REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Impacto
de
diferentes
medicamentos
antiepilépticos
na
sedac
¸ão
de
crianc
¸as
durante
a
ressonância
magnética
Isil
Davarci
a,∗,
Murat
Karcioglu
a,
Kasim
Tuzcu
a,
Fatmagul
Basarslan
b,
Ramazan
Davran
c,
Erhan
Yengil
d,
Cahide
Yilmaz
be
Selim
Turhanoglu
a aDepartamentodeAnestesiologia,FaculdadedeMedicina,MustafaKemalUniversity,Hatay,Turquia bDepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicina,MustafaKemalUniversity,Hatay,Turquia cDepartamentodeRadiologia,FaculdadedeMedicina,MustafaKemalUniversity,Hatay,Turquia dDepartamentodeMedicinaFamiliar,FaculdadedeMedicina,MustafaKemalUniversity,Hatay,TurquiaRecebidoem16desetembrode2013;aceitoem31deoutubrode2013 DisponívelnaInternetem13deagostode2014
PALAVRAS-CHAVE Epilepsia; Pediátrica; Antiepilépticos; Sedac¸ão; RM Resumo
Justificativaeobjetivos: A induc¸ão e a inibic¸ão das isoenzimas do citocromo P450 pelos medicamentosantiepilépticoslevamaalterac¸õesnadepurac¸ãodemedicamentosanestésicos eliminadospelometabolismohepático.Investigamosadurac¸ãodasedac¸ãoeanecessidade adi-cionaldeanestésicosdurantearessonânciamagnéticaemcrianc¸asepilépticasquereceberam antiepilépticosquecausamainduc¸ãoouainibic¸ãodeenzimas.
Métodos: Foramincluídasnoestudo120crianc¸as,estadofísicoASAI-II,entre3-10anos.Grupo 1:emusodeantiepilépticosquecausamainduc¸ãodeenzimasdocitocromoP450;Grupo2: emusodeantiepilépticosquecausamainibic¸ãodeenzimasdocitocromoP450;eGrupo3:que nãousavamantiepilépticos.Asedac¸ãofoiinduzidacommidazolam(0,05mgkg−1)epropofol
(1mgkg−1).Umadicionalde0,05mgkg−1demidazolameresgatecom0,5mgkg−1depropofol
foramadministradoserepetidospara manterasedac¸ão.Adurac¸ãodasedac¸ãoeasedac¸ão adicionalnecessáriaforamcomparadas.
Resultados: Adurac¸ãodadoseinicialfoisignificativamentemenornoGrupoIemcomparac¸ão comosgruposIIeIII(p=0,001,p=0,003,respectivamente)esignificativamentemaiornoGrupo IIemcomparac¸ãocomosgruposIeIII(p=0,001,p=0,029,respectivamente).Anecessidade demidazolamadicionalparasedac¸ãoadequadafoimaiornoGrupoIemcomparac¸ãocomos gruposIIeIII(p=0,010,p=0,001,respectivamente).Alémdisso,adosederesgatedepropofol foisignificativamentemaiorapenasnoGrupoIemcomparac¸ãocomoGrupoIII(p=0,002). Conclusão:Emcrianc¸asepilépticas,avariabilidadedarespostaaosagentessedativosiniciais durantearessonânciamagnética,resultantedainibic¸ãoouinduc¸ãodasisoenzimasdocitocromo P450pelosmedicamentosantiepiléticos,exigiuatitulac¸ãodosagentesanestésicos.
©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:isildavarci@gmail.com(I.Davarci).
0034-7094©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2013.10.011
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
KEYWORDS Epilepsy; Pediatric; Antiepileptics; Sedation; MRI
Theimpactofdifferentantiepilepticdrugsonthesedationofchildrenduring magneticresonanceimaging
Abstract
Backgroundandobjectives: The inductionandinhibition ofcytochromeP450isoenzymes by antiepilepticdrugsleadtochangesintheclearanceofanestheticdrugseliminatedvia hepa-ticmetabolism.Weinvestigatedthedurationofthesedationandadditionalanestheticneeds duringmagneticresonanceimaginginepilepticchildrenreceivingantiepilepticdrugsthatcause eitherenzymeinductionorinhibition.
