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A avaliação de desempenho dos trabalhadores da administração pública. O caso do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP)

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(1)

MESTRADO EM GESTÃO

Área de especialização em Sector Público e Administrativo

A Avaliação de Desempenho dos Trabalhadores da Administração Pública. O caso do Instituto Politécnico de Portalegre (IPP).

Dissertação de Mestrado apresentado por: Orlando Manuel Esteves Serrano

Orientadores:

Prof. Doutor Paulo Resende da Silva Prof. Doutor Joaquim António Belchior Mourato

Évora Novembro 2010

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À minha filha Sara (2 anos e 2 meses), ao meu filho Gonçalo (1 mês e 25 dias)

e à minha esposa, dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os que colaboraram no desenvolvimento deste estudo:

Aos orientadores, Professor Doutor Paulo Resende da Silva e Professor Doutor Joaquim António Belchior Mourato, um sincero reconhecimento por terem aceitado orientar este estudo. Pela sua disponibilidade e compreensão; pela partilha de conhecimentos e sentido crítico; pelo apoio e orientação no desenvolvimento deste trabalho, decisivos para a concretização deste enorme desafio. Ao Sr. Valentino Silva, pela sua resposta célere aos meus pedidos de recolha de bibliografia e sistematização das referências bibliográficas de acordo com a norma portuguesa, apoio fundamental para o cumprimento deste objectivo;

À Professora Luísa Ramos de Carvalho pelo seu importante apoio e disponibilidade que permitiu superar alguns obstáculos surgidos ao longo do estudo;

À Sandra Mena pelo apoio informático, o qual contribuiu para a estruturação deste documento; À minha esposa Leonor, que distingo pela sua compreensão e atenção;

Aos participantes no estudo e aos que colaboraram no mesmo de forma directa ou indirecta, pelo tempo e precioso contributo concedidos.

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RESUMO

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS TRABALHADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – O CASO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE

O SIADAP afigura-se como um novo paradigma de avaliação de desempenho, estratégico para a gestão das organizações do sector público que importa investigar, porquanto tem sido um enorme desafio para os serviços que o têm implementado ou que ainda não o conseguiram fazer.

Este trabalho pretendeu avaliar as opiniões de avaliadores e avaliados, relativamente ao sistema e à sua implementação numa Instituição de Ensino Superior Politécnico, em 2009. As questões subjectividade, importância, avaliação e satisfação foram particularmente analisadas.

A abordagem metodológica escolhida foi a de Estudo de Caso. Seguimos as etapas de investigação preconizadas por Yin (1994), tendo-se procedido a uma entrevista a avaliadores para ajudar na definição dos questionários utilizados para recolha posterior das opiniões de avaliadores e avaliados.

Na perspectiva destes actores, o sistema implementado apresenta uma avaliação globalmente positiva e com oportunidades de melhoria, embora com pontos fracos e constrangimentos que não podem ser institucionalmente descurados.

Palavras-chave: Avaliação de desempenho; Modelo de avaliação; SIADAP; Ensino Superior Politécnico; Administração Pública.

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ABSTRACT

THE PERFORMANCE APPRAISAL OF CIVIL SERVANTS –THE CASE OF THE POLYTECHNIC INSTITUTE OF PORTALEGRE

SIADAP is shaped as a new paradigm of performance appraisal, strategic in the management of organizations in the public sector. It should be subject to investigation given that it has been an enormous challenge for those services which have adopted it or who have not yet managed to do so. This work intended to evaluate the opinions of its actors in relation to the system and its implementation carried out in a Polytechnic Institute in 2009. Issues such as subjectivity, importance, evaluation, and satisfaction were carefully analysed data.

The chosen methodology was the case study. We followed the investigational stages recommended by Yin (1994), taking the format of an interview with the appraisers, to assist in defining the questionnaires object of the descriptive evaluation.

In the perspective of these actors the implemented system presents an overall positive assessment and opportunities for improvement. However, constraints and weak points noted cannot be neglected.

Key Words: Performance Evaluation; Evaluation Model; SIADAP; Polytechnic Higher Education; Civil Service.

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ABREVIATURAS E SIGLAS

AP – Administração Pública BSC – Balanced Scorecard C – Comentário

CAF – Common Assessment Framework (Estrutura Comum de Avaliação) cfr. – conforme

CCA – Conselho Coordenador de Avaliação

CCAS – Conselho Coordenador de Avaliação de Serviços DGAP – Direcção-Geral da Administração Pública

DGAEP – Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público ESAE – Escola Superior Agrária de Elvas

ESE – Escola Superior de Educação ESS – Escola Superior de Saúde

ESTG – Escola Superior de Tecnologia e Gestão gl – Graus de Liberdade

D – Dimensão DL – Decreto-Lei

DR – Decreto Regulamentar DP – Desvio-Padrão

IESP – Instituição do Ensino Superior Politécnico IPP – Instituto Politécnico de Portalegre

LVCR – Regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas

QUAR – Quadro de Avaliação e Responsabilização Q – Questão

M – Média

p – Nível de significância SAS – Serviços de Acção Social

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SGRS – Sistema de Gestão de Responsabilidade Social

SIADAP – Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública SIADAP 1 – Subsistema de Avaliação do Desempenho dos Serviços da Administração Pública SIADAP 2 – Subsistema de Avaliação do Desempenho dos Dirigentes da Administração Pública SIADAP 3 – Subsistema de Avaliação do Desempenho dos Trabalhadores da Administração Pública SIG – Sistema Integrado de Gestão

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ÍNDICE

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO II – ESTADO DA ARTE: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ... 5

