• No se han encontrado resultados

Oncofertilidade: bases para a reflexão bioética

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Oncofertilidade: bases para a reflexão bioética"

Copied!
8
0
0

Texto completo

(1)

h tt p:/ /w w w . s b r h . o r g . b r / r e v i s t a

Reprodução

&

Climatério

Artigo

de

revisão

Oncofertilidade:

bases

para

a

reflexão

bioética

Bruno

Ramalho

de

Carvalho

GenesisCentrodeAssistênciaemReproduc¸ãoHumana,Brasília,DF,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo: Recebidoem2desetembrode2015 Aceitoem7denovembrode2015 On-lineem18dedezembrode2015 Palavras-chave: Ética Bioética Preservac¸ãodafertilidade Qualidadedevida

r

e

s

u

m

o

Aoncofertilidadeéumcampointerdisciplinardeestudoquebuscainterpor conhecimen-tosemoncologiaeendocrinologiareprodutivaparaoaperfeic¸oamentodasestratégiasde preservac¸ãoda func¸ãoreprodutivaemsobreviventesaocâncer.Comoocorrecom qual-querdisciplinaemconstruc¸ão,passaatualmenteporumperíododeamadurecimentoe transformac¸ão,emquepeseoreconhecimentodasdiversaseefêmerassituac¸ões,esurgem questionamentoséticosebioéticosnabuscadesoluc¸õesseguraseeficientes.Esteartigo pretendeoferecerfundamentosparaareflexãobioéticasobreotemae,assim,contribuir paraoseudesenvolvimentoesuasolidificac¸ão.

©2015SociedadeBrasileiradeReproduc¸ãoHumana.PublicadoporElsevierEditoraLtda. Todososdireitosreservados.

Oncofertility:

foundations

for

bioethical

reflection

Keywords: Ethics Bioethics Fertilitypreservation Qualityoflife

a

b

s

t

r

a

c

t

Oncofertility is aninterdisciplinary fieldof interest,which intends tomerge the kno-wledgeinoncologyandreproductiveendocrinology,todevelopstrategiesforpreservation ofreproductivefunctionincancersurvivors.Aswithanydisciplineunderconstruction,itis currentlyundergoingaperiodofmaturationandtransformation,inweighingthe recogni-tionofdiverseandephemeralsituations,andraisingethicalandbioethicalquestionsinthe searchforsafeandefficientsolutions.Thisarticleaimstoprovidefoundationsforbioethical reflectiononthesubjectandthuscontributetoitsdevelopmentandsolidification.

©2015SociedadeBrasileiradeReproduc¸ãoHumana.PublishedbyElsevierEditoraLtda. Allrightsreserved.

Introduc¸ão

DeacordocomoInstitutoNacionaldoCâncer(Inca),395mil indivíduosreceberão o diagnóstico de câncer noBrasil em

EstudoconduzidonoCentrodeAssistênciaemReproduc¸ãoHumanaGenesis,Brasília,DF,Brasil.

E-mail:ramalho.b@gmail.com

2015,excluídosostumoresdepelenãomelanoma.1Em

con-trapartida,astaxasglobaisdesobrevidaemcincoanostêm crescido, com destaquepara o câncerda mamafeminina, comsobrevidadeaté91%,eparaolinfomadeHodgkin,que podechegar a98%.2 Maisde11 mil casosnovosdecâncer

http://dx.doi.org/10.1016/j.recli.2015.11.003

(2)

nomesmoanoacontecerãoemcrianc¸aseadolescentes,1mas

asneoplasiaspediátricas,emgeral,têmrespondidomelhor aostratamentos.Asobrevidade crianc¸ascomcâncer pode atingirpercentagenspróximasde80%empaíseseuropeuse nosEstadosUnidos3e,dessaforma,épossívelqueexistaum sobreviventedecâncernainfânciaounaadolescênciaacada grupode570adultosjovens.4

Aindaqueosnúmerosdenotemavanc¸ossignificativosnos resultadosdostratamentosantineoplásicos,asobrevidapode tersuaqualidadediminuídapelaocorrênciadefalência funci-onalprecocedasgônadase,consequentemente,infertilidade. Não existem até o momento instrumentosde previsão da ocorrênciaoudotamanhododanogonadotóxico,oumesmo quepermitamaferirseodanoocorridolevaráatranstornos definitivos.5Nessecontexto,surgemquestionamentose

pro-postasparamelhoriaemanutenc¸ãodaqualidadedevidade pacientes oncológicos,dentre os quaisestão as estratégias parapreservac¸ãodafunc¸ãogonadale/oudegametase,por conseguinte,dafertilidade.

A oncofertilidade é um campo de atuac¸ão interdisci-plinar que busca associar conhecimentos em oncologia e endocrinologia reprodutiva, com a contribuic¸ão de psicó-logos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde paraodesenvolvimentoeoaperfeic¸oamentodeestratégias depreservac¸ãoda func¸ão reprodutivaemsobreviventes de câncer.6Comoocorrecomqualquerdisciplinaemconstruc¸ão,

aoncofertilidadepassaatualmenteporumperíodode amadu-recimentoetransformac¸ão,emquepesemquestionamentos éticosebioéticos.Esteartigopretendeoferecerfundamentos paraareflexãobioéticasobreaoncofertilidadeecontribuir paraoseudesenvolvimentocomomatériainterdisciplinara beneficiarpacientesquerecebemodiagnósticodecâncer.

Preservac¸ão

da

fertilidade:

indicac¸ão

médica

ou

social?

Nãorestamdúvidasdequeosmaioresbenefíciosquandose falaempreservarafertilidadesãopsicoemocionais,jáquea impossibilidadedamaternidadeoupaternidadebiológicagera angústiaeaguc¸aasensac¸ãodeimpotênciaperanteocâncere podelevaratranstornosdoconvíviofamiliaresocial.7Prover

meiosparatentarpreservarafertilidadecontempla,assim,a intenc¸ãodeatingiramelhorqualidadedevidapossívelaos

sobreviventesaocâncer,principalmentenoBrasil,emquea populac¸ãoéjovememuitosdosindivíduosacometidospela doenc¸aaterãoantesdeterconstituídoprole.

