• No se han encontrado resultados

Avaliação da qualidade dos ovos e das larvas de Solea senegalensis (Kaup, 1858) através da manipulação alimentar dos seus reprodutores

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Avaliação da qualidade dos ovos e das larvas de Solea senegalensis (Kaup, 1858) através da manipulação alimentar dos seus reprodutores"

Copied!
89
0
0

Texto completo

(1)

1 UNIVERSIDADE DOS AÇORES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Avaliação da qualidade dos ovos e das

larvas de

Solea senegalensis

(Kaup,1858)

através da manipulação alimentar dos seus

reprodutores

Nédia Remália Delma Matusse

Tese de Mestrado em Engenharia Zootécnica

Orientadores:

Doutora Florbela Soares – IPIMAR-Olhão

Professor Doutor Joaquim Fernando Moreira da Silva – Universidade dos

Açores

ANGRA DO HEROÍSMO 2012

(2)

2

Agradecimentos

Quando atingimos um objetivo, notamos o encaixe perfeito de algumas

peças, como um quebra-cabeça. Somente com o suporte de família e amigos é

que obtemos êxito.

Primeiramente devo agradecer a Deus por tudo, principalmente pela

vida, saúde e juízo.

Ao IPAD (Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento), por ter

apostado em mim e contribuido financeiramente para os meus estudos em

Portugal.

A Universidade dos Açores, por me ter concedido esta oportunidade de

cursar ao Mestrado em Engenharia Zootécnica.

Ao Doutor Pedro Pousão Ferreira responsável da EPPO- Estação de

Piscicultura de Olhão por me ter concedido a oportunidade de realizar o ensaio

para esta tese durante 10 meses.

À orientadora Doutora Florbela Soares, pela orientação, ajuda material,

interesse e disponibilidade demonstrada, importantes para a realização desta

tese.

Ao orientador Professor Doutor Joaquim Moreira, por toda ajuda

acadêmica durante o mestrado.

A todos os colegas da EPPO-Olhão, pela simpatia e ajuda prestada, em

espécial a Ana Margarida Gamboa pela colaboração, partilha de

conhecimentos e pelo excelente ambiente de trabalho. A sua ajuda foi Divina.

Os meus agradecimentos.

À Doutora Laura Ribeiro e a Maria Santos (Milu) pela simpatia e ajuda

(3)

3

Ao colega Miguel Sáenz, pelas inumeras e generosas ajudas científicas

(su paciencia y amizad conmigo no tiene precio).

A amiga Daniela Boanares, pela ajuda inicial de material.

A amiga Sandra e ao casal Heliodoro pela contribuição na revisão

ortográfica, apoio e muita paciência.

Aos meus pais Delma Fugel e André Matusse pela presença constante,

paciência e apoio. Vocês são os melhores pais que poderia sonhar ter.

A paixão da minha vida, meus dois irmãos Adriel Timótio e Eunício Joel,

pelo carinho amizade e compreensão. Sem vocês a vida teria muito menos

brilho.

A familia Buscapé (Mara, Eduardo e Johana) pela adoção em vossa

família durante o tempo em que estive em Olhão. As palavras faltam-me para

expressar toda a minha gratidão. Fostes para mim uma nova família, irei

guardar-vos para todo o sempre, no meu coração.

A familia Lima pelo acolhimento, simpatia e amizade demostrado no

pequenoperiodo que passei na Ilha Terceira (Porto Judeu), mas que para mim

foi como uma vida. O meu muito obrigado.

Aos verdadeiros amigos por compreenderem a distância e mesmo assim

se fazerem presentes em minha vida.

Enfim, a todos amigos e conhecidos que não mencionei, mas que

fizeram parte da minha história em Portugal (Angra do Heroismo e Algarve -

Olhão), que me fizeram sorrir em vários momentos, a todos os meus mais

sinceros agradecimentos.

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, se tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!" - Fernando Pessoa.

(4)
(5)

5 “ O pensamento é o unico lugar onde ainda estamos seguros, onde nossa loucura é permitida e todos os nossos atos são inocentes."

Martha Medeiros

He who gets wisdom loves his own soul; He who keeps understanding will find good”.

(6)

6

Resumo

Este trabalho tem como objectivo a avaliação da qualidade e quantidade

dos ovos e larvas de linguados Solea senegalenis (Kaup, 1858), após terem os

progenitores sido alimentados com uma dieta diferenciada. Para isso, um total

de quarenta e quatro reprodutores desta espécie foram distribuidos em dois

tanques externos e divididos na proporção de (1:1) machos e fêmeas. Aos dois

grupos foram se administradas as mesmas quantidades diárias, com dietas

diferenciadas no teor dos ácidos gordos essenciais (EPA) e em ácido

docosahexaenóico (DHA). Ao primeiro grupo de peixes foi fornecido a dieta

enriquecida (DE) que continha 0,81% de EPA e 1,05% de DHA a mais que a

dieta controlo (DC) fornecida ao segundo grupo de peixes.

Durante o ensaio decorrido nos meses de setembro a janeiro foi também

avaliada a importância e influência de outros parâmetros de qualidade dos ovos

e larvas, tais como a periodicidade e peso total das posturas, tamanhos, pesos

secos, níveis de atividade proteica e os efeitos da temperatura sobre os ovos e

o desenvolvimento das larvas até a abertura da boca.

A produção total de ovos foi obtida em maior quantidade para os peixes

alimentados com a dieta enriquecida, tendo neste grupo sido observadas

quarenta e sete posturas, trinta e duas mais que as observadas nos peixes

pertencentes ao grupo controlo. Os ovos pertencentes ao tanque alimentado

com a dieta enriquecida apresentaram também melhores taxas de eclosão que

variando entre 40,1% e 100% para o tanque DE, 31,1% e 95,7% para o tanque

(7)

7

A temperatura durante o período de desova variou entre 16,7 e 21,7°C, e

não tendo sido manipulada para que não houvesse oscilação dos valores.

As larvas do tanque DC, foram provenientes de ovos com diâmetros e

peso seco maiores que os do tanque DE, e em sequência tiveram maiores

comprimentos em 0,12 mm e maior peso seco, embora não tenha tido as

melhores taxas de eclosão ao longo do tempo.

Na avaliação dos níveis de atividade das catepsinas do tipo B e D nos

ovos viáveis e inviáveis provenientes do tanque DE, constou se que houve

maior atividade da catepsina D nos ovos inviáveis e menor atividade nos ovos

viáveis em relação a catepsina B, sendo que não houveram diferenças

significativas nos níveis de atividade da catepsina B entre os ovos viáveis e nos

inviáveis.

Tendo em conta as condições em que este trabalho foi realizado,

podemos concluir que a administração com uma dieta enriquecida em

DHA/EPA durante o período reprodutivo dos linguados, melhora a qualidade e

a quantidade de posturas, condicionando quer a disponibilidade de larvas quer

(8)

8

Abstract

This work aims to evaluate the quality and quantity of eggs and larvae of

Solea senegalenis, (Kaup, 1858), after their parents have been fed with a different diet. To do this, a total of forty-four breeding of this species were

distributed in two external tanks and divided in the ratio of (1:1) male and

female. The two groups were given the same amounts up daily diets differed in

content of essential fatty acids (EPA) and docosahexaenoic acid (DHA). The

First group of fish was administered with enriched diet (DE) with 0,81% of

essential fatty acids (EPA) and 1,05% of Docosanhexaenoic acid (DHA), more

than control diet (DC) supplied to the second group of fish.

During the essay elapsed in the months of September to January was

also assessed the importance and influence of other parameters of quality of

eggs and larvae, such as the periodicity and total weight of postures, sizes, dry

weights, levels of protein activity and effects of temperature on the eggs and the

development of the larvae until the opening of the mouth.

The total Production of eggs was in greater quantity for the fish fed by the

diet enriched and these also presented best rates of outbreak that varied

between 40,05% and 100% for the DE tank, 31,11% and 95,69% for the tank

DC.

