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A prática pedagógica como obra de arte: aproximações à estética do professor‐artista

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Revista

Brasileira

de

CIÊNCIAS

DO

ESPORTE

ARTIGO

ORIGINAL

A

prática

pedagógica

como

obra

de

arte:

aproximac

¸ões

à

estética

do

professor-artista

Karen

Lorena

Gil

Eusse

a,∗

,

Valter

Bracht

a,b

e

Felipe

Quintão

de

Almeida

a,b

aProgramadePós-Graduac¸ãoemEducac¸ãoFísica,CentrodeEducac¸ãoFísicaeDesportos,UniversidadeFederaldoEspíritoSanto,

Vitória,ES,Brasil

bDepartamentodeGinástica,CentrodeEducac¸ãoFísicaeDesportos,UniversidadeFederaldoEspíritoSanto,Vitória,ES,Brasil

Recebidoem1dejulhode2015;aceitoem1dedezembrode2015

DisponívelnaInternetem25dejaneirode2016

PALAVRAS-CHAVE

Educac¸ãofísica; Práticapedagógica; Professor-artista; Ensino

Resumo A partir deuma análiseteórico-conceitualda obrade Hans-Georg Gadamer,este estudoproporcionaumdiálogoentreaarte,aeducac¸ãoeaeducac¸ãofísica.Naprocurapor abrirumcaminhoopcionalaodominante,oferecidopelaracionalidadetécnico-instrumental, discuteaideiadoprofessor-artista.Apresentaasreflexõessobreaobradeartenostextosdo filósofoalemão,situa-asnostrêsgrandesmomentosdaestruturadeumapráticapedagógica: planejamento,execuc¸ãoeavaliac¸ão.Asconsiderac¸õesfinaisanunciamalgumaslimitac¸õesda propostaapresentada.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados. KEYWORDS Physicaleducation; Teachingpractice; Teacher-artist; Teaching

Pedagogicalpracticeasworkofart:approachestoteacher-artistaesthetic

Abstract Thisstudyprovidesadialoguebetweenart,educationandphysicaleducationfrom atheoreticalandconceptualanalysisofHans-Georg Gadamer’swork.Towarddiscussingthe possibilityofateacher-artist,itsearchesanalternativewaytothe‘‘dominant’’oneoffered bytechnical-instrumentalrationalitytodiscuss.TheanalysisoftheworkofartintheGerman Philosopher’s texts is presentedplacingthem in thethreemost importantmomentsofthe structureofapedagogicalpractice:planning,implementationandevaluation.Somelimitations oftheproposalareannouncedinthefinalconsiderations.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.

Opresentetrabalhoéprodutodeumadissertac¸ãodemestrado(Eusse,2015).

Autorparacorrespondência.

E-mail:kalogil@yahoo.es(K.LorenaGilEusse).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2015.12.015

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PALABRASCLAVE

Educaciónfísica; Prácticapedagógica; Profesor-artista; Ense˜nanza

La práctica pedagógica como obra de arte: aproximaciones a la estética

delprofesor-artista

Resumen: A partir de un análisis teórico-conceptual de la obra de Hans-Georg Gadamer, esteestudioproporcionaundiálogo entreelarte,la educaciónyla educaciónfísica.Enla búsquedaporabriruncaminoalternativoal«dominante»,ofrecidoporlaracionalidad técnico-instrumental,trata dela idea delprofesor-artista.Muestralasreflexionessobrela obrade arteenlostextosdelfilósofoalemánylossitúaenlostresgrandesmomentosdelaestructura deunaprácticapedagógica:planificación,ejecuciónyevaluación.Lasconsideracionesfinales presentanalgunaslimitacionesdelapropuesta.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.

Introduc

¸ão

Váriascríticasforamproduzidasaoquesecostumachamar de racionalidade técnico-instrumental. Schön (2000), por exemplo,definearacionalidadetécnicacomoumarelac¸ão objetivista que estabelece o profissional com a realidade queeleconhece,segueaideiadequetodoconhecimento profissionalsebaseiaem umalicerce defatos,emque os fatossãooquesão,firmes,imutáveis,eosdesacordossão solucionáveiseostoma-oscomoreferência.Deformageral, oprofissionalqueoperasobessaperspectivaéaqueleque

[...]estásemprepreocupadocomproblemas instrumen-tais.Elebuscaosmeiosmaisadequadosparaaconquista definsfixosenãoambíguos[...]esuaeficáciaémedida pelosucessoemencontrar,emcadainstância,asac¸ões queproduzemos efeitos pretendidos, conscientescom seusobjetivos. Nessavisão, acompetência profissional consiste na aplicac¸ão de teorias e técnicas derivadas dapesquisasistemática,preferencialmentecientífica,à soluc¸ão de problemas instrumentais daprática(Schön, 2000,p.37).

