h tt p:/ /w w w . s b r h . o r g . b r / r e v i s t a
Reprodução
&
Climatério
Artigo
de
revisão
Oncofertilidade:
bases
para
a
reflexão
bioética
夽
Bruno
Ramalho
de
Carvalho
GenesisCentrodeAssistênciaemReproduc¸ãoHumana,Brasília,DF,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem2desetembrode2015 Aceitoem7denovembrode2015 On-lineem18dedezembrode2015 Palavras-chave: Ética Bioética Preservac¸ãodafertilidade Qualidadedevida
r
e
s
u
m
o
Aoncofertilidadeéumcampointerdisciplinardeestudoquebuscainterpor conhecimen-tosemoncologiaeendocrinologiareprodutivaparaoaperfeic¸oamentodasestratégiasde preservac¸ãoda func¸ãoreprodutivaemsobreviventesaocâncer.Comoocorrecom qual-querdisciplinaemconstruc¸ão,passaatualmenteporumperíododeamadurecimentoe transformac¸ão,emquepeseoreconhecimentodasdiversaseefêmerassituac¸ões,esurgem questionamentoséticosebioéticosnabuscadesoluc¸õesseguraseeficientes.Esteartigo pretendeoferecerfundamentosparaareflexãobioéticasobreotemae,assim,contribuir paraoseudesenvolvimentoesuasolidificac¸ão.
©2015SociedadeBrasileiradeReproduc¸ãoHumana.PublicadoporElsevierEditoraLtda. Todososdireitosreservados.
Oncofertility:
foundations
for
bioethical
reflection
Keywords: Ethics Bioethics Fertilitypreservation Qualityoflife
a
b
s
t
r
a
c
t
Oncofertility is aninterdisciplinary fieldof interest,which intends tomerge the kno-wledgeinoncologyandreproductiveendocrinology,todevelopstrategiesforpreservation ofreproductivefunctionincancersurvivors.Aswithanydisciplineunderconstruction,itis currentlyundergoingaperiodofmaturationandtransformation,inweighingthe recogni-tionofdiverseandephemeralsituations,andraisingethicalandbioethicalquestionsinthe searchforsafeandefficientsolutions.Thisarticleaimstoprovidefoundationsforbioethical reflectiononthesubjectandthuscontributetoitsdevelopmentandsolidification.
©2015SociedadeBrasileiradeReproduc¸ãoHumana.PublishedbyElsevierEditoraLtda. Allrightsreserved.
Introduc¸ão
DeacordocomoInstitutoNacionaldoCâncer(Inca),395mil indivíduosreceberão o diagnóstico de câncer noBrasil em
夽EstudoconduzidonoCentrodeAssistênciaemReproduc¸ãoHumanaGenesis,Brasília,DF,Brasil.
E-mail:ramalho.b@gmail.com
2015,excluídosostumoresdepelenãomelanoma.1Em
con-trapartida,astaxasglobaisdesobrevidaemcincoanostêm crescido, com destaquepara o câncerda mamafeminina, comsobrevidadeaté91%,eparaolinfomadeHodgkin,que podechegar a98%.2 Maisde11 mil casosnovosdecâncer
http://dx.doi.org/10.1016/j.recli.2015.11.003
nomesmoanoacontecerãoemcrianc¸aseadolescentes,1mas
asneoplasiaspediátricas,emgeral,têmrespondidomelhor aostratamentos.Asobrevidade crianc¸ascomcâncer pode atingirpercentagenspróximasde80%empaíseseuropeuse nosEstadosUnidos3e,dessaforma,épossívelqueexistaum sobreviventedecâncernainfânciaounaadolescênciaacada grupode570adultosjovens.4
Aindaqueosnúmerosdenotemavanc¸ossignificativosnos resultadosdostratamentosantineoplásicos,asobrevidapode tersuaqualidadediminuídapelaocorrênciadefalência funci-onalprecocedasgônadase,consequentemente,infertilidade. Não existem até o momento instrumentosde previsão da ocorrênciaoudotamanhododanogonadotóxico,oumesmo quepermitamaferirseodanoocorridolevaráatranstornos definitivos.5Nessecontexto,surgemquestionamentose
pro-postasparamelhoriaemanutenc¸ãodaqualidadedevidade pacientes oncológicos,dentre os quaisestão as estratégias parapreservac¸ãodafunc¸ãogonadale/oudegametase,por conseguinte,dafertilidade.