The temperature during the spawning varied between 16,7 and 21,7°C,

and has not been manipulated so that there would not be fluctuation of the

values.

The Larvae of the tank DC were hatched from eggs with diameter higher

than those of DE, dry weight of, and in larger lengths and larger sequence had

(9)

9

accomplished, we can conclude that the administration with diet enriched during

the reproductive period of sole, improves the quality and quantity of postures,

making either the availability of larvae want their quality at an early stage.

In assessing of activity levels of cathepsins B and D type in viable and

unviable eggs from the tank DE, consisted that there was increased activity of

cathepsin D in eggs unviable and viable eggs in lower activity against cathepsin

B, and not there were significant differences in activity levels of cathepsin B

between viable and non-viable eggs.

Considering the conditions under which this work was performed, we

conclude that administration with a diet enriched in DHA/EPA during the

reproductive period of the sole senegalensis, improves the quality and quantity

of postures, condition necessary of larvae for their quality an early stage of

development.

Key-words: Solea senegalensis; flatfish; fatty acids; DHA/EPA; intensive produticions

(10)

10

Índice Geral

Agradecimentos ... 2 Resumo ... 6 Abstract ... 8 Índice Geral ... 10

Lista de símbolos e abreviaturas ... 12

I. Introdução... 15

II. Revisão Bibliográfica ... 18

2.1 Evolução da Aquacultura ... 18

2.1.1 Aquacultura em Portugal ... 19

2.2 Biologia do Solea Senegalensis Kaup, 1858 ... 20

2.2.1 Taxonomia e distribuição geográfica ... 20

2.3 Linguado em Aquacultura ... 23

2.3.1 Reprodução do Linguado ... 24

2.3.2 Ovos e larvas de Linguado ... 27

2.3.2.1. Ação das catepsinas nos ovos ... 32

2.3.2.2 Desenvolvimento inícial das larvas ... 35

2.3.3 Nutrição dos Linguados ... 36

2.3.3.1 Função dos lípidos na alimentação ... 38

2.3.3.2 Regime alimentar de reprodutores da Solea segalensis ... 41

III. Material e Métodos ... 44

3.1 Descrição do ensaio ... 44

3.1.1 Acondicionamento dos reprodutores ... 44

3.1.2 Parâmetros físico-químicos ... 46

3.1.3 Recolha dos ovos e caracterização das posturas ... 47

(11)

11

IV. Resultados ... 54

4.1 Condições ambientais dos tanques e alimentação dos reprodutores ... 54

4.2 Efeito das diferentes dietas (DE e DC) na quantidade e qualidade das posturas de S. senegalensis ... 55

4.2.1 Taxas de eclosão... 56

4.2.2 Tamanhos dos ovos e das larvas ... 59

4.2.3 Qualidade dos ovos através da atividade catepsina B e D... 62

4.3 Ensaio à temperatura de 17ºC desde a eclosão dos ovos até à abertura da boca, com ovos provenientes dos tanques DE e DC ... 65

V. Discussão ... 69

VII. Conclusões ... 78

VIII. Referências Bibliográficas ... 79

IX. Anexos ... 87

9. 1 Anexo I ... 87

(12)

12

Lista de símbolos e abreviaturas

ARA – Arachidonic Acid (ácido araquidónico)

°C – graus Celsius

DAE – Dia após a eclosão

DHA – Docosahexaenoic Acid (ácido docosahexaenóico)

DC – Dieta Controlo (ração comum oferecida ao segundo grupo de

reprodutores de linguados durante o presente trabalho)

DE – Dieta Enriquecida em DHA/EPA (ração oferecida ao primeiro grupo

de reprodutores de linguados durante o presente trabalho)

DGPA – Direção Geral das Pescas e da Aquacultura

EFA – Essential Fatty Acids (ácidos gordos essenciais)

EPA – Eicosapentaenoic Acid (ácido eicosapentaenóico)

FA – Fatty acid (Ácido gordo)

FSH – Follicle-stimulating hormone (hormona estimulante do folículo)

F1 – Cruzamento simples

GnRH – Gonadotropin-Releasing Hormone (hormonas gonadotropinas)

GtHm – Gonadatrofina maturacional plasmática

HUFA – Highlyunsaturated Fatty Acids (ácidos gordos polinsaturados)

kg – Quilograma

l – Litro

LINOLEICO – Ácido linoleico (18:2n-6)

LINOLÉNICO – Ácido linolénico (18:3n-3)

LH – Luteinizing hormone (hormona luteizante)

(13)

13

MUFA – Monounsaturated Fatty Acids (ácidos gordos monoinsaturados)

mg – Miligrama

µg – Micrograma

ppt (o/oo) – Partes por milhar

(14)

14

(15)

15

I. Introdução

A procura de alimento sempre foi uma das maiores preocupações da

vida do Homem, desde a recolha de frutos, vegetais, caça e pesca. Por isso,

passou a cultivar terras e a domesticar animais tornando-se autossufíciente.

A aquacultura é uma atividade que engloba o cultivo de organismos

aquáticos (algas, moluscos, crustáceos e peixes), sendo necessária a

intervenção humana para o sucesso da mesma.

Os peixes vivem num meio que experimenta trocas constantes de luz,

temperatura, salinidade, pH, oxigénio, pressão barométrica, precipitação,

presença de alimentos, etc. A sobrevivência, reprodução e crescimento dos

mesmos dependem da percepção destes estímulos e das condições

adequadas a cada espécie.

Na região maritíma do sul da Europa, nas últimas duas décadas houve

uma maior concentração na produção em aquacultura de dourada (Sparus

aurata) e de robalo (Dicentrarchus labrax), surgindo uma necessidade científica e tecnólogica para desenvolver cultivos de novas espécies com potencial para

a aquacultura. Um dos promissores candidatos foi o linguado da família dos

soleidae, que é uma espécie bem adaptada a climas quentes e criada em

viveiros ao longo da costa sul de Portugal e Espanha (Dinis et al., 1999).

Na aquacultura, um dos aspectos mais estudados é a gestão nutricional

dos lotes principalmente dos reprodutores que melhoram desse modo a

qualidade das larvas. A baixa qualidade do ovo é um factor de importante

restrinção para expansão da produção de peixes em aquacultura e eles são

utilizados para se estudarem os níveis de mobilização das proteínas vitelinas

(16)

16

Os produtos sintetizados no ovo, incluindo as enzimas vitais como as

catepsinas e os mecanismos que controlam as suas expressões,

desempenham um papel crucial na determinação da qualidade do ovo (Brooks

et al., 1997).

A realização deste trabalho permitiu comparar a qualidade e quantidade

dos ovos e das larvas produzidas pelos reprodutores de S. senegalensis

selvagens, alimentados por uma ração enriquecida em ácidos gordos, de modo

a averiguar o efeito dessa dieta na sua prole, melhorar o conhecimento sobre a

influência nutricional, na sobrevivência e desenvolvimento das larvas a

(17)

17

(18)

18

II. Revisão Bibliográfica

2.1 Evolução da Aquacultura

A aquacultura é uma atividade milenar, com 4.000 a 5.000 anos de

história. A nível mundial tem-se desenvolvido de forma gradual e, durante a

segunda Guerra Mundial beneficiou de avanços tecnológicos e.g. eco-sonar

para detecção dos cardumes, aperfeiçoamento dos métodos de captura, etc.,

tornando-se desde então a atividade na área da produção alimentar que mais

se desenvolveu, sendo responsável por cerca 50% do peixe consumido no

mundo (Furuya, 2001).

Segundo os dados da Food and Agriculture Organization (FAO), em 2005

houve uma produção mundial de pescados aquícolas na ordem de 158 milhões

de toneladas, cerca de 124 milhões de toneladas foram destinadas ao

consumo humano, sendo 90% deste valor destinado ao mercado Chinês

(Öczan, 2010).

Entre as espécies mais cultivadas, os peixes que apresentam maior

percentagem de produção são os peixes de água doce com 60,7%; os peixes

diádromos representam 7%, os salmonídeos 2,47% e os moluscos 23,6%

(FAO, 1996).