2.1. A Avaliação de Desempenho no contexto da Gestão de Recursos Humanos ... 5

2.2. Conceptualização da Avaliação de desempenho ... 7

2.3. Modelos de Avaliação de Desempenho ... 9

2.3.1. Enquadramento histórico ... 9

2.3.2. Métodos e instrumentos de Avaliação de Desempenho ... 11

2.4. Modelo de Avaliação de Desempenho na Administração Pública ... 15

2.4.1. Resenha histórica da Avaliação de Desempenho na Administração Pública ... 15

2.4.2. SIADAP ... 17

2.4.2.1. Primeira versão ... 17

2.4.2.2. Segunda versão ... 26

2.4.2.3. Benefícios e Dificuldades. Comparabilidade dos modelos ... 34

2.4.2.3.1. Progressão na carreira e prémios de desempenho ... 34

2.4.2.3.2. Pontos de vista e aspectos críticos dos modelos ... 37

CAPÍTULO III – DESENHO METODOLÓGICO ... 43

3.1. Apresentação da dissertação... 43

3.2. Opções metodológicas ... 44

3.3. Etapas da investigação ... 45

3.3.1. Explicitação do modelo da investigação ... 46

3.3.2. Elaboração das entrevistas e dos questionários ... 48

3.3.2.1. Entrevistas ... 48

3.3.2.2. Questionários ... 50

CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ... 53

4.1. Ensino Superior Português e enquadramento do Ensino Superior Politécnico ... 53

4.2. Caracterização do Instituto Politécnico de Portalegre ... 58

A Estratégia ... 59

4.3. Modelo de Avaliação de Desempenho do IPP ... 60

4.3.1. Enquadramento ... 60

4.3.2.1. Modelo do Sistema Integrado de Gestão (SIG) ... 62

4.3.2.2. Política da Qualidade ... 64

4.3.2.3. QUAR - Quadro de Avaliação e Responsabilização ... 66

(9)

4.4.1. Análise dos resultados ... 67

4.4.1.1. Entrevistas ... 67

4.4.1.2. Questionários ... 71

4.4.2. Discussão dos Resultados ... 85

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES ... 98

CAPÍTULO VI - SUGESTÕES DE MELHORIA ... 104

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ... 109

ANEXOS Anexo I - Guião da entrevista ... 124

Anexo II - Estrutura do Questionário ... 126

Anexo III - Questionário aplicado aos avaliadores ... 128

Anexo IV - Questionário aplicado aos avaliados ... 133

Anexo V - Entrevistas: quadros-resumo das respostas ... 138

(10)

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Abordagens da avaliação de desempenho. ... 12

Quadro 2 - Contabilização de pontos ... 35

Quadro 3 - Situação profissional e antiguidade dos entrevistados ... 49

Quadro 4 - Respostas dos avaliados ... 95

Quadro 5 - Respostas dos avaliadores ... 96

Quadro 6 – Quadro de análise ... 97

ÍNDICE DE ESQUEMAS Esquema 1 – Sistema de objectivos e resultados em cascata. ... 29

Esquema 2 - Mapa estratégico do IPP . ... 59

Esquema 3 - Modelo do SIG . ... 62

Esquema 4 – Formulação da estratégia do IPP . ... 63

Esquema 5 - Ligação da avaliação estratégica à componente operacional . ... 63

Esquema 6 – Construção do BSC . ... 64

Esquema 7 – Enquadramento estrutural ... 104

Esquema 8 – Pararelo QUAR/BSC I ... 105

Esquema 9 – Pararelo QUAR/BSC II ... 105

Esquema 10 – Divulgação do QUAR ... 105

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 -

Print screen

1 . ... 65

(11)

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Caracterização por serviço ... 71

Gráfico 2 – Caracterização por sexo ... 71

Gráfico 3 – Caracterização por idade. ... 71

Gráfico 4 – Caracterização por habilitações literárias ... 72

Gráfico 5 – Caracterização por carreira ... 72

Gráfico 6 – Caracterização por antiguidade. ... 72

Gráfico 7 – Avaliador/Avaliado no sistema anterior ao SIADAP. ... 73

Gráfico 8 – Preferência quanto ao sistema anterior ao SIADAP. ... 73

Gráfico 9 – Ano que foi avaliador/avaliado pela primeira vez no SIADAP. ... 73

Gráfico 10 – Dificuldade em implementar o SIADAP. ... 74

Gráfico 11 – Operacionalização do SIADAP. ... 75

Gráfico 12 – Planificação de acções de formação prévias à implementação do SIADAP. ... 75

Gráfico 13 – Possuir formação sobre o SIADAP... 75

Gráfico 14 – Necessidade de aquisição de mais competências. ... 75

Gráfico 15 – Diagnóstico de necessidades de formação dos avaliados ... 76

Gráfico 16 – Realização do diagnóstico de necessidades de formação. ... 76

Gráfico 17 – Conhecimento do QUAR. ... 76

Gráfico 18 – Ligação entre o Sistema de Gestão de Qualidade do IPP e o SIADAP. ... 76

Gráfico 19 – Reconhecimento do mérito dos trabalhadores. ... 77

Gráfico 20 – Concordância com o mecanismo de diferenciação de desempenho (quotas) ... 78

Gráfico 21 – Contributo para uma valorização pessoal. ... 78

Gráfico 22 – Sentimento de crescimento pessoal... 79

Gráfico 23 – Acompanhamento dos objectivos e competências. ... 80

Gráfico 24 – Negociação dos objectivos e competências. ... 81

Gráfico 25 – Oportunidade para expor a opinião. ... 81

Gráfico 26 – Justiça do processo de avaliação... 81

Gráfico 27 – Grau de subjectividade. ... 82

Gráfico 28 – Grau de importância. ... 82

Gráfico 29 – Avaliação do processo de avaliação. ... 83

(12)

