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QUIOSQUES MISSIONEIROS: A CONSTRUÇÃO DE NOVOS MERCADOS PARA VENDA DIRETA DOS PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

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Academic year: 2020

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(1)QUIOSQUES MISSIONEIROS: A CONSTRUÇÃO DE NOVOS MERCADOS PARA VENDA DIRETA DOS PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR. Evandro Pedro Schneider 1 Kaliton Prestes 2. Resumo: As pesquisas sobre a construção de mercados e a inserção dos produtores em cadeias mercantis estão entre as mais inovadoras, em especial, o comércio de produtos oriundos da agricultura familiar. O sistema agroalimentar mundial baseia-se na produção de monocultivos de grãos que suprem o mercado de alimentos processados através de cadeias longas, coordenado por grupos econômicos e redes varejistas que pressionam a uma padronização do sistema de produção, não levando em consideração os fatores ambientais, sociais e culturais de cada região, impactando diretamente sobre os grupos de agricultores familiares que mantém a tradição de policultivos, centrados em cultivos de estação, integrados a uma dinâmica de produção e consumo tradicional. A inserção no mercado de produtos alimentares é um desafio para agricultores familiares, vários países têm adotado iniciativas visando aproximar a produção e o consumo de alimentos, essas ações são focadas geralmente no encurtamento da cadeia produtiva de alimentos, no Brasil se destacam as compras públicas através dos mercados institucionais, como política nacional e as feiras livres como estratégias locais, no entanto estudos sobre a construção de novos mercados é incipiente. O objetivo deste trabalho foi investigar a experiência da construção de mercados para venda direta de produtos da agricultura familiar através da implementação estruturas físicas de comercialização dos produtos da agricultura familiar missioneira -Quiosques Missioneiros". Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter descritiva, a coleta de dados ocorreu através de pesquisa documental e entrevistas com auxílio de um questionário semiestruturado. O público entrevistado centrou-se nos agentes públicos que construíram a proposta, com os gestores das cooperativas e com os agricultores participantes. A política pública territorial construída no Território Missões, através dos quiosques de comercialização dos produtos da agricultura familiar, demonstrou capacidade de articular produtores rurais e artesãos, que antes excluídos da dinâmica de desenvolvimento calcada na produção de commodities agrícolas, agora ingressam em uma estratégia rentável de produção e comercialização de alimentos, através das cooperativas e associações. Tornaram-se sujeitos com maior importância política dentro dos municípios, e do território. O ponto de comercialização supera sua importância stricto sensu da venda direta dos produtos da agricultura familiar, estabelecendo um elemento novo no arranjo produtivo através da organização dos produtores, da percepção das demandas de qualificação dos produtos e da necessidade de participação ativa na construção do ambiente político em que se encontram. A venda direta realizada nos quiosques, reforçam a ligação entre consumidor e.

(2) produtor, favorecendo a diversidade de características intrínsecas aos produtos coloniais e artesanais.. Palavras-chave: Território; Associativismo; Venda direta; Mercados alternativos. Modalidade de Participação: Pesquisador. QUIOSQUES MISSIONEIROS: A CONSTRUÇÃO DE NOVOS MERCADOS PARA VENDA DIRETA DOS PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR 1 Docente. evandro.schneider@uffs.edu.br. Autor principal 2 Outro. evandroschneider@yahoo.com.br. Co-autor. Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017.

(3) QUIOSQUES MISSIONEIROS: A CONSTRUÇÃO DE NOVOS MERCADOS PARA VENDA DIRETA DOS PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR 1. INTRODUÇÃO As pesquisas sobre a construção de mercados e a inserção dos produtores em cadeias mercantis estão entre as mais inovadoras, em especial, o comércio de produtos oriundos da agricultura familiar. O sistema agroalimentar mundial baseia-se na produção de monocultivos de grãos que suprem o mercado de alimentos processados através de cadeias longas, coordenado por grupos econômicos e redes varejistas que pressionam a uma padronização do sistema de produção, não levando em consideração os fatores ambientais, sociais e culturais de cada região, impactando diretamente sobre os grupos de agricultores familiares que mantém a tradição de policultivos, centrados em cultivos de estação, integrados a uma dinâmica de produção e consumo tradicional. Na região das Missões com o avanço do binômio trigo-soja e da especialização da produção leiteira e suinícola integrada, modelo correspondente ao projeto da modernização da agricultura, inúmeras unidades de produção familiares não conseguiram acompanhar o incremento das novas tecnologias e acabaram passando por um processo de descapitalização. As famílias que não deixaram o meio rural tiveram de procurar alternativas para a manutenção da renda familiar e da reprodução social. Para manter-se no meio rural os agricultores marginalizados que não conseguiram se inserir por completo nessa nova dinâmica de desenvolvimento, tiveram de reinventar formas de reprodução social mais compatíveis com a sua condição socioeconômica. Niederle e Wesz Junior (2009) e Polacinski et. al. (2014) ressaltam que, substituindo ou acompanhando a produção de soja, encontra-se atualmente uma multiplicidade de estratégias agrícolas e não agrícolas na região das Missões, dentre as quais se destaca a agroindustrialização e comercialização de produtos coloniais, como os subprodutos do leite (queijos, iogurte, sorvetes, etc.), os da cana-de-açúcar (álcool, melado, bebidas), entre outros. Logo após o processo de colonização, os agricultores que se estabeleceram na região em pequenas propriedades rurais com cerca de 25 hectares, tinham uma relação íntima com a natureza, produziam diversos alimentos para o autoconsumo e FRPHUFLDOL]DYDP R H[FHGHQWH QRV ³EROLFKRV´ TXH JHUDOPHQWH ILFDYDP QR FHQWUR GD comunidade rural, ou em regime de trocas recíprocas com os vizinhos. Com o advento da modernização da agricultura, esta dinâmica tradicional iria retornar e se intensificar como alternativa de renda aos agricultores marginalizados, através da criação de um novo mercado informal de comercialização dos produtos da agricultura familiar, agora no meio urbano, por intermédio da venda direta. Os agricultores praticantes dessa dinâmica de produção-comercialização são denominaGRV QD UHJLmR GDV 0LVV}HV GH ³TXLWDQGHLURV´ RX IHLUDQWHV 8VDP GR PHLR.