A pesca em pequena escala pode garantir a alimentação dos povos,

reduzindo o índice de pobreza e melhoria do desenvolvimento económico de

países em vias de desenvolvimento. Além disso, a aquacultura serve, também

para a produção de peixes para fins lúdicos e ornamentais.

Segundo Branco (2003) e Nomura (2010), há duas décadas que a

aquacultura se tem transformado essencialmente numa prática mais focada em

(19)

19

que estas são as melhores qualidades dietéticas que os mariscos possuem. O

seu ritmo contínuo desempenha um papel socioeconómico fundamental,

aproveitando-se dos recursos naturais.

A pesca e a aquacultura são atividades competitivas, mas podem

complementar-se ao serem administradas em simultâneo, sendo a aquacultura

o suporte das pescas pelo repovoamento das marés, na restauração da

riqueza pesqueira de uma determinada região, ou ao aliviar a pressão exercida

sobre algumas espécies através da sua oferta como alternativa ao consumidor

(Pillay & Kutty, 2005).

2.1.1 Aquacultura em Portugal

Portugal possui características edafoclimáticas por causa da sua

situação geográfica, que permitem a influência do mar Mediterrâneo e do

oceano Atlântico (Diniz et al., 1998). Isso faz com que o País desfrute de um

potencial único na atividade aquícola e no desenvolvimento de algumas

espécies com grande interesse comercial. É também um dos países europeus

que está referenciado como detentor de um elevado potencial para esta

atividade.

O país apresenta um consumo de peixe per capita bastante elevado, que

segundo dados da DGPA (Direção Geral das Pescas e da Aquacultura) em

2005 foi cerca 59,3 kg, colocando-o em 3° lugar a nível mundial depois do

Japão e da Islândia (Ildefonso, 2011).

Com queda da atividade pesqueira, a aquacultura pode constituir uma

importante alternativa às formas tradicionais de abastecimento de pescado.

Devido a restrinções burocráticas e legais esta atividade está longue de atingir

(20)

20

A espécie Solea senegalensis e a Scophthalmus maximus (Pregado),

são também dois fortes candidatos à aqualcultura em Portugal e tem-se

verificado o incremento da sua produção. Apesar do preço de mercado da

espécie S.senegalensis ser elevado, é uma espécie que muito se adapta às

condições existentes.

2.2 Biologia do

Solea Senegalensis

Kaup, 1858

2.2.1 Taxonomia e distribuição geográfica

A S.senegalensis Kaup, 1858 é uma espécie nova para a aquacultura, vulgarmente conhecida em Portugal, Espanha e nos países Lusófonos por

linguado.

Esta espécie está bem adaptada às águas subtropicais e temperadas, a

ambientes de salinidade elevada (30 e 35 ppm) com forte evaporação. Ela

encontra-se constantemente, nas águas do oceano Atlântico (nos estuários do

Tejo, do Sado e da costa algarvia), próximo à costa das regiões do Senegal até

La Rochelle (França); no mar mediterrâneo, nas costas do norte de África,

Espanha, Itália e Grécia (Figura 1), em profundidades de 80 a 100 m (Branco,

2003 e Öczan, 2010).

As larvas desta espécie ao eclodirem são planctónicas com um

comprimento de 2,4 ± 0,1mm, com uma fisionomia comum à das outras

espécies e uma vida pelágica durante 15 a 20 dias. Ao terminarem a

metamorfose tornam-se bentónicas com uma condição dextrógira ou levógira

(migração do olho esquerdo para o lado direito da cabeça) e ausência de

simetria bilateral (Pleuronectiforme), comum a todos os peixes com forma plana

(21)

21

Dentro desta ordem, está incluída a família soleidae, cujos peixes são

bentónicos, que em ambiente selvagem utilizam o estuário dos rios como

berçário para os indivíduos juvenis (Antunes, 2011). Apresentam um corpo oval

e achatado, cabeça redonda e pouco saliente, focinho arredondado e uma

boca pequena em forma arqueada semi-circular que alcança a borda inferior do

olho direito, sem dentes e com a mandíbula superior mais desenvolvida que a

parte inferior (Sarasquete, 2005).

Figura 1: Distribuição geográfica de Solea senegalensis em cor de rosa (Porta, 2006).

São pouco ativos e demersais (costumam permanecer em fundos

arenosos ou lodosos). Além disso, têm como base alimentar pequenos

invertebrados, embora consigam resistir a longos períodos de fome (Dinis et

al., 1999). A cor do manto superior é acastanhada, e tem a particularidade de

poder modificar-se devido aos mecanismos de mimetismo que possuem.

A espécie Solea senegalensis (Figura 2) é uma espécie de peixes

teleósteos que possui as seguintes caraterísticas taxonómicas apresentadas na

(22)

22 Tabela 1- Posição sistemática de Solea senegalensis

Filo: Vertebrata

Superclasse: Osteictios (Osteichthyes)

Classe: Actinopterigidos (Actinopterygii)

Ordem: Pleuronectiformes (Pleuronectiformes)

Família: Soleidos (Soleidae)

Género: Solea

Espécie: Solea senegalensis (Kaup, 1858)

Segundo Öczan (2010), a espécie S. senegalensis, anteriormente

denominada como Solea melanochira, era confundida com a espécie Solea

vulgaris no Atlântico e com a S. vulgaris e S. aegyptica no mediterrâneo, tendo adquirido o atual nome nos trabalhos de Chabanaud (1927), registados no

Atlântico e posteriormente na costa norte da Tunísia (Goucha & Ktari, 1981), no

lago Ichkeul (Chaouachi & Hassine, 1998), no Golfo de Lyon (Quignard et al.,

(23)

23 Figura 2: Exemplares adultos de Solea senegalensis durante a época de posturas na primavera, com aproximadamente 45 cm de comprimento e 1,8kg de peso corporal.

2.3 Linguado em Aquacultura

O linguado é um peixe de grande valor comercial, que se tornou uma

espécie prioritária para a diversificação da aquacultura nos países banhados

pela costa mediterrânea (Dinis et al., 1999). Embora seja uma nova espécie

para as águas mediterrâneas, é de grande potencial reprodutivo e de rápido

crescimento, sendo importante a sua utilização como espécie aquícola.

Como em qualquer outra indústria de produção animal, o controlo

zootécnico, tem sido a chave para o seu sucesso. Os linguados, normalmente

têm desovas eficazes mas, em cativeiro, torna-se fundamental a racionalização

alimentar, pois esta tem influência na reprodução, na quantidade e qualidade

das posturas, no tamanho dos ovos e das larvas até à abertura da boca.

Um dos problemas observados na linhagem F1 produzida em cativeiro é

a disfunção reprodutiva e o método atual para superar essa dificuldade é a

(24)

24

(Rasines et al., 2012). Esta disfunção tem causa ainda desconhecida mas,

pensa-se ser devido a vários factores ambientais, tais como: o maneio incorreto

das larvas na fase inicial, a alimentação defeituosa que leva ao stress, perda

de peso de alguns e conferindo-lhe assim uma baixa qualidade dos

espermatozóides e dos ovócitos.

2.3.1 Reprodução do Linguado

Os linguados são peixes gonocóricos, têm uma maturação sexual que

ocorre naturalmente quando atingem 3 a 4 anos de vida. Nessa fase costumam

apresentar tamanhos entre 25-32 cm de comprimento (Sarasquete, 2006;

Idelfonso, 2011). As fêmeas apresentam um par de ovários que estão situados

na região do ventre, na cavidade abdominal. Os machos têm os testículos de

forma triangular que se localizam no dorso do abdómen por baixo da

bexiga-natatória. O tamanho dos testículos e dos ovários vária consoante a idade do

peixe e a fase do ciclo reprodutivo e, logo após iniciarem a fase de maturidade

sexual a taxa de crescimento dos peixes reduz para ambos os sexos (Dinis et

al., 1999).