A oncofertilidade é um campo de atuac¸ão interdisci-plinar que busca associar conhecimentos em oncologia e endocrinologia reprodutiva, com a contribuic¸ão de psicó-logos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde paraodesenvolvimentoeoaperfeic¸oamentodeestratégias depreservac¸ãoda func¸ão reprodutivaemsobreviventes de câncer.6Comoocorrecomqualquerdisciplinaemconstruc¸ão,
aoncofertilidadepassaatualmenteporumperíodode amadu-recimentoetransformac¸ão,emquepesemquestionamentos éticosebioéticos.Esteartigopretendeoferecerfundamentos paraareflexãobioéticasobreaoncofertilidadeecontribuir paraoseudesenvolvimentocomomatériainterdisciplinara beneficiarpacientesquerecebemodiagnósticodecâncer.
Preservac¸ão
da
fertilidade:
indicac¸ão
médica
ou
social?
Nãorestamdúvidasdequeosmaioresbenefíciosquandose falaempreservarafertilidadesãopsicoemocionais,jáquea impossibilidadedamaternidadeoupaternidadebiológicagera angústiaeaguc¸aasensac¸ãodeimpotênciaperanteocâncere podelevaratranstornosdoconvíviofamiliaresocial.7Prover
meiosparatentarpreservarafertilidadecontempla,assim,a intenc¸ãodeatingiramelhorqualidadedevidapossívelaos
sobreviventesaocâncer,principalmentenoBrasil,emquea populac¸ãoéjovememuitosdosindivíduosacometidospela doenc¸aaterãoantesdeterconstituídoprole.
Emborasereconhec¸aoméritodacausa,inúmeros ques-tionamentossurgemjádesdeaindicac¸ão desubmissão de umpacienteoncológicoaprotocolosdepreservac¸ãode fer-tilidade.Bascoetal.(2010)8lembramque,dopontodevista
técnico,pacientesoncológicosnãosãonecessariamente infér-teis àépoca do tratamentoou oficarão após seu término, o que coloca em xeque, em tese, a indicac¸ão médica de fato.
Éprecisodeixarclaroqueaausênciatemporáriaou per-manente das func¸ões endócrina e reprodutiva depende de variáveiscomo localizac¸ãoda doenc¸a,esquematerapêutico usado, doses administradas, via de administrac¸ão e idade da paciente no momento do tratamento gonadotóxico.9,10 Crianc¸as e adolescentes podem experimentar alterac¸ões menosgravesdafunc¸ãogonadal.11
Contudo, de acordocom Larcher (2012),12 aprovisão de
estratégiasparapreservarafertilidadenavigênciade qual-quertipodetratamento queapossa afetaratingepatamar deobrigac¸ãomoral,porrespeitaraautonomiadasescolhas, fundamentoessencialparaasociedadelivre.12 Assim,
com-preendemosqueapreservac¸ãodefertilidadepré-tratamento antineoplásico transite entre a indicac¸ão médica, baseada na intenc¸ãode profilaxia,e aindicac¸ão social,baseada no impactobiopsicossocialdaincapacidadedeprocriar.
Princípios
fundamentais
da
bioética
para
oncofertilidade
Osurgimentodenovastecnologiaseoavanc¸odotratamento dedoenc¸asantesconsideradasfatais,comoocâncer,incitam arenovac¸ãodeconceitoséticosefilosóficosacercada inter-ferênciada medicina eáreas correlatas sobreo organismo humano,seubem-estaresuaintegridade.Énessecontexto que surge a bioética, que pode ser tida como uma linha doconhecimento quepretendeconservaro respeitoaoser humanoeseusvaloresético-morais,comoobjetivoessencial degarantirobem-estarindividual.Taldisciplinaconstrói-se apartirdequestionamentosque,naesferamédico-científica, usamquatrosprincípioscomopilaresparaoestabelecimento delimitesentreapesquisaeaprática(tabela1).13-15
Tabela1–Princípiosbioéticosesuaaplicac¸ãoemoncofertilidade
•Respeitoàpessoa(equivaleaoprincípiodaautonomia):Respeitoaoindivíduo,suasconvicc¸ões,seusjulgamentosesuasescolhaseprotec¸ão àquelescomautonomiadiminuída.Traduz-se,noâmbitodareproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidade,pelousoirrestritodoconsentimento livreeesclarecido.
