1HeRMN13Cdosésteresobtidos
Compostos RMN1H* RMN13C** O O OCH3 2 3 4 5 6 1 ␦3,59(s,3H,CH3doC-6);2,69(t, 2H,J=12,0Hz,CH2doC-3);2,49(t, 2H,J=12,0Hz,CH2doC-2);2,11(s, 3H,CH3,C-5) ␦206,6(C-4);173,0(C-1);51,6(C-6); 37,7(C-3);29,6(C-2);27,5(C-5) O O O 2 3 4 5 6 1 7 ␦3,80(m,2H,CH2CH3doC-6);2,45 (t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-3);2,24 (t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-2);1,87 (s,3H,CH3doC-5);(t,3H,J=7,2Hz, CH3doC-7) ␦207,1(C-4);172,0(C-1);59,5(C-6); 38,4(C-3);26,4(C-2);24,5(C-5); 13,6(C-7)
Tabela4 (Continuac¸ão) Compostos RMN1H* RMN13C** O O O 2 3 4 5 6 1 7 8 ␦3,76(t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-3); 2,50(t,2H,J=6,3Hz,CH2doC-2); 2,29(t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-8); 1,93(s,3H,CH3doC-5),1,39(q,2H, C-7,J=6,6Hz,CH2doC-7);0,69(t, 3H,C-8,J=7,2Hz,CH2doC-8) ␦206,0(C-4);172,1(C-1);65,5(C-6); 37,2(C-3);29,1(C-2);27,3(C-5); 21,3(C-7);9,7(C-8) O O O 2 3 4 5 6 1 7 8 ␦4,77(q,1H,C-6,J=7,2Hz,CHdo C-6);2,52(t,2H,J=6,3Hz,CH2do C-3);2,31(t,3H,J=6,9Hz,CH2do C-2);1,96(s,3H,CH3doC-5);1,16 (dd,3H,C-7eC-8,J=2,4Hze J=3,3Hz) ␦206,2(C-4);171,7(C-1);67,3(C-6); 37,4(C-2);29,3(C-3);27,8(C-5); 21,2(C-7,C-5) O O O 2 3 4 5 1 6 7 8 9 ␦2,74(t,2H,J=6,3Hz,CH2doC-3); 2,58(t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-2); 2,16(s,3H,CH3doC-5);1,40(s,9H, CH3) ␦206,9(C-4);177,7(C-1);77,4(C-6); 38,0(C-3);29,2(C-2);28,6(C-7,C-8, C-9);24,6(C-5) O O O 2 3 4 5 6 1 7 8 9 ␦3,97(t,2H,J=6,6Hz,CH2doC-6), 2,66(t,2H,J=6,3Hz,CH2doC-3); 2,47(t,2H,J=6,3Hz,CH2doC-2); 2,10(s,3H,CH3doC-5);1,51(q,2H, C-7,J=7,5Hz,CH2doC-7);1,29(q, 2H,C-8,J=7,5Hz,CH2doC-8);0,83 (t,3H,C-9,J=7,2Hz,CH2doC-9) ␦206,5(C-4);172,6(C-1);64,3(C-6); 37,7(C-3);30,4(C-2);29,6(C-7); 27,7(C-5);18,9(C-8);13,4(C-9) O O O 2 3 4 5 1 6 7 8 9 7 8 ␦3,32(q,1H,J=6,9Hz,CHdoC-6); 2,54(t,2H,J=6,3Hz,CH2doC-3); 2,33(t,3H,J=6,6Hz,CH2doC-2); 1,96(s,3H,CH3,C-5),1,66-0,99(m, 10H,CH2dociclohexil) ␦206,9(C-4);171,8(C-1),69,4(C-6); 34,8(C-3);29,2(C-7,C-7);27,8 (C-2);24,8(C-5);23,1(C-8,C-8). O OCH3 OH 2 3 4 1 ␦4,20(q,1H,J=6,9Hz,CHdoC-2); 3,34(slargo,1H,OH);1,45-1,32(d, 3H,J=7,2Hz,CH3doC-3) ␦175,9(C-1);68,8(C-2);52,2(C-4); 20,1(C-3) O O OH 2 3 1 4 5 ␦5,15(q,2H,J=7,2Hz,CH2doC-4); 4,33(q,1H,J=6,9Hz,CHdoC-2); 3,58(slargo,1H,OH);1,49(t,3H, J=7,2Hz,CH3doC-3);1,26(t,3H, J= 7,5Hz,CH3doC-5) ␦175,1(C-1);69,3(C-2);69,0(C-4); 20,4(C-3);16,8(C-5)
Tabela4 (Continuac¸ão) Compostos RMN1H* RMN13C** O O OH 2 3 4 5 6 1 ␦4,90(m,1H,CHdoC-4);4,07(q, 3H,J=7,2Hz,CHdoC-2);3,53(s, largo1H,OH);2,11(d,3H,J=6,9Hz, CH3doC-3);1,08(dd,3H,J=2,1Hz, J=7,1Hz,CH3doC-5eC-6) ␦175,3(C-1);80,1(C-2);36,5(C-4); 16,9(C-3);16,2(C-5,C-6)
H:hidrogênioanalisadonoespectrodeRMN1H. * RMN1H(300MHz,CDCl
3). ** RMN13C(75MHz,CDCl
3).
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