Methods:InAmericanSocietyofAnesthesiologyI---II,120childrenaged3---10yearswere inclu-ded.Group1:childrenusingantiepilepticdrugsthatcausecytochromeP450enzymeinduction; Group2:thoseusingantiepilepticdrugsthatcauseinhibition;andGroup3:thosethatdidnot useantiepilepticdrugs.Sedationwasinducedwiththeuseof0.05mgkg−1midazolamand1mg
kg−1propofol.Anadditional0.05mgkg−1ofmidazolamandrescuepropofol(0.5mgkg−1)were
administeredandrepeatedtomaintainsedation.Thedurationofsedationandtheadditional sedationneededwerecompared.
Results:The durationoftheinitial dosewassignificantly shorterinGroup Icomparedwith groups II andIII(p= 0.001,p =0.003, respectively). Itwassignificantly longerinGroup II comparedwithgroupsIandIII(p=0.001,p=0.029,respectively).Theadditionalmidazolam neededforadequatesedationwasincreasedinGroupIwhencomparedwithgroupsIIandIII(p =0.010,p=0.001,respectively).Inaddition,therescuepropofoldosewassignificantlyhigher onlyinGroupIwhencomparedwithGroupIII(p=0.002).
Conclusion: Inepilepticchildren,theresponsevariabilitytotheinitialsedativeagentsduring themagnetic resonanceimagingprocedureresultingfromtheinhibitionorinduction ofthe cytochromeP450isoenzymesbytheantiepilepticdrugsmandatedthetitrationofanesthetic agents.
© 2013SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.
Introduc
¸ão
A epilepsia é a doenc¸a neurológica crônica mais comum entrecrianc¸aseécaracterizadaporataquesparoxísticos.1
Aressonânciamagnética(RM)éumamodalidadedeexame de imagem geralmente preferida no manejo de crianc¸as epilépticas.2 Nos procedimentos de RM, a selec¸ão dos
agentes anestésicos com atividade anticonvulsivante e asinterac¸õesmedicamentosasentreasdrogas antiepiléti-cas (DAEs)e os anestésicos sãocomponentes integrais do planoanestésicoparapacientescomepilepsia.3,4
A induc¸ão e a inibic¸ão do citocromo P450 (CYP-450) no metabolismo do fígado formam o mecanismo mais importantenasinterac¸õesmedicamentosas farmacocinéti-casdasDAEs.4AsDAEscomumenteusadas,comofenitoína,
carbamazepina, fenobarbital e primidona, induzemvárias isoenzimasdoCPY(CYP1A2,CYP2C9, CYP2C19eCYP3A4), bemcomoaUDP-glucuronil(UGT)eepóxidohidrolases;por outrolado,oácido valproicoéoinibidor maisimportante dasenzimas(CYP2A6,CYP2C9eCYP2B6)nometabolismoda droga.3,5
Demonstrou-se que essas isoenzimas estão envolvidas nometabolismo demais de 50% dos agentesanestésicos. Midazolam,umdosagentesanestésicoscomatividade anti-convulsivamaisamplamenteusados emprocedimentos de RM,émetabolizadoporCYP3A4/CYP3A5,aopassoque pro-pofolé metabolizadoporCYP2C9, CYP2B6e UGTs. Assim, asalterac¸õesnadistribuic¸ãoenadepurac¸ãoresultantesdo usosimultâneodeagentesanestésicosquecompartilhamas
mesmasviasmetabólicascomasDAEsirãoalteraradurac¸ão dasedac¸ãoeonívelnecessáriodesedac¸ão.6---8
Nopresenteestudo,nossoobjetivofoiinvestigarsehavia umadiferenc¸aquantoàdurac¸ãoadequadadesedac¸ão,ao agentesedativo adicionalusadoounecessáriopara resga-taragentessedativosem crianc¸as epilépticasque usavam DAEsquecausaminduc¸ãoouinibic¸ãoenzimáticaouaquelas quenãousavamDAEssobanestesiacommidazolam-propofol duranteaRM.