•Beneficência:Promoc¸ãodobem-estarapartirdamaximizac¸ãodosbenefícioseminimizac¸ãodosdanosaoindivíduo.Noâmbitoda reproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidadeconsisteemtornarpossívelaprocriac¸ãoeaformac¸ãodafamília,aooferecerperspectivasde reversãodainfertilidadesecundáriaaostratamentosantineoplásicos.
•Justic¸a:Tratamentoequitativoeimparcialpautadonaigualdadedeoportunidades.Noâmbitodareproduc¸ãoassistidaedaoncofertilidade, vedaousodetécnicasexperimentaisrestritasàsminoriasecontemplaacessouniversal.
•Nãomaleficência:Obrigac¸ãodenãoimporriscosoucausardanosaoindivíduo.Nareproduc¸ãoassistidaeoncofertilidaderestringema eugenia,selec¸ãodesexoouqualqueroutrapráticapautadaemmotivofútil,alémdeembasaratriagemdedoadoresdegametasea aproximac¸ãodesuascaracterísticasfenotípicasàsemelhanc¸adoindivíduobeneficiado.
Direitos
reprodutivos
Odireito de formarumafamília eàprocriac¸ãoé reconhe-cido universalmente pela Declarac¸ão Universal de Direitos Humanos,16peloPactoInternacionaldasNac¸õesUnidassobre
os Direitos Civis e Políticos17 e pela Convenc¸ão Europeia sobreDireitosHumanos,18entreoutrosdocumentos.Em1994,
naConferênciaInternacionalsobrePopulac¸ãoe Desenvolvi-mento–PlataformadoCairo,19osdireitosreprodutivosforam
reconhecidosdeformainéditacomopartedosdireitos huma-nos.
Oncofertilidade
e
seguranc¸a
Invocando os princípios de autonomia, beneficência e não maleficência, a seguranc¸a para o paciente é a principal considerac¸ão ética para o uso de técnicas de preservac¸ão dafertilidadeapósocâncer,poisde nadaadiantaráadotar estratégiasparatantosenãohouverobem-estarfísico neces-sáriopara a paternidade e,principalmente, a maternidade saudável.20
Acriopreservac¸ãodeembriõeséométododepreservac¸ão dafertilidademaiscomumenteusadoemtodoomundo,com sobrevivênciaembrionáriaaoaquecimentodeaté80%,21taxas
degravidezdeaté43%enascidosvivosematéumterc¸odos casos,adepender dascaracterísticasindividuaisque confi-ramao pacientemelhorou pior prognósticoreprodutivo.22
Dessaforma,pode-sedizerqueousodeembriões criopreser-vadoseposteriormenteaquecidosconferechancesdesucesso semelhantesàsobtidascomembriõestransferidosafrescoa pacientesnãooncológicas.23
Ocongelamentodeespermatozoideseóvulostambémé consideradoumaopc¸ãoparausorotineiro24eassumegrande
importância ao eliminareventuais dilemas éticos,legais e religiososqueenvolvemocongelamentodeembriões.Dessa forma,torna-separticularmenteinteressantepara adolescen-tes,homensemulheressolteirosemulheresquenãoaceitem afertilizac¸ãodeseusóvulosporespermatozoidesdedoador anônimo,ouaosindivíduosqueporquestõespessoaissejam contraocongelamentodeembriões.