ÍNDÍCE DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre as opiniões dos avaliadores face à dificuldade de implementar o SIADAP e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo. ... 74 Tabela 2 – Comparação entre as opiniões dos avaliados face à possibilidade de o sistema reconhecer e premiar os trabalhadores de forma adequada e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 77 Tabela 3 – Comparação entre as opiniões dos avaliados que concordam com o mecanismo de diferenciação de desempenho (quotas) e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 78 Tabela 4 – Comparação entre as opiniões dos avaliados que concordam que o processo de Avaliação de Desempenho poderá contribuir para uma valorização profissional e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 79 Tabela 5 – Comparação entre as opiniões dos avaliados que sentiram algum crescimento pessoal após o processo de avaliação e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 79 Tabela 6 – Comparação entre as opiniões dos avaliados relativamente ao acompanhamento dos objectivos e competências entre avaliador e avaliado e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 80 Tabela 7 – Comparação entre as opiniões dos avaliados relativamente ao carácter justo do processo de avaliação e a sua posição relativamente às quatro dimensões de avaliação do mesmo ... 82 Tabela 8 – Comparação entre as opiniões dos avaliadores e dos avaliados relativamente às quatro dimensões (subjectividade, importância, avaliação e satisfação) do SIADAP ... 83

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

The illiterate of the 21st century will not be those who cannot read

and write but those who cannot learn and unlearn

Alvin Toffler(1970: 323)

A presente dissertação foi elaborada no âmbito do curso de Mestrado em Gestão, especialização em Sector Público Administrativo da Universidade de Évora.

Este trabalho de investigação versa sobre a avaliação de desempenho dos trabalhadores da administração pública (AP), nomeadamente o caso de uma instituição do ensino superior politécnico (IESP) e o autor considera-o um importante desafio académico e profissional. Depois de termos adquirido uma ―licença para aprender‖, na área de ―Gestão e Administração Pública‖, de concluirmos uma pós-graduação em ―Sector Público Administrativo‖ era fundamental dar continuidade a esta última formação e tentar completar este ciclo de estudos através do Mestrado na mesma área. A Universidade de Évora permitiu-nos acalentar e concretizar este desejo. Depois de frequentarmos a parte curricular do curso impunha-se escolher um tema para desenvolvermos a nossa investigação. A escolha do tema reflecte o sentimento e a motivação do investigador nas vertentes pessoal, profissional e académica. As razões e motivações que conduziram a esta escolha, ao objecto de estudo e à organização seleccionada prendem-se com o facto de o mestrando ter desempenhado funções de Secretário na Escola Superior de Educação de Portalegre (ESE), desde 01 de Setembro de 2006 até 28 de Dezembro de 2008, ter contribuído, neste período, para a implementação do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP) no serviço referido e considerar que poderá ser bastante útil conhecer e aprofundar melhor o sistema de avaliação de desempenho implementado, neste caso numa IESP.

Na medida em que o investigador foi um elemento de intervenção directa no processo de avaliação, este facto permitiu-lhe acompanhar o desenrolar de todas as fases da avaliação, assim como partilhar as actividades, os interesses e as dificuldades do sistema acoplado à função que desempenhava na organização. Esta observação foi por nós efectuada ao mesmo tempo que participávamos nas actividades da organização em estudo, com a vantagem de ficarmos em melhor posição para a estudar, pois detínhamos os ―conhecimentos e experiências pessoais como auxiliar no processo de compreensão e interpretação do fenómeno estudado‖ (Ludke e André, 1986: 26).

Consideramos que esta investigação poderá ter bastante interesse para a IESP, quer para os seus dirigentes, quer para todos os implicados no processo de avaliação (avaliadores e avaliados). Para além da comunidade educativa da IESP, poderão ter interesse neste trabalho de investigação os restantes dirigentes, avaliadores e avaliados dos organismos da administração directa do Estado e institutos

(14)

públicos, bem como o Instituto Nacional de Administração, a Direcção-Geral de Administração e Emprego Público e eventualmente o Gabinete do Senhor Secretário de Estado da Administração Pública.

Este trabalho tem como propósito estudar o caso específico dos profissionais não docentes em exercício de funções nas unidades orgânicas, serviços centrais e serviços de acção social escolar de uma IESP. Sabemos que nos modelos de classificação de serviço que antecederam o SIADAP era usual considerar que a avaliação do desempenho estava um pouco esvaziada de conteúdo porque não correspondia a uma avaliação correcta e objectivada do trabalho que cada elemento realizava. Esse modelo fundamentava-se mais em critérios de humanização, dum certo paternalismo, centrado no que era acidental e descurava o que era essencial. No entanto, a avaliação do desempenho pressupõe um acompanhamento sistemático através duma avaliação contínua e implica simultaneamente uma correcção adequada e oportuna. Como nem sempre esse acompanhamento era efectuado com rigor, a avaliação reduzia-se simplesmente a um ritual, com periodicidade anual, que normalmente tinha como objectivo o preenchimento de várias fichas com vista ao cumprimento do processo de avaliação.

O SIADAP surge, neste contexto, com o objectivo de ultrapassar a (in)eficiência do processo anterior de classificação, ―assente nos objectivos de qualidade e excelência, liderança e responsabilidade, mérito e qualificação‖ (Secretaria de Estado da Administração Pública, 2004: 3).

A gestão do desempenho é um instrumento fundamental na promoção de uma cultura de mérito, no desenvolvimento dos funcionários e na melhoria da qualidade dos serviços prestados ao cidadão, à sociedade civil, empresas e comunidades.

A problemática da avaliação de desempenho é uma temática actual, que importa analisar convenientemente, porquanto tem sido um enorme desafio para os serviços que a têm implementado, ou que ainda não conseguiram fazê-lo, pelo que merece o interesse e satisfação no desenvolvimento de um estudo com estas características.

Seis anos após a implementação do SIADAP nos diversos serviços da administração pública, particularmente nas IESP, será interessante e útil realizar um ponto de situação, saber como os avaliadores e avaliados estão mobilizados em torno do sistema, e, sobretudo, ―ajuizar sobre a utilização dos recursos, ou seja, dos meios a utilizar para alcançar os resultados‖ (eficiência), bem como ―do alcance dos seus resultados globais‖ (eficácia) (Frade, 2003: 35).