O comportamento reprodutivo é influenciado por estímulos internos

(genéticos, biológicos e alimentação) e por estimulos externos (natureza,

mecanismos de influências físicas, bióticas e sociais) que afetam a evolução

normal do processo reprodutivo e pertubam o sistema endócrino em níveis

diferentes no eixo pineal-cérebro-hipófise-gónoda (Figura 3), que regula as

respostas comportamentais necessárias para que ocorra a reprodução

(Cuento, 2009).

O orgão pineal e o cérebro desempenham um papel importante na

(25)

25

e efectoras. Segundo Gozalbo (2008) estes estimulos actuam sobre o

hipotálamo desencadeando a sintese de neurotransmissores. O neuropeptideo

liberta as hormonas gonadotropinas (GnRH) que chegam à hipófise através da

glândula pituitária pela enervação direta das neuronas hipotalámicas. As

células formadoras de gonadotropinas, que é a hormona estimulante do folículo

(FSH) e a hormona luteizante (LH), são secretadas para a corrente sanguínea

estimulando as gónodas através de recetores específicos, a produzirem

esteródes sexuais e fatores de crescimento. Pouco se sabe como é que as

informações ambientais atuam no eixo do hipotálamo-hipófise-gónodas.

(Foto período, temperatura, factores sociais e químicos)

Sistemas sensoriais Neuro-hormonas Gonadotrofinas FSH/LH Esteroidogénese Gametogénese - Andrógenos - Progesterona Vitelogénese - Estrógenos

Figura 3: Esquema representativo do eixo do hipotálamo-hipófise-gónodas, que governa o processo reprodutivo nos peixes.

Cérebro Hipófise Gónodas Factores Ambientais GnRH Dopamina Neuropepitideo Galanina Noradrenalina Serotonina GABA Pineal Melatonina Retina Cérebro Hipófise Gónodas Figado

(26)

26

A melatonina é o principal mediador dos sinais fotoperiódicos na

maturação gonodal nos peixes, no caso dos peixes teleósteos os níveis de

melatonina variam de acordo com o ciclo dia/noite, sendo altos durante a noite

e baixos durante o dia (Oliveira et al., 2009).

O fotoperíodo e a temperatura são responsáveis por regularem as

atividades fisiológicas, através da glândula pineal que é a responsável por

traduzir estímulos ambientais em impulsos hormonais e/ou neurais ao sistema

nervoso central e periférico, controlando desta forma muitos processos

fisiológicos nos peixes sazonais (Iseki et al., 2008). Nos peixes teleósteos a

ovulação e a desova ocorre durante a noite, isso porque os picos da

gonadatrofina maturacional plasmática (GtHm) neste período influenciam a

secreção e a liberação da testosterona, da 17α hidroxiprogesterona (17α OH-P)

e da 17α,20β-dihidroxiprogesterona (17α 20β diOH-P), sendo esta a hormona

mais importante na maturação final dos ovócitos (Muniz et al., 2008), atuando

sobre o ovócito através de um recetor de membrana, o qual ativa o factor

promotor de maturação no citoplasma do ovócito, responsável pela meiose

(Gozalbo, 2008).

Alguns níveis de temperatura da água inibem a postura dos ovos durante

o período reprodutivo. A temperatura favorável situa-se entre 16,5 ± 0,5ºC a 22

± 1ºC (Dinis et al., 1999; Branco, 2003 e Idelfonso, 2011). Este intervalo de

temperatura está ligado à sobrevivência da prole na fase pelágica. Assim

sendo, a temperatura é um factor crítico e indicador externo do início e do

términus das posturas.

Uma desova natural de linguado ocorre imediatamente depois do

anoitecer (Oliveira et al., 2009), durante a primavera e início do verão (Março

(27)

27

Outono, quando as temperaturas são similares (Dinis et al., 1999; Beirão et al.,

2011), isso porque nessa época há uma maior disponibilidade de alimentos,

favorecendo a sobrevivência das larvas em ambiente selvagem.

Nos machos a produção espermática ocorre normalmente ao longo do

ano, sem estimulação hormonal ou alterações dos factores bióticos (Anguis &

Canavate, 2005; Cabrita et al., 2006). No entanto, pode sofrer alguns

problemas tais como, a produção reduzida do esperma e do aspecto viscoso,

indutor de consequências negativas para a fertilização natural bem como para

a artificial. Esta baixa qualidade da produção espermática ocorre normalmente

pelo facto do reprodutor se encontrar em cativeiro, pela modificação de

estação, aumento da temperatura, idade do reprodutor, indisponibilidade de

alimentos e de factores abióticos (Mañanos et al., 2009; Santos, 2011),

enquanto para o desenvolvimento dos ovos nas fêmeas, ainda que em

estações propícias, é necessário a presença dos machos para que estas

fiquem estimuladas.

2.3.2 Ovos e larvas de Linguado

Para garantir o repovoamento dos tanques de cultivo, a chave príncipal é

o controlo reprodutivo que depende essencialmente de um bom planeamento e

cuidados com os reprodutores. A relação macho e femea em cativeiro deve ser

de 1:1 ou 2:1, a fim de favorecer a fecundação e minimizar o número de

posturas não fecundadas, o que vem limitando no cultivo desta espécie.

A incubação dos ovos de peixe em cativeiro tem sido um sucesso na

aquacultura, facilitando o aumento no número de lotes com caraterísticas

parentais desejadas, sendo assim possível avaliá-los, quer a nível quantitativo

(28)

28

A ovogénese é o processo pelo qual as células primordiais e germinais

formam um ovo pronto a ser fertilizado. Um ovo não fertilizado ou gâmeta

feminino é um ovócito bloqueado em metáfase II (Bobe & Labbé, 2010), e estes

são incapazes de desenvolver embriões, limitando assim a reprodução

controlada de uma espécie (Carnevali et al., 2001).

Quando o ovócito chega ao seu máximo estado de desenvolvimento, no

final da vitelogénese, fica preparado para a maturação. Após a postura dos

ovos e até ao início da alimentação exógena das larvas, o saco vitelino é a

única fonte de nutrientes disponível para o desenvolvimento embrionário. Isto

deve-se ao facto de as membranas estruturais dos ovos e embriões

apresentarem uma elevada hipermeabilidade (Conceição et al., 2009).

O ovo é composto pelo vitelo, constituída por uma mistura de matéria

orgânica que é utilizada para a nutrição durante a fase de desenvolvimento

embrionário. A composição bioquimica é específica para cada espécie e dentro

dela variam de acordo com a sazonalidade, a localização geográfica e tipo de

dieta que o peixe tem quando adulto. A composição dos ovos quer lipídica,

quer proteíca (aminoacidos essenciais) é afectada diretamente pela alteração

da composição da dieta do reprodutor, servindo como indicador de qualidade

da dieta.

A estratégia fisiológica é de maximizar a qualidade da composição

bioquímica do ovo para garantir a maior sobrevivência das larvas (Riveiro et al.,

2003). A maioria dos ovos pelágicos contém gotas de óleo em número e

dimensões variadas (0,1 a 1,0 mm). O tamanho dos ovos também é

considerado um indicador de qualidade, porque muitas vezes o tamanho do

ovo está relacionado com a viabilidade das larvas em incubação (Geffen &

(29)

29

O principal componente do vitelo é a fosfoglicoproteina vitelogénica

(VTG), que em alguns peixes é sintetizada no fígado sob controlo hormonal,

transportada pelo sangue e incorporada no ovócito em crescimento, cujo

metabolismo é mediado pelo recetor endocitose e posteriormente transformado

em proteínas vitelinas: lipovitelina e fosvitina (Carnevali et al., 2008 e Gozalbo,

2008). Depois disto ocorre o processo de translocação citoplasmática da

fosfoglicoproteina vitelogenica, que é acompanhada por um processo proteolítico específico, processado nas proteínas da gema (Figura 4). Estas proteínas são

derivadas da clivagem enzimática do soro proteíco materno durante a fase da

vitelogenese.