Para Tardif (2002), a racionalidade instrumental em educac¸ãoexigedapedagogiaseconcentraremseguiras exi-gênciasque demandaaciênciamoderna.Esse movimento ocorre,talvez,na procura porganhar legitimidade frente àsoutrasciências.Assim,a pedagogiaadota umapostura dominadoraderepresentac¸ãodoobjeto,criarelac¸ões epis-temológicas rígidas,isolamento metódico, desconexão do educativo,entreoutros.Essaformadeproceder objetiva-doranãoconsegue reconhecera alteridadee ‘‘na prática educativa,quandoseantecipaàpretensãodooutro, [ape-nas]pormeiodeconhecimentoscientíficos,seestabelece oriscodarelac¸ãoautoritáriaeviolenta,poisooutrodeve seguirdeterminac¸õesquenãopassarampeloseu reconheci-mento’’(Hermann,2010,p.117).

As limitac¸ões atribuídas à racionalidade técnica tam-bém repercutiram na educac¸ão física a partir dos anos 1980.Elassemanifestaram,porexemplo,nacríticaqueos

intelectuaisdo‘‘movimentorenovador’’1(Caparroz,2005) enderec¸aramaoesporteeaotecnicismoqueorientavaseu ensino, então baseado numa racionalidade meio-fim que preconizavamaisodesempenhotécnicoetáticoeaaptidão físicadosalunos.Maisrecentemente,essacríticatambém foiimportanteparaserepensaremosmodelosdeformac¸ão inicial e continuada do campo, nos quais imperava uma didáticatecnicista(Bracht,2010),caracterizadaporaquilo queBettieBetti(1996)chamaramdecurrículo tradicional--esportivo.Énessecontextoqueconceitoscomo‘‘professor reflexivo’’,‘‘professorpesquisador’’,‘‘autoriadocente’’se tornarampresentesnateorizac¸ãodaeducac¸ãofísica(Bracht etal.,2007)parasecontraporaoslimitesdaracionalidade técnicanoensinodadisciplina.

Considerando essa crítica à racionalidade técnico--instrumentalemeducac¸ãoesuasrepercussõesnaeducac¸ão física,pensamosna ideiadoprofessor-artista comoopc¸ão aopredomíniodaquelaracionalidadenoensino.Paratanto, analisamosostrêsgrandesmomentosdaestruturadeuma práticapedagógica,ouseja,oplanejamento,aexecuc¸ãoe aavaliac¸ão,àluzdasreflexõessobreaobradeartecontidas nafilosofiadeHansGeorgeGadamer.Asconsiderac¸õesfinais anunciamalgumaslimitac¸õesdapropostaapresentada.

Gadamer

e

a

prática

do

professor-artista

Iniciemos com o momento do planejamento. González

e Fensterseifer (2006) refere-se à aula como

‘‘acontecimento’’ e apontaa importância do planeja-mentoparaaaula deeducac¸ãofísica,masreconhece que ela é um fenômeno vivo, capaz de nos surpreender. Isso significa que o planejamento de uma aula não pode ser um momento unicamente racional, instrumental, porque, comodizTardif(2002,p.103),

1Movimento que propõe um redimensionamento da tradic¸ão

esportivistadaeducac¸ãofísicaefazumreconhecimentodeuma educac¸ãofísicacrítica,afeitaàsdemandaseducacionais,comuma prática engajadae deum componentecurricular comprometido comummodeloespecíficodehomemesociedade(Machado,2012).

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[...]umprofessor ‘nãopensasomente com acabec¸a’, mas‘comavida’,comoquefoi,comoqueviveu,com aquiloqueacumulouemtermosdeexperiênciadevida, emtermosdelastrodecertezas.Emsuma,elepensaa partir desuahistória devida nãosomenteintelectual, nosentidorigoroso dotermo, mastambémemocional, afetiva,pessoaleinterpessoal.

No planejamento, a ac¸ão estritamente racionalizada, indiferente à ‘‘vivência’’ ou à experiência, pode se tor-nar um processo mecanicamente perigoso porque, ao se ter uma forma de agir estandardizada, o ser deixa, sim-plesmente,depensar.ParaGadamer(2011,p.26),2‘‘[...] quantomaisintensivamenteaáreadeaplicac¸ãoé raciona-lizada,maisfaltaopróprioexercíciodojuízoe,comisso, aexperiênciapráticanoseuverdadeirosentido’’.O profes-sor, quandoplaneja, cria, tomadecisões e improvisa,em umaconstantearticulac¸ãoentreosaberteórico,científico eformal,pertencentes àesferaprofissional. Alémdesses, orienta-se por saberes da esfera pessoal, referente aos seussentireseàsuaexperiênciaprática.SegundoLovisolo (1993), referindo-seao bricoleur, por vezes denominamos essacompetência decombinarrecursosdiversosdearte.3 Issoindicaque,naatividadedessebricoleur,seugênio, ins-tinto, sua percepc¸ão são fundamentais.4 A chave de sua atuac¸ãoéamediac¸ãoentreracionalidades,entresaberes. Os conhecimentos do saber técnico, que é aquele saber especializado queseaprende expressamente,nãose des-ligamdosaberdaexperiência,queéaquelesaberprático geralhumanoqueseacumulaporquemvive;abarcaaesfera profissional,mas,damesmamaneira,todaaexistência pri-vadaepessoal.‘‘Écertoquetalsaberé‘subjetivo’,quer dizer,emgrandeparteincontroláveleinstável.Noentanto, trata-sedeumsabernoqualaciêncianãopodenegarseu interesse’’ (Gadamer,2011,p. 9).Acriac¸ãodo professor--artista(da práticapedagógicacomo umaobradearte)é umfenômeno vital, por isso exigedele algo mais doque apenasconhecimentocientífico,teóricoetécnico.