Assim, a avaliação de desempenho como:

 instrumento de gestão de recursos humanos com o objectivo de melhorar os resultados, ajudando os trabalhadores a atingir níveis de desempenho mais elevados;

(15)

 modelo de melhoria na definição das funções, no ajustar a formação às necessidades dos trabalhadores e na valorização das contribuições individuais para a equipa,

é um importante desafio a que as organizações no geral e em particular as do ensino superior politécnico, têm de dar resposta.

Desta forma, pretendemos, através do objectivo geral fixado para o nosso estudo, conhecer e analisar as opiniões e atitudes dos avaliados e avaliadores de uma IESP em relação ao sistema de avaliação implementado.

Os objectivos específicos que desenvolvemos são três: 1. º - Apresentar e caracterizar o SIADAP.

2.º - Conhecer e analisar opiniões e atitudes dos avaliados e avaliadores em relação ao SIADAP quanto às seguintes questões:

 O seu conhecimento e experiência dos sistemas de avaliação (anterior e actual);

 Importância atribuída e dificuldades na aplicação do actual processo de avaliação;

 A sua formação e qualificação associadas ao processo de avaliação;

 Papel da avaliação de desempenho como ferramenta de gestão de recursos humanos, instrumento de apoio à gestão e instrumento na promoção de uma cultura de mérito;

 Sugestões, avaliação e conclusões face ao sistema de avaliação.

3.º - Comparar as respectivas opiniões relativamente a quatro dimensões de avaliação: subjectividade, importância, avaliação e satisfação.

Para fazer face aos objectivos acima referidos, pretendeu-se desenvolver um levantamento bibliográfico junto de diferentes fontes documentais, tais como livros, obras de referência, periódicos científicos, teses, artigos, legislação do Diário da República (1ª e 2ª séries), regulamentos, circulares e orientações sobre o tema abordado, sítios da Internet, entre outros. A revisão bibliográfica foi encarada como sendo de importância capital para a prossecução deste trabalho, pela sua forma abrangente e exaustiva. O recurso a estas fontes constituiu-se como uma base de informação, consulta, estudo e pesquisa, na tentativa de facultar-nos o maior número de elementos sobre a temática do objecto de estudo.

De seguida, expomos uma breve síntese dos capítulos que fazem parte da investigação:

No segundo capítulo, o estado da arte, abordámos a avaliação de desempenho no contexto da Gestão dos Recursos Humanos, bem como, a conceptualização e definição de conceitos sobre esta temática.

(16)

Contextualizamos os diversos modelos de avaliação de desempenho e numa perspectiva de comparabilidade dos modelos, apresentámos os pontos de vista e respectivos aspectos críticos.

No terceiro capítulo, é explicitado o desenho metodológico utilizado no presente trabalho.

No capítulo quarto, dedicado ao estudo de caso, fizemos o enquadramento do Ensino Superior Português, caracterizámos e apresentámos o modelo de avaliação do desempenho do IPP e, no âmbito do estudo empírico, procedemos à apresentação da análise e discussão dos resultados da pesquisa. No quinto capítulo procedeu-se às conclusões do estudo e, por último, no capítulo sexto, colocámos um conjunto de sugestões de melhoria do SIADAP-IPP, resultantes da análise teórica realizada e dos dados apurados na análise empírica.

A metodologia para a organização das referências bibliográficas foi deixada ao critério do investigador, pelo que as opções recaíram nas seguintes normas portuguesas:

 Norma portuguesa: NP 405-1 : 1994 : informação e documentação : referências bibliográficas : documentos impressos

Correspondência: Norma ISO 690 (1987), harmonizada; e

 Norma portuguesa : NP 405-4 : 2002 : informação e documentação : referências bibliográficas : parte 4: documentos electrónicos

Correspondência: Norma ISO 690-2 (1997), harmonizada.

Achámos por bem incluir também seis anexos como complemento e melhor entendimento da dissertação.

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CAPÍTULO II – ESTADO DA ARTE: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 2.1. A Avaliação de Desempenho no contexto da Gestão de Recursos Humanos

A tarefa de avaliar desempenhos constitui um aspecto central e uma função essencial da gestão de recursos humanos nas organizações de hoje. Ao avaliar o desempenho e contributo dos seus recursos humanos para o desenvolvimento e a consecução dos seus objectivos, a organização obtém informação que lhe permite tomar decisões. Se os desempenhos são inferiores aos esperados, dever-se-ão desenvolver acções correctivas; se o desempenho é satisfatório ou se excede as expectativas, dever-se-ão estimular, premiar e valorizar os seus actores.

É unânime referir que a avaliação de desempenho deve ser fundamentada num conjunto de princípios básicos e objectivos que permitam orientar o seu desenvolvimento, a saber:

 Princípios

 A avaliação de desempenho deve estar fortemente associada ao desenvolvimento das pessoas numa organização;

 Devem definir-se claramente os objectivos do processo de avaliação;

 A implementação do sistema requer o compromisso, envolvimento e participação activa de todos os intervenientes — do topo à base, implicando todos os colaboradores;

 O processo de avaliação implica um processo de comunicação, de abertura, de orientação para a melhoria.

 Objectivos:

 Elemento essencial para determinar os aspectos positivos e negativos, qualidades pessoais, comportamento e rendimento dos trabalhadores;

 Não tem a ver com o carácter da pessoa, mas com a sua adequação ao exercício da função (não se avaliam os indivíduos enquanto pessoas, mas sim o seu desempenho na função que exercem);

 Fornecer dados mais objectivos para a política salarial;

 Controlar o grau de correspondência entre o indivíduo e as suas obrigações;

 Encontrar um critério objectivo para basear as promoções e provimento de novas funções;

 Formular indicações precisas para o levantamento das necessidades de formação;

 Verificar a eficácia da formação realizada;

 Confirmar, a prazo, a qualidade do recrutamento e selecção dos colaboradores;

 Melhorar o clima organizacional (transmitindo aos trabalhadores o modo objectivo como são avaliados);

 Estimular o trabalhador a superar-se para conseguir uma classificação cada vez mais alta;

(18)

Dos objectivos expostos, resulta que uma política sistemática de Avaliação de Desempenho dos trabalhadores reforçará o que podemos chamar de Cultura do Desempenho, que consiste em premiar os que têm mérito no trabalho desenvolvido e que, com maior eficiência e eficácia, contribuem para a concretização dos objectivos da empresa.