Durante o desenvovimento embrionário, os materiais acumulados no

ovócito incluindo fontes de energia são rapidamente degradados para produzir

e.g. aminoácidos livres, FAs, fósforo e cálcio, posteriormente utilizados pelo

(30)

30

Ovócito Figado

E2

Figura 4: Esquema resumo do processo geral da vitelogénese.

Nos sistemas intensivos existem algumas desvantagens na utilização

dos ovos das posturas, especialmente quando se trata da contribuição de

gâmetas, de um grande número de peixes em cativeiro, tornando difícil a

identificação para efeitos parentais. Outro problema encontrado no estudo da

dinâmica da população dos peixes é da sobrevivência dos primeiros estágios

de desenvolvimento (ovo/larva) bem como os factores que a condicionam

(Meneses, 2003).

Assim, a fecundidade está relacionada com o tamanho dos reprodutores

e com as condições ambientais, enquanto as posturas estão relacionadas com

o tipo de desenvolvimento ovocitário e com a frequência da libertação de

ovócitos maduros no período da reprodução.

Os ovos podem ser libertados, depositados no substrato, colocados em

ninhos ou guardados pelos progenitores. No caso dos linguados, pela

caraterística da espécie, os ovos contêm numerosos aglomerados de glóbulos

VTG Catepsinas Lipovitelina Fosvitina Componente β VTG-R VTG

(31)

31

lipídicos (Figura 5), que ajudam no ajuste da sua densidade em direção às

correntes de água.

Figura 5: Foto ilustrativa de ovos viáveis de Solea senegalensis

A temperatura e a salinidade afectam a flutuabilidade dos ovos e

posteriormente das larvas. Os ovos pelágicos como os do linguado têm como

caraterística principal a flutuabilidade, devido ao processo de hidratação

durante a reprodução que é responsável por esta caraterística. Além disso,

existe a proteólise D do vitelo que também leva à flutuabilidade mas que afecta

a fertilidade e a sobrevivência dos ovos gerados (Carnevali et al., 1999).

A flutuação é importante na desova dos peixes, porque permite que este

tipo de ovos evite condições de baixo nível de oxigênio das camadas profundas

(Guisande et al., 1998), nos ovos dos linguados a flutuabilidade pode ser

comprometida pela salinidade da água, que ao atingir percentagens inferiores a

(32)

32

As formas e padrões do ciclo de vida dos peixes são as mais variadas

entre os vertebrados. Existem estratégias de reprodução, que possibilitam o

sucesso em ambientes distintos. Estas são conhecidas pelo elevado grau de

fecundidade, libertando entre centenas a milhões de ovócitos anualmente

(Araújo, 2009).

2.3.2.1. Ação das catepsinas nos ovos

A baixa qualidade do ovo é um factor de importante restrinção para

expansão da produção de peixes em aquacultura. Esta é definida como a

capacidade de um ovo produzir um embrião viável e descendentes, e

determinada pelas propriedades intrínsecas do desenvolvimento do ovócito em

si e do ambiente no qual o ovo está a ser incubado.

Os embriões são bons indicadores para se estudarem os níveis de

mobilização das proteínas vitelinas durante a embriogénese dos peixes, pois é

nessa fase que o embrião em formação requer aminoácidos livres provenientes

das proteínas das reservas vitelinas para o seu rápido desenvolvimento

(Carnevali et al., 2001).

Segundo os mesmos autores, durante o desenvolvimento embrionário há

um acumular de materiais nos ovócitos (fontes de energia) que são

rapidamente degradados para produzir aminoácidos livres, ácidos gordos,

fosforo, cálcio, etc, que são posteriormente utilizados pelo embrião.

Durante o desenvolvimento embrionário existem enzimas responsáveis

pela degradação das proteínas do vitelo, denominadas catepsinas. Elas sob

determinadas condições fisiológicas, são localizados nos lissosomas, em

resposta a certos sinais que são libertados a partir dos lissosomas para o

(33)

33

várias vias, incluindo a activação ou a libertação de factores pro-apoptóticos a

partir da mitocôndria (Chwieralski et al.,2006).

Nos ovos esta degradação é bem controlada por inibidores específicos

das proteases que estão associadas às proteínas do vitelo (Carnevali et al.,

2001).

A qualidade dos ovos dos peixes pode variar muito, podendo estes

serem dependentes dos genes paternos. Os produtos sintetizados no ovo,

incluindo as enzimas vitais como as catepsinas e os mecanismos que

controlam as suas expressões, são susceptíveis de desempenhar um papel

crucial na determinação da qualidade do ovo (Brooks et al.,1997).

Segundo Carnevali et al. (2006) no final da fase de reprodução, as

enzimas lissosomais encontram-se também envolvidas com a reabsorção dos

ovócitos e são reguladas por diversos factores incluindo hormônas sexuais, tal

como o estradiol. A degeneração dos folículos que não atingiram a maturação

(atrésia folicular) ocorre sob controlo das catepsinas e afetam o potêncial da

fecundidade.

As atividades das catepsinas B e D atuam de forma diferente nos ovos

entre espécies diferentes ou até na mesma espécie de peixe. As funções e

características das catepsinas (B e D) em estudo nos ovos viáveis e inviáveis

são:

a) Catepsina B

A catepsina B é uma cisteino-protease lisossomal, que possui tanto

atividade endopeptidática como a atividade carboxidipeptidil-peptidásica, o que

a distigue das demais enzimas da familia da papaína Nägler et al., (1997). Ela

(34)

34

clínicas. E isto faz desta catepsina um indicador confiável no diagnóstico e

prognóstico de cancro (Kos & Lah, 1998).

Segundo Fu et al., (1998) as funções normais da catepsina B estão

relacionadas com processos celulares como o de degradar proteínas da matriz

extra-celular, no processo de reciclagem de proteinas e durante o metabolismo

do vitelo em ovócitos de peixes (Tingaud-Siqueira et al., 2010), além disso

especula-se que ela pode estar envolvida na ativação inícial das catepsinas D

e L, e no controle da morte celular programada a apoptose (Carnevali et al.,

2001).

Segundo os mesmos autores, em ovos de peixes marinhos, a atividade

da catepsina B é visível em ovos inviáveis e durante todos os estados de

desenvolvimento embrionário dos ovos viáveis, com picos elevados em relação

as catepsinas (A, D e L) em 100% de atividade na fase de morula, tendo

valores mais baixos e semelhantes no estado de blastula, gastrula e

segmentação, voltando a aumentar à eclosão em ovos de robalos.

b) Catepsina D

A catepsina D que também é conhecida como protéase aspártica, é uma

enzima proteolítica da família da pepsina, com maxima atividade nos ovos

durante a incubação, embora possuam níveis de atividade enzimática

significativamente altos em ovos inviáveis (Carnevali et al., 1999). A catepsina

D é considerada um marcador de má qualidade de ovos (Carnevali et al.,

2001).

Esta catepsina é também encontrada em muitos tipos de células

diferentes, estando envolvida no processo de apoptose como ativador

(35)

35

regressão da cauda nos anfíbios; esse processo pode ser um dos responsáveis

pelo alto nível de atividade destas catepsinas nos ovos inviáveis, e

desempenha um papel importante na produção de ovos viáveis.

O nível de atividade da catepsina D durante a ovogénese depende do

estado de maturação dos ovócitos, e isso pode estar relacionado com as

necessidades de energía por parte dos embriões, que durante a primeira fase

do desenvolvimento embrionário quando as divisões são rapidas e sem

aumento do volume, a mobilização do vitelo e os de catepsina D são baixos

(Carnevali et al., 1999).

O pico máximo de atividade enzimática é observada durante a fase de

gástrula e na fase de blástula lenta em ovos de dourada, quando a divisão

celular é lenta. Segundo Carnevali et al. (2001), a inibição da catepsina D

resulta no bloqueio da proteólise do vitelo e desenvolvimento anormal ou

mesmo mortalidade dos embriões.

Segundo Brooks et al. (1997), a catepsina D nos ovos de peixes é

responsável por mediar o processamento das proteínas do vitelo no ovócito, e

é vital para a produção de um ovo viável.