Depois de resgatar o valor dos saberes da experiên-cia e tendo como referência que a arte pode nascer de umavivência,5pensamosque,noplanejamento,nacriac¸ão,

2Gadamer(2011),nolivroOcaráterocultodasaúde,oferecea

possibilidadedevisualizarasaúdeemrelac¸ãoàarte;refere-seà intervenc¸ãodomédico,faladeumaartemédica,emqueasaúde seconverteemumaesferaquetemcondic¸õesdepossibilidadede relativizarototaldomíniodoconhecimentocientíficonamedida emqueintegraaspectosdaexperiênciaecostumesdoser.

3Aliás,eleprópriocaracterizouaintervenc¸ãoquefazoprofessor

deeducac¸ãofísica,apartirdessaespecificidade,comoaarteda mediac¸ão.

4Oconhecimentotécnicoemrelac¸ãoàcriac¸ãodaobradearte

éfundamental.Éinegávelqueoartistaprecisadodomíniotécnico parapoderdarvidaàsuaobrae,porisso,écientedesse conhe-cimentoedaprópriacriac¸ão.Omesmo,obviamente,serveparao casodapráticapedagógicadoprofessor-artista.Acríticaà racio-nalidadetécnicaemeducac¸ãonãopressupõeseuabandono,mas promoversuamediac¸ãocomoutrasdimensõesdosaber.

5A‘‘artevivencial’’éumtipodeartemencionadanaobrade Gadamer(1993),comoaquelaqueexpressaumavivênciaesurge dela; éaarte queestá determinada porumavivênciaestética. Essacriac¸ãonasce,precisamente,apartirdaaberturapara viven-ciaresteticamenteumespac¸o.‘‘Algoseconverteemumavivência

o professor-artista precisaria ‘‘percorrer um território’’,6 aventurar-se,arriscar-seaquebrarasprópriasresistências, atrever-seahabitaromundonoseu‘‘estaraí’’7para con-seguircriaronovooutransformarojáexistente,porqueno viverestáaluzquepermiteprojetarsuaobra.

Nessacriac¸ão a partirda aberturaà vivência estética, ele,o professor-artista,nãorepresentaumaformanasua prática,nãoplanejasuaobraapartirdacópiade estrutu-rasjáestipuladasouguias.Ao contrário,reconhecequeo espac¸odaaulaserásemprediferente.Emúltimainstância, conformedisseGonzálezeFensterseifer(2006,p.6),‘‘[...] elanãoéumaetapadeuma‘linhademontagem’,masparte deumprocessoqueenvolvesujeitos’’.

Mascabeaclararqueacriac¸ãovalorizaasformas tradi-cionais.DizGadamer(1985,p.20)que‘‘nenhumartistade hoje,semaintimidadecomalinguagemdatradic¸ão, pode-riaterdesenvolvidoasprópriasaudáciasenemoadmirador daartedeixadeestarconstantementecercadoda simulta-neidadedepassadoepresente’’.AgregaqueMnemósine,a musadamemória,porsuaac¸ãorecordativa,é, aomesmo tempo,amusadaliberdademental.‘‘Masatarefadereunir ohojee aquelareminiscênciadepedradopassadoé uma boailustrac¸ão parao quea tradic¸ãoé sempre. Ela nãoé restaurac¸ãonosentidodeconservac¸ão,maséuma recipro-cidadeconstante entrenosso presentee seus objetivos e ospassadosquetambémsomos’’(Gadamer,1985,p.74).É possívelplanejar/criarumapráticacomoobradeartea par-tirdevivênciasenumaconstanteconversacomatradic¸ão, senti-lapresenteeconstruí-la comopassadodeumfuturo próximo.

Jáparaomomentodaexecuc¸ãodapráticapedagógica, poderíamosdizer que, diferentementedotrabalhode um artesãoou arquiteto, o trabalhoartístico do professorse configura nocontato com outroshumanos e isso faz com quetantoa construc¸ão comoosresultadosdaobrasejam diferentes.