Emborasereconhec¸aoméritodacausa,inúmeros ques-tionamentossurgemjádesdeaindicac¸ão desubmissão de umpacienteoncológicoaprotocolosdepreservac¸ãode fer-tilidade.Bascoetal.(2010)8lembramque,dopontodevista

técnico,pacientesoncológicosnãosãonecessariamente infér-teis àépoca do tratamentoou oficarão após seu término, o que coloca em xeque, em tese, a indicac¸ão médica de fato.

Éprecisodeixarclaroqueaausênciatemporáriaou per-manente das func¸ões endócrina e reprodutiva depende de variáveiscomo localizac¸ãoda doenc¸a,esquematerapêutico usado, doses administradas, via de administrac¸ão e idade da paciente no momento do tratamento gonadotóxico.9,10 Crianc¸as e adolescentes podem experimentar alterac¸ões menosgravesdafunc¸ãogonadal.11

Contudo, de acordocom Larcher (2012),12 aprovisão de

estratégiasparapreservarafertilidadenavigênciade qual-quertipodetratamento queapossa afetaratingepatamar deobrigac¸ãomoral,porrespeitaraautonomiadasescolhas, fundamentoessencialparaasociedadelivre.12 Assim,

com-preendemosqueapreservac¸ãodefertilidadepré-tratamento antineoplásico transite entre a indicac¸ão médica, baseada na intenc¸ãode profilaxia,e aindicac¸ão social,baseada no impactobiopsicossocialdaincapacidadedeprocriar.

Princípios

fundamentais

da

bioética

para

oncofertilidade

Osurgimentodenovastecnologiaseoavanc¸odotratamento dedoenc¸asantesconsideradasfatais,comoocâncer,incitam arenovac¸ãodeconceitoséticosefilosóficosacercada inter-ferênciada medicina eáreas correlatas sobreo organismo humano,seubem-estaresuaintegridade.Énessecontexto que surge a bioética, que pode ser tida como uma linha doconhecimento quepretendeconservaro respeitoaoser humanoeseusvaloresético-morais,comoobjetivoessencial degarantirobem-estarindividual.Taldisciplinaconstrói-se apartirdequestionamentosque,naesferamédico-científica, usamquatrosprincípioscomopilaresparaoestabelecimento delimitesentreapesquisaeaprática(tabela1).13-15

Tabela1–Princípiosbioéticosesuaaplicac¸ãoemoncofertilidade

Respeitoàpessoa(equivaleaoprincípiodaautonomia):Respeitoaoindivíduo,suasconvicc¸ões,seusjulgamentosesuasescolhaseprotec¸ão àquelescomautonomiadiminuída.Traduz-se,noâmbitodareproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidade,pelousoirrestritodoconsentimento livreeesclarecido.

Beneficência:Promoc¸ãodobem-estarapartirdamaximizac¸ãodosbenefícioseminimizac¸ãodosdanosaoindivíduo.Noâmbitoda reproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidadeconsisteemtornarpossívelaprocriac¸ãoeaformac¸ãodafamília,aooferecerperspectivasde reversãodainfertilidadesecundáriaaostratamentosantineoplásicos.

Justic¸a:Tratamentoequitativoeimparcialpautadonaigualdadedeoportunidades.Noâmbitodareproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidade, vedaousodetécnicasexperimentaisrestritasàsminoriasecontemplaacessouniversal.

Nãomaleficência:Obrigac¸ãodenãoimporriscosoucausardanosaoindivíduo.Nareproduc¸ãoassistidaeoncofertilidaderestringema eugenia,selec¸ãodesexoouqualqueroutrapráticapautadaemmotivofútil,alémdeembasaratriagemdedoadoresdegametasea aproximac¸ãodesuascaracterísticasfenotípicasàsemelhanc¸adoindivíduobeneficiado.

(3)

Direitos

reprodutivos

Odireito de formarumafamília eàprocriac¸ãoé reconhe-cido universalmente pela Declarac¸ão Universal de Direitos Humanos,16peloPactoInternacionaldasNac¸õesUnidassobre

os Direitos Civis e Políticos17 e pela Convenc¸ão Europeia sobreDireitosHumanos,18entreoutrosdocumentos.Em1994,

naConferênciaInternacionalsobrePopulac¸ãoe Desenvolvi-mento–PlataformadoCairo,19osdireitosreprodutivosforam

reconhecidosdeformainéditacomopartedosdireitos huma-nos.

Oncofertilidade

e

seguranc¸a

Invocando os princípios de autonomia, beneficência e não maleficência, a seguranc¸a para o paciente é a principal considerac¸ão ética para o uso de técnicas de preservac¸ão dafertilidadeapósocâncer,poisde nadaadiantaráadotar estratégiasparatantosenãohouverobem-estarfísico neces-sáriopara a paternidade e,principalmente, a maternidade saudável.20

Acriopreservac¸ãodeembriõeséométododepreservac¸ão dafertilidademaiscomumenteusadoemtodoomundo,com sobrevivênciaembrionáriaaoaquecimentodeaté80%,21taxas

degravidezdeaté43%enascidosvivosematéumterc¸odos casos,adepender dascaracterísticasindividuaisque confi-ramao pacientemelhorou pior prognósticoreprodutivo.22

Dessaforma,pode-sedizerqueousodeembriões criopreser-vadoseposteriormenteaquecidosconferechancesdesucesso semelhantesàsobtidascomembriõestransferidosafrescoa pacientesnãooncológicas.23

Ocongelamentodeespermatozoideseóvulostambémé consideradoumaopc¸ãoparausorotineiro24eassumegrande

importância ao eliminareventuais dilemas éticos,legais e religiososqueenvolvemocongelamentodeembriões.Dessa forma,torna-separticularmenteinteressantepara adolescen-tes,homensemulheressolteirosemulheresquenãoaceitem afertilizac¸ãodeseusóvulosporespermatozoidesdedoador anônimo,ouaosindivíduosqueporquestõespessoaissejam contraocongelamentodeembriões.