2.3.2.2 Desenvolvimento inícial das larvas

A larvicultura é uma parte do processo da aquacultura, com dificuldades

de atingir sucesso, devido ao índice elevado de mortalidade durante esta fase.

Normalmente, numa desova natural eclodem entre 20% a 70% dos ovos

no sistema de cultivo intensivo (Bock & Padovani, 2000). Após a eclosão, a

mortalidade está frequentemente relacionada com a alimentação, que quando

não atinge as exigências nutricionais dos reprodutores, promove um maior

(36)

36

Além disso, importa salientar também as condições abióticas

desfavoráveis, a densidade da população adulta, em que quanto maior a

quantidade dos reprodutores, maiores são as probabilidades de abortos dos

ovos, o parasitismo e a existência de predadores (Borges et al., 2001).

Os ovos dos peixes marinhos são ricos em Hufas na série n-3 e os seus

reprodutores têm uma exigência nutricional em ácidos gordos essenciais

(Ferreira, 2009), que são importantes para o desenvolvimento embrionário nas

primeiras fases larvares. A deficiência destes ácidos gordos pode levar a

patologias, como o stress, deficiências no crescimento, problemas de

pigmentação, da migração do olho durante a metamorfose em linguados

juvenis e aumento da mortalidade.

No momento final de absorção das reservas vitelinas (abertura da boca),

a fase de alimentação exôgena é muito crítica e está associada a um alto nível

de mortalidade, o que pode ter uma relação com a escassez de alimento

adequado, com a predação, a densidade e a existência de condições abióticas

desfavoráveis.

2.3.3 Nutrição dos Linguados

O papel da nutrição na reprodução de peixes tem sua importância

principalmente para o desenvolvimento reprodutivo. Mesmo reconhecendo a

importância da adequada alimentação para a reprodução e para a qualidade

das posturas em peixes teleósteos, os requisitos nutricionais continuam a ser

uma das áreas menos evoluidas no campo da nutrição de peixes

(Fernández-Palacios & Izquierdo, 2009). Mas, isto é devido à necessidade de grandes

(37)

37

Na aquacultura os custos totais relacionados com a alimentação na

produção são cerca de 50% a 80% no seu total (Turchini et al., 2011). O

assunto ligado à nutrição, principalmente nos reprodutores, não é bem

compreendido nas pesquisas de peixes ósseos. Para se oferecer uma dieta

tem que se ter conhecimento adequado das várias informações sobre a

espécie a ser criada, a fase de crescimento, assim como o valor nutritivo dos

ingredientes que irão compor a dieta.

Os alimentos são substâncias que, depois de ingeridas pelo animal,

podem ser digeridas, absorvidas e assimiladas, fornecendo energia ao

organismo para o crescimento, a reprodução e para manutenção do

metabolismo basal (Gomes, 1998). Os peixes são os vertebrados que

convertem melhor o alimento exógeno em proteína corporal com menor gasto

de energia.

É obvio que os requerimentos nutricionais dos reprodutores são maiores

e diferentes que à dos juvenis e dos adultos que não se encontrão em fase

reprodutiva, chegando a comprometer notoriamente a reprodução, na

qualidade dos gâmetas, ao desenvolvimento dos gónadas, a composição dos

espermatozóides, do plasma seminal (antioxidante presente no sémen) e na

fecundidade (De Coen et al., 1995; Jasso et al., 2003 e Santos, 2011).

Tendo os peixes o alimento disponibilizado, existem alguns factores que

impedem com que estes aproveitem perfeitamente. O uso das rações na

aquacultura surgiu com o objetivo de ajudar a balancear os nutrientes

adequados para os peixes e que não podem ser sintetizados por eles. Quando

oferecidos e não eficientemente ingeridos e absorvidos, resulta no desperdício

de alto aporte de nutrientes na água, o que em ambientes fechados contribui

(38)

38

da água em cativeiro, aumentando o desenvolvimento de microorganismos e a

possibilidade do aparecimento de doenças (Sussel, 2008). E não somente, as

rações têm também a vantagem de não possuirem riscos de transmissão de

patologias via alimentos húmidos.

São vários os tipos de nutrientes capazes de influenciar na reprodução,

como os lípidos, proteinas, carboidratos, vitamina A e E, ácido ascórbico,

carotenoides e os nucleótidos. Neste âmbito, o uso de gordura na ração quer

de origem animal ou vegetal, constitui um importante factor para a alimentação

dos peixes, como forma concentrada de energia influenciando, positivamente

nas outras exigências nutricionais e para compactar as rações (Gomes, 1998).

2.3.3.1 Função dos lípidos na alimentação

Os lípidos constituiem um grupo heterogénio, caracterizam-se por

apresentarem uma estrutura molecular (ácidos gordos com pelo menos 8

átomos de carbono) que podem ser divididos em grupos, em função da

presença do glicerol: ácidos gordos em estado livre, lípidos com glicerol

(triglicéridos e fosfolípidos) e lípidos sem glicerol, onde se englobam os

esteróides que são também componentes fundamentais para o correto

funcionamento e desenvolvimento dos organismos. Servem como veículo

biológico na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, E e K) e esteróides

(Mendes, 2008). Segundo Gomes (1998); Bell & Koppe (2011), os lípidos para

além de energéticos (9,5 Kcal.g-1) têm outras funções estruturais, de serem

co-enzimáticas, hormonais e nutricionais importantes. São precursores da síntese

de prostaglandinas, componentes e precursores das hormonas parácrinas e

(39)

39

Uma dieta, conténdo lípidos principalmente os ácidos gordos essenciais

(EFA), influenciam na qualidade das posturas especialmente em espécies que

apresentam posturas contínuas e periodos vitelogênicos curtos. Os ácidos

gordos polinsaturados (PUFA - polyunsaturated fattyacids) são agrupados em

duas famílias: a série linoleica (n-6) e a série linolénica (n-3), que não podem

ser sintetizados pelos animais porque as suas enzimas são incapazes de

inserir novas ligações duplas entre a já existente e o grupo carboxilo. Estas

duas séries são consideradas ácidos gordos essenciais, havendo assim a

necessidade de os adicionar à dieta.

Os ácidos gordos essenciais são os precursores dos restantes ácidos

gordos da mesma série do ácido araquidónico (ARA, 20:4n-6), do ácido

eicosapentaenóico (EPA, 20:5n-3) e do ácido docosahexaenóico (DHA,

22:6n-3) (Villalta et al., 2005; Souza et al., 2007). Estes ácidos são importantes no crescimento e desenvolvimento normal dos linguados, para melhorar a fluidez

do esperma, dar resistência aos efeitos osmóticos do ejaculado que são os

principais factores de sucesso na reprodução e sobrevivência da prole

(Izquierdo et al., 2011).

As exigências lipídicas apresentam grandes variações entre as espécies

cultivadas. Nos linguados, durante o processo reprodutivo, a adição de PUFAs

à dieta leva a um aumento na sensibilidade da membrana e à peroxidação

lipídica nos espermatozóides que, posteriormente, participam nas reservas

vitelinas, garantindo a sobrevivência e crescimento das larvas após a eclosão e

antes da abertura da boca (Ferreira, 2009).

Não é somente o conteúdo individual de cada ácido gordo que importa

mas, também, as proporções entre eles, a qualidade e a quantidade dos DHA e

(40)

40

desenvolvimento dos ovos e das larvas e são primordiais na pigmentação e

migração do olho. O excesso ou deficiência na sua assimilição pode provocar

várias disfunções, malformações e patologias de várias ordens em peixes

planos (Mendes, 2008). O ácido docosahexaenóico é especialmente importante

no tecido neural das larvas, retina, nervo óptico e estruturas relacionadas com

os orgãos de sentido, demostrando ser mais determinante que os ácidos

gordos essenciais na maioria das espécies marinhas.