Aobradoprofessor,àsemelhanc¸adaobradearte,não gera um produto que se dispõe a outros para seu uso;8

enquantoquenãosóévividosenãoqueofatodequeotenhasido temtidoalgumefeitoparticularquelheháconferidoumsignificado duradouro’’(Gadamer,1993,p.97).Combasenisso,devemos apon-tarquenemtodavivênciaétransformadaemarte.Gadamer(1993)

resgataaslimitac¸õesdeumpensamentoreducionistadaarte viven-cialquepensaacriac¸ãodaobracomoumatraduc¸ãodefatos,como manifestac¸õesgeniais‘‘comaseguridadedeumsonâmbulo’’que deveseconverteremvivênciaparaquemaexperimentatambém.

6Expressãoqueserefereàaventurainscritaaoconceitode

expe-riência(Flickinger,2014,p.48).

7Gadamer(2011)retomao‘‘estáaí’’deHeideggerparasereferir

aoserhumanopresenteemseu‘‘estar-entregue’’,emseu ‘‘estar--aberto’’’eeminteirareceptividade.

8Isso distingue a arte ‘‘[...] de todas as realizac¸ões

produti-vasdahumanidade,notrabalho manualenatécnica,nosquais foramdesenvolvidososaparelhoseosinstrumentosdenossavida prático-financeira.Éprópriodelesquecadapec¸aquefazemossirva apenascomomeioeinstrumento.Nãodizemosqueéuma‘obra’, quandoconseguimosumobjetodomésticoprático.Éumaunidade. É-lheinerentearepetibilidadedafabricac¸ãoecomissoa substi-tuibilidadebásicadecadaumdessesaparelhospelageneralidade funcionaldeterminadaaquese destina.Aocontrário, aobrade arteéinsubstituível’’(Gadamer,1985,p.55-56).

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nãosecriaumamatéria físicapalpável eobservável com aqual se podeverificar o conhecimentoou o talento.9 A obradoprofessor-artista, aprática pedagógica,remeteà form-ac¸ão; é umtipo de inclusãoà vida, acompanhar na possibilidadedequeooutro(oaluno)setransformeno tran-sitardomundo.Éporissoquepodemosdizerque,também semelhanteàarte, aforma-ac¸ão significaum‘‘acréscimo doser’’(Gadamer,1985,p.55).

Cabe,nestemomento,abrirumparênteseparaaclararos neologismosform-ac¸ãoetrans-form-ac¸ão.10Elessereferem àformaemrelac¸ãoàobradearte(criar---darforma). Form--ac¸ãoédesenvolvida,nestetexto,comoaac¸ão-movimento constantede amassar.Somente nodecorrerda vida,com asmuitasexperiências,équevamos‘‘sendo’’,quevamos tendoumaforma,quenosformamos.Numaleituradeum poemadePaulCelan,Gadamer (2010,p.422-423)explica comoesseamassarserefereaumaconstruc¸ãodenóspara ir‘‘sendo’’oquequeremos,para(emnossaspalavras)nos darumaforma.Opoemadiz:

Pelonãosonhadocorroída

Lanc¸aaoaltoainsonementepercorridaterradepão

Amontanhadavida.

Apartirdesuasmigalhas

Tuamassasnovamentenossosnomes,

Queeu,umolhoaoteu,equivalente

Juntoacadaumdosdedos,

Sigotateandoàbusca

Deumlugar,pormeiodoqual

Possaemtuadirec¸ãodespertar,

Oclaro

Círiodafomenaboca.

Ditoexatamentecomoprecisávamosexplicar:‘‘Tu amas-sas novamente nossos nomes’’. Um tu que remete à montanhadavida que,ao mesmo tempo, serefere anós mesmos;nós somosa montanha da vida, com toda nossa experiênciaqueseagiganta.Aomesmotempo,nósnão esco-lhemosonomequetemos;éumacondic¸ãoquenosédadae comelaéincertooqueessenomevaichegaraser.Ele,com asexperiências,como opróprioviver,notranscursolento dotempo,vaisetornandoalgo,vaitendoumaforma.‘‘Isso significaqueos‘nomes’sãoconstantementeamassadosde novoouqueelessãoconcebidosaomenosemumprocesso constantede formac¸ão’’(Gadamer, 2010,p. 424).Assim, vamosnostornandooque somos.Nossonomevaisendoa representac¸ãodeumsersónocaminhar,elevaitendouma formaapartirdaexperiência.

Dessemodo,fechandojá oparêntese,trata-seaquide pensaraform-ac¸ãocomoumexercícioestéticodecriac¸ão desi;éaac¸ãodefinalizac¸ãodaobraou,emoutraspalavras, odiálogoentreoalunoeapráticapedagógicacomoobrade arte.Nessecontexto,jácomentamosqueaprópriaobraé inacabada,poisnãosebastaeterminasócomocontatode quemalê;éum‘‘construto’’doespectador(oudoaluno):

9ParaGadamer,aobranãosefinalizanoprodutodoartista.Ela

se‘‘finaliza’’noestabelecimentododiálogoentreoespectadore aobra.Essemomentode‘‘finalizac¸ão’’nãocoincidecomaobra pronta,jáfeita,maséfrutodo próprioespectadorno seu con-tatocomela.Dessemodo,finalizarnãoéfechar,terminar,mas,ao contrário,refere-seaumaabertura.

