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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Os
discursos
de
corpo
bem
dito,
mal
dito
e
não
dito:
uma
análise
a
partir
de
filmes
Isabelle
Sena
Gomes
a,∗e
Iraquitan
de
Oliveira
Caminha
baUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),CentrodeCiênciasHumanas,LetraseArtes,ProgramadePós-Graduac¸ãoem
Sociologia,JoãoPessoa,PB,Brasil
bUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),CentrodeCiênciasdaSaúde,DepartamentodeEducac¸ãoFísica,JoãoPessoa,PB,Brasil
Recebidoem19dejunhode2013;aceitoem1dedezembrode2013 DisponívelnaInternetem7demaiode2016
PALAVRAS-CHAVE
Relac¸õesmetafísicas mente-corpo; Estética; Poder;
Cinemacomoassunto
Resumo Esteestudoinvestigaediscuteosdiscursosdecorpo(bemditoemaldito)eas práti-cascorporaisexibidasnocinema.Ocorpusdeanáliseéconstituídopor15filmesinternacionais (1995-2009),observadossistematicamente,einterpretadospormeiodeanálisefílmica,que geroudiagramasinterpretativos.Concluiu-sequeexisteummodelobiopolíticoquepredomina nosfilmescomoexpressãodocorpobemditoequeparaasuaproduc¸ãoospersonagenslanc¸am mãodepráticascorporais,comdestaqueparaacirurgiaplástica.Emumpolodistinto,os cor-posmalditossãoretratadoscomocarentesdereparosesusceptíveisdejulgamento.Sugere-se aexistênciadoscorposnãoditos,quesãofrutodaalienac¸ãodesinabuscaexacerbadapelo corpobemditodastelasdecinema.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´e umartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/). KEYWORDS Metaphysical mind-bodyrelations; Esthetics; Power; Motionpicturesas topic
The discourses of well-said, un-blessed, and un-said bodies: an analysis from the movies
Abstract Thisstudyinvestigatesanddiscussesthediscoursesofthebody(un-blessedbodies ewell-said)andbodilypracticesdisplayedinthecinema.The corpusofanalysisconsistsof 15internationalfilms(1995-2009),systematicallyobservedandinterpretedthroughfilm analy-sis,generatinginterpretativediagrams.Itwasconcludedthatthereisabiopoliticalmodelthat predominatesinthemoviesasanexpressionofwell-said,andthatbodyforitsproductionthe charactersresorttocorporalpractices,especiallyplasticsurgery.Inaseparatepole,theillsaid
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:euisabelle@yahoo.com.br(I.S.Gomes). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.02.008
0101-3289/©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
bodies are portrayed as lacking repairs and liable to trial. We suggest the existence of un-said bodies, which arederivedfromthe sale ofeachother inthequest for heightened well-saidofthemoviescreenbody.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). PALABRASCLAVE Relaciones metafísicas mente-cuerpo; Estética; Poder;
Cinecomotema
El discurso de los cuerpos ben-ditos, mal ditos y no-dichos: un análisis desde las películas
Resumen Esteestudioinvestigayanalizalosdiscursosdelcuerpo(ben-ditoymaldito)ylas prácticascorporalesquesemuestranenelcine.Elcorpusdelanálisisconstade15películas internacionales (1995-2009),observadaseinterpretadasatravésdeanálisisdepelículasde formasistemática,loquehageneradoesquemasinterpretativos.Seconcluyóquenoexisteun modelobiopolíticoquepredomineenelcinecomoexpresióndecuerpoben-ditoyqueparasu producciónlospersonajesrecurrenalasprácticascorporales,enespeciallacirugíaplástica.En elpoloopuesto,loscuerposmalditossonretratadoscomocarentesdereparosysusceptiblesde juicio.Sesugierela existenciadecuerposno-dichos,quesonelresultadode ladisposición desímismoenlabúsquedaexacerbadadelcuerpoben-ditodelaspantallasdecine.
©2016Col´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Estees unart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Asimagensdoscorposnocinemaganhamvidanasua capaci-dadedeextensãoaosujeito,demodoqueéafetamsentidos eultrapassamodomíniodovisível.Osfilmesnãosão limi-tadosaumasequênciadeimagensesons,transmitidosem umasessãoprojetadapormáquinase assistidaporcorpos inertes. Eles sãopensados para se encerrar no sujeito, o objetivoprimeirodesuacriac¸ão.Oscorpos---espectadores ---sãouma‘‘intersecc¸ãonaqualsãoengendrados vocabulá-rios,códigos,rituais,costumeseestruturashierárquicasque conferemummododeagiredeserpeculiarese especifica-mente normatizados’’(Hansen; Vaz,2006).Aqueleque vê ofilmeviabilizasuaexistênciaeencontraajunc¸ãoentreo ditoeovisto,umentrelugarqueenvolveauniãodeambos, masquenãoécapazdecomunicarcomeloquênciasua men-sagemquandonocasodaseparac¸ãodessesdoiselementos (Senra,2005).