Aevoluc¸ãodoconhecimento sobreacriopreservac¸ãode oócitosmadurosfoirelevantenosúltimosanos,com sobre-vivênciaquasetotaldosgametasapósoaquecimento.25 De
acordocomestudoamericanorecente,astaxasdefertilizac¸ão egravidez sãode 67%e33%,respectivamente,26resultados
reprodutivos muito próximos dos obtidos com gametas a fresco.Poressemotivo,ocongelamentodeóvulosfoi recen-temente adicionado como prática consagrada, e não mais experimental,paraapreservac¸ãodafertilidadeempacientes oncológicas.24
Do ponto de vista ético, uma importante limitac¸ão dos métodos aceitos como rotineiros seria a necessidade de adiamentodotratamentoantineoplásico emduas aquatro semanas,o quesetem resolvidopelo desenvolvimentode protocolosdeestimulac¸ãoovarianadeinícioimediato,com resultadossignificativamentepromissores.24Outrasaídapara
o problemaseria o desenvolvimentoda maturac¸ão in vitro
deoócitoscaptadosdeováriosnãoestimuladose,portanto,
imaturos.Infelizmente,atecnologiadematurac¸ãode game-tas femininos invitro aindaprecisa evoluir eos resultados nãopermitemqueaestratégiasejausadarotineiramentee permanecenaesferaexperimental.27,28
A possibilidade de estimulac¸ão de tumores hormônio--dependentes implica limitac¸ão ética, por interferir na seguranc¸aparaopaciente.Masissonãoestáainda estabele-cidoeváriosestudostêmdocumentadoousodedrogascomo letrozoletamoxifenoemprotocolosopcionaisaosusadospara estimulac¸ãotradicional,semevidênciadarecorrênciado cân-ceremcurtoprazoecomresultadossatisfatórios.29
Seguranc¸as
das
técnicas
consideradas
experimentais
A criopreservac¸ão de ovário íntegro ou do córtex (para reimplanteoucultivodefolículosisolados,oumesmo xeno-transplante),deóvulosimaturos(paramaturac¸ãoinvitro),de espermatozoides emformas jovens(espermatogônias obti-das porpunc¸ão),oudetestículos íntegros(parareimplante ou xenotransplante),são técnicasconsideradas experimen-tais,masquesetornariammuitoimportantesnapráticapor eliminardilemaséticos,legaise/oureligiososqueenvolvem ocongelamentodeembriõeseaestimulac¸ãohormonalem crianc¸aseadolescentes.
Atualmente,comopartesdeprotocolosdepesquisa devi-damenteregistradoseemcentrosapropriados,surgemcomo opc¸õesdepreservac¸ãodafertilidadeemgruposparticulares, para os quaisastécnicas convencionais nãosão recomen-dáveis: pré-púberes femininos e masculinos; adolescentes jovens; mulheres sem parceiro fixo e que não aceitam a fertilizac¸ãodeseusóvulosporgametasdedoadoranônimo ouque,porquestõespessoais,nãodesejamserestimuladas hormonalmente.20,30
Pordispensarestimulac¸ãoovariana,qualquerdas estraté-gias postasempráticaatenderia àsportadorasdetumores hormônio-dependentesouasquerequeremabordagem ime-diata da doenc¸a, para as quais o tempo necessário para induc¸ãodaovulac¸ão,mesmoemesquemasconsiderados rápi-dos,adiariaoiníciodotratamentodeformapresumidamente lesiva.
Sob esseaspecto, emmulheresa coletadotecido corti-cal ovariano ou ovário total oferece a vantagem de poder ser feita em qualquer momento do ciclo menstrual, por vídeolaparoscopia, e possibilitar a aquisic¸ão de centenas de milhares de folículos primordiais em estágios iniciais dedesenvolvimento.20,31 Atéomomento,60nascidos vivos
foramdevidamenterelatadosapartirdousodetecido ova-rianocriopreservado.32Acriopreservac¸ãodetecidotesticular
outestículototalouespermatogôniasaindanãofoitestada comsucessoemsereshumanos.24
Umaspectoimportantedopontodevistaéticoéa preten-sãodesetornarviáveloreimplantedotecidodescongelado depoisdaremissãodocâncer,podem-seobtergestac¸õesaté mesmoporconcepc¸ãoespontânea.Agrandelimitac¸ãoestá noriscopresumidodequeotecidoreimplantadocontenha focosmetastáticosquepossamlevaràreincidênciado cân-cer.Emboranãoexistamrelatosnoscasosatéhojefeitos,o
pacienteeseusparentesdevemserbemesclarecidossobre essahipótese.33
Oncofertilidade
e
seguranc¸a
da
prole
Nocasodaprole,osprincípiosdebeneficênciaenão male-ficência são as bases fundamentais da seguranc¸a como considerac¸ãoéticaparaousodetécnicasdepreservac¸ãoda fertilidadeapósocâncer,poisdenadaadiantaráadotar estra-tégiasparatantosehouverriscoselevadosdeadescendência carregarconsigoproblemasdesaúde.
Sobreaprolede pacientescom afertilidaderecuperada apósaremissãodocâncer,hádeseconsideraralguns aspec-tos:(1)apossibilidadederecorrênciadadoenc¸a,oqueimpede aexistênciadecondic¸ões mínimasparacuidarda proleou levaàorfandadeprecoce;30(2)asaúdedascrianc¸asgeradas
emorganismossujeitosàssequelasdostratamentos antineo-plásicos;e(3)asaúdedecrianc¸asconcebidasportécnicasde reproduc¸ãoassistida(TRA),apósaquecimentoemanipulac¸ão deembriõesegametas.