10 Todaform-ac¸ãopressupõeumatrans-form-ac¸ão.

‘‘[...]oserdaobradearteéumjogoquesósecumprena suarecepc¸ãopeloespectador’’(Gadamer,1993,p.216).No casodapintura,porexemplo,

[...]convidaeatraioobservadoraoseuprópriomundo ondeoobservadoréengajadonumaatividadeconstante dequestionamentodessemundo.Osignificadodapintura nuncaétotalmenterevelado,poisésempreomundoda pinturaenquantoseengajaemdiálogocomomundodo observador(Lawn,2010,p.124).

Noexercício da form-ac¸ão, o professor-artista cumpre umafunc¸ãovital,mas‘‘modesta’’,deacompanhamentoou indicac¸ão.Gadamer(2000)explanaessaideiadaformac¸ão comoumaquestãodesi,a partirdeumepisódiodevida. Ele conta que leu o livro Europa and Asien, de Theodor Lessing,11quealguémlhe‘‘recomendara’’.Eledescreveter tidoumaexperiênciadeleituraquemostrouummundonovo e o levou, muitomotivado, aoutro tipo deaproximac¸ões pormeiodeoutrasleituras:novelasrussas,escandinavase holandesas;concluiqueéassimqueformamos anós mes-mos. A partir da disposic¸ão à palavra de outro, abrimos um universo com nossos próprios olhos. Desse modo, diz Gadamer (2000) que, noexercício do diálogo, no esforc¸o peloentendimentodoqueooutrotemanosdizer,équese dá‘‘naturalmente’’ umprocesso deeducac¸ão. Formamo--nosnaaberturaàconversac¸ão.Concebidaapartirdesses pressupostos,umadidáticadapossibilidade(Betti,2007,p. 215-216)nãopoderiamaisservistacomointervenc¸ão,‘‘[...] palavraquedenotaintenc¸ãoautoritária,masinter-locuc¸ão (diálogo),inter-pretac¸ão(oqueestá‘entre’)’’.12

Portanto,esse‘‘modesto’’acompanhamentodo profes-sor na form-ac¸ão é um exercício do diálogo. A partir da escuta,datrocadapalavra,dofalareouvirabertoà com-preensão,équeodiálogooperanarelac¸ãoentreprofessor e aluno. Segundo Gadamer (2011), o diálogo é o único elementoquerompecomasdistânciasepossibilitao enten-dimento,acompreensão.

No caminho da form-ac¸ão, o professor-artista convive com alunos ‘‘rebeldes’’;13 ele, sua obra, possibilita que se trans-formemem rebeldes.Sãoalunos que conseguem dimensionaraquiloquequeremviver,queosmobilizaepor isso questionam, falam dos seusincômodos, complicam a submissãoàautoridade,recusam-seadarumpassoàscegas, percebemquedevemsemobilizar naprópriaatividadedo saber,doescolher.Tambémentendemqueoprofessortem muito do que a eles falta (reconhecem o outro, valora-rizam sua presenc¸a). Os alunos ‘‘rebeldes’’ se abrem e preparam, sentem asnecessidades dasua existênciae as

11 FilósofojudeunascidonaAlemanha(1872-1933).

12 Betti(2007)continuaedizqueoprofessor,alémdeapresentar

‘‘possibilidades’’,auxiliaosalunosnatramaderelac¸ões interpre-tantesestabelecidasporeles, sugerindo-lhes,conformeo efeito quesebusca(estético,éticooulógico),interpretac¸õesque pos-samserincorporadasaofluxodesignos.Issoconfereaoaluno,eao seurepertóriodeexperiências,outroprotagonismonoprocessode ensino-aprendizagem.

13 Aideiadoaluno‘‘rebelde’’étomadadeGadamer(2011),que

desenvolveoconceitoderebeldiaparasereferiraopaciente inqui-etoqueseconectacomo médiconaprocurapela‘‘recuperac¸ão doequilíbrio’’(verdadeiraobradeartemédica)quefoiperdidona doenc¸a.

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identificamecomunicam.Essesalunossãotambém autôno-mos.Elesseformamapartirdaconversacomelesmesmos, ‘‘[...]é o tratamento que nós mesmosdevemos nos apli-car,esseauscultar,esseescutar-sesilenciosaeatentamente eopreencher-secomotodo dariquezadomundoemum momentoimperturbado[...]’’(Gadamer,2011,p.107).Essa atitude reflexiva, por sua vez, é um dos elementos que podemdesenvolveracriticidade.Oaluno‘‘rebelde’’trataa potencialidadeparacompreenderaimportânciadasuavoz crítica,porque‘‘[...]somentemedianteumaposturacrítica nascealgonovo’’(Flickinger,2014,p.47).Aprática pedagó-gicacomoobradeartepermitequeoalunonãoreproduza umanorma,quemaisbemseprestaparaserlidaerecriada. Apráticapedagógicacomoobradearte,comodiálogo, pos-sibilitaaform-ac¸ãodoaluno‘‘rebelde’’crítico.Comodiz Flickinger(2014),aestruturareflexivaintrínsecaaum diá-logoverdadeiroeabertoéoquepossibilitaoolharcrítico, capazdecolocarcontinuamenteemxequeospreconceitos easconvicc¸ões.