Aevoluc¸ãodoconhecimento sobreacriopreservac¸ãode oócitosmadurosfoirelevantenosúltimosanos,com sobre-vivênciaquasetotaldosgametasapósoaquecimento.25 De

acordocomestudoamericanorecente,astaxasdefertilizac¸ão egravidez sãode 67%e33%,respectivamente,26resultados

reprodutivos muito próximos dos obtidos com gametas a fresco.Poressemotivo,ocongelamentodeóvulosfoi recen-temente adicionado como prática consagrada, e não mais experimental,paraapreservac¸ãodafertilidadeempacientes oncológicas.24

Do ponto de vista ético, uma importante limitac¸ão dos métodos aceitos como rotineiros seria a necessidade de adiamentodotratamentoantineoplásico emduas aquatro semanas,o quesetem resolvidopelo desenvolvimentode protocolosdeestimulac¸ãoovarianadeinícioimediato,com resultadossignificativamentepromissores.24Outrasaídapara

o problemaseria o desenvolvimentoda maturac¸ão in vitro

deoócitoscaptadosdeováriosnãoestimuladose,portanto,

imaturos.Infelizmente,atecnologiadematurac¸ãode game-tas femininos invitro aindaprecisa evoluir eos resultados nãopermitemqueaestratégiasejausadarotineiramentee permanecenaesferaexperimental.27,28

A possibilidade de estimulac¸ão de tumores hormônio--dependentes implica limitac¸ão ética, por interferir na seguranc¸aparaopaciente.Masissonãoestáainda estabele-cidoeváriosestudostêmdocumentadoousodedrogascomo letrozoletamoxifenoemprotocolosopcionaisaosusadospara estimulac¸ãotradicional,semevidênciadarecorrênciado cân-ceremcurtoprazoecomresultadossatisfatórios.29

Seguranc¸as

das

técnicas

consideradas

experimentais

A criopreservac¸ão de ovário íntegro ou do córtex (para reimplanteoucultivodefolículosisolados,oumesmo xeno-transplante),deóvulosimaturos(paramaturac¸ãoinvitro),de espermatozoides emformas jovens(espermatogônias obti-das porpunc¸ão),oudetestículos íntegros(parareimplante ou xenotransplante),são técnicasconsideradas experimen-tais,masquesetornariammuitoimportantesnapráticapor eliminardilemaséticos,legaise/oureligiososqueenvolvem ocongelamentodeembriõeseaestimulac¸ãohormonalem crianc¸aseadolescentes.

Atualmente,comopartesdeprotocolosdepesquisa devi-damenteregistradoseemcentrosapropriados,surgemcomo opc¸õesdepreservac¸ãodafertilidadeemgruposparticulares, para os quaisastécnicas convencionais nãosão recomen-dáveis: pré-púberes femininos e masculinos; adolescentes jovens; mulheres sem parceiro fixo e que não aceitam a fertilizac¸ãodeseusóvulosporgametasdedoadoranônimo ouque,porquestõespessoais,nãodesejamserestimuladas hormonalmente.20,30

Pordispensarestimulac¸ãoovariana,qualquerdas estraté-gias postasempráticaatenderia àsportadorasdetumores hormônio-dependentesouasquerequeremabordagem ime-diata da doenc¸a, para as quais o tempo necessário para induc¸ãodaovulac¸ão,mesmoemesquemasconsiderados rápi-dos,adiariaoiníciodotratamentodeformapresumidamente lesiva.

Sob esseaspecto, emmulheresa coletadotecido corti-cal ovariano ou ovário total oferece a vantagem de poder ser feita em qualquer momento do ciclo menstrual, por vídeolaparoscopia, e possibilitar a aquisic¸ão de centenas de milhares de folículos primordiais em estágios iniciais dedesenvolvimento.20,31 Atéomomento,60nascidos vivos

foramdevidamenterelatadosapartirdousodetecido ova-rianocriopreservado.32Acriopreservac¸ãodetecidotesticular

outestículototalouespermatogôniasaindanãofoitestada comsucessoemsereshumanos.24

Umaspectoimportantedopontodevistaéticoéa preten-sãodesetornarviáveloreimplantedotecidodescongelado depoisdaremissãodocâncer,podem-seobtergestac¸õesaté mesmoporconcepc¸ãoespontânea.Agrandelimitac¸ãoestá noriscopresumidodequeotecidoreimplantadocontenha focosmetastáticosquepossamlevaràreincidênciado cân-cer.Emboranãoexistamrelatosnoscasosatéhojefeitos,o

(4)

pacienteeseusparentesdevemserbemesclarecidossobre essahipótese.33

Oncofertilidade

e

seguranc¸a

da

prole

Nocasodaprole,osprincípiosdebeneficênciaenão male-ficência são as bases fundamentais da seguranc¸a como considerac¸ãoéticaparaousodetécnicasdepreservac¸ãoda fertilidadeapósocâncer,poisdenadaadiantaráadotar estra-tégiasparatantosehouverriscoselevadosdeadescendência carregarconsigoproblemasdesaúde.

Sobreaprolede pacientescom afertilidaderecuperada apósaremissãodocâncer,hádeseconsideraralguns aspec-tos:(1)apossibilidadederecorrênciadadoenc¸a,oqueimpede aexistênciadecondic¸ões mínimasparacuidarda proleou levaàorfandadeprecoce;30(2)asaúdedascrianc¸asgeradas

emorganismossujeitosàssequelasdostratamentos antineo-plásicos;e(3)asaúdedecrianc¸asconcebidasportécnicasde reproduc¸ãoassistida(TRA),apósaquecimentoemanipulac¸ão deembriõesegametas.

A

problemática

da

orfandade

precoce

Apossibilidadedeaproleresultantedosucessoreprodutivo nesse grupode pacientes experimentar prematuramente a orfandadedepaioumãeépreocupac¸ãosignificativadoponto devistaético-assistencial,bioéticoesocial.

DeacordocomaAmericanSocietyforReproductive Medi-cine,tais preocupac¸õesnão devem sermotivos suficientes para contraindicar para pacientes oncológicos a possibili-dadedeprocriac¸ãopós-tratamento.34 Em grandepartedos

casos,restaumdosgenitoreseasestratégiasdepreservac¸ão defertilidade disponíveisatualmentepermitem armazena-mentodegametasetecidosgonadaispassíveisdedescarte em caso de má evoluc¸ão da doenc¸a e óbito do paciente. Naturalmente, a preservac¸ão de fertilidade em indivíduos solteirospoderia causarmaior problemaem caso de óbito com prole constituída de forma independente. Mas mui-tosdessespacientes,principalmente osmaisjovens, serão solteiros à época do câncer e terão parceiros à época da procriac¸ão.35