A
problemática
da
orfandade
precoce
Apossibilidadedeaproleresultantedosucessoreprodutivo nesse grupode pacientes experimentar prematuramente a orfandadedepaioumãeépreocupac¸ãosignificativadoponto devistaético-assistencial,bioéticoesocial.
DeacordocomaAmericanSocietyforReproductive Medi-cine,tais preocupac¸õesnão devem sermotivos suficientes para contraindicar para pacientes oncológicos a possibili-dadedeprocriac¸ãopós-tratamento.34 Em grandepartedos
casos,restaumdosgenitoreseasestratégiasdepreservac¸ão defertilidade disponíveisatualmentepermitem armazena-mentodegametasetecidosgonadaispassíveisdedescarte em caso de má evoluc¸ão da doenc¸a e óbito do paciente. Naturalmente, a preservac¸ão de fertilidade em indivíduos solteirospoderia causarmaior problemaem caso de óbito com prole constituída de forma independente. Mas mui-tosdessespacientes,principalmente osmaisjovens, serão solteiros à época do câncer e terão parceiros à época da procriac¸ão.35
Saúde
da
prole
gerada
após
o
câncer
Os filhos de homens e mulheres sobreviventes ao câncer parecemnãoapresentarproblemasdesaúdequejustifiquem maiorpreocupac¸ão.Nemmesmoahereditariedadedo cân-cerencontrarespaldosuficientenaliteraturaquejustifique argumentocontrárioàpreservac¸ãodafertilidade.34Deacordo
comoChildhoodCancerSurvivorStudy,entretanto, mulhe-ressubmetidasàradioterapiaabdominalouàquimioterapia comagentesalquilantessãocandidatasempotenciala com-prometimentouterinoesuasgestac¸õespodemevoluircom perdasgestacionaisprecoces,partospré-termo,baixaestatura oubaixopesodoconceptoaonascimento.36
Saúde
da
crianc¸a
concebida
por
técnicas
de
reproduc¸ão
assistida
A interferênciadas TRAsobrea saúde das crianc¸asassim concebidas émotivofrequentede preocupac¸ão.Entretanto, oscasaissubmetidosatratamentosbem-sucedidos devem sertranquilizadosquantoàsaúdeda prole,principalmente emgestac¸õesúnicasecomnascidosatermo.37Ébemsabido
quegestac¸õesmúltiplasdecorrentesdasTRAsãoas princi-paiscausasdepartopré-termo,baixopesoaonascimentoe mortalidadeperinatal,38oquesetemresolvidopela
transfe-rênciaeletivadeumoudoisembriõessemprejuízodastaxas desucesso.
Éverdadequeproblemasgenéticoseepigenéticose defei-tos congênitos possam sermais frequentes entre crianc¸as concebidaspelasTRA,emboraatéomomentoaquase tota-lidade de crianc¸as assim concebidas descenda de casais inférteis, paraos quaisainfertilidade porsi éconsiderada fator derisco para asaúdeda prole.É perfeitamente acei-tável,assim,ahipótesedequecrianc¸asconcebidasporTRA oriundasdepacientesnãonecessariamenteinférteistenham evoluc¸õesdistintaseaindanãoexploradas.
Se houver preocupac¸ões, os defeitos congênitos, sem dúvida, figuramentreas principais.Na prática, contudo, a estimativadoriscoabsolutoapartirdocálculodoNúmero NecessárioparaPrejudicar(NNP)érelativamente tranquiliza-dora.DeacordocomHansenetal.(2005),39asmalformac¸ões
congênitasapósTRAteriamoddsratiode1,4,oquesignifica afirmarqueoNNPéde250quandoaprevalênciadedefeitos congênitosnapopulac¸ãodereferênciaéde1%.39
Sendoassim,pode-seinferirque,noBrasil,seriam neces-sáriosmaisde250nascimentosconcebidosporTRAparaque nascesse mais umacrianc¸a com malformac¸ão em relac¸ão àsconcebidasnaturalmente,seassumirmosprevalênciade malformac¸õescongênitasdeaproximadamente0,8%entreos nascidosvivos.40
Regulamentac¸ão
no
Brasil
Atéomomento,nãoexistenoBrasilleiordináriaque regu-lamente ouso das técnicas de reproduc¸ão assistida e,por conseguinte,apreservac¸ãodafertilidade.Apráticaéregida pela resoluc¸ão n◦ 2121/2015 doConselho Federalde Medi-cina(CFM),41quecontemplaaoncofertilidade,principalmente
no que tange ao destino dado ao material armazenado, à reproduc¸ãopóstumaeàcessãouterinatemporária.