Odiálogoé,também,umencontrodehorizontesemque cada participantetraz consigo o seu. CompletaFlickinger (2014, p. 17) que Gadamer usa esse discursodos saberes prévioscomopossibilidadedeautorreconhecimento.Éuma ideiainspiradanaformaemqueSócratesajudavaseus inter-locutores a identificar um saber que já estava presente neles.Assim,

[...]aenumerac¸ãodoselementosdefinidoresnãopossui o caráter de um ensinamentoou de uma tentativa de dominac¸ão,comosealguémsoubessetudoexatamente. Odiálogoapenasfazcomqueooutro,semquevoltease desorientar,vislumbreapossibilidadededespertarasua própriaatividadeinterna[...](Gadamer,2011,p.142).

Dessa maneira, o diálogo se expressa sem protagonis-tasfixos.Também porque,como jáfoitratado,a obrade arteé inacabada;é sóo contatocom oespectadorque a finaliza.Combasenessaafirmac¸ão,apareceumponto refe-renteaodiálogoeseutrato napedagogia;referimo-nos à relac¸ãoentrepergunta/resposta.Essaestruturarepresenta abasedodiálogonumaexperiênciaartística;quandoalgo nos inquieta, perguntas surgem. Assim sendo, se um dos interlocutoresnapráticapedagógicacomoobradeartefizer umapergunta,éporque seatreveu ainiciarumdiálogoa partir doque o incomoda. Por isso ela é importante, é o pontodepartidadadiscussão.Nãodevesertratadacomo absurdaoudesnecessária,porqueérepresentac¸ãodeuma mobilizac¸ãopessoal,própria.14

Ocaminho,emproldacompreensãodoquetemadizera práticapedagógicacomoobradearte,comec¸anomomento daformulac¸ãodaperguntadiantedaquiloquemeespanta:

14 Apesardisso,declaraFlickinger(2014,p.75)quenãosepode

cairemexagerosevaloraretentarextrairumsentidoqualquerde cadapreguntaouparticipac¸ãonocaso dosalunos.‘‘Comefeito, umadascompetênciaspedagógicasmaisvaliosasconsisteem con-seguirconstruirumaponterealentreacontribuic¸ãodeslocadaeo temadiscutido;poiselaexploraefazusodariquezadesentidos acumuladoseocultosnalínguaenosconceitos’’.

Quando um texto ou um discurso transmitido se con-verteemobjetodainterpretac¸ão,15equivaleadizerque se faz umapergunta ao interlocutor,que ocupa,neste momento, o lugar de intérprete. O referencial essen-cialda interpretac¸ãoé a pergunta,que semprecoloca o sujeito num espac¸o aberto, uma vez que a resposta ainda não está determinada. Então, compreender um texto,aprenderumalic¸ão,écompreenderestapergunta, quandoseatingiu ohorizontehermenêuticodo interlo-cutor ou, em outros termos, quando os interlocutores conseguiramcolocar-senumhorizontecompartilhado.A baliza,porassimdizer,queorientaosentidodotexto(da lic¸ão)éaprópriapergunta:éohorizontedoperguntar. Asperguntaséquenoslevamaretrocederparaalémdo dito.Oditodeveserentendidocomoumarespostaauma pergunta(Berticelli,2004,p.303).

Aobraéinacabadaeocírculodialógicodaperguntaea respostaémostradisso.Umaperguntacontémumuniverso quesedesvelanaresposta,masessarespostafazaparecer umoutro universo com muitospossíveis universosde per-guntas a mais. No entanto, que seja inacabada não quer dizerquenãopermitachegarapontosdecompreensão,de entendimento,desaber;pelocontrário,aprática pedagó-gicacomoobradearte,emseuprocessodialógico,ensinae nosressaltaoscaminhosdeummundodentrodesseuniverso possíveldepercorrer.

[...]precisamenteatrocaentrepalavraeresposta cons-tituiodiálogo.Airrepetibilidadedasperguntasquesão formuladase dasrespostasdadastambémfaz partedo diálogo. O diálogomorre nomomento em que o outro nãooseguee,emvezderesponder,precisaperguntar: você podia dizer isso umavez mais. Isso é o bastante paraquesepercaoespíritoleveequasedanc¸arino, no qualumdiálogosemovimentaporsimesmoquandoum bomventooleva.Paraondeessebomventosopra.Nós osabemos:paraaconcordância,paraaquiloque,como parece,buscamoscomoserespensantes.Acordocomo outro--- eacordocomnósmesmos,talcomoosseresvivos nãopensantesestãoemunidadeconsigo mesmosdesde sempre(Gadamer,2010,p.382).