(4) de transporte familiar (carro, moto, charrete) para conduzir os produtos até a cidade onde são comercializados, sobretudo nos bairros. Em alguns municípios há ainda espaços específicos destinados para o estabelecimento dos produtos, as feiras-livres, pelo poder público municipal ou pelas associações e cooperativas de produtores rurais. Essa iniciativa dialoga com o que Long (2001; 2006) compreende através da Perspectiva Orientada aos Atores (POA) onde os atores sociais são definidos como possuLGRUHV GH ³SURMHWRV GH YLGD´ H repertórios culturais que fazem valer as suas escolhas e estratégias, pois não são vazios e passivos frente a um evento social, a ação do Estado ou mudanças não previstas. A inserção no mercado de produtos alimentares é um desafio para agricultores familiares, vários países têm adotado iniciativas visando aproximar a produção e o consumo de alimentos, essas ações são focadas geralmente no encurtamento da cadeia produtiva de alimentos, no Brasil se destacam as compras públicas através dos mercados institucionais, como política nacional e as feiras livres como estratégias locais, no entanto estudos sobre a construção de novos mercados é incipiente. O objetivo deste trabalho foi investigar a experiência da construção de novos mercados para venda direta de produtos da agricultura familiar através da implementação estruturas físicas de comercialização dos produtos da agricultura familiar missioneira ± ³Quiosques Missioneiros´. 2. METODOLOGIA Para o desenvolvimento da pesquisa foi dado um enfoque qualitativo de caráter descritivo e alcance exploratório, a coleta de dados ocorreu através de pesquisa documental e entrevistas com auxílio de um questionário semiestruturado. A presente pesquisa se enquadra no paradigma interpretativista de Morgan (1980), considerando que tem a pretensão de compreender a realidade vivida por indivíduos que transcendem o processo de comercialização através dos Quiosques, puramente como um espaço de venda de seus produtos, mas também um local em que há trocas de experiências e conhecimentos, dando significado para as interrelações estabelecidas com outros segmentos da sociedade. A população desta pesquisa são os grupos gestores dos onze estabelecimentos construídos à margem das rodovias estaduais e federais no Território Rural das Missões, no Estado do Rio Grande do Sul. O público entrevistado centrou-se nos agentes públicos que construíram a proposta, com os gestores das cooperativas e com os agricultores participantes. Estes estabelecimentos são geridos por cooperativas e associações de agricultores familiares e artesãos do território constituem uma rede de produção e comércio de produtos agrícolas. Cada entrevista durou aproximadamente uma hora, onde os entrevistados foram informados no início da sessão dos objetivos relacionados a pesquisa de que estavam participando. A partir deste momento, o pesquisador se utilizou do roteiro de perguntas para conduzir a sessão. A análise dos dados se deu pela utilização da pela análise de conteúdo..