A Avaliação de Desempenho destina-se também:

 A projectar o desenvolvimento do trabalhador para o futuro, pelo que uma organização se desenvolve na medida em que os trabalhadores também se desenvolvem;

 À valorização individual e melhoria da eficácia profissional permitindo a cada trabalhador, conhecer o juízo que os seus superiores hierárquicos formulam quanto ao desempenho das suas funções;

 A contribuir para o diagnóstico das situações de trabalho com vista ao estabelecimento de medidas tendentes à sua correcção e transformação.

Por muito que se queira ser objectivo, a avaliação de pessoas é tarefa complicada, e debatemo-nos sempre com algum peso de subjectividade. Neste sentido, os processos de avaliação de desempenho — não atingindo os resultados a que se propõem — geram frequentes insatisfações, conflitos, mal-entendidos, erros na utilização das técnicas e dos instrumentos, problemas de aplicação dos normativos. Face ao seu inevitável grau de subjectividade o processo de avaliação de desempenho é passível de alimentar algumas injustiças e incorrecções.

O ser humano tem uma capacidade de mudança e de adaptação/desadaptação às funções que as máquinas não têm. Como as pessoas são cada vez mais imprevisíveis, teremos de estabelecer cada vez mais meios e instrumentos para monitorizar e acompanhar o processo de avaliação ao longo do ano. Se, porventura, uma organização não tivesse implementado um modelo de avaliação instituído, as chefias e os trabalhadores certamente que não deixariam de se avaliar consciente ou inconscientemente. Normalmente as pessoas realizam avaliações mútuas espontâneas respeitantes às características e qualidades de cada um, e também dos atributos das tarefas profissionais que desenvolvem.

No contexto organizacional a avaliação de desempenho é hoje obrigatória e necessária, e assume uma importância capital na dinamização e promoção da melhoria do desempenho das pessoas e consequentemente do sucesso organizacional.

(19)

2.2. Conceptualização da Avaliação de desempenho

O conceito de avaliação de desempenho admite interpretações e perspectivas várias. Carvalho (1998: 191) defende que:

a avaliação pode entender-se como um processo contínuo, sistemático e estruturado de análise dos recursos utilizados e dos resultados obtidos que, tendo sempre presente os objectivos fixados e utilizando critérios objectivos, deverá contribuir para a efectivação das mudanças e ou

correcções adequadas, tendo em conta as insuficiências detectadas.

Este autor é de opinião que associado a qualquer processo de avaliação deverá estar presente, para além da comparação entre os fins determinados, os meios usados e os resultados alcançados, ―a identificação dos pontos críticos (fortes e fracos) e das mudanças ou acções a empreender‖ (Id., Ibid.).

Refere ainda que o processo de avaliação serve também para conhecer os desvios entre o que se espera e aquilo que se obtém, identificando-se os motivos dessas variações e apresentando-se propostas de recomendações e sugestões de correcção e melhoria.

Salienta ainda a necessária transparência e rigor, as quais concedem ao processo de avaliação uma singularidade e complexidade acrescidas.

Chiavenato (1999: 189) preconiza que:

a avaliação do desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa em função das actividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. É um processo que serve para estimar ou julgar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa.

Muito em concreto a avaliação de desempenho afigura-se como um poderoso instrumento para regularizar problemáticas de desempenho e melhorar a qualidade no trabalho dos trabalhadores, bem como da vida nas organizações.

Na óptica de Bilhim (2003: 77), a avaliação do desempenho é considerada um ―processo de identificação, medida e gestão do nível de realização dos membros de uma dada organização.‖ Por ―identificação‖ refere a determinação das áreas de trabalho a que os dirigentes deverão atender quando se avalia. Tendo em vista a racionalidade do processo, a identificação exige um sistema de medida assente na análise de funções. Por ―medida‖ entende a produção de avaliações sobre a realização do colaborador, em termos de ter sido boa ou má. As escalas de medida devem ser apropriadas para permitir a comparação entre pessoal, serviços e grupos profissionais.

Quanto à ―gestão‖, defende que a avaliação não deve ser apenas uma medida da realização passada sobre o trabalho desenvolvido pelo colaborador, mas deve sobretudo estar voltada para o futuro, identificando o que os trabalhadores têm de fazer para atingir o máximo do seu potencial.

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Almeida (1996: 15) encara a avaliação como um ―processo pelo qual uma organização mede a eficiência e eficácia dos seus colaboradores.‖ Acresce que ―serve como uma ferramenta de auditoria e controlo da contribuição para os objectivos e/ou resultados dos participantes organizacionais‖.

Reconhece que o processo é muito difícil de implementar e operacionalizar, devido aos seguintes motivos:

 Diversidade de objectivos – avaliação dos processos de recrutamento e selecção de pessoal, potencial de liderança, eficácia da formação e decisões relativas a prémios;

 Pluralidade de factores (ambientais, organizacionais e individuais) que o influenciam;

 Questões éticas e emocionais que podem surgir, com repercussões no futuro e carreira das pessoas.

Fernandes e Caetano (2000: 360), conceberam a avaliação de desempenho como ―um sistema formal e sistemático que permite apreciar o trabalho desenvolvido pelos colaboradores de uma organização‖. Neste contexto, estes autores defendem a integração de três componentes principais: objectivos, instrumentos e procedimentos.

No que se refere aos objectivos identificam três grupos de categorias: desenvolvimento organizacional (por exemplo, rastreio das necessidades de formação), desenvolvimento individual (

feedback

sobre o desempenho) e gestão de recompensas (atribuição de recompensas e salários).