Finalmente o momento da avaliac¸ão. Ressaltando a importânciadalinguagememrelac¸ãoaodiálogo,Flickinger (2014,p.79-80)apontaumproblemaevidentenas compe-tênciasda linguagemna formac¸ão dos sistemas escolares atuais.Citaumaexperiênciaocasionaldeavaliac¸ão usada nasescolasqueinterrompe,justamente,odesenvolvimento da‘‘competência’’linguística.Eleanalisa:

Diante da dinâmica da tecnologia de informac¸ão que permeia o dia a dia da sociedade, não é tarefa fácil dar espac¸o e voz aos argumentos que, nas trilhas da hermenêutica gadameriana,insistemnaimportânciade explorarariquezadesentidosocultosnalíngua.Exemplo

15Berticelli (2004)aponta paraa interpretac¸ão, que elefaz

umexercíciodepensarahermenêuticadeGadamernocampoda educac¸ão;porissoousodainterpretac¸ãodetextosnessacitac¸ão. Nossoexercícionãoéespecificamentedesdeahermenêutica,mas aquestãodainterpretac¸ãopodeservistaaquicomoesseprocurar entenderoqueaobra(espac¸odamesmaprática)temanosdizer.

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negativo e paradigmático a esse respeito é o debate sobreomododeavaliac¸ãodeconhecimentosmediante oprocedimentodetipo‘escolhamúltipla’.Comas alter-nativasderespostasprefiguradasemumquestionário,a correc¸ãodarespostadependeúnicaeexclusivamenteda justaposic¸ãodeumadasvariáveisàrespectivaquestão. Não há nem a possibilidade de duvidar do sentido da pergunta,menosaindaachancedefazerdiferenciac¸ões nasrespostas.O candidato vê-sepreso em umsistema decoordenadasdesentidodoqualnãoconsegue fugir. Suacapacidadedereflexãopoucointeressa. Numcerto sentido,oprocedimentoconfirmaatesedo‘homem uni-dimensional’moderno,lanc¸adoporH.Marcusenosanos 1960;essacríticaresultoudaquelemesmoreducionismo, cujasconsequênciasobservamoshojenalíngua,poistal procedimentonegligenciasuafunc¸ãocentralcomomeio dareflexão. Ecabeà Pedagogiarelembrar erecuperar essafunc¸ãonegligenciadanapráxiseducativa.

Berticelli(2004,p.298)afirma,aesserespeito,que Nãosetrata,precisamente,de‘‘dominar’’alinguagem enquanto estrutura lógica, pela qual se podealcanc¸ar ocontrole. O termocompetência significa quea capa-cidade linguística que se vai formandono falante não sepodedescrevercomoumaaplicac¸ãoderegras,nem, portanto,comoummeromanejocorretodalinguagem’. ‘Deveserconsideradofrutodeumprocessodeexercício linguísticomaisoumenoslivreequealguém‘discerne’ aofinal,porsuaprópriacompetência’.

Nãoéocasodedominaralgumafórmulanemde repre-sentaroureproduzirfielmenteummodelo.Acompreensão daobrade artee, porisso, ao mesmotempo, daprática pedagógicacomo obradearte,nãotemcomo sermedida ouavaliadacommétodosestandardizados,porqueelafala com um significado expresso para cada um, de maneira diferente, no diálogoque se estabelece individualmente. Por isso, é importante realc¸ar que a prática pedagógica do professor-artista não é exclusivamente objetivadora e ‘‘[...]na ciênciamoderna, objetivar significa‘medir’. De fato:em experiências e com o auxílio de métodos quan-titativos, são medidos [até] fenômenos e func¸ões vitais. Tudoémedido’’(Gadamer,2011,p.105).Daío empobreci-mentodasexperiênciasavaliativasquebuscam‘‘formatar’’ apráticapedagógicadessamaneira,tornamoatoeducativo totalmenteplanejáveleseuresultadomensurável(Bracht, 2012).As experiênciasavaliativas,ao contrário,deveriam serentendidasnãosomente comolócusdemanipulac¸ãoe controle,mascomoumespac¸odeparticipac¸ãoedeabertura (AlmeidaeFensterseifer,2011).

Mashátambémuma‘‘medida’’queas‘‘coisas’’ carre-gam e que são exclusivas e particulares e, portanto, não podem ser medidas apenas objetivamente. Ao pensar na form-ac¸ão, questiona-se se é possível transferir valores--padrão de uma experiência a outra, por isso é vital a perguntasobreoqueatravessaooutro,sobreoquepassa comele,sobreoque elesente,porquea ‘‘medida’’está neleesóelepodeinterpretá-laparaconhecê-la.