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(6) Alguns acordos coletivos foram feitos entre as cooperativas e associações, onde se destaca a comercialização exclusiva de produtos artesanais e coloniais da agricultura familiar nos pontos de venda, excluindo-se qualquer produto industrializado pelas marcas alimentícias hegemônicas, tais como refrigerantes, salgadinhos, entre outros. No que se refere aos produtos coloniais presentes nos quiosques, há uma ampla diversidade cultural na agricultura familiar da região, carregada ainda de tradições e costumes ancestrais. A culinária missioneira se destaca nesse sentido, pois são latentes os traços dos imigrantes alemães, italianos e poloneses mesclada com a cultura dos caboclos e indígenas. A carne de pato e o licor de menta (mietówka) bebida típica Polonesa comercializada no Quiosque de Guarani das Missões, a carne de ovelha criada em sistema extensivo pelos agricultores de origem cabocla comercializada no Quiosque de Bossoroca, o peixe do rio Uruguai pescado pelos ribeirinhos, presente no Quiosque de Porto Xavier, a cuca, o salame, a bolacha de manteiga e o melado batido, produtos típicos dos Alemães comercializados em Salvador das Missões, são apenas alguns exemplos dessa diversidade cultural expressa através da culinária. Schneider e Fialho (2000) corroboram com a estratégia adotada, argumentando que a potencialidade inerente é a criação de mercado de consumo local para os produtos de origem agrícola, oferecendo uma alternativa para complementar a renda das famílias rurais. Esse mercado pode ser explorado através de produtos característicos da região e que tenham qualidades diferenciadas em relação aos encontrados no comércio varejista tradicional, sendo que um exemplo, já bem sucedido em várias iniciativas deste tipo, é a venda de produtos que enfatizam as qualidades proteicas do consumo de alimentos naturais. O turismo rural, conforme já destacaram Graziano da Silva et. al. (1998) constitui-se em uma atividade que une a exploração econômica a outras funções como a valorização do ambiente rural e da cultura local que, não raras vezes, são alguns de seus atrativos principais. Para Carneiro Filho e Santos (2012) a região transfronteiriça das Missões Jesuíticas possui um potencial turístico que não é totalmente aproveitado, onde o turismo histórico surge como diferencial a ser aproveitado de forma integrada pelas comunidades de três países do MERCOSUL onde se encontram as ruínas históricas das Missões. Os grupos organizados (associação ou cooperativa) constituintes de cada quiosque são formados por quase uma centena de pessoas, mas destaca-se que para pelo menos uma dezena de famílias de cada município dependem exclusivamente dos quiosques para comercializar o que produzem, garantindo a renda e a reprodução social familiar. Destaca-se o município de Salvador das Missões, pioneiro na organização da produção e comercialização dos produtos coloniais pode ser citado como exemplo, atualmente a Cooperativa de Produtores da Agricultura Familiar Vida Nova, conta com 89 sócios e um montante de R$42.000,00 mensal comercializado apenas no quiosque, somado a importância que a capacitação recebida nas diversas agroindústrias que comercializam os derivados de cana (rapadura e melado) e de mandioca (polvilho) no mercado regional. A experiência citada pode ser identificada como um política pública que com um investimento próximo a R$50.000,00 e ação intensa da EMATER e da Secretaria de Desenvolvimento Rural na organização e capacitação dos agricultores conseguiu estabelecer um ingresso de capital no município próximo a R$4.000.000,00 no período, valor comercializado especialmente para um público que não reside no município que conta com aproximadamente 2600 habitantes, no entanto existe.

(7) dificuldade para que as atividades desenvolvidas tenham reconhecimento do municipal (devido ao principal consumidor não residir no município) especialmente do poder público que é determinante para a consolidação desta proposta. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A política pública territorial construída no Território Missões, através dos quiosques de comercialização dos produtos da agricultura familiar, como um novo canal para a venda direta, demonstrou capacidade de articular produtores rurais e artesãos, que antes excluídos da dinâmica de desenvolvimento calcada na produção de commodities agrícolas, agora ingressam em uma estratégia rentável de produção e comercialização de alimentos, através das cooperativas e associações. O ponto de comercialização supera sua importância stricto sensu da venda direta dos produtos da agricultura familiar, estabelecendo um elemento novo no arranjo produtivo através da organização dos produtores, da percepção das demandas de qualificação dos produtos e da necessidade de participação ativa na construção do ambiente político em que se encontram. A venda direta realizada nos quiosques, reforçam a ligação entre consumidor e produtor, favorecendo a diversidade de características intrínsecas aos produtos coloniais e artesanais. 5. REFERÊNCIAS CARNEIRO FILHO, C. P.; SANTOS, C. R. O turismo histórico na região transfronteiriça das Missões Jesuíticas. PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, v. 5, n. 5, p. 151-164, 2013. GRAZIANO DA S, J.; VILARINHO, C.; DALE, P. J. Turismo em Áreas Rurais: Suas Possibilidades e Limitações no Brasil. In: Almeida, J. A.; Riedl, M.; Froehlich, J. M., (orgs.). Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável. Santa Maria (RS): Centro Gráfico, 1998. LONG, N. Development sociology: actor perspectives. Routledge, 285p., 2001. __________ Sociologia Del Desarollo: uma perspectiva centrada em el ator. Coleción Investigaciones: México. 504 p., 2006. MORGAN, Gareth. Paradigms, metaphors, and puzzle solving in organization theory. Administrative Science Quarterly, Ithaca/NY ± USA, v. 25, n. 4, p. 605-622, dez. 1980. NIEDERLE, P. A.; JUNIOR, V. J. W. A agroindústria familiar na região Missões: construção de autonomia e diversificação dos meios de vida. Redes, v. 14, n. 3, p. 75-102, 2009. POLACINSKI, E et. al. Plano de Desenvolvimento do APL da agroindústria familiar da Região das Missões (RS). Santo Ângelo: FuRi, 2014. SCHNEIDER, S.; FIALHO, M. A. Atividades não agrícolas e turismos rural no Rio Grande do Sul. ALMEIDA, J. A.; RIEDL, M. (orgs) Turismo Rural: ecologia, lazer e desenvolvimento. 1º ed. Bauru: Edusc, 2000, p. 14-50..

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