No que toca aos instrumentos, as abordagens assumem várias características em função dos elementos que constituem o desempenho das pessoas no trabalho. Estas abordagens podem ser centradas na personalidade, nomeadamente através das escalas gráficas; centradas nos comportamentos, designadamente através dos métodos dos incidentes críticos e de escolha forçada, sendo estas escalas ancoradas em comportamentos; centradas na comparação de uns indivíduos com outros, com o método da orientação simples, comparação por pares e distribuição forçada e, por último, centradas nos resultados dos comportamentos ou da actividade das pessoas, designadamente do método da gestão por objectivos.

Quanto aos procedimentos, classificam-nos em diferentes âmbitos: da fonte da avaliação, na formação dos intervenientes, no processo de avaliação e no

feedback

dado ao trabalhador sobre o seu desempenho.

Caetano (1996: 86) considera que ―a avaliação pode ser utilizada para fundamentar decisões, sobre promoções, remunerações, etc., e/ou para melhorar o desempenho do avaliado, através de sessões de

feedback

e de programas de formação‖.

Marques (2001) no prefácio que redigiu à obra de Maddux mencionou que a prática da avaliação de desempenho constitui um dos aspectos mais importantes na gestão das pessoas nas organizações, porque

(21)

permite ―trabalhar com objectivos, detectar potencial e promover o seu auto-desenvolvimento, prever necessidades de formação e assumir, por parte da empresa, o grau de reconhecimento devido a cada trabalhador‖. Acrescentou ainda, a propósito dos métodos utilizados, que os resultados alcançados ―ficam quase sempre aquém das expectativas, constituindo na maioria dos casos uma fonte de conflitos‖ (Idem).

Rato (2004) considera a avaliação do desempenho:

como um factor chave na estratégia de reforma e de modernização da AP. A implementação da avaliação do desempenho pressupõe […] que a gestão dos serviços públicos esteja orientada para os resultados, assim como a aceitação de um projecto de vida consentâneo com a necessidade de aprendizagem e formação permanente, por parte de chefias e funcionários. […] para ser eficaz, a avaliação de desempenho deve recorrer a metodologias transparentes, objectivas e adequadas à mensuração do desempenho em função de metas pré-definidas e dos resultados obtidos. Finalmente, a avaliação deve ser eficiente, isto é, os custos da avaliação devem ser inferiores aos benefícios esperados. Contudo, para se lograr atingir os objectivos políticos da avaliação do desempenho é necessário promover uma cultura de avaliação.

Szilagyi, Jr. e Wallace, Jr. (1990: 517), no âmbito da abordagem efectuada na obra

Organizational

behavior and performance,

concluem que a ―Performance appraisal and evaluation, then, is a strategic

process that can be used as a tool. It is a process by which performance is managed and directed toward specific individual, group, and organizational goals‖.

2.3. Modelos de Avaliação de Desempenho 2.3.1. Enquadramento histórico

As práticas de Avaliação de Desempenho não são novas, têm acompanhadoo Homem desde sempre. A Bíbliacontém o seguinte conselho dado a Moisés pelo seu sogro, quanto à organização do Êxodo (Ex 18, 17- 18, 21-22):

Não estás a proceder bem. Acabarás, certamente, por ficar extenuado e levarás também ao esgotamento o povo que está contigo, porque a tarefa é demasiado pesada para ti e não podes suportá-la sozinho. […] Escolhe, porém, entre todo o povo, homens idóneos, tementes a Deus, homens íntegros, inimigos da avareza, e coloca-os como chefes de milhares, chefes de centenas, chefes de cinquenta e dez homens. Que eles julguem o povo em todo o tempo. […].

Na expressão ―não estás a proceder bem‖ verifica-se que Jetro julgava o comportamento de Moisés, isto é, avaliava-o. E, quando diz: ―Escolhe, porém, entre todo o povo, homens idóneos‖ podemos compreender que Jetro procurava estabelecer uma comparação entre os homens com o intuito de permitir a Moisés seleccionar aqueles que estavam em consonância com as especificações desejadas.

(22)

No decorrer dos tempos inúmeras reflexões têm surgido em torno da importância da avaliação de desempenho. Contudo, as investigações sobre a avaliação do desempenho das pessoas somente surgiram após a Segunda Guerra Mundial através de uma grande divulgação nas empresas. Chiavenato (1992) refere que em 1880, o exército americano desenvolveu o seu sistema de avaliação e em 1918 a

General

Motors

, aplicou sistemas formais para avaliar os seus executivos. Durante um largo período de tempo houve uma grande preocupação com o desempenho da máquina, como mecanismo viável para aumentar a produtividade da empresa. As máquinas foram evoluindo ao longo dos anos, de uma forma rudimentar para equipamentos com uma tecnologia mais elaborada. A qualidade da mão-de-obra acompanhou a evolução da máquina, pois no início a qualificação dos trabalhadores era deficitária, as tarefas simplificadas e os métodos de trabalho foram sendo aperfeiçoados. Surge então a organização científica do trabalho, através da Escola da Administração Científica, com ênfase nas tarefas dos

trabalhadores. Esta Escola perfilhou uma vertente mecanicista das organizações, concebendo-as como

ferramentas delineadas para atingir objectivos, tendo em vista aumentar a eficiência através de regras e procedimentos com uma tentativa de perspectiva científica e universal. Esta escola teve como protagonista o engenheiro americano Frederick W. Taylor, cujo objectivo preconizado era assegurar o máximo de prosperidade ao empregador e ao trabalhador. Este deve receber o que ele mais deseja - altos salários - e o que aquele mais pretende - baixo custo de produção. ―Com a análise do trabalho e o estudo de tempos e movimentos se procurava a melhor maneira (

the best way

) de se executar uma tarefa e elevar a eficiência do operário‖ (Chiavenato, 1983: 44).

Com a chegada da Escola das Relações Humanas alterou-se a forma de ver o trabalhador e os resultados por ele conseguidos, pois os aspectos colocados anteriormente em relação à máquina passam a ser colocados agora em relação ao homem. Com esta abordagem humanística, procura-se aliar e conciliar as duas funções capitais da organização industrial: a função económica, através da produção de bens e serviços para assegurar a estabilidade externa e a função social, fomentando a satisfação dos trabalhadores, visando a estabilidade interna.