A necessidade por ácidos gordos essenciais muda ao longo da vida dos

peixes. Quando os peixes se encontram na fase juvenil podem ser capazes de

sobreviver meses com uma dieta pobre em ácidos gordos essenciais. As larvas

morrem em poucos dias e nos reprodutores há uma necessidade durante a

fase da gametogénese e durante as posturas, pois afetam a qualidade dos

ovos (Izquierdo, 2002).

Durante o desenvolvimento das larvas da S. senegalensis existe uma

diminuição de ácidos gordos, que apoiam a ideia de que larvas de peixe têm

um metabolismo rápido e altas exigências nutricionais, utilizando lípidos (ácidos

gordos essênciais) como fonte de energia metabólica (Conceição et al., 2007).

Para além disso, os ovos dos linguados apresentam os melhores valores na

razão DHA/EPA de 4,3 comparado com 2 a 3 que, normalmente apresentam as

outras espécies.

A relação de (DHA/EPA) na dieta é determinante para distintas funções

fisiológicas principalmente a reprodução (Fernández-Palacios & Izquierdo,

2009). Alguns autores como Ferreira (2009) falam sobre a importância da

relação (DHA/EPA) para a nutrição larval após a abertura da boca, melhorando

assim o seu desenvolvimento larvário e sugerem que ambas as relações

(41)

41

posturas, sendo estes dois ácidos importantes no controlo da ovulação, na

embriogénese, eclosão e desenvolvimento larvário inícial.

2.3.3.2 Regime alimentar de reprodutores da

Solea segalensis

São poucos os estudos sobre os efeitos nutricionais das larvas da S.

senegalensis, a base alimentar das post-larvas e juvenis (até 7 cm de comprimento total) é de pequenos crustáceos, entre os quais predominam os

copépodes harpacticoides, mas também consomem poliquetas em quantidades

apreciáveis (Branco, 2003). Para reprodutores S. senegalensis, a base

alimentar normalmente é de Lula-comum (Loligo vulgaris), diferentes espécies

de poliquetas marinhas vivas e/ou descongeladas, mexilhão (Mytilus

galloprovincialis) e ração bêntica em cativeiro (Conceição et al., 2007).

Os poliquetas são um grupo de invertebrados anelídeos da classe

polychaeta abundantes que se encontram, desde entre as marés e estuários, a regiões com grande profundidade das fossas oceânicas. Existem cerca de

8000 espécies distintas que vivem associados aos substratos dos oceanos,

chegando a serem conhecidos como indicadores de poluição (Paiva, 2006).

Além disso, têm a capacidade de incorporar detritos orgânicos, que são

transformados em biomassa animal e ao serem ingeridos por peixes e outros

aquáticos que tem hábito de se alimentarem no fundo, vão retornar para o ciclo

de material orgânico dos oceanos.

Estes anelídeos, que costumam ter entre 5 a 50 cm de comprimento, são

muito nutritivos, sendo utilizados como suplemento alimentar às rações

comerciais em cultivos extensivos e semi-intensivos, aumentando o potencial

de produção, visto que fornecem elementos essenciais como 20% de ácidos

(42)

42

contêm hormonas que podem promover a função de reprodução dos

organismos marinhos.

As lulas são reconhecidas como componentes dietéticos ricos em

proteínas para os reprodutores e, juntamente com uma boa concentração de

ácidos gordos, altamente insaturados (HUFAs), que conduzem a uma

performance reprodutiva positiva (Izquierdo et al., 2011).

Os mexilhões são ricos em selénio (Se), cálcio (Ca), ferro (Fe), magnésio

(Mg), fósforo (P), vitaminas (A, B1, B2, B6, B12 e C) e em ácidos gordos

polinsaturados (37- 48% de ácidos gordos principalmente o n-3), o que permite

uma maior concentração de colesterol na membrana dos espermatozóides e no

plasma seminal (Cabrita et al., resultados não publicados).

A ração comercial normalmente utilizada para a alimentação de

linguados contém uma mistura de farinha de peixe e óleo extraído de pequenos

peixes pelágicos marinhos. Estes são ingredientes que históricamente têm sido

(43)

43

(44)

44

III. Material e Métodos

3.1 Descrição do ensaio

Este trabalho foi realizado na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão

(EPPO) – IPIMAR, no Algarve (36° 59′ 0″ N, 7° 55′ 0″ W), Portugal (Figura 6).

Figura 6: Localização da piscicultura (EPPO) no Parque natural da ria Formosa, (http://descobrir-a-terra.blogs.sapo.pt/24081.html).

3.1.1 Acondicionamento dos reprodutores

Foram utilizados 44 reprodutores adultos de Solea senegalensis divididos

em dois tanques paralelos retangulares. Os peixes eram provenientes do meio

selvagem há aproximadamente 4 ou 5 anos e, previamente acondicionados a

cativeiro.

Para que a dieta tivesse influência sobre as posturas, um mês antes de

se inciarem a época das posturas introduziram-se as dietas. Os peixes foram

diariamente alimentados com cerca de 3% do peso vivo de cada um dos

tanques. Foram fornecidas duas rações semi-húmidas (Sparus®) distintas a

cada um dos tanques, uma rica em ácidos gordos (Dieta Enriquecida - DE) e a

outra simples denominada ração controlo (Dieta Controlo - DC), (Tabela 2).

Esporadicamente e a ambos os tanques, foram fornecidos outros alimentos EPPO

(45)

45

como tentáculos de lula, mexilhão e poliquetas marinhas, que normalmente são

comuns na dieta dos adultos da espécie S. senegalensis.

Tabela 2- Dados da composição das rações oferecidas aos dois tanques com os reprodutores de Solea senegalensis durante o ensaio, retirados da tabela nutricional da ração da Sparus®.

Composição Dieta Enriquecida (%) Dieta Controlo (%)

Proteína 54,8 54,8 Proteína digestivel 50,9 50,9 Gordura 23,0 16,1 Energia 22,8 21,1 ARA 0,22 0,18 EPA 2,29 1,48 DHA 1,96 0,89

Os dados relativamente aos linguados dos dois tratamentos estão

resumidos na Tabela 3.

Tabela 3- Dados de estabulação dos 44 reprodutores de Solea senegalensis nos tanques DE e DC. Tanque DE Tanque DC Número de linguados 22 22 Comprimentos (cm) 53,0 ± 2,37 51,9 ± 4,58 Peso médio (g) 1669,5 ± 319,19 1721,3 ± 470,44 Densidade (kg/m³) 2,0 2,1 Biomassa (g) 36,73 37,87 Relação (macho:fêmea) 1:1 1:1

Os tanques usados neste ensaio eram internamente revestidos de

azulejos com 18 m³ de volume de água tratada, vinda da Ria formosa (Figura

7). Estes tanques foram monitorizados de igual maneira, desde o início do

ensaio, sendo limpos 3 vezes durante a semana e efetuadas, diariamente

(46)

46

3.1.2 Parâmetros físico-químicos

Houve a necessidade de controlar diariamente a temperatura da água,

níveis de saturação de oxigénio dissolvido na água e o nível de oxigénio em

(mg/l), utilizando oxímetros “Oxy Guard” com as marcas Handy Gamma e

Handy Mk III.

O fotoperíodo para os tanques dos linguados foi natural, com

intensidades de luz solar entre 330 e 800 lux. Os tanques eram cobertos com

rede sombreada para diminuir a entrada da luminosidade, já que os linguados

são habitantes de regiões profundas, e para impedir que as variações de

luminosidade que ocorrem durante os dias e entre as estações do ano os

influenciassem diretamente. Também impediu que a incidência da luz

favorecesse o desenvolvimento de algas, que resultaria na diminuição de

oxigénio.

O sistema de água nos tanques era aberto com renovação de água em

500 l/h e a salinidade variou, ao longo do ensaio, de acordo com as condições

(47)

47 Figura 7: Tanque exterior de acondicionamento dos reprodutores de linguado (Solea

senegalensis).