Osfilmestambémservemcomoreferêncianaconstruc¸ão dos sentidos de corpo ideal (Wolf, 1992), bem como de suas possibilidades de(des)uso,traz discursosditos e não ditos que vão desde a moda das roupas até a adoc¸ão de dietas pelos personagens. As produc¸ões fílmicas retratam corposque,assimcomooscorpos‘‘reais’’,funcionamcomo ‘‘umveículodecomunicac¸ãocarregadodesignosque posi-cionam os sujeitos na sociedade’’ (Goldenberg, 2007, p. 10). Assim, propõe-se que as imagens veiculadas incitam a mobilidade dopensamento e permitem o rearranjo das percepc¸ões(Lima;Alvarenga,2012).Deacordocomos estu-dos de Deleuze (2007, apud Lima e Alvarenga, 2012), o cinemamodernosepreocupaemproduzirreflexõese pro-duzir pensamentos, não mais com a narrativa e com o
todo.Aobraartísticanãosónascedossignoscomoosfaz nascer.
Ocinemaéumretratodasociedadeeissofuncionaem umaviademãodupla,poisasimagenscinematográficassão fabricadasaomesmotempoemquepredispõemafetosnos corposqueasveem.Oscorposdastelassãocriadoscoma realidadecomopanodefundo,emboranemsemprepossam serconsideradosreais.Essestornam-seprojec¸õesvirtuais ---asvezescaricaturadas ---queseencerramnosujeito, des-pertamaideiadequesãofeitasàsuamedida(Senra,2005). Osespectadoresinteragemcomosfilmes,veemeseveem, ‘‘ouvem’’ o discurso, copiam suas práticas, conhecem os corposbemditosemalditos ecomoessesseinseremnas relac¸õessociais.Serumcorpobemditoécuidardesi,ser desejado,poderoso.Ser umcorpomaldito éser acusado denegligênciaeposteriormentesersegregadoàmargemda biopolítica(Foucault,2012).
Aproveitando-sedocrescentedesejoindividualpeloque
Foucault (2005) chamou de cultura de si, a indústria da beleza---pormeiodosveículosdecomunicac¸ão---tem for-necidorecursosparaoscuidadoscomocorpoe‘‘facilitar’’ oalcance docorpopoderoso.Essa aparente ‘‘facilidade’’ podecontribuircomcasosdefrustrac¸ão,alienac¸ão corpo-ral e consequentemente doenc¸as de natureza física e/ou psicológica (bulimia, anorexia, vigorexia, depressão) que acometemoscorposnãoditos.
Buscou-senestapesquisa estudarosdiscursosdecorpo contidosnosfilmes,comênfasenossentidosdecorpobelo (bemdito)efeio(maldito).Paralelamenteéintroduzidaa hipótesedeoscorposnãoditos(corpossilenciados)serem marcadospelaalienac¸ão,esforc¸am-sedeformaacríticana direc¸ãodecorposidealizadosexternamenteesão,portanto,
cada vez mais alheios à motivac¸ão que osdireciona para aproduc¸ãodeummodelode corpoideal.Ostermosbem ditoemalditoreferem-seaosfilmes,tiposideaisdebeleza e feiura,podere segregac¸ão; enquanto o termo nãodito refere-seaoscorposdosespectadores.
Éimportanteampliaressadiscussãoparaqueformasde cuidardocorposejammaisbemavaliadaspelos espectado-res,ajudemaprevenirdistúrbios---comoostranstornosda imagemcorporal---econdutasdeinsatisfac¸ãocoma autoi-magem. Esteestudo justifica-se tambémpelo seucaráter pedagógico,poispretende-sefazerumaleituracríticados filmesem questão, podeessaservir posteriormentecomo métodoeducativodediscussãoemsalasdeauladediversas faixasetáriaseníveisdeconhecimento.
Decisões
metodológicas
Ocorpusdeanáliseéconstituídopor15produc¸ões cinema-tográficasdogênerocomédia(gêneroabrangenteemtermos de diversidade de espectadores) selecionadas em acervo próprio,deformaintencional (Berriaetal.,2012). Foram analisadosapenasfilmesestrangeiros,devidoàsua popula-ridadeentreopúblicobrasileiro(considera-seoperíodode recorte).
Foramincluídosfilmesque:tiveramdistribuic¸ãoemDVD noBrasilentre1995 e2010; contêmpráticas, situac¸õese enredos relacionados com o fenômeno estudado (o culto ao corpo); e alcanc¸aram premiac¸ões do universo cinema-tográfico.Issofoiavaliadoapriorinaleituradassinopsese informac¸õesgeraiscontidasnascapasdasproduc¸ões.Foram excluídasproduc¸õesquenãoatendiamatodososcritérios deinclusão. Comoprocesso de obtenc¸ão dos dados usou--sea técnica deanálise deimagens em movimento, que, segundoRose (2012), envolve translado em todo seu pro-cessoecompreendediversosenfoques noestudodetexto e contexto. De acordo com Penafria (2009), essa forma deanálise compreendedecompore estabelecerelospara compreender as relac¸ões entre os elementos decompos-tos.Asetapasprevistasparaasuafeiturasão:selec¸ãodos programas (construc¸ão do corpus); transcric¸ão (reduzir a imagem complexa da tela a um conjunto de dados para investigac¸ãoe obterinformac¸ões passíveisdeorganizac¸ão eanálise);edelineamentodeumreferencialdecodificac¸ão (separac¸ãoemunidadesanalíticasmenoreseindissociáveis, oqueresultanosnúcleosdesignificadodiscutidosnotexto). Asúltimasetapassederam pormeiodaobservac¸ão siste-máticadoselementosfílmicos(narrativas,discursos,campo gestualesignos),documentadaemroteirosdeanálise,de acordocom o modelo proposto porDantas Junior (2012). Paratanto,foramlevantadasinformac¸õessobretítulodos filmes,fichatécnica,gêneroetemática,sinopsedoenredo, personagenscentraisecontexto(incluindofalasesituac¸ões cruciaisparaanálise),biografiaefilmografiadodiretor.