Questões referentes ao período de armazenamento dos tecidos congelados em bancos, bem como a doac¸ão para outremouparaapesquisacientífica,permanecemcomo dile-mas éticos. Apesar dosesforc¸os para suaregulamentac¸ão, apenasaevoluc¸ãodessenovocampodamedicinapermitiráa formulac¸ãoderespostas.
Destino
de
material
criopreservado
e
reproduc¸ão
póstuma
Deacordocomaresoluc¸ãoCFMn◦2121/2015,éimprescindível queodestinodeembriões,gametasetecidoscriopreservados
sejaexpressopelopacienteporescrito,paracadatipo especí-ficodesituac¸ão,épermitidaareproduc¸ãopóstuma,desdeque setenhadocumentadoemvidaodesejodaprocriac¸ãonessa situac¸ão.41
Glantzet al.(2009)42 chamaram atenc¸ão paraodivórcio
desobreviventesaocâncercomoumproblemaético-jurídico significativo, principalmente quando envolvido o congela-mentodeembriõesparapreservac¸ãodafertilidade.Deacordo comosautores,oriscodeseparac¸ãoedivórcioseriade2,9% quando o parceiro masculino é afetado pelo câncer e de 21%quandoamulheréacometida,motivospelosquais, prin-cipalmente nessa última situac¸ão, é imprescindível que o destinodomaterialcriopreservadoestejabemdocumentado. Aresoluc¸ãoCFMn◦2121/201541consideraaexpressãoda
vontadedoindivíduonomomentoda criopreservac¸ãopara destinac¸ãodeseumaterialbiológicoemcasosdedissoluc¸ão dauniãodocasal,doenc¸asgravesouóbitodeumdos parcei-ros,assimcomoparadeterminac¸ãodotemponecessáriopara adoac¸ãoaterceiros.Ainda, desafiandooslimitesprevistos pelaleidebiosseguranc¸a,43aceitaodescartedeembriões
cri-opreservadosdepoisdecincoanoscomoconsentimentodos seusgenitores.
Doac¸ão
temporária
de
útero
Paraoscasosemqueagravideznãoémaispossívelapósa remissãodocâncer,porausênciadoúterooucondic¸ões uteri-nasjulgadasinsuficientesparaabrigaroconceptodeforma saudável, pode-se usara gestac¸ãode substituic¸ão(ou ces-sãotemporáriadoútero),desdequeasdoadorastemporárias pertenc¸amàfamíliadeumdosgenitoresemparentesco con-sanguíneoatéoquartograu.41
Consentimento
livre
e
esclarecido
A liberdadede agir de acordo com as próprias convicc¸ões édireito fundamentaldocidadãoe,nocaso dareproduc¸ão humana assistida e da prescric¸ão de estratégia para preservac¸ãodafertilidade,contemplaoprincípioda autono-miaedeveserpreferencialmentedocumentada.Aobtenc¸ão formaldoconsentimentotraduzatransparênciadodiálogo entreassistenteepacienteaobuscarinformar,apontar ris-cos, sanar dúvidas e oferecer opc¸ões de abordagem, sem manipulac¸ãoedeformarespeitosa.