Com a Teoria Comportamental (Behaviorista) da Administração, McGregor evidenciou a teoria do gestor sobre a natureza humana e a sua relação com a motivação dos trabalhadores (apud Teixeira, 1998).

McGregor (1957):

considera que os principais objectivos que levam as organizações a implementar um sistema de avaliação de desempenho se prendem com a satisfação de três necessidades, sendo uma da organização e duas do indivíduo. Ao nível da organização, a avaliação de desempenho ajuda as decisões administrativas ligadas às transferências, às remunerações, etc. Ao nível do indivíduo, permite que o avaliado conheça a apreciação que é feita acerca do seu desempenho e permite ao avaliador aconselhar o colaborador no seu percurso profissional‖ (apud Fernandes e Caetano, 2000: 360).

(23)

Neste sentido, Jacobs

et al

. (Id.,

ibid

.) aludiram que a avaliação de desempenho permite: apoiar as decisões inerentes aos procedimentos disciplinares; prestar

feedback;

desenvolver o colaborador; funcionar como critério para as promoções, para a selecção, a formação e a supervisão, assim como para um diagnóstico e desenvolvimento da organização.

As restrições dos métodos tradicionais de avaliação conduziram as organizações na procura de novas soluções. Esta necessidade fomentou o aparecimento de novos métodos de avaliação caracterizados por processos de auto-avaliação e maior participação do colaborador na sua avaliação, visando a melhoria contínua do seu desempenho.

As organizações tendem a substituir a sua estrutura orgânica tradicional pela organização por processos ou por equipas funcionais, recorrendo a metodologias de medição do desempenho organizacional. Os colaboradores participam cada vez mais nos resultados das organizações, exigindo um sistema de indicadores e metas que permitam um processo de avaliação objectivo entre as partes.

Nos anos 80 a avaliação de desempenho assumiu um novo fôlego com o novo paradigma da gestão das organizações, nomeadamente as do sector público, no âmbito da Nova Gestão Pública. Actualmente, grande parte dos métodos e instrumentos utilizados nas organizações, têm como base a gestão e avaliação por objectivos.

Assim, a avaliação de desempenho adquiriu distintas perspectivas ao longo do seu percurso histórico. Os novos modelos de avaliação praticados nas organizações têm em vista a adaptação à sua cultura e realidade sendo orientados para a gestão do desempenho em detrimento da sua mera avaliação.

2.3.2. Métodos e instrumentos de Avaliação de Desempenho

Para avaliar o desempenho humano encontramos uma diversidade de métodos. Segundo Caetano (1996), ―a história da avaliação do desempenho tem uma ligação muito forte com o tipo de métodos ou instrumentos que foram criados desde o início do século XX‖ (Id.: 362). No processo de avaliação de desempenho de grande parte das organizações encontramos três componentes: objectivos, instrumentos e procedimentos.

Não podemos afirmar que os métodos são totalmente perfeitos, cada um apresenta vantagens e desvantagens, pontos fortes e fracos, aspectos positivos e negativos.

(24)

O mesmo autor alude às seguintes abordagens da avaliação de desempenho:

Quadro 1 - Abordagens da avaliação de desempenho.

Abordagens Instrumentos de avaliação

Centrada na personalidade Escalas ancoradas em traços

Centradas nos comportamentos Incidentes críticos

Escalas de escolha forçada

Escalas ancoradas em comportamentos Escalas de padrão misto

Escalas de observação comportamental Listas de verificação

Centradas na comparação com outros Ordenação simples Comparação por pares Distribuição forçada

Centrada nos resultados Padrões de desempenho

Gestão por objectivos

Fonte: adaptado de Morhman et al. 1989 (apud Fernandes e Caetano, 2000)

Apresentamos de seguida alguns dos métodos utilizados para avaliar o desempenho das organizações e trabalhadores:

A

abordagem centrada na personalidade

é normalmente representada pelas escalas ancoradas em traços

de personalidade ou escalas gráficas. Este instrumento é bastante utilizado e extremamente simples de preencher. Normalmente as organizações não veem necessidade de promover formação aos avaliadores, limitando-se apenas a construir um manual de instruções como documento orientador do processo. Este método utiliza um formulário de duas entradas, no qual as linhas, em sentido horizontal, representam os factores de avaliação de desempenho; enquanto as colunas, em sentido vertical, representam os graus de variação daqueles factores. Assim, o avaliador apenas preenche na escala o nível que melhor descreva o desempenho do avaliado.

A

abordagem centrada nos comportamentos

apresenta vários instrumentos, relativamente

diversificados, que têm em comum o comportamento dos trabalhadores em detrimento dos traços de personalidade. Abaixo apresentamos os instrumentos referentes a esta abordagem:

 Incidentes Críticos – Esta técnica não se preocupa com o desempenho normal do avaliado, consiste na anotação, por parte do avaliador, de características extremas (incidentes críticos) que representam desempenhos muito bons ou muito maus com relevância para a função do avaliado. Estes registos de ocorrências observados visam a discussão entre o avaliador e o avaliado no final do período de avaliação, de modo a indicar quais os comportamentos que o colaborador deve prosseguir e desenvolver e quais os que deve excluir ou corrigir.

(25)

 Escalas de escolha forçada - esta técnica avalia o desempenho dos trabalhadores através de frases descritivas. O avaliador deve escolher metade dos itens (alguns formatos utilizam duas descrições positivas e duas negativas no mesmo bloco) que melhor transcrevam o desempenho do avaliado.

 Escalas ancoradas em comportamentos – o processo inovador destas escalas prende-se com o conteúdo e com o processo de construção das mesmas. Esta técnica visa que a avaliação incida sobre comportamentos específicos e observáveis dos avaliados permitindo uma comparação de acordo com a escala. Obriga a uma participação activa dos avaliadores tendo em vista a uniformidade de critérios que permitam a fidelidade nas avaliações. Nestas escalas existem vários graus de comportamento que se espera do avaliado e cada descrição é considerada como uma âncora, na qual o avaliador deve escolher aquela que melhor se adeque ao desempenho do avaliado.