Aanálise dediscursotambémfoi uszadacomo recurso parainterpretac¸ãodasnarrativas (Gill,2012)porpermitir aproximaroditonatotalidadedodescrito,dafalaedo con-texto.Parafacilitaraanálise,aorganizac¸ãodascategorias dediscussãofoifeitaemdiagramas.Nodecorrerdotexto serãoapresentadaspassagensecenasquecolaborarampara aelaborac¸ãodascategoriasdediscussão.
Os
corpos
bem
ditos:
a
Barbie
do
tipo
‘‘Hollywood’’
Nuncasevalorizoudeformatãoexplícitaocorpoquantona contemporaneidade. A anatomia solidificou os estudosda forma,aperformanceampliouoterrenodascompetências eoestudodocorpotembuscadoespac¸onocampodas prá-ticascorporais.Tudoissoporqueocorporecobrouoposto deagenciadordassubjetividades(Novaes,2011).
As subjetividadessão alargadas.Possibilidades existem epermitemqueoscorpossejamcadavezmaislivrespara interagir com outros corpos, modificar cotidianamente as percepc¸ões.Contudo,osatoressociaisvivemumparadoxo: são livres e são vigiados, pois aqueles que não se apro-ximam donormal são segregadosà margem dasociedade oudasestratégiasdebiopoder.Assemelhar-seeaomesmo diferenciar-sedooutrocolocaocorpoem umaposic¸ãode devir,transforma-oemumaproposic¸ãoinsustentávele efê-meradaquilo quesedesejasere comunicar.Um exemplo emblemático dessa proposic¸ão é a questão do peso, que se tornou nitidamente um signo social distintivo, separa aquelescapazesdecontrolá-lodaspessoas‘‘desleixadas’’. Assim, a magreza garante umainclusão que se baseia na aproximac¸ão, torna ‘‘visíveis as diferenc¸as entre grupos sociais’’(Goldenberg,2007,p.10)
Oscorposbemditosdastelasdecinemasãoadmirados, geralmentevigilantes daprópriaanatomiaetêm caracte-rísticasespecíficas.Sãopersonagenspoderosos,capazesde despertar interesse no outro e cientes disso influenciam outras pessoas. Tais corpos cultuam a estética, ou seja, esforc¸am-separasustentara definic¸ãode umaidentidade corporalindividualqueébaseadanaleituraaprovativada coletividade. O culto ao corpo apareceu entre os filmes1 a partir do(s) protagonista(s) e/ou de pessoas próximas, e foi,portanto,destaquenastramas.Frequentemente foi associado a pessoas poderosas e desejadas, mostra que a valorizac¸ãodosatributosfísicoscomocomponentesdo capi-tal corporal coloca o corpo como uma moeda de troca, queconferepoderaquem écapazdeproduzi-lo(Novaes, 2011).
Énecessárioressaltar,contudo,quecadaculturae soci-edadetemseuprópriosistemadecrenc¸asevalores,sendo assim,sãoatribuídasàcaracterísticascorporaisdiferentes opoderdecompor-ounão-umpadrãoestéticovistocomo ‘‘ideal’’. Talpadrãoestéticoideal(izado), ouseja,aquele queteriamaisvaloremuma‘‘economiasimbólicadosbens corporais’’(Bourdieu,1989),perpassadopelodiscurso bio-ascéticocontemporâneo,podeserconsideradotantocomo umaformafortederegulac¸ãosocialquantocomo um ins-trumentodedominac¸ão(Foucault,1999).
Ressalta-se, contudo, que cada cultura tem seus pró-prioscódigos,depositasobrecaracterísticasparticulareso capital corporal. Esse sistema atribui valor às proprieda-dese confere-lhesopoderdecomporumpadrãoestético ‘‘ideal’’,que,imersonocenáriobiopolítico,setornauma formafortederegulac¸ãosocial(Foucault,1999).
1Acasa...(2008),AsBranquelas(2004).Aspatricinhas...(1995),
CurvasPerigosas(2002),Jogando...(2009),Legalmente...(2001), ODiabo...(2006),Sex...(2008).
Beleza estética Cabelos loiros Magreza Juventude Aceitação social Boa situação econômica Tendências de moda A barbie do tipo “Hollywood” Sedução Figura1 Características.