3.1.3 Recolha dos ovos e caracterização das posturas

Para determinar a existência do ritmo de postura de S. senegalensis, em

Outubro, um mês após ao início do ensaio, foram colocados à saída de água

em ambos os tanques coletores de ovos externos (Figura 8). Diariamente

(48)

48

Quando a desova ocorria, os ovos eram recolhidos em ambos os

coletores e transferidos para um recipiente com água salgada oriunda do

tanque de desova. Eram separados ovos viáveis (Figura 9.a) dos não viáveis

(Figura 9.b), através do método de decantação tendo em conta a sua

flutuabilidade. Assim, os ovos viáveis mantinham-se a flutuar na superfície da

água, enquanto os não viáveis se depositavam no fundo do recipiente.

Figura 8: Um dos coletores externos de ovos junto a um dos tanques utilizados no ensaio.

Depois de separados os ovos, as quantidades de ovos viáveis e de não

viáveis eram determinadas. Da porção de ovos viáveis eram recolhidas

amostras para observação à lupa do seu estado de desenvolvimento,

determinação do diâmetro, peso seco, taxa de eclosão, viabilidade e análise

das catepsinas. Dos ovos não viáveis, somente eram recolhidas amostras para

(49)

49

Figura 9: Ovos viáveis (A) e ovos inviáveis (B) de Solea senegalensis

• Estado de desenvolvimento e viabilidade

Para cada postura, eram colocados 30 ovos viáveis numa lâmina de

vidro e, com auxílio de uma lupa, (em ampliação de 20x) eram observados e

registados os estados de desenvolvimento dos ovos (morula, blastula, gástrula

ou neurula) e calculada a viabilidade dos 30 ovos (percentagem de ovos

viáveis).

• Taxa de eclosão

Para a determinação da taxa de eclosão, em cada postura foram

colocados 90 ovos viáveis, divididos por igual em copos flutuadores em

triplicado (Figura 10). E imediatamente eram postos a flutuar numa incubadora.

Ao fim de 24h normalmente era possível determinar a percentagem dos ovos

eclodidos, com auxílio de uma lupa (em ampliação de 20x).

• Peso seco

Para determinação do peso seco dos ovos e das larvas, eram recolhidos

triplicados com 30 ovos viáveis em ependorfs de cada postura e triplicados com

5 larvas dos diferentes dias após a eclosão (DAE) até a abertura da boca.

Eram conservados em camaras refrigeradas a (-22°C), depois eram liofilizadas,

e através de uma balança de precisão em (µg) eram os ovos e as larvas.

(50)

50

Figura 10: Flutuador de incubação A e do flutuador numa incubadora B.

• Análises das catepsinas

Esta análise foi baseada na metodologia de Carnevali et al., (2008).

Recolheram-se 22 amostras (viáveis/inviáveis) de 11 posturas, sendo 2

posturas do tanque DC e 9 posturas do tanque DE no estado de

desenvolvimento embrionário blastula e com as taxas de eclosão a 100%.

Recolheram-se aproximadamente 200 mg de ovos viáveis e não viáveis

previamante limpos em água destilada e conservados em azoto líquido, para se

determinarem os níveis de actividade das catepsinas B e D de acordo com o

protocolo em anexo (Anexo I).

• Incubação dos ovos

Os restantes ovos viáveis de cada postura colocavam-se numa

incubadora com volume de 200 l (Figura 11), para serem feitas as várias

análises desde a eclosão até à abertura da boca das larvas.

Durante esse período, mantiveram-se as incubadoras com arejamento e

higienizadas (aspiradas) duas vezes ao dia para evitar que alguns ovos

abortados ou larvas mortas permanecessem no fundo do tanque, criando

condição para o desenvolvimento bactériano.

(51)

51 Figura 11: Incubadora – tanque cilindrocónico branco de 200L.

• Ensaio à temperatura de 17ºC desde a eclosão dos ovos até à

abertura da boca, com ovos provenientes dos tanques DE e DC.

Para este ensaio, após a obtenção de posturas no mesmo dia em ambos

os tanques, foram efetuados os procedimentos diários de cada postura. As

características utilizadas para o ensaio encontram-se descritos na Tabela 5.

Assim, controlou-se diariamente a temperatura da água para que

permanecesse idêntica em ambos os tanques.

Tabela 5- Principais dados dos ovos (DE/DC) para o ensaio com temperatura a 17ºC. Tanque Ovos viáveis Ovos não

viáveis Ovos incubados Viabilidade Estado de desenvolvimento DE 78 (g) 158 (g) 43 (g) 80% 50% Gástrula 50% Neurula DC 69 (g) 86 (g) 43 (g) 90% 100% Gástrula

(52)

52

3.1.4 Análise estatística

Para o tratamento dos dados utilizou-se o software Statistical Package

for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0® para avaliar a comparação das médias das taxas de eclosão recolhidas nos mesmos dias de posturas entre os

tanques DE e DC.

Para avaliar se a dieta enriquecida possuia um efeito significativo na

quantidade de posturas, na qualidade dos ovos da postura, na sobrevivência

ao eclodirem, no tamanho, no peso e no desenvolvimento até a abertura da

boca, foi realizado um teste T simples. Devido a alguns dados recolhidos

estarem em percentagem, houve a necessidade de realizar transformações

matemáticas corretivas de modo a corrigir os desvios da normalidade utilizando

a fórmula X’=arcsen., em que X é o dado original e o X’ o dado

transformado (Zar, 1996). Isso foi utilizado para o caso da relação entre as

taxas de eclosão e a taxa de viabilidade dos ovos. O pressuposto de

homogeneidade da variância foi avaliado com o teste de regressão.

Para os restantes tratamentos dos dados utilizou-se o programa

Statistica 7 e foi também realizado o teste T simples.

Consideraram-se estatisticamente significativos os testes cujo valor p for

igual ou inferior a 0,05 (p≤ 0,05).

(53)

53

(54)

54

IV. Resultados

O objetivo princípal do ensaio foi o de avaliar a quantidade dos ovos por

postura e avaliar a qualidade dos ovos ao longo do ensaio sob o efeito da dieta

enriquecida em DHA e EPA (DE) sobre a qualidade e quantidade das posturas.

4.1 Condições ambientais dos tanques e alimentação dos

reprodutores

Na avaliação das caraterísticas físico-químicas da água dos tanques com

os reprodutores alimentados com a DE e a DC, foi observado que durante todo

o ensaio, decorrido de Setembro (2011) a Janeiro (2012), a temperatura da

água oscilou entre 9,8 e 21,8°C. O ad libitum alimentar dos reprodutores de

ambos os tanques pela ração (enriquecida e a controlo), não sofreu grandes

variações apresentando uma média e desvio padrão de 236,54 ± 67,62 g

(Figura 12).

Figura 12: Relação alimentar dos tanques DE e DC sob influência da temperatura, durante o ensaio.

Referencias

Documento similar

Art. Facultades patrimoniales del deudor.–1. En el caso de concurso voluntario, el deudor conservará las facultades de administración y disposición sobre su patrimonio,

Ademais do catálogo de procedementos, de acordo coa lei 11/2007, a Sede Electrónica ten que permitir a posibilidade de presentar calquera solicitude, comunicación ou

UNIDADE DIDÁCTICA 4: Análise a curto prazo da ondada- 15 Como a varianza da elevación da superficie libre, , baixo unha onda regular coincide coa metade do cadrado da amplitude,

b) O cumprimento dos Estatutos da Universidade de Santiago de Compostela e das normas que os desenvolvan... Son órganos de representación do persoal funcionario da Universi- dade

Como aparece en su catalogación en la Biblioteca Nacional, es un verdadero Tratado de Fortificación, Estática y Geometría, y bien podría ser usado hoy para describir las máquinas

Através da figura 9 é possível visualizar a comunicação do sistema e-LAFAC com as estações rádio base móveis e fixas, para a coleta dos dados e posterior armazenamento. no banco

Referente à primeira pergunta da entrevista, pode-se dizer que houve uma preponderância de concepções associadas ao que há de mais recente em termos de teoria sobre

Considerando essa perspectiva, temos como principal objetivo neste trabalho realizar um estudo descritivo sobre o desempenho dos cursos de graduação da Universidade Federal do