Com base nessa reflexão,e pensando naspráticas que ultrapassamessastécnicasmodernasdemedic¸ão,apareceo

professor-artista,queavaliacomo‘‘corpovivosensível’’.16 Alinguagemsensível configuraria,assim,possibilidadesde outroarranjo parao conhecimento,expresso nadimensão estética. O professor-artista, portanto, nãose mede nem medeooutro;elesósedispõeaobservarcomoseuolhar cuidadoso, a escutar com o seu ouvidoaberto e a palpar com‘‘[...]amãosábiaeexercitadaquereconheceotecido apalpando-o’’(Gadamer,2011,p.106).

Considerac

¸ões

finais

Vale a pena expor duas limitac¸ões (existem outras mais) sobre a ideiado professor-artista. Aliás, essas limitac¸ões nãosãofrutoapenasdocaráter‘‘aproximativo’’oumesmo inicialdenossasreflexões,mas,também,dasdiferenc¸ase contradic¸õesentreosprincípiosqueorientamaideiada prá-ticapedagógicacomoobradearteeaatualconfigurac¸ãoda escolaedapráticapedagógicaquenelaacontece.

Umaprimeira dessaslimitac¸õestem aver como tema dooutro,doespectador,doaluno,porumlado,porque o atualcenárioescolarlimitaaspossibilidadesdoencontro, daproximidadee dodiálogo, que éacaraterística funda-mentaldaobradearte;poroutrolado,cabelembrar que oprofessor-artistacriaapráticapedagógicacomoobrade arte,quesetraduznaform-ac¸ão,masquesópodeser possí-velnaaberturaedisposic¸ãodoaluno-espectador,poiséele quem afinaliza. Oaluno doprofessor-artistadeveserum ‘‘alunorebelde’’;aqueleque‘‘seeducaasimesmo’’,que ‘‘dáoseuouvido’’,que‘‘sesurpreende-espanta’’.Oaluno precisasedisporàobraqueofereceoprofessor-artistacom umaaberturaqueelemesmoapresenta(condic¸ãoquevem antesdoencontrocomoprofessor).Paratanto,pareceque éimportanteumaformac¸ãoculturalalargada,quepermita ao alunoentrarnodiálogocomoprofessorartista.O diá-logonaarteéumauniãodehorizontes,naqualcadaparte trazoseu,aindaquesejaparamudar,parasetransformar num novo horizonte, parte-se daquele que já acompanha cadaparte.Senãosetiveressasériedecaracterísticas,a obranãodiránadaparaelee,nocasodessaanálise,nãose apresentaráodiálogoqueéquemtrans-forma;como con-sequência,nãohaveráumapráticapedagógicacomo obra dearte.

Umasegundalimitac¸ão serefereàcriac¸ãodaobrapor partedoprofessor-artista.Nocaminhodeconstruc¸ão,aobra écriadaporumartistaqueseinspiralivremente.Oartista nãopodecriar,únicae exclusivamente,porencargo; nele nãoprimaa praticidade,porque fugiriadoatomesmo da criac¸ãoedaexpressãodavisãoestéticaparaentraremuma lógicadofazermercantilista.Reconhecemosqueessassão condic¸õesmuitodifíceisdeserpensadasnacriac¸ãodeuma

16 EssaexpressãoéusadaporGadamer(2011)parasereferirao

corpoquenãopodesermedido.Ocorpovivoouocorpovivo sen-sível(Leib)édiferentedocorpoquepodesertratadoconformeas lógicasdaobjetivac¸ãoedamedic¸ão.Comopredomínioda racio-nalidadetécnicaemeducac¸ão,nãoháespac¸oparaessecorpovivo sensível semanifestar. Emseulugar,o corpo-máquinaou corpo--físico(Körper) orientaasac¸õesdoprofessor-técnico,emvezdo professor-artista.Issoéplenodeconsequênciasparaomodode con-duziraavaliac¸ão(mas,também,oplanejamentoesuaexecuc¸ão) nasaulasdeeducac¸ãofísica.

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práticapedagógicaquesedesenvolvenumaescolacomoa quesenosapresentaatualmente.O‘‘sistema’’impõefortes restric¸ões aos ‘‘criadores’’ e reduz a um mínimo as pre-tensões de serum indivíduosem dependências nomundo artístico.A escola,comodisseBracht(2012,p.46),‘‘[...] solicitaumasistematizac¸ãodasexperiências(eumcontrole, inclusiveviaavaliac¸ão)quepodecontradizerouse contra-poràimprevisibilidade,àfluidez,àincomensurabilidadedas experiênciasestéticas’’.Apesardisso, liberdadeea criati-vidadedoprofessor-artistanãopodemsignificarafaltade objetivoseducacionaisdefinidos,claros,jáqueháuma nor-matividadeimplícitanatarefaeducativa.Conciliarodever sernaeducac¸ãocomodevircriativodoprofessor-artistaé desafiadorparaumapráticapedagógicacomoobradearte.

Financiamento

Coordenac¸ãodeAperfeic¸oamentodePessoaldeNível Supe-rior(Capes).

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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