Observou-se nasproduc¸õesfílmicasqueo corpo valori-zadopelobiopodernoscontextossociaisqueastramasse desenvolvem2apresentacaracterísticascomo:cabelos lou-ros, magreza, juventude, elevado poder aquisitivo, gosto pelamodae capacidadedeseduc¸ão(fig. 1).Tais caracte-rísticastêmsignificadospróprioseproduzemjuntasumtipo idealdecorpopoderosoesocialmenteaceito.Entreos atri-butoscitados,GoldenbergeRamos(2007)eNovaes(2011)
destacamamagrezacomofortesignodabelezanocenário atual.Numpoloopostoagorduratorna-seindesejáveltanto paraaestéticaquantoparaasaúde.
AfaladopersonagemNickki(AshtonKutcher), astrodo filmeJogandocomprazer(2009),ilustraasnarrativas ana-lisadasquedestacamamagrezacomofundamentalparaa beleza.Nickkiéumjovemsedutorquerecebepresentesde mulheresmadurasemtrocadefavoressexuais.Sobreoque consideraatraente,elediz:‘‘Sempresonheiem viverme relacionandocomgarotasde1,80me40kg’’.Recorrendoà fisiologia,essepadrãoresultaemumIMC(kg/h2=12,34)que
destoamuitodonívelidealdemassacorpóreaindicadopela OMS (18,4>24,9). Aquestão aqui nãoé o aprisionamento aosíndicesetaxas,masqueossentidosfílmicossão ficci-onaisedevemser analisadosemseucontexto, devemser consideradoscomcautelaquandotrazidosparaarealidade. Alémdamagreza,em10produc¸õesocorpobelofoi retra-tadocomolouroejovem,remetediretamenteaestéticada bonecaBarbie(dotipoHollywood).NaartedacapadosDVDs épossívelveressedado.Em90%doscasosestãomulheres magras,jovense/oulouras,semprefelizesebem-vestidas. Algumasdas‘‘Barbies’’sãoprotagonistas,outras antagonis-tas,mastodassãoretratadascomosedutorasepoderosase sóosãonarelac¸ãocomosoutroscorpos(Foucault,2012). Ocorpoquetemêxitonomercadodaseduc¸ãodosenredos éaquelequeseenquadranessearquétipo.
Naficc¸ãooscorpossãoestimulados,eporsuavez esti-mulamforadela,aafastaratodocustoostrac¸osdafeiura. São incitados a se inserir no universo da potencializac¸ão daanatomia, por meio de recursose práticas disponíveis no mercado. A realidade dos corpos fora das telas não é diferente e nela a mídia e a indústria cosmética têm
2Astramassãodesenvolvidasemcenáriosocidentalizados,
pre-dominantementeamericanos,declassemédiaaltaoualta,muitas vezesemcidadeslitorâneasondepredominaaexposic¸ãodos cor-pos.Soma-seaissoofatodesetratardefilmesdecomédia.
papel fundamental, são responsáveis pelo ‘‘mercado da purificac¸ão’’comtodasortedemodelosesoluc¸õesemcurto prazoparaoquesedesejamodificar(Sibila,2012).
Épossívelencontrarnomercadopromessasde rejuvenes-cimento,perdadepeso‘‘instantânea’’,transformac¸ãodos cabelos,retirada/acréscimodemarcasemudanc¸ana ana-tomiapormeiodeplástica(Goellner eSilva,2012).Todas sãopráticascorporais (socialmentevalidadas) recomenda-dasparaaquelesquequeremproduzirocorpo.Essagama de possibilidades, que só cresce, amplifica o discurso de queaquelequedestoadoqueéconsideradoesteticamente beloedesejávelofazpordescuido,oquelegitimaformas depunic¸ãoeexclusãocomoobullying.Issofoiconstatado tambémnasproduc¸õesfílmicas,oquemostraa correspon-dênciaficc¸ão-realidade.Assim,tantonosfilmesquantona sociedadedeconsumocontemporânea,aspessoastêmsido impelidasapráticascorporaisdeadequac¸ãoaarranjos bio-políticos em contextos hierárquicos nos quais juventude, magreza,aparência nórdica(loura, olhos claros, estatura elevada)etc.sãoconsideradosdealtovalorparaocapital corporal.
Práticas
corporais
socialmente
validadas
Natentativa deburlarosprocessosdeenvelhecimento ou potencializaraanatomia,aspessoasrecorremaosavanc¸os tecnológicosecientíficos.Dentreasprincipaispráticasde embelezamento,acirurgiaplásticaganhadestaqueporsua ascensãonamodernidade.Elaépropaladanosfilmescomo democráticaecapazdetornarabelezaacessível,desdeque sepossapagarporela(Edmonds,2007).Tal procedimento foicitadoemoitofilmes3comoalgomilagroso,semmenc¸ões àdorourisco. Quandomencionadoalgum desconforto no pós-operatório,essefoi contrastado comosbenefícios do resultado.Issocondizcomumdesejocrescentede imedia-tismoexperimentadopelossujeitoscontemporâneos.