Consentimento
de
indivíduos
adultos
Esclarecer o paciente e seus parentes acerca dos possí-veisbenefícioseriscosdeprocedimentosetratamentosaos quaisserásubmetido,alémdeserobrigac¸ãodoprofissional de saúde, fortalece a confianc¸ado paciente na assistência proposta.44Trabalharacomunicac¸ãoentremédicoepaciente
remete a preceitos éticos etraduz-se namelhor forma de comprometê-locomseuprópriotratamento,ofazsentir-se personagemdaabordagemterapêutica,emvezdeobjeto.Por fim,denotarespeitoàautonomiaeàlivreinformac¸ão,direitos fundamentaisdocidadãoepilaresdabioética.45
Independentementedeseratécnicadepreservac¸ãoda fer-tilidade recomendadaexperimentalounão,deve-seobtero consentimentolivreeesclarecidodopaciente, preferencial-menteporescritoenapresenc¸adeumaouduastestemunhas. Issodeveserfeitocomaintenc¸ãoderegistraralivreescolha terapêuticapelopaciente,depoisdedevidamenteesclarecido sobreasopc¸õesdisponíveis,osprocedimentosnecessários, osriscosrelativosàoeventualadiamentodoiníciodo trata-mento antineoplásico, os custosaproximados(inclusive de manutenc¸ão de materiais biológicos criopreservados) e as chancesde sucessoreprodutivo. Éde extremaimportância queopaciente eseus parentesrecebaminformac¸õessobre uso edescarte de gametase/ou embriões e/ou tecidos, de acordocomaprevisãolegalouresoluc¸õesvigentesàépoca dodiagnóstico.41,46
A expectativa de poder gerar uma crianc¸a depois de uma neoplasia malignaéfator de melhoria da autoestima econsidera-sequeconcorraparaaaceitac¸ãodotratamento eseus efeitos adversos.Entretanto, osproblemas advindos da construc¸ãode falsasexpectativas porpartedopaciente e/oudeseusparentespodemsermaislesivosdoqueaqueles causadospelaprópriainfertilidade.Dessaforma,oriscode insucessodeveseresclarecido,poisasestratégiasde aborda-gemdisponíveisnãosãosuficientementecapazesdegarantir aprocriac¸ãobiológicaouaintegridadedegametasetecidos gonadaiscriopreservadosapósoaquecimento.
Consentimento
de
menores
ou
incapazes
Umaquestãoimportanteedelicadaéoprocessodeobtenc¸ão doconsentimentolivreeesclarecidoparapreservac¸ãoda fer-tilidadedecrianc¸aseincapazes.Issoporqueotemaédedifícil contextualizac¸ãonafaixaetáriaounaausênciade consciên-ciaparataldecisãoebaseia-senapossibilidadedevivência deapenassupostotraumapsicossocialnavidaadulta.Ainda, porqueastécnicasconsideradasmaisadequadaspara indiví-duossexualmenteimaturossãoexperimentais.30
Nesses casos, os pais ouresponsáveis legais costumam tomar a decisão em nome dopaciente, assessorados pela equipe multidisciplinar.Observa-se comumentea exclusão dopacientedasdecisõesaseremtomadasemtornodo tra-tamentoantineoplásico.Osmotivosparatantopassampelo objetivoterapêuticofocadoexclusivamentenacuradocâncer, pelodesconfortodospaisepelodesejodeprotegeracrianc¸a ouadolescentecontraaansiedadegeradaporquestõescomo sexualidadeeprocriac¸ão.47
Cabe ressaltar, contudo, que em situac¸ões que interes-semcrianc¸aseadolescentes, especialistaseméticamédica e sociedades deespecialidade, como aAmerican Academy ofPediatrics,recomendamquesepermitaamanifestac¸ãoda crianc¸acomidademaiordeseteanos48eatémesmoarecusa
àpreservac¸ãodafertilidade,aindaqueessasejaumdesejo dospais.35
Porfim,comaevoluc¸ãodaregulamentac¸ãodapreservac¸ão dafertilidade,éticae/oulegal,seráimportanteconsiderara restric¸ãodousodegametasoutecidosgonádicoscom propó-sitosreprodutivosantesdeacrianc¸adequemforamretirados sercapazdeforneceroconsentimentoinformadolegalmente reconhecido.49
Aspectos
religiosos
Apreservac¸ãodafertilidadeeapossibilidadedereproduc¸ão assistida,emanáliseampla,geramimportantesconflitos tam-bémnaesferareligiosaepodeoarmazenamentodegametas comprometera aceitac¸ão das crianc¸as delesoriundas pela comunidadecorreligionária.49
Asdoutrinascatólicaeislâmicaparecemserasque encon-trammaisrestric¸õesàreproduc¸ãomedicamenteassistidae, porconseguinte,àstécnicasdepreservac¸ãodefertilidade,ao excluiraspossibilidadesdeprocriac¸ãoforadocasamentoou emrelac¸õeshomossexuais,assimcomousodegametasde doadorecessãouterinatemporária.50Taisdoutrinas,ainda,
nãoaceitamafertilizac¸ãoinvitro,ainseminac¸ãoartificialoua concepc¸ãopóstuma,quedesvinculamareproduc¸ãohumana docoito.