Saúde

da

prole

gerada

após

o

câncer

Os filhos de homens e mulheres sobreviventes ao câncer parecemnãoapresentarproblemasdesaúdequejustifiquem maiorpreocupac¸ão.Nemmesmoahereditariedadedo cân-cerencontrarespaldosuficientenaliteraturaquejustifique argumentocontrárioàpreservac¸ãodafertilidade.34Deacordo

comoChildhoodCancerSurvivorStudy,entretanto, mulhe-ressubmetidasàradioterapiaabdominalouàquimioterapia comagentesalquilantessãocandidatasempotenciala com-prometimentouterinoesuasgestac¸õespodemevoluircom perdasgestacionaisprecoces,partospré-termo,baixaestatura oubaixopesodoconceptoaonascimento.36

Saúde

da

crianc¸a

concebida

por

técnicas

de

reproduc¸ão

assistida

A interferênciadas TRAsobrea saúde das crianc¸asassim concebidas émotivofrequentede preocupac¸ão.Entretanto, oscasaissubmetidosatratamentosbem-sucedidos devem sertranquilizadosquantoàsaúdeda prole,principalmente emgestac¸õesúnicasecomnascidosatermo.37Ébemsabido

quegestac¸õesmúltiplasdecorrentesdasTRAsãoas princi-paiscausasdepartopré-termo,baixopesoaonascimentoe mortalidadeperinatal,38oquesetemresolvidopela

transfe-rênciaeletivadeumoudoisembriõessemprejuízodastaxas desucesso.

Éverdadequeproblemasgenéticoseepigenéticose defei-tos congênitos possam sermais frequentes entre crianc¸as concebidaspelasTRA,emboraatéomomentoaquase tota-lidade de crianc¸as assim concebidas descenda de casais inférteis, paraos quaisainfertilidade porsi éconsiderada fator derisco para asaúdeda prole.É perfeitamente acei-tável,assim,ahipótesedequecrianc¸asconcebidasporTRA oriundasdepacientesnãonecessariamenteinférteistenham evoluc¸õesdistintaseaindanãoexploradas.

Se houver preocupac¸ões, os defeitos congênitos, sem dúvida, figuramentreas principais.Na prática, contudo, a estimativadoriscoabsolutoapartirdocálculodoNúmero NecessárioparaPrejudicar(NNP)érelativamente tranquiliza-dora.DeacordocomHansenetal.(2005),39asmalformac¸ões

congênitasapósTRAteriamoddsratiode1,4,oquesignifica afirmarqueoNNPéde250quandoaprevalênciadedefeitos congênitosnapopulac¸ãodereferênciaéde1%.39

Sendoassim,pode-seinferirque,noBrasil,seriam neces-sáriosmaisde250nascimentosconcebidosporTRAparaque nascesse mais umacrianc¸a com malformac¸ão em relac¸ão àsconcebidasnaturalmente,seassumirmosprevalênciade malformac¸õescongênitasdeaproximadamente0,8%entreos nascidosvivos.40

Regulamentac¸ão

no

Brasil

Atéomomento,nãoexistenoBrasilleiordináriaque regu-lamente ouso das técnicas de reproduc¸ão assistida e,por conseguinte,apreservac¸ãodafertilidade.Apráticaéregida pela resoluc¸ão n◦ 2121/2015 doConselho Federalde Medi-cina(CFM),41quecontemplaaoncofertilidade,principalmente

no que tange ao destino dado ao material armazenado, à reproduc¸ãopóstumaeàcessãouterinatemporária.

Questões referentes ao período de armazenamento dos tecidos congelados em bancos, bem como a doac¸ão para outremouparaapesquisacientífica,permanecemcomo dile-mas éticos. Apesar dosesforc¸os para suaregulamentac¸ão, apenasaevoluc¸ãodessenovocampodamedicinapermitiráa formulac¸ãoderespostas.

Destino

de

material

criopreservado

e

reproduc¸ão

póstuma

Deacordocomaresoluc¸ãoCFMn◦2121/2015,éimprescindível queodestinodeembriões,gametasetecidoscriopreservados

(5)

sejaexpressopelopacienteporescrito,paracadatipo especí-ficodesituac¸ão,épermitidaareproduc¸ãopóstuma,desdeque setenhadocumentadoemvidaodesejodaprocriac¸ãonessa situac¸ão.41

Glantzet al.(2009)42 chamaram atenc¸ão paraodivórcio

desobreviventesaocâncercomoumproblemaético-jurídico significativo, principalmente quando envolvido o congela-mentodeembriõesparapreservac¸ãodafertilidade.Deacordo comosautores,oriscodeseparac¸ãoedivórcioseriade2,9% quando o parceiro masculino é afetado pelo câncer e de 21%quandoamulheréacometida,motivospelosquais, prin-cipalmente nessa última situac¸ão, é imprescindível que o destinodomaterialcriopreservadoestejabemdocumentado. Aresoluc¸ãoCFMn◦2121/201541consideraaexpressãoda

vontadedoindivíduonomomentoda criopreservac¸ãopara destinac¸ãodeseumaterialbiológicoemcasosdedissoluc¸ão dauniãodocasal,doenc¸asgravesouóbitodeumdos parcei-ros,assimcomoparadeterminac¸ãodotemponecessáriopara adoac¸ãoaterceiros.Ainda, desafiandooslimitesprevistos pelaleidebiosseguranc¸a,43aceitaodescartedeembriões

cri-opreservadosdepoisdecincoanoscomoconsentimentodos seusgenitores.

Doac¸ão

temporária

de

útero

Paraoscasosemqueagravideznãoémaispossívelapósa remissãodocâncer,porausênciadoúterooucondic¸ões uteri-nasjulgadasinsuficientesparaabrigaroconceptodeforma saudável, pode-se usara gestac¸ãode substituic¸ão(ou ces-sãotemporáriadoútero),desdequeasdoadorastemporárias pertenc¸amàfamíliadeumdosgenitoresemparentesco con-sanguíneoatéoquartograu.41

Consentimento

livre

e

esclarecido

A liberdadede agir de acordo com as próprias convicc¸ões édireito fundamentaldocidadãoe,nocaso dareproduc¸ão humana assistida e da prescric¸ão de estratégia para preservac¸ãodafertilidade,contemplaoprincípioda autono-miaedeveserpreferencialmentedocumentada.Aobtenc¸ão formaldoconsentimentotraduzatransparênciadodiálogo entreassistenteepacienteaobuscarinformar,apontar ris-cos, sanar dúvidas e oferecer opc¸ões de abordagem, sem manipulac¸ãoedeformarespeitosa.