As cenas maisrepresentativas acerca do temacirurgia plásticasão dos filmes A casa das coelhinhas(2008), que tratadavidadeumamodelodaPlayboy,eSexandthecity (2008),sobrequatroamigas(entre30e55anos)que acom-panhamastendênciasdomercado(moda,turismoepráticas corporais)evivemconflitosamorosos,sexuaisetc.No pri-meirofilme, ao fazer27 anos (‘‘equivalentea 59para as coelhinhas’’4),aprotagonistaShelley(AnnaFaris)éexpulsa damansãoPlayboycomumacartaquepensaserdodiretor darevista,quefalasobresuaidadeavanc¸ada.Porserbonita elaconsegueabrigoemumarepúblicadegarotas discrimi-nadasnocampusporquesãofeias.Apósseuprimeirobanho nanovacasa,ela saidetoalha,impressionaasmoradoras comseucorpo,ficanuaediz:‘‘Sóestoudesfilandoo cor-pinhoqueoDr.[cirurgião]medeu’’.Nodecorrerdofilme, asgarotasdiscriminadasmelhoramaestéticacomajudada novamoradoraetornam-sepopulares.Contudo, posterior-mentereconhecem queo novo corponãocondiz comsua personalidade.EmSexandthecity(2008)Samanthaéuma
3AsBranquelas(2004);Acasa...(2008);Aspatricinhas...(1995);
Jogando...(2009); Legalmente...(2001);Os delírios...(2009);O diabo...(2006);Sex...(2008).
Cosméticos Cirurgia plástica Exercícios físicos Busca pelo corpo sedutor Pillates/ Yoga Dietas baseadas em privação Exclusão de certos tipos estigmatizados Práticas corporais socialmente validadas
Figura2 Práticascorporaisencontradas.
mulherligadaàmoda,solteira,demeia-idade,altopoder aquisitivo, que gosta de rapazes jovens. Sobre a cirurgia plástica,da qual é adepta,ela faz a seguinte colocac¸ão: ‘‘Eunãoacreditoemcasamentos.Jáobotoxfunciona sem-pre!’’Ascirurgias reparadorasgarantem paraSamanthaa suapermanêncianomercadosexual.
Além das cirurgias, outras práticas corporais também sãousadasnosfilmesparaproduc¸ãocorporal,como exercí-ciosfísicos,dietas,5roupasparamoldarocorpoeprodutos cosméticos6(fig.2).Opillates,adietarestritivaeousodas roupasparamoldarocorpoaparecemem Sexandthecity (2008).Emumadascenas,Charlotteconvidasemsucesso asamigasparacorrerefazerauladepillates.Emboaparte do filme ela se mantém sob a ‘‘dieta do pudim’’, base-adanoconsumoexclusivodeumapastamarromdeaspecto gelatinoso. Apesarde terumcorpomagro e ser jovem,a personagemopta(nãosemsofrimento)porumadieta res-tritivaenquantosuasamigassedeliciamcomaculináriaem umaviagemturística.
A adoc¸ão dedietas7 também é destacada em O Diabo veste Prada (2006). Devido ao fato de o filme ter como panodefundo umafamosarevistademoda,aquestãoda magrezaperpassatodooseuenredo.Nesse,aprotagonista Andy (Anne Hathaway) éumajovem que ganha oportuni-dadeem umarevistademodaepormeiodelaconheceo mundodaaltacostura.Emumdosprimeirosdiálogossobre oshábitosdasmodelosdarevistaelapergunta:‘‘Asgarotas daquinãocomemnada?’’eouveemresposta:‘‘Nãodepois que o manequim 40 virou o novo 38 e o 38 o novo 36’’. Observa-sequearestric¸ãoalimentaréassociadanofilmea umpadrãoestéticoespecífico,mensuradopelomanequim, erelacionadoàprofissão.
No enredosobre a mansão Playboy,a práticacorporal queemergeéaYoga.Aatividadeépraticadaparao relaxa-mentonojardim,masenquantoascoelhinhasalongam-se, osrapazesadmiramseuscorpos.Considerandooqueescreve
5Acasa...(2008);Jogando...(2009);Norbit...(2007);Apenas...
(2005);Sex...(2008);AsBranquelas(2004);Odiário...(2001);O diabo...(2006).
6Acasa...(2008);Legalmente...(2001);Aspatricinhas...(1995);
Curvas... (2002); Os delírios... (2009); As branquelas... (2004); Ela...(2007);Odiabo...(2006).
7 Acasa...(2008);Jogando...(2009);Norbit...(2007);Apenas...
(2005);Sex...(2008);Asbranquelas...(2004);Odiário...(2001); Legalmente...(2001);Aspatricinhas...(1995). Maligno Corpo fora de moda Exclusão de tipos estigmatizados Os Corpos Respaldo na saúde Pessoas derrotadas, deprimidas, com desejo de mudança e superação mal-ditos Obeso Corpo velho Benigno
Figura3 Característicasdoscorposestigmatizados.