Paraoislamismo,areproduc¸ãopostmorteméinaceitável porqueocorredepoisdotérminodocontratomatrimonial.51
Apossibilidadedeusodetecidoovarianocriopreservadopara reimplanteautólogoeconcepc¸ãoporvianatural,entretanto, nãopareceferirosprincípiosdocatolicismoeépossívelque oVaticanoendosseessaestratégia.52
O judaísmo aceita qualquer tipo de TRA, inclusive a reproduc¸ão póstuma, mas apenas quando os gametas ou outrostecidossãoextraídosdomaridooudaesposa,masnão astécnicasdeconservac¸ãodegametasnaausênciadeuma relac¸ãomatrimonialestabelecida.53
Como
sensibilizar
os
oncologistas
A oncofertilidade ainda encontra grande resistência por parte dos oncologistas, uma vez que o tempo é normal-menteescassoparapacientesoncológicaseasestratégiasde preservac¸ãorequerempartedessetempo.Oassuntoganha corpopelosuportenaindividualizac¸ão,numaépocaemque amedicinabusca aalcunha da humanizac¸ãoevaloriza-se sobremaneiraorespeitoàautonomiaeaqualidadedevida comopilaresdetratamentosemqualquerespecialidade.
Aparentemente,oncologistasencaramainfertilidade pro-vocadapelostratamentosantineoplásicoseaimpossibilidade da maternidade biológica como assuntos de importância secundáriafrenteaodiagnósticodedoenc¸amaligna.Contudo, considerando-sequeaincidênciademuitoscâncerescresce comoaumentoda idadeepelaclaratendênciadamulher modernadepostergaramaternidade,pode-sedizerque espe-ramostercadavezmaissobreviventesdocâncerinteressadas emsermãesequeaindanãooforamantesdocâncer.54
Considerac¸ões
finais
Nãohádúvidassobreaimportânciadosganhos psicoemocio-naisaosefalarempreservac¸ãodafertilidadedepoisdocâncer, jáqueaimpossibilidadedaconcepc¸ãobiológicaérazãode grandeapreensãoedestacaaimpotênciapercebidafrentea umadoenc¸agrave.Preservarafunc¸ãogonadale,dessaforma, afertilidadeamparaaintenc¸ãodeofereceramelhorqualidade devidapossívelaossobreviventesdocâncer,principalmente
noBrasil,emqueapopulac¸ãoéjovememuitaspacientesterão adoenc¸aantesdeconstituiraprolepretendida.
Ao valorizar a fragilidade e a pressão psicoemocional trazida pelo diagnóstico de umcâncer esua interferência significativanacapacidadedeentendimentoeaceitac¸ãodo paciente eseus parentes,ainterdisciplinaridade torna-sea essênciaparaaabordagemadequadaemoncofertilidade.
Nessecontextoemqueimperamincertezas,édeextrema importânciaoesclarecimentodopacienteouseuresponsável legale dosparentes envolvidosno processo,além do con-sentimentolivreeesclarecido.Espera-sequeosprincípiosda autonomia,dabeneficênciaedanãomaleficênciasirvamde bússolasparaasestratégiasescolhidas,comodevidorespeito àopiniãodacrianc¸aquandoemcondic¸õesdecompreender minimamenteoquesepassa.Asdecisõessobreapesquisae tratamentoemoncofertilidaderequerematenc¸ãoaosvalores pessoais,àsemoc¸õeseàssuasimplicac¸õesparaatomadade decisõesdelongoprazoeessasdiscussõeslevamtempo.55
O armazenamento de gametas ou gônadas por longos períodosgeraquestõessemrespostasatéomomento,mas quemerecematenc¸ão,reflexãoediscussãoantesdeseoptar por um protocolo de preservac¸ão da fertilidade.55 O
inte-ressedopacientejovemcuradodeumcâncerpelaprocriac¸ão podesurgirapenasmuitosanosdepoisdoprocedimento.Por quantotempoomaterialbiológicocriopreservadoseráviável? Emboraoespermatozoidecriopreservadopossapermanecer viávelpormaisdeduasdécadas56etenhamosindíciosdeque
otecidoovarianoresistaaocongelamentoemcurtoprazo,31
aexperiênciacomessaeoutrastécnicasémuitorecentepara garantirseguranc¸a.Seráqueosprocessosdecongelamentoe aquecimentopodemafetaraqualidadeeafunc¸ãodecélulase tecidosarmazenados?Seráqueésegurousá-los?São pergun-tasqueapenasotempoeaexperiênciapermitirãoresponder.
Conflitos
de
interesse
Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.
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