Consentimento

de

indivíduos

adultos

Esclarecer o paciente e seus parentes acerca dos possí-veisbenefícioseriscosdeprocedimentosetratamentosaos quaisserásubmetido,alémdeserobrigac¸ãodoprofissional de saúde, fortalece a confianc¸ado paciente na assistência proposta.44Trabalharacomunicac¸ãoentremédicoepaciente

remete a preceitos éticos etraduz-se namelhor forma de comprometê-locomseuprópriotratamento,ofazsentir-se personagemdaabordagemterapêutica,emvezdeobjeto.Por fim,denotarespeitoàautonomiaeàlivreinformac¸ão,direitos fundamentaisdocidadãoepilaresdabioética.45

Independentementedeseratécnicadepreservac¸ãoda fer-tilidade recomendadaexperimentalounão,deve-seobtero consentimentolivreeesclarecidodopaciente, preferencial-menteporescritoenapresenc¸adeumaouduastestemunhas. Issodeveserfeitocomaintenc¸ãoderegistraralivreescolha terapêuticapelopaciente,depoisdedevidamenteesclarecido sobreasopc¸õesdisponíveis,osprocedimentosnecessários, osriscosrelativosàoeventualadiamentodoiníciodo trata-mento antineoplásico, os custosaproximados(inclusive de manutenc¸ão de materiais biológicos criopreservados) e as chancesde sucessoreprodutivo. Éde extremaimportância queopaciente eseus parentesrecebaminformac¸õessobre uso edescarte de gametase/ou embriões e/ou tecidos, de acordocomaprevisãolegalouresoluc¸õesvigentesàépoca dodiagnóstico.41,46

A expectativa de poder gerar uma crianc¸a depois de uma neoplasia malignaéfator de melhoria da autoestima econsidera-sequeconcorraparaaaceitac¸ãodotratamento eseus efeitos adversos.Entretanto, osproblemas advindos da construc¸ãode falsasexpectativas porpartedopaciente e/oudeseusparentespodemsermaislesivosdoqueaqueles causadospelaprópriainfertilidade.Dessaforma,oriscode insucessodeveseresclarecido,poisasestratégiasde aborda-gemdisponíveisnãosãosuficientementecapazesdegarantir aprocriac¸ãobiológicaouaintegridadedegametasetecidos gonadaiscriopreservadosapósoaquecimento.

Consentimento

de

menores

ou

incapazes

Umaquestãoimportanteedelicadaéoprocessodeobtenc¸ão doconsentimentolivreeesclarecidoparapreservac¸ãoda fer-tilidadedecrianc¸aseincapazes.Issoporqueotemaédedifícil contextualizac¸ãonafaixaetáriaounaausênciade consciên-ciaparataldecisãoebaseia-senapossibilidadedevivência deapenassupostotraumapsicossocialnavidaadulta.Ainda, porqueastécnicasconsideradasmaisadequadaspara indiví-duossexualmenteimaturossãoexperimentais.30

Nesses casos, os pais ouresponsáveis legais costumam tomar a decisão em nome dopaciente, assessorados pela equipe multidisciplinar.Observa-se comumentea exclusão dopacientedasdecisõesaseremtomadasemtornodo tra-tamentoantineoplásico.Osmotivosparatantopassampelo objetivoterapêuticofocadoexclusivamentenacuradocâncer, pelodesconfortodospaisepelodesejodeprotegeracrianc¸a ouadolescentecontraaansiedadegeradaporquestõescomo sexualidadeeprocriac¸ão.47

Cabe ressaltar, contudo, que em situac¸ões que interes-semcrianc¸aseadolescentes, especialistaseméticamédica e sociedades deespecialidade, como aAmerican Academy ofPediatrics,recomendamquesepermitaamanifestac¸ãoda crianc¸acomidademaiordeseteanos48eatémesmoarecusa

àpreservac¸ãodafertilidade,aindaqueessasejaumdesejo dospais.35

Porfim,comaevoluc¸ãodaregulamentac¸ãodapreservac¸ão dafertilidade,éticae/oulegal,seráimportanteconsiderara restric¸ãodousodegametasoutecidosgonádicoscom propó-sitosreprodutivosantesdeacrianc¸adequemforamretirados sercapazdeforneceroconsentimentoinformadolegalmente reconhecido.49

(6)

Aspectos

religiosos

Apreservac¸ãodafertilidadeeapossibilidadedereproduc¸ão assistida,emanáliseampla,geramimportantesconflitos tam-bémnaesferareligiosaepodeoarmazenamentodegametas comprometera aceitac¸ão das crianc¸as delesoriundas pela comunidadecorreligionária.49

Asdoutrinascatólicaeislâmicaparecemserasque encon-trammaisrestric¸õesàreproduc¸ãomedicamenteassistidae, porconseguinte,àstécnicasdepreservac¸ãodefertilidade,ao excluiraspossibilidadesdeprocriac¸ãoforadocasamentoou emrelac¸õeshomossexuais,assimcomousodegametasde doadorecessãouterinatemporária.50Taisdoutrinas,ainda,

nãoaceitamafertilizac¸ãoinvitro,ainseminac¸ãoartificialoua concepc¸ãopóstuma,quedesvinculamareproduc¸ãohumana docoito.

Paraoislamismo,areproduc¸ãopostmorteméinaceitável porqueocorredepoisdotérminodocontratomatrimonial.51

Apossibilidadedeusodetecidoovarianocriopreservadopara reimplanteautólogoeconcepc¸ãoporvianatural,entretanto, nãopareceferirosprincípiosdocatolicismoeépossívelque oVaticanoendosseessaestratégia.52

O judaísmo aceita qualquer tipo de TRA, inclusive a reproduc¸ão póstuma, mas apenas quando os gametas ou outrostecidossãoextraídosdomaridooudaesposa,masnão astécnicasdeconservac¸ãodegametasnaausênciadeuma relac¸ãomatrimonialestabelecida.53

Como

sensibilizar

os

oncologistas

A oncofertilidade ainda encontra grande resistência por parte dos oncologistas, uma vez que o tempo é normal-menteescassoparapacientesoncológicaseasestratégiasde preservac¸ãorequerempartedessetempo.Oassuntoganha corpopelosuportenaindividualizac¸ão,numaépocaemque amedicinabusca aalcunha da humanizac¸ãoevaloriza-se sobremaneiraorespeitoàautonomiaeaqualidadedevida comopilaresdetratamentosemqualquerespecialidade.