Malysse(2008),essacenacolaboraemcertamedidacoma proliferac¸ãodaprática,umavezque,paraoautor,oculto àbelezamotivacertaspráticascorporaisexecutadascoma finalidadedeauxiliarnapropagandasexualenodesejode conquistar.
Entreosfilmesanalisadosoexercíciofísicoaparececomo importante para ‘‘fazer’’ o corpo, porém a prática mais valorizada em algumas produc¸ões aindaé a cirurgia plás-tica,por suarapidezde resultados.Arelac¸ãoentreessas duasestratégiaspodeservislumbradanafalafeitaemtom irônico às ---populares e belas --- antagonistas dofilme As Branquelas(2004),dirigidaàs‘‘garotasfeias’’ protagonis-tas:‘‘Asuamãeétãoburraquefazginásticaemvezdefazer logouma...lipoaspirac¸ão!’’Essepanoramaépropíciopara osurgimentodoscorposalienadosdesi,adeptosdamáxima ‘‘deixequenósfazemosporvocê’’,chamadosaquidenão ditosporsedeixarregerpordiscursosexternos,quevigiam epunem.Sãocorposreaisquemiramnasimagensdaficc¸ão etornam-sealvodeinteressedascorporac¸ões,instituic¸ões e mercado da imagem (Coutinho, 2011). Os sujeitos que preferem conferir a outros (médicos, personal trainers e nutricionistas)aresponsabilidadepeloscuidadoscomoseu corpoparaquefujamàsentenc¸adoscorposmalditos (gor-dos, velhos, flácidos etc.) são sujeitos que acreditam na eficiênciadeumahierarquiabaseadaematributosestéticos em detrimentode umaéticada individualidadee plurali-dade. Isso se dáem umamoral do agora que coisificaas partesdocorpoe predispõeossujeitosaalienarem-sedo direitodecuidardesi.
Corpos
mal
ditos
Oscorposmalditosdosfilmessãooretratodoindesejável. Malditosporquesãojulgados,malfaladosemalvistos; cor-poscastigadospordestoardoqueseesperaem termosde atributosfísicos.Sobreessescorpos,todososfilmes apon-tam---maisoumenosenfaticamente---quesergordo,fora demodae/ouvelhoéfeio,corroboramosestudosdeSibila (2012),Vigarello (2012)eNovaes (2011).Odiscursosobre ascaracterísticasepráticasmalditasapresentacolusãonas produc¸õesfílmicas(fig. 3), comdestaque paraa gordura, a maiorformade exclusãosocialmente validada(Novaes, 2011).
O corpo obeso protagoniza três filmes analisados: (O amor, 2001; Apenas..., 2005; Norbit, 2007). Nesses, predomina a caricatura e os gordos são quase sempre
hostilizados, retratados como pessoas derrotadas, com desejo de mudanc¸a e superac¸ão. Nos demais filmes,8 os gordos aparecem como figurassecundárias na trama,mas nãomenosestigmatizadas.
No filme Norbit (2007) a vilã Rasputia (Eddie Murphy) é uma obesa mórbida, maligna, retratada de forma gro-tesca,àsemelhanc¸adoqueVigarello(2012)cita(analisando Cranash)comosinônimodaruínatotaldocorpo:‘‘Barriga, lomboecoxasemdobras,aespessuradacarneentretronco ebrac¸os,oencurtamentoaparentedosmembrosprovocado pelo acúmulodo ‘demasiado’’’(p. 105). Rasputia alterna comilanc¸aemaldadeatésertrocadaporumamulherbonita, jovem,magraebondosa;opõe-seantagonista/protagonista, gordo/magro,mal/bem.
Em Apenasamigos (2005) acontece o oposto.O prota-gonista é umjovem quesofre bullying por ser gordo.Ele seachaincapazdecompetir sexualmentepelagarotaque amaepermanececomoseuamigo.Nodecorrerdoenredoo rapazsaidacidade,emagrececomajudadedietase ativi-dadefísicaevoltabonitoebem-sucedido.Torna-sealvode desejosexualdasmulheres,masprovocaestranhamentonas pessoasmaispróximas.O‘‘ex-gordo’’viraumadulto anti-pático,masqueconquistaamulherqueama.Caberessaltar queduranteasuajuventudegorduraesexualidadesão pola-rizadas,comoseosobesosfossemdesprovidosdedesejoe capacidadedeseduc¸ão(Novaes,2011).Essaproposic¸ão dia-logacomoquesugereSibila(2012)sobreoscorposgordosno cinema.Aautoradizqueumtipodepudorlevaacensurara exibic¸ãodecorposgordosemcenasdesexo,comilanc¸aou emqueessesanunciemcomalegriaseupesoeseutamanho; umtaburaramenteenfrentadonoscircuitosdecinema.
Osestereótiposcaricaturadosdasproduc¸õescitadas cor-roboram a diferenciac¸ão de Fischler (2005) entre obeso malignoebenigno.Obesobenignoéaquelequetenta com-pensarodescuidocom aestéticasendo cômico,paraque assimsejaaceitoemcertosgrupos.Oobesomaligno geral-mentenãoseinteressaporessaestratégia.Opensamento deFischlerfazrefletirsobreoporquêdeosgordos precisa-remdivertirparaserdesculpadospeloseudesleixo coma aparência(Goldenberg,2008).