 Escalas de padrão misto – caracterizam-se por apresentarem três exemplos comportamentais específicos e revelam três níveis distintos de desempenho: um descreve um desempenho acima da média, outro descreve um desempenho médio e o terceiro um desempenho inferior à média. Esta técnica preconiza que o avaliador deve responder às três questões de cada dimensão, assinalando se o comportamento do avaliado é melhor, igual ou pior ao descrito.

 Escalas de observação comportamental – Nestas escalas, os avaliadores devem verificar, numa escala de 5 pontos, mediante a sua observação, a frequência com que cada avaliado manifesta o comportamento descrito. Os dados são sujeitos a análise estatística com a finalidade de reconhecer os comportamentos que diferenciam os trabalhadores eficazes dos ineficazes.

 Listas de verificação – baseiam-se em listas de comportamentos ou de traços que os avaliadores são obrigados a rever, assinalando os que, em sua opinião, se aplicam aos avaliados.

A abordagem centrada na comparação com outros refere que a avaliação deve recair na comparação de uns colaboradores com outros, os quais têm uma actividade complementar ou concorrem entre si. Face ao tipo de comparação realizada, teremos as seguintes técnicas:

 Ordenação simples – o avaliador classifica os avaliados, com a mesma categoria ou grupos profissionais similares, hierarquizando-os numa sequência de desempenho, ou seja, do melhor para o pior. Esta ordenação pode ser efectivada com base no desempenho global do avaliado ou através de parâmetros previamente definidos.

 Comparação por pares – técnica pela qual são constituídos os pares possíveis entre os trabalhadores, de modo a garantir que cada colaborador seja comparado com os restantes, porém, com um de cada vez. O avaliador decide quem é o melhor em cada par e constrói uma lista hierarquizada com os respectivos nomes dos avaliados, identificando o trabalhador que foi escolhido mais vezes como o melhor.

 Distribuição forçada - instrumento utilizado para comparar os colaboradores, uns com os outros, tendo em vista a ordenação de grupos de trabalhadores com níveis de desempenho semelhantes. Os graus de desempenho, antecipadamente estabelecidos, podem ser, por exemplo,

(26)

excelente, bom, médio, fraco, inaceitável ou outros mais. As pessoas são classificados através de uma escala, tendo como base uma percentagem ou quotas atribuídas a cada grau de desempenho. A aplicação desta técnica enquadra-se nas estratégias de gestão de recursos humanos, nomeadamente com a componente da recompensa.

A abordagem centrada nos resultados tem como critério de análise os resultados do desempenho do avaliado em detrimento dos comportamentos. Este instrumento permite que o avaliador desenvolva com o avaliado um trabalho conjunto na definição de objectivos ou padrões de desempenho e estabeleça o confronto destes com os resultados obtidos durante um determinado período de tempo.

 Padrões de desempenho – com esta técnica, os resultados do trabalho desenvolvido podem ser comparados com o desempenho obtido em períodos anteriores do colaborador em apreço, ou de outros trabalhadores com categorias semelhantes através de um padrão de desempenho previamente fixado e compatível com dado lugar. Desta comparação entre os padrões pré-definidos e os resultados do trabalho das pessoas, presta-se atenção aos desvios que aconteceram e perspectivam-se medidas de correcção a aplicar no futuro, como por exemplo, promoção de formação específica numa dada área.

 Gestão por objectivos – este instrumento tem como base os resultados do desempenho do avaliado e compara-os com os objectivos anteriormente fixados. Para além dos objectivos da pessoa, são relevantes para o processo de avaliação os objectivos organizacionais e departamentais. Wallace, Jr. (apud Almeida, 1996) preconiza que o desempenho pode ser avaliado pelos seguintes níveis:

 resultados globais – prendem-se com os indicadores de eficácia e eficiência da organização, avaliada na sua globalidade;

 resultados sectoriais – incidem no desempenho das diversas unidades funcionais e operacionais da organização;

 resultados e comportamentos individuais – recaiem no produto final, forma de estar e desempenhar uma dada função.

No âmbito da organização, a avaliação de desempenho responde a necessidades globais e sectoriais para apreciar e julgar o nível de adaptação dos trabalhadores às suas funções, assim como a qualidade das estruturas da organização. Ao nível individual, os trabalhadores têm necessidade de se avaliar dentro do contexto do seu trabalho e de medir a sua própria eficácia.

Chiavenato (1999) refere a importância da negociação dos objectivos para que haja comprometimento consubstanciado num contrato de desempenho. Este contrato determina as expectativas e os compromissos para dado período de tempo respeitante às metas e objectivos a alcançar.

(27)

2.4. Modelo de Avaliação de Desempenho na Administração Pública

2.4.1. Resenha histórica da Avaliação de Desempenho na Administração Pública

Foi em 1979, através do Decreto-Lei (DL) n.º 191-C de 25 de Junho, que se estabeleceu pela primeira vez o modelo de classificação de serviço, no âmbito da definição dos princípios gerais da estruturação de carreiras da AP. O artigo 4º deste diploma estatuiu queo sistema de classificação de serviço era objecto de decreto regulamentar (DR) a publicar no prazo de cento e oitenta dias.

Esta regulamentação aconteceu com a publicação do DR nº 57/80 de 10 de Outubro, o qual institui a classificação de serviço a título experimental e com carácter provisório, por força do artigo 23º da citada legislação.

No ano de 1981 é publicado o Despacho Normativo nº 128/81 de 18 de Março que pretende resolver algumas dificuldades de aplicação do sistema de classificação de serviço na AP.

Em 1983, o regime de classificação de serviço na função pública é revisto pelo DR nº 44-B/83 de 01 de Junho. Este diploma revogou o DR nº 57/80 