Aparentemente,oncologistasencaramainfertilidade pro-vocadapelostratamentosantineoplásicoseaimpossibilidade da maternidade biológica como assuntos de importância secundáriafrenteaodiagnósticodedoenc¸amaligna.Contudo, considerando-sequeaincidênciademuitoscâncerescresce comoaumentoda idadeepelaclaratendênciadamulher modernadepostergaramaternidade,pode-sedizerque espe-ramostercadavezmaissobreviventesdocâncerinteressadas emsermãesequeaindanãooforamantesdocâncer.54

Considerac¸ões

finais

Nãohádúvidassobreaimportânciadosganhos psicoemocio-naisaosefalarempreservac¸ãodafertilidadedepoisdocâncer, jáqueaimpossibilidadedaconcepc¸ãobiológicaérazãode grandeapreensãoedestacaaimpotênciapercebidafrentea umadoenc¸agrave.Preservarafunc¸ãogonadale,dessaforma, afertilidadeamparaaintenc¸ãodeofereceramelhorqualidade devidapossívelaossobreviventesdocâncer,principalmente

noBrasil,emqueapopulac¸ãoéjovememuitaspacientesterão adoenc¸aantesdeconstituiraprolepretendida.

Ao valorizar a fragilidade e a pressão psicoemocional trazida pelo diagnóstico de umcâncer esua interferência significativanacapacidadedeentendimentoeaceitac¸ãodo paciente eseus parentes,ainterdisciplinaridade torna-sea essênciaparaaabordagemadequadaemoncofertilidade.

Nessecontextoemqueimperamincertezas,édeextrema importânciaoesclarecimentodopacienteouseuresponsável legale dosparentes envolvidosno processo,além do con-sentimentolivreeesclarecido.Espera-sequeosprincípiosda autonomia,dabeneficênciaedanãomaleficênciasirvamde bússolasparaasestratégiasescolhidas,comodevidorespeito àopiniãodacrianc¸aquandoemcondic¸õesdecompreender minimamenteoquesepassa.Asdecisõessobreapesquisae tratamentoemoncofertilidaderequerematenc¸ãoaosvalores pessoais,àsemoc¸õeseàssuasimplicac¸õesparaatomadade decisõesdelongoprazoeessasdiscussõeslevamtempo.55

O armazenamento de gametas ou gônadas por longos períodosgeraquestõessemrespostasatéomomento,mas quemerecematenc¸ão,reflexãoediscussãoantesdeseoptar por um protocolo de preservac¸ão da fertilidade.55 O

inte-ressedopacientejovemcuradodeumcâncerpelaprocriac¸ão podesurgirapenasmuitosanosdepoisdoprocedimento.Por quantotempoomaterialbiológicocriopreservadoseráviável? Emboraoespermatozoidecriopreservadopossapermanecer viávelpormaisdeduasdécadas56etenhamosindíciosdeque

otecidoovarianoresistaaocongelamentoemcurtoprazo,31

aexperiênciacomessaeoutrastécnicasémuitorecentepara garantirseguranc¸a.Seráqueosprocessosdecongelamentoe aquecimentopodemafetaraqualidadeeafunc¸ãodecélulase tecidosarmazenados?Seráqueésegurousá-los?São pergun-tasqueapenasotempoeaexperiênciapermitirãoresponder.

Conflitos

de

interesse

Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

s

1.Brasil.MinistériodaSaúde.InstitutoNacionaldeCâncerJosé deAlencarGomesdaSilva(INCA)[homepagenaInternet]. Estimativa2014:incidênciadecâncernoBrasil.Riode Janeiro:INCA2014[acessoem30abril2015].Disponívelem: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/estimativa-24042014.pdf.

2.GosdenRG.Fertilitypreservation:definition,history,and prospect.SeminReprodMed.2009;27(6):433–7.

3.Brasil.MinistériodaSaúde.InstitutoNacionaldeCâncerJosé deAlencarGomesdaSilva.Coordenac¸ãodePrevenc¸ãoe VigilânciadeCâncer.Câncerdacrianc¸aeadolescenteno Brasil:dadosdosregistrosdebasepopulacionalede mortalidade.InstitutoNacionaldeCâncer.RiodeJaneiro: INCA,2008.

4.HendersonTO,FriedmanDL,MeadowsAT.Childhoodcancer survivors:transitiontoadult-focusedrisk-basedcare. Pediatrics.2010;126:129–36.

5.DeepinderF,AgarwalA.Technicalandethicalchallenges offertilitypreservationinyoungcancerpatients.Reprod BiomedOnline.2008;16(6):784–91.

(7)

6. WoodruffTK.Theemergenceofanewinterdiscipline: oncofertility.CancerTreatRes.2007;138:3–11.

7. DudzinskiDM.Ethicalissuesinfertilitypreservationfor adolescentcancersurvivors:oocyteandovariantissue cryopreservation.JPediatrAdolescGynecol.2004;17(2):97–102.

8. BascoD,Campo-EngelsteinL,RodriguezS.Insuringagainst infertility:expandingstateinfertilitymandatestoinclude fertilitypreservationtechnologyforcancerpatients.JLaw MedEthics.2010;38(4):832–9.

9. PentheroudakisG,OrecchiaR,HoekstraHJ,PavlidisN,ESMO GuidelinesWorkingGroup.Cancer,fertilityandpregnancy: ESMOClinicalPracticeGuidelinesfordiagnosis,treatment andfollow-up.AnnOncol.2010;21Suppl5:v266–73.

10.ChristinatA,PaganiO.Fertilityafterbreastcancer.Maturitas. 2012;73(3):191–6.

11.RosaeSilvaACJS,RosaeSilvaJC,ReisRM,ToneLG,SáMFS, FerrianiRA.Gonadalfunctioninadolescentpatients submittedtochemotherapyduringchildhoodorduringthe pubertalperiod.JPediatrAdolescGynecol.2007;20(2):89–91.

12.LarcherV.Theethicalobligationtopreservefertilityinthe faceofalltherapiesthatmightadverselyaffectit.ArchDis Child.2012;97(9):767–8.

13.CunhaSP,MeziaraFC,MoisésECD,BarbosaHF,DuarteLB, CavalliRC,etal.Análisecríticadaatualsituac¸ãoéticaelegal dastécnicasdereproduc¸ãoassistidanoBrasil.In:CunhaSP, MeziaraFC,MoisésECD,BarbosaHF,DuarteLB,CavalliRC, DuarteG,editors.Éticaeleisemginecologiaeobstetrícia.São Paulo:Manualdedefesaprofissional.Funpec;2005.

p.39–75.