Com outroenfoque,osfilmesOdiáriodeBridgetJones (2001)e Elae oscaras(2007)partemdoolhardos social-mente segregados. A protagonista desse último é Sydney (Amanda Bynes), uma jovem que sofre bullying por ser bonitaenãoquerersevestiresemaquiarcomoasoutras meninasdaescola(estereótipodegênero).Natrama,queé marcadapeladisputaporpopularidade,comumnaindústria demassaamericana,aprotagonistaune-seagarotosnerds ignoradospelocampusparaqueessesconsigam salvarsua república. Assim como em A casa das coelhinhas, ela ‘‘e oscaras’’sóconseguemmanteramoradiacontandocomo poderdeinfluênciadeumbelorapaz.
Com base noque foiexposto,conclui-sequeoscorpos malditosfrequentementetêmaautoestimabaixa,são víti-masdebullyingesãoincentivadosamudar(befit)paraque sesintambemesejamaceitos.Essescorpossãocastigados comaexclusãosobajustificativadesercorposdesleixados,
8Acasa...(2008);Asbranquelas...(2004);Odiário...(2001);O
diabo...(2006); Aspatricinhas... (1995); Curvas... (2002); Ela... (2007).
poisentretantasferramentasmercadológicasdeadequac¸ão aomodelodecorpobemditooptamporpermanecerà mar-gem dosbiopoderes. Na tentativa defugir do estigmado desleixoestãooslimitesentrenormalizac¸ãoeexcesso,pois acredita-sequeumapessoacujaautoestimaéboa teorica-mentetemmaischancesdeserfeliz,mesmoqueparaisso, paradoxalmentetenhadedestruiroprópriocorpo(Sabino, 2007).
Énessecenárioquetambémpodemsurgiroscorpos ali-enados,quemiram natensãoentreoscorpos bemditose malditosdocinemaenodesejodeadequac¸ão, entregam--seaosdiscursosmassificados---ecuidadosdeprofissionais quemanipulamsuaanatomia---àsvezessemnoc¸ãodos ris-cos.Sãocorposnãoditos,vulneráveisàadoc¸ãodepráticas, procedimentos e comportamentos que por vezes colocam em xeque saúde e estética. Isso não significa dizer que todos aqueles que procuram estratégias para cuidar do corposejamalienados,masqueaalienac¸ãocorporal instala--sequando oindivíduonãoconsegue reconhecernabusca pelamodificac¸ãocorporala suasubjetividadeousedeixa levarunicamentepelos discursos hierarquizantesquetêm comonorteaestéticacorporal.NaperspectivadeCoutinho (2011), os corpos alienados distanciam-se de si, seguem o fluxo de discursos normalizadores que podem levar ao estranhamentodoprópriocorpo.Esse estranhamentoleva àdistorc¸ãodaimagem,queconsequentementeconduzaos excessoseemúltimainstânciapodemlevaràmorte.
Conclusão
Nesteestudoforamanalisadas15produc¸õesfílmicas. Algu-masapresentamlinguagemsatírica,outrascontrastaramo corpogordoeomagro,mostrammodelosdemoda,beleza, característicasdofeioeoquefazerparachegaracadaum dessestipos.Entreasproduc¸õesanalisadas,destacam-seas seguintessemelhanc¸as:ocorponasuarelac¸ãocomabeleza e/oufeiurageralmenteécolocadodeformaenfática,leva ao entendimento de que é decisivo para o sucesso nas relac¸õessociaiseprofissionais,paraafelicidade(reforc¸ada peloconsumismo) e a saúde. O ‘‘corpo daBarbie’’ é um tipoidealizadocombasenasproduc¸õeseapresentadocomo poderoso;enquantoosgordossãooretratodossegregados à margem. O estudo teve como limitac¸ões a não abran-gência de filmes brasileiros e/ou de outros gêneros e a carênciadeaprofundamentonosenredos, justificadapelo
corpus extenso(24 horas fílmicas).Tal proposta podeser contempladaemestudosfuturos.
Observou-se nas produc¸ões a relac¸ão próxima entre beleza e poder que fomenta a insatisfac¸ão e o desejo demudanc¸anoscorposmalditos(gordos,velhoseforade moda). Geralmente essa mudanc¸a é um processo que se pauta na responsabilidade de buscar práticas corporais e estratagemas para conservar a juventude e a magreza e é embasado na saúde e nas relac¸ões sociais (Sibila, 2012). O desejode esculpir um corpo bem dito conduziu ospersonagensàbuscaporrecursospotencializadoresque vãodesde roupas àcirurgia. Isso ilustra como o biopoder convergeparaaspráticascorporaisefomentaacriac¸ãode estratégiasdecuidardocorpo.Esteestudoentendequeo corpoquebuscanaspráticascorporaisumpadrãoestético específico com base nas imagens projetadas/planejadas
nosfilmes,determinadoporsignos sociaishierarquizantes enormalizadores,estásujeitoaserumcorponãodito.