Materiais
e
métodos
EsteestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticadoConselho Institucional dePesquisa comSeres Humanos da Universi-dadeMustafaKemal. Foramincluídasnesteestudo clínico prospectivo 120 crianc¸as com epilepsia, entre 3-10 anos, estadosfísicosASAI-II,submetidasàressonânciamagnética decrâniocomsedac¸ão.
As crianc¸as foram classificadas em três grupos: Grupo 1,queusavamagentesquecausaminduc¸ãodeenzimasdo CYP-450(n=30);Grupo2,queusavamagentesquecausam inibic¸ãodeenzimasdoCYP-450(n=30);eGrupo3(n=30), quenãousavamDAEs(n=60).
Nodia anterioràRM, todosospacientes foram avalia-dosporumanestesiologista,incluindoahistóriadadoenc¸a atual,históriamédicaeexamefísico.Todosospaisforam informadossobreosperíodosdejejumpermitidosdeacordo comasdiretrizesdaSociedadeAmericanade Anestesiologis-tasparajejumpré-procedimento.9,10
Tabela1 Dadosdascaracterísticasdospacientes
GrupoI(n=30) GrupoII(n=30) GrupoIII(n=60) p Gênero Masculino(%) 12(40%) 14(46,7%) 22(36,7%) 0,659 Feminino(%) 18(60%) 16(53,3%) 38(36,3%) Idade(meses) 7,0(3,0-10,0) 8,0(3,0-10,0) 5,0(3,0-10,0)a 0,003a Peso(kg) 22,0(10,0-36,0) 22,5(10,0-35,0) 16,0(10,0-30,0)a 0,001a ASAI/II 17/13 14/16 27/33 0,567
Taxadedoenc¸aconcomitante(%) 11(36,7%) 13(43,3%) 25(41,7%) 0,856
n,númerodecasos.
Resultadosexpressoscomomediana(min-max),excetoparagênero,taxadedoenc¸aconcomitanteeestadofísicoASA(cont.). ap<0,05.
Oscritériosdeexclusãoforamcrianc¸ascomestadofísico ASA ≥ III; menos de três anos; distúrbios cardíacos ou pulmonaresgraves;anomaliacongênitadecabec¸a-pescoc¸o oufacial e hipertrofia tonsilar excessiva; refluxo gastroe-sofágico ou estômago cheio; obesidade; apneia do sono; e aqueles com testes de func¸ão renal anormais ou histó-riadealergiacontraosagentesusadosnoestudoouhistória dedificuldadeemprocedimentosdeRManteriores.Crianc¸as comdoenc¸asassociadas,comoparalisiacerebralouretardo mental-motor,nãoforamexcluídas.
Antes do procedimento, os termos de consentimento informadoassinadospelospaisforamobtidos.Dados demo-gráficos, como peso, idade e gênero, estado físico ASA, históriadeepilepsia,medicamentoantiepilépticoedoenc¸as associadas,foramregistrados.Emtodosospacientes, mida-zolam(0,5mgkg−1)foiadministradoporviaoral,misturado
emsucodefrutalivredepartículas,como pré-medicac¸ão 30minantesdacolocac¸ãodocateterintravenoso,eos paci-entesforamlevadosparaasaladeRMquandoaEscalade AnsiedadedeSeparac¸ãoParentalatingiu 1-2.11,12 Otempo
desdeapré-medicac¸ãocommidazolamoralatéachegada na sala de RM foi definido como o tempo de preparac¸ão paraoprocedimento(sedac¸ãoobtida).Emambososgrupos, midazolamIV(0,05mgkg−1)foiadministradocomosedativo
primário,seguidodepropofol(1mgkg−1)por30s.Onívelde
sedac¸ãofoiavaliadodurantetodooprocedimentode ima-gemcomaEscaladeSedac¸ãodaUniversidadedeMichigan (UMSS)13 e foi considerado adequado quandoospacientes
podiamserdespertadossomentecomestímulofísico signi-ficativo.Otempoparaobterumníveldesedac¸ãosuficiente (UMSS=3)foidefinidocomootempodeinduc¸ão.Paraevitar adordainjec¸ãocompropofol,lidocaína(0,25mgmL−1)foi
adicionadaàseringa.14
Quando sedac¸ão e imobilizac¸ão nãopuderam ser obti-das durante o processo de gerac¸ão de imagens, uma dose de midazolam foi titulada por incrementos de 0,05mgkg−1 (incremento máximo: 1mg e dose total
máxima: 0,1mgkg−1) e uma dose de propofol em bolus
de0,25-0,5mgkg−1foiadministradacomodosederesgate
quandoatitulac¸ãodemidazolam falhou.Adurac¸ão entre adose inicialeasedac¸ãoadicional necessáriafoidefinida como UMSS <3 e movimentac¸ão do paciente causando a repetic¸ão do procedimento.O desconforto oumovimento inevitáveldascrianc¸as resultounaanulac¸ãodaimagem,a despeitodeasedac¸ãoserconsideradacomoinadequada.
Frequência cardíaca e saturac¸ão periférica de oxigê-nio forammonitoradas durante o procedimento(Millennia 3155MVS, EUA) e registradas em intervalos de5 minutos. Asmensurac¸õesdapressãoarterialnãoinvasivaforam fei-tassomenteanteseapósotérminodoprocedimento,pois poderiamdespertarospacientes.9Clinicamente,hipotensão
foidefinidacomo umareduc¸ãode20%oumaisdapressão arterialsistólicaemcomparac¸ãocomovalorbasal.14
Todasascrianc¸as foramprotegidas dobarulho durante oprocedimentoemantidascom2mLmin−1deO
2via
más-carafacialparapreservararespirac¸ãoespontânea.Decisões sobreintervenc¸ãoforamtomadasemcasosdeSpO2<94%,
apneiacomdurac¸ãode20s,diminuic¸ãodafrequência car-díacasuperiora20%emrelac¸ãoaovalorbasal(bradicardia) earritmias.Manobrasdesuportedasviasaéreasforamfeitas emcasosdeobstruc¸ãodasviasaéreasehipóxia,incluindo estímulotátil,levantamentodoqueixo,colocac¸ãode más-cara laríngea e ventilac¸ão com balão e máscara após a descontinuac¸ão daRM.14 Além disso, oseventos adversos
queocorreramduranteainduc¸ão,aRMeantesdaalta hos-pitalarforamregistrados,incluindonáusea,vômito,apneia, tosse, soluc¸o, irritabilidade, agitac¸ão, reac¸ão alérgica e aspirac¸ão.
Osdadosobtidosparaotempodeprocedimento,término ourepetic¸ãodoprocedimentodeRMeaplicac¸õesde mida-zolamoupropofoladicionaisforamregistradosparatodos ospacientes.Adurac¸ãodotratamentofoidefinidacomoo tempodesde oinício atéaconclusão daRM, incluindoas interrupc¸ões.
Quandoo examedeimagem foi concluído,as crianc¸as foram transferidas para a sala de recuperac¸ão dentro da unidade deRM e observadas pelos paise um anestesiolo-gistaenfermeiro.Otempoderecuperac¸ãofoidefinidocomo o tempo desde a conclusão da RM até a alta da sala de recuperac¸ão(escoremodificadodeAldrete≥8eescorena escaladeconforto≥3).14,15 Emseguida,ascrianc¸asforam
transferidas para o departamento de pediatria e recebe-ram alta após os sinais vitais e os níveis de consciência teremvoltadoaosvaloresbasais.
O nível de satisfac¸ão dos pais com a experiência de sedac¸ão foi avaliado com base em umaescala de quatro pontosdeLikert(muitoinsatisfeito,umpoucoinsatisfeito, um pouco satisfeito e muito satisfeito). A qualidade das sequênciasdeRMfoiavaliada,porumradiologistaque des-conheciaaalocac¸ãodospacientesnosgruposeastécnicas
Tabela2 Dadosdosprocedimentosnostrêsgrupos
Variável GrupoI(n=30) GrupoII(n=30) GrupoIII(n=60)
Sedac¸ão-obtida 30,00(30,00-35,00) 30,00(20,00-35,00) 30,00(20,00-40,00)
Tempodeinduc¸ão 55,00(50,00-60,00) 12,00(10,00-15,00) 55,00(45,00-60,00)
Durac¸ãodadoseinicial 10,00(5,00-13,00)a,b 12,00(10,00-15,00)c 10,00(8,00-15,00)
Doseadicionaldemidazolam 0,82(0,00-1.80)a,b 0,00(0,00-1,30) 0,00(0,00-1,25)
Dosederegaste/propofol 0,00(0,00-20,00)a,b 0,00(0,00-12,00) 0,00(0,00-12,50)
Durac¸ãodoprocedimento(min) 13,00(7,00-25,00)a,b 10,00(7,00-15,00) 10,00(7,00-20,00)
Tempoderecuperac¸ão(min) 12,00(10,00-18,00) 13,00(10,00-30,00) 10,00(7,00-20,00)
n,númerodecasos.
Diferenc¸asestatisticamentesignificantes(p<0,05)foramregistradascomoaseguir: a GrupoIvs.GrupoII.
b GrupoIvs.GrupoIII. c GrupoIIvs.GrupoIII.
desedac¸ão,de acordocom a presenc¸a/ausênciade arte-fatosresultantesdemovimentosfeitospelopaciente,com uma escala de três pontos: (1) excelente, nenhum arte-fatodevidoamovimento;(2)procedimentoconcluídocom movimentomínimoe(3)movimentoamploeprocedimento abortado.16
Além disso, umaentrevista por telefone foi feita 24h apósaalta porumresidentedeanestesiologiaque desco-nheciaodesenhodoestudoparainvestigaraocorrênciade eventosadversostardios,enuresenoturna,insôniae pesa-delos.
Análiseestatística
OProgramaEstatísticopara CiênciasSociais(SPSS)versão 13.0paraWindowsfoiusadoparatodasasanálises.As esti-mativasdotamanhodaamostraforambaseadasnadurac¸ão dadoseinicial(emminutos).Estimou-sequeumaamostra de21indivíduosporgrupodariapoderde80%paradetectar umadiferenc¸aclinicamentesignificantede1,5minquando odesviopadrãoeerro-˛aceitoseramde8,3e0,05, respec-tivamente.Odesviopadrãofoideterminadocombaseem umestudo-pilotocomcrianc¸ascomepilepsiasubmetidasà RM.
A distribuic¸ão normal das variáveis contínuas foi cal-culada com o teste de Kolmogorov-Smirnov. Testes do qui-quadrado foramusados paraas comparac¸ões entreas variáveiscategóricas.TestesdeKruskal-WalliseUde Mann--Whitney foramusadosparaascomparac¸õesdas variáveis contínuasentreosgrupos.Umvalorp<0,05foiconsiderado significanteparatodososdadosestatísticos.
Resultados
Osdadosobtidosforamde120crianc¸ascomepilepsia,em uso de agentes antiepilépticos para convulsões focais ou generalizadas, que não tinham examede RM e que rece-beramsedac¸ãoparafazeroexamedeRMparadiagnóstico inicialouparaavaliarocursoderemissão,bemcomoo tra-tamentodedoenc¸asconcomitantesdurante19meses,entre setembrode2012eabrilde2013.
Atabela1apresentaosdadosdemográficoseaproporc¸ão de pacientes com a taxa de doenc¸as concomitantes em
ambososgrupos.Osdadosdosprocedimentossão apresen-tadosnatabela2.
Amédia dadurac¸ãodaepilepsia foisignificativamente menor no Grupo III (30,78±23,80) em comparac¸ão com osgrupos IeII (58,83±32,33e 59,93±33,85, respectiva-mente;p=0,001).
A durac¸ão damedicac¸ão antiepiléptica foi semelhante nosgruposIeII(58,06±32,00mg,59,60±33,50, respecti-vamente,p>0,05).
Adurac¸ãodadoseinicialfoisignificativamentemenorno GrupoIem comparac¸ão comosgrupos II e III(p=0,001 e p=0,003,respectivamente) e significativamente maior no Grupo II em comparac¸ão com os grupos I e III (p=0,001 e p=0,29, respectivamente). O protocolo de dose inicial com midazolam e propofol foi adequado para concluir o procedimentodeRM em11 pacientes(36,7%) doGrupoI, 21 (70%) doGrupo II e 43 (71,7%) do Grupo III (p=0,03). Para os demais pacientes, em relac¸ão à necessidade de midazolam adicional para sedac¸ão adequada, uma dose demidazolamadicionalfoiincrementadanoGrupoIquando em comparac¸ão com osgrupos II e III(p=0,010, p=0,001 e p=0,003, p=0,001, respectivamente). Também não houvealterac¸ãoentreosgruposIIeIIIemrelac¸ãoà necessi-dadedemidazolamadicional.Alémdisso,adosederesgate depropofolfoisignificativamentemaiorapenasnoGrupoI comparadoaoGrupoIII(p=0,002).
Não houve correlac¸ão significante entre a durac¸ão da medicac¸ãoantiepilépticaeadurac¸ãodadoseinicialoudose necessáriaparaasedac¸ãoadicionalnosgruposIeII.
A durac¸ão doprocedimento foisemelhante nos grupos II e III, enquanto foi significativamente maior no Grupo I emcomparac¸ãocomosgruposIIeIII(p=0,034ep=0,004, respectivamente).
Arespirac¸ãoespontâneafoiobtida semnecessidadede suporte ventilatório em todos os pacientes. Dessaturac¸ão temporáriadeoxigênio(<95%)foiobservadaimediatamente apósadosedesedac¸ãoinicialemtrêspacientesdoGrupo I(10%) eem dois(6,6%) decada grupo (II e III),que res-ponderamrapidamenteao estímulotátil, incluindoligeira extensãodopescoc¸oesuportedoqueixo.
Embora a pressão arterial sistólica tenha diminuído paraum nível 10% abaixo do valor basal após a sedac¸ão, hipotensãonãofoi observada em nenhum paciente. Além disso,nenhum dospacientes apresentoueventosadversos
cardiovasculares,comobradicardiaouarritmia,duranteou apósasedac¸ão.Ostemposderecuperac¸ãoapósaRMforam semelhantesentreosgrupos.
Reac¸ãoparadoxaleefeitosadversosprecocesoutardios nãoforamobservadosemqualquerpaciente,nãohouvecaso noqualoprocedimentodeRMnãopôdeserconcluídopor causadafalha desedac¸ãooumovimentoamploenenhum pacientefoiexcluídodoestudoporessesmotivos.Todosos paisficarammuitosatisfeitoscomaexperiênciadasedac¸ão. Nãofoiobservadadiferenc¸a significativana qualidadedas sequênciasdeMRentreosgrupos(p>0,05).
Discussão
EmboraosefeitosdesfavoráveisdasDAEssobreossistemas enzimáticosdoCYP-450sejambemconhecidos, deacordo com nossas pesquisas este é o primeiro estudo a compa-rarasinterac¸õesde anestésicos em RM. Osresultadosde nossoestudodemonstraram quea durac¸ão dadose inicial demidazolam-propofolfoimenoremcrianc¸as queusavam DAEsquecausaminduc¸ãoenzimática,aomesmotempoem quefoiprolongadaemcrianc¸asqueusavamDAEsque cau-saminibic¸ãoenzimáticaenaquelasquenãousavamagentes antiepilépticos.Alémdisso,osresultadosmostraramquea necessidadedesedac¸ãoadicionalfoimaioremcrianc¸asque usavamDEAsquecausaminduc¸ãoenzimática,enquantofoi menornasque usavamDAEsque causaminibic¸ão enzimá-tica.
Anossahipótesefoiqueavariac¸ãonadurac¸ãodasdoses iniciaisresultoudealterac¸õesnometabolismodosagentes anestésicoscausadasporagentesantiepilépticos queusam viasmetabólicasemcomumcommidazolamepropofol.
Dessa forma, as reflexões clínicas sobre o indutor ou efeitosinibitóriosdasDAEstambémsãodiferentesem pro-cedimentosdesedac¸ão.OusodeDAEsqueinibemainduc¸ão enzimáticapodeencurtaroperíodo desedac¸ãodos seda-tivos, o que resulta, assim, em tempos prolongados de procedimentosporcausadasrepetic¸õesfrequentes.Ao con-trário,asDEAs com efeitos inibitóriospodem prolongara sedac¸ão, bem como o tempo de recuperac¸ão. Ambas as situac¸õespodemcausarinsatisfac¸ãonascrianc¸asenospais, oqueresultaemperdadetempoedinheiro.2,14,17
Emnossoestudo,houvenecessidadededosesadicionais; portanto,adurac¸ãodoprocedimentofoiacentuadamente maiorporcausa dadurac¸ãosignificativamente menor sob a dose inicial de midazolam-propofol em crianc¸as que usavam DAEs que causam induc¸ão enzimática. Em um estudo comcrianc¸as com epilepsia que receberam mono-terapia com fenobarbital, Eker et al.2 relataram que os
resultadosreferentesànecessidadedesedac¸ãoadicionale durac¸ãodasedac¸ãoestavamdeacordocomonossoestudo. Resultados semelhantes foram demonstrados em modelos animaisemrelac¸ãoàinduc¸ãoenzimática.18,19
Embora a durac¸ão das doses iniciais de midazolam--propofol tenha sido significativamente prolongada em crianc¸asqueusavamDAEsquecausaminibic¸ãoenzimática, issonãoresultouem problemasouefeitos adversos.Além disso,tambémnãoresultouemdurac¸ãoprolongadado pro-cedimento,poisnãohouverepetic¸ãodeRM.
Não detectamos correlac¸ão entre a durac¸ão da dose inicial de midazolam-propofol e a necessidade de doses
adicionaiseadurac¸ãodomedicamento,incluindoagentes indutoresouinibitórios.Ainduc¸ãoouinibic¸ãocausadapelos DAEsfoidependentedaconcentrac¸ão enãorelacionada à durac¸ãodomedicamento.20---23Logo,nossosresultadosestão
deacordocomaliteraturanessaárea.
Embora as características demográficas dos grupos tenhamsidomuitosemelhantes,oGrupoIIItinhapacientes emidadesmaisjovensemédiasdepesomaisbaixas.Essa diferenc¸afoiatribuídaàmédiadeidademenoremcrianc¸as submetidasaavaliac¸õesparanovodiagnósticonogrupoIII. Enquantoasinterac¸õesmetabólicasdasisoenzimas espe-cíficasdoCYPpodemvariar,adependerdefatoresgenéticos eambientais,asvariac¸õesfarmacocinéticase farmacodinâ-micastambémpodemserobservadasemrelac¸ãoàidade.As isoenzimasdoCYPeUGTsãoacentuadamentediferenciadas duranteamaturac¸ãodascrianc¸aseatingemníveisadultos aos2-3anos.21Acreditamosquenossosresultadosnãoforam
afetadosporessaalterac¸ãodasisoenzimas,apesardaampla faixaetáriaem nossoestudo,poraidadedetrêsanoster sidoselecionadacomoolimiteinferiordeelegibilidade.
Umacombinac¸ãodefenobarbitaloucarbamazepinacom agentes anestésicos com perfil semelhante de atividade também pode aumentar os efeitos dos anestésicos.1 Em
nosso estudo,midazolam e propofol foramescolhidos por causadomenor tempodeac¸ãoesuaassociac¸ãocomuma recuperac¸ão confortável.24 Além disso, a grande
vanta-gem de propofol foi a falta de reac¸ões paradoxais.25 De
acordocomaliteratura,nenhumefeitoadversosignificante ou complicac¸ão, incluindo reac¸ões paradoxais (sedac¸ão, agitac¸ãoeirritabilidade),foiobservadoemnossos pacien-tes.
Em conclusão, asDEAs apresentam muitos efeitos fisi-ológicos e farmacológicos sobre os agentes anestésicos e sãoo componente maisimportante dapráticaanestésica. Os anestesiologistas devem estar cientes das interac¸ões medicamentosasimportantesedosmecanismossubjacentes durante a sedac¸ão decrianc¸as que usamagentes antiepi-lépticoseprecisam queastitulac¸õesdadosesejamfeitas meticulosamenteeobservemasrespostasclínicas.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
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