14.CiocciD,BorgesEJr.Bioéticaedireitoemreproduc¸ãohumana assistida.In:BorgesEJr,CortezziSS,FarahLMS,editors. Reproduc¸ãoHumanaAssistida.SãoPaulo:Atheneu;2011. p.281–7.

15.UnitedStatesDepartmentofHealth&HumanServices [homepagenainternet].Belmontreport:Ethicalprinciples andguidelinesfortheprotectionofhumansubjectsof research.ReportoftheNationalCommissionforthe ProtectionofHumanSubjectsofBiomedicalandBehavioral Research[acesso23set2013].Disponívelem:http://www.hhs. gov/ohrp/humansubjects/guidance/belmont.html.

16.UnitedNations[homepagenainternet].UniversalDeclaration ofHumanRights,G.A.Res.217A(III),art.16(1),U.N.GAOR,3d Sess.,U.N.Doc.A/810(Dec.10,1948).[acesso26set2013]. Disponívelem:http://www.un.org/en/documents/udhr/. 17.UnitedNations[homepagenainternet].1966.International

CovenantonCivilandPoliticalRights.art.23(2),Dec.16,1966, 999U.N.T.S.179.[acesso30apr2015].Disponívelem:https:// treaties.un.org/doc/Publication/UNTS/Volume%20999/volume -999-I-14668-English.pdf.

18.EuropeanConventionfortheProtectionofHumanRightsand FundamentalFreedoms[homepagenainternet].Art.12,Nov. 4,1950,213U.N.T.S.222.[acesso26sep2013].Disponívelem: http://www.echr.coe.int/Documents/CollectionConvention 1950ENG.pdf.

19.UnitedNations[homepagenainternet].1994.Reportofthe InternationalConferenceonPopulationandDevelopment (Cairo,5-13September1994).A/CONF.171/13.NewYork. [acesso26sep2013].Disponívelem:http://www.un.org/ popin/icpd/conference/offeng/poa.html.

20.RosaeSilvaACJS,CarvalhoBR,RosaeSilvaJC,SáMFS. Ovarianfunctionpreservationaftercancer.In:MargariteT, Moorland,editors.CancerinFemaleAdolescents.,1.New York,USA:NovaSciencePublishers;2008.p.139–53.

21.MichelmannHW,NayuduP.Cryopreservationofhuman embryos.CellTissueBank.2006;7(2):135–41.

22.CheckJH,ChoeJK,BrasileD,CohenR,HorwathD. Comparisonofpregnancyratesfollowingfrozenembryo transferaccordingtothereasonforfreezing:riskofovarian

hyperstimulationvsinadequateendometrialthickness.Clin ExpObstetGynecol.2012;39(4):434–5.

23.EdgarDH,BourneH,SpeirsAL,McBainJC.Aquantitative analysisoftheimpactofcryopreservationonthe implantationpotentialofhumanearlycleavagestage embryos.HumReprod.2000;15(1):175–9.

24.LorenAW,ManguPB,BeckLN,BrennanL,MagdalinskiAJ, PartridgeAH,etal.Fertilitypreservationforpatientswith cancer:AmericanSocietyofClinicalOncologyClinical PracticeGuidelineUpdate.JClinOncol.2013;31:2500–10.

25.RudickB,OpperN,PaulsonR,BendiksonK,ChungK.The statusofoocytecryopreservationintheUnitedStates.Fertil Steril.2010;94:2642–6.

26.CoboA,KuwayamaM,PérezS,RuizA,PellicerA,RemohíJ. Comparisonofconcomitantoutcomeachievedwithfresh andcryopreserveddonoroocytesvitrifiedbytheCryotop method.FertilSteril.2008;89(6):1657–64.

27.ImeschP,ScheinerD,XieM,FinkD,MacasE,DubeyR,etal. Developmentalpotentialofhumanoocytesmaturedinvitro followedbyvitrificationandactivation.JOvarianRes. 2013;18(6):30.

28.FasanoG,MoffaF,DechèneJ,EnglertY,DemeestereI. Vitrificationofinvitromaturedoocytescollectedfromantral folliclesatthetimeofovariantissuecryopreservation. ReprodBiolEndocrinol.2011;23(9):150.

29.OktayK.Furtherevidenceonthesafetyandsuccessof ovarianstimulationwithletrozoleandtamoxifeninbreast cancerpatientsundergoinginvitrofertilizationto cryopreservetheirembryosforfertilitypreservation.JClin Oncol.2005;23(16):3858–9.

30.PatrizioP,CaplanAL.Ethicalissuessurroundingfertility preservationincancerpatients.ClinObstetGynecol. 2010;53(4):717–26.

31.CamposJR,Rosa-e-SilvaJC,CarvalhoBR,VirequeAA, Silva-de-SáMF,Rosa-e-SilvaAC.Cryopreservationtimedoes notdecreasefollicularviabilityinovariantissuefrozen forfertilitypreservation.Clinics.2011;66(12):2093–7.

32.DonnezJ,DolmansMM.Ovariancortextransplantation:60 reportedlivebirthsbringsthesuccessandworldwide expansionofthetechniquetowardsroutineclinicalpractice. JAssistReprodGenet.2015;32(8):1167–70.

33.PoirotCJ,Vacher-LavenuMC,HelardotP,GuibertJ,BrugièresL, JouannetP.Humanovariantissuecryopreservation:

indicationsandfeasibility.HumReprod.2002;17(6):1447–52.

34.EthicsCommitteeoftheAmericanSocietyforReproductive Medicine.Fertilitypreservationandreproductionincancer patients.FertilSteril.2005;83(6):1622–8.

35.ShahDK,GoldmanE,FissehaS.Medical,ethical,andlegal considerationsinfertilitypreservation.IntJGynaecolObstet. 2011;115(1):11–5.

36.GreenDM,SklarCA,BoiceJDJr,MulvihillJJ,WhittonJA, StovallM,etal.Ovarianfailureandreproductiveoutcomes afterchildhoodcancertreatment:resultsfromtheChildhood CancerSurvivorStudy.JClinOncol.2009;27(14):2374–81.