Sobre a análise empreendida acerca dos discursos de corpo,faz-se necessáriolevar emcontaqueproduc¸õesdo gênerocomédiatendema caricaturargestosenarrativas, deixammargemparaoexageronosdiscursos.Comolembra
Foucault(2009), existe em umenredo: a fábula(o que é contado)eaficc¸ão(oquesearticulanadirec¸ãode provo-carcertoentendimentonoespectador);juntas,irãocompor a mensagem que o filme deseja passar. No entanto, as interpretac¸õessãofeitasnarelac¸ãocomaexperiência pes-soaldecadasujeitoqueassiste,suasdisposic¸õesecrenc¸as, fazcomqueoefeitodamensagemreverberedediversas for-mas.Nessaperspectiva,ainterpretac¸ãodoqueéretratado podeserfeitaconsiderandoounãooaspectocaricaturaldos filmes.
Sugere-seentãoocuidadocomrelac¸ãoaosdiscursos fíl-micosdecorpo,evitarosurgimentodecorposnãoditose atomada das projec¸õescomo reais.A insatisfac¸ãocom o própriocorpogerada---ounão---pelasimagens,selevada ao exagero, pode colaborar com o surgimento de trans-tornosalimentares e da imagem corporal. Nesse sentido, informar,conhecere refletirsobreasproduc¸õesda indús-triademassaeseustemaspodeserumexercícioeducativo paradiversas faixas etárias e níveis deconhecimento. De acordocomDantas Junior(2012, p.67),‘‘o cinemaé uma atividadeeducativaporexcelência.Suacapacidade narra-tivasetransmutaem umadidáticainebrianteparaformar percepc¸õesdomundo’’.Essaproposic¸ãoconfereaocinema responsabilidadesobreosdiscursosqueemitee ao espec-tadoranecessidadedeolharcomacuráciaossentidosdos quaisseapropria.
Financiamento
Bolsa de estudo de mestrado da Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamentodePessoaldeNívelSuperior(Capes).
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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ASPATRICINHASdeBeverlyHills.AmyHeckerling(Rot./Dir.).EUA: ParamountPictures(Prod.eDistr.),1995.DVD(96min.).Dublado Port.Títulooriginal:Clueless.
CURVASPerigosas.JoeJarvis,GregCoolidge(Rot.).Wallace Wolo-darsky(Dir.).LarryBrezner,WalterHamada(Prod.).EUA:Buena Vista(Distr.),2002.DVD(93min.).DubladoPort.Títulooriginal: SororityBoys.
ELAeoscaras.AmyHeckerling(Rot./Dir.).EUA:Paramount Pictu-res(Prod.eDistr.),2007. DVD(96min.).Dublado Port.Título original:SydneyWhite.
JOGANDO com prazer. Jason Dean Hall (Rot.). DavidMackenzie (Dir.).JasonGoldbergeAshtonKutcher(Prod.).EUA:Imagem Filmes(Distr.),2009.DVD(97min.).DubladoPort.Título origi-nal:Spread.
LEGALMENTE loira.Karen McCullah Lutz e Kirsten Smith (Rot.). RobertLuketic(Dir.).RicKidneyeMarcE.Platt(Prod.).EUA: FoxFilmes (Distr.),2001. DVD(96min.). DubladoPort. Título original:LegallyBlonde.
NORBIT.JayScherickeDavidRonn(Rot.).BrianRobbins(Dir.).John Davis, EddieMurphyeMichaelTollin(Prod.).EUA:Paramount Pictures(Distr.),2007.DVD(92min.).DubladoPort.Título ori-ginal:Norbit.
ODIABOvestePrada. AlineBrosh McKenna(Rot.). DavidFrankel (Dir.).WendyFinerman(Prod.)EUA:20thCenturyFoxFilm Cor-poration (Distr.),2006. 1 DVD(99min.). Dublado Port. Título original:TheDevilWearsPrada.
Oamor é Cego. PeterFarrelly, Bobby Farrelly eSean Moynihan (Rot.).PeterFarrellyBobbyFarrelly(Dir.).BobbyFarrelly,Peter Farrelly, Bradley Thomas e Charles B. Wessler (Prod.). EUA: 20thCenturyFox(Distr.),2001.DVD(113min.).LegendadoPort. Títulooriginal:ShallowHal.
ODIÁRIOdeBridgetJones.RichardCurtis,AndrewDavieseHelen Fielding (Rot.). Sharon Maguire (Dir.). Tim Bevan, Jonathan CavendisheEricFellner(Prod.).EUA:MiramaxFilms/Universal Pictures/UIP (Distr.), 2001. DVD (94min.). Legendado Port. Títulooriginal:BridgetJones’sDiary.
OSDELÍRIOSdeconsumodeBeckyBloom.TimFirth,KaylaAlpert, Tracey Jackson (Rot.). P.J. Hogan (Dir.). Jerry Bruckheimer (Prod.). EUA:WaltDisneyStudiosMotionPictures/BuenaVista International(Distr.),2009.DVD(112min.).DubladoPort.Título original:ConfessionsofaShophaoolic.
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