37.RolindoTF,CarvalhoBR,GomesSobrinhoDB,CuzziJF,Silva AA,NakagavaHM.Thechildconceivedbyassisted reproductiontechniques:postnatalaspects.JBRAAssisted Reproduction.2013;17(1):40–3.

38.ChungK,CoutifarisC,ChalianR,LinK,RatcliffeSJ, CastelbaumAJ,etal.Factorsinfluencingadverseperinatal outcomesinpregnanciesachievedthroughuseofinvitro fertilization.FertilSteril.2006;86(6):1634–41.

39.HansenM,BowerC,MilneE,deKlerkN,KurinczukJJ. Assistedreproductivetechnologiesandtheriskofbirth defects-asystematicreview.HumReprod.2005;20(2):328–38.

40.Brasil.MinistériodaSaúde.SecretariadeVigilânciaemSaúde. DepartamentodeAnálisedeSituac¸ãodeSaúde-Sistemade Informac¸õessobreNascidosVivos–SINASC.[acesso21feb

(8)

2013].Disponívelem:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def.

41.Brasil.ConselhoFederaldeMedicina.Resoluc¸ãoCFMN◦. 2.121,de24desetembrode2015.Adotaasnormaséticaspara autilizac¸ãodastécnicasdereproduc¸ãoassistida-sempreem defesadoaperfeic¸oamentodaspráticasedaobservânciaaos princípioséticosebioéticosqueajudarãoatrazermaior seguranc¸aeeficáciaatratamentoseprocedimentosmédicos -tornando-seodispositivodeontológicoaserseguidopelos médicosbrasileiroserevogandoaResoluc¸ãoCFMno2.013/13, publicadanoD.O.U.de9demaiode2013,Sec¸ãoI,p.119. DiárioOficialdaUnião,de24desetembrode2015;Sec¸ãoI: 117.Disponívelem:http://www.portalmedico.org.br/ resolucoes/CFM/2015/21212015.pdf.

42.GlantzMJ,ChamberlainMC,LiuQ,HsiehCC,EdwardsKR,Van HornA,etal.Genderdisparityintherateofpartner

abandonmentinpatientswithseriousmedicalillness. Cancer.2009;115(22):5237–42.

43.Brasil.PresidênciadaRepública.CasalCivil.Subchefiapara AssuntosJurídicos.Lein(11.105,de24demarc¸ode2005. RegulamentaosincisosII,IVeVdoparágrafo1(doart.225da Constituic¸ãoFederaledáoutrasprovidências.DiárioOficial daRepúblicaFederativadoBrasil,Brasília,DF,28mar.2005. [acesso18jul2013].Disponívelem:

http://www.planalto.gov.br/ccivil03/ ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm.

44.CarvalhoBR,RiccoRC,SantosR,CamposMAF,MendesES, MelloALS,etal.Erromédico:implicac¸õeséticas,jurídicase peranteocódigodedefesadoconsumidor.RevCiêncMéd. 2006;15(6):539–46.

45.CarvalhoBR,BehrensRN.Direitoàinformac¸ão:pilardaboa relac¸ãomédico-pacienteedaprofilaxiadoerroprofissional. PráticaHospitalar.2009;11:130–2.

46.Küc¸ükM.Fertilitypreservationforwomenwithmalignant diseases:ethicalaspectsandrisks.GynecolEndocrinol. 2012;28(12):937–40.

47.GraciaCR,GraciaJJ,ChenS.Ethicaldilemmasinoncofertility: anexplorationofthreeclinicalscenarios.CancerTreatRes. 2010;156:195–208.

48.CommitteeonBioethics,AmericanAcademyofPediatrics. Informedconsent,parentalpermission,andassentin pediatricpractice.Pediatrics.1995;95(2):314–7.

49.StegmanBJ.Uniqueethicalandlegalimplicationsoffertility preservationresearchinthepediatricpopulation.FertilSteril. 2010;93(4):1037–9.

50.ZolothL,HenningAA.Bioethicsandoncofertility:arguments andinsightsfromreligioustraditions.CancerTreatRes. 2010;156:261–78.

51.PenningsG,deWertG,ShenfieldF,CohenJ,DevroeyP, TarlatzisB.,ESHRETaskForceonEthics,Law.ESHRETask ForceonEthicsandLaw11:Posthumousassisted reproduction.HumReprod.2006;21(12):3050–3.

52.LauritzenP.Technologyandwholeness:oncofertility andCatholictradition.CancerTreatRes.2010;156:295–306.

53.SchenkerJG.Humanreproduction:Jewishperspectives. GynecolEndocrinol.2013;29(11):945–8.

54.CarvalhoBR.Preservac¸ãodafertilidademulherescomcâncer: oqueéprecisosaber?Femina.2015;45(5):242–5.

55.CohnF.Oncofertilityandinformedconsent:addressing beliefs,valuesandfuturedecisionmaking.In:WoodruffTK, ZolothL,Campo-EngelsteinL,RodriguezS,editors. Oncofertility,cancertreatment,andresearch.NewYork: Springer;2010.p.249-58.

56.FeldschuhJ,BrasselJ,DursoN,LevineA.Successfulsperm storagefor28years.FertilSteril.2005;84(4):1017.

Referencias

Documento similar

A comisión deberá elaborar unha relación de méritos valorables con cadansúa puntuación de referencia, que deberá establecerse tendo en conta o tipo de material de que

De manera preliminar y durante el proceso exploratorio en la elección del tema problema para este trabajo de profundización, se observó que dentro de las prácticas de

610. En una operación nacional la responsabilidad recae en el comandante opera- cional, quien desarrolla en ZO el marco logístico diseñado para la operación por el nivel

A cidade do futuro, distinta desta na qual vivemos nesta segunda década do século xxi , que enfrenta e assimila as mudanças introduzidas pela revolução tecnológica e científica

Buena capacidad de relacionamiento. Buena capacidad de comunicación. Buena capacidad para trabajar en equipo. Apego a las normas ético-laborales. Vocación de servicio. Capacidad

cio de promover los adelantamientos de la Botanica, dedicaría yo esta Obrita, destinada expresamente para su enseñan- za ? Sírvase pues V.. M ar­.. tin de

El examen de la materia de Historia de acceso a la Universidad para mayores de 25 años consistirá en una prueba escrita, en cuya realización los aspirantes deberán

A comisión deberá elaborar unha relación de méritos valorables con cadansúa puntuación de referencia, que deberá establecerse tendo en conta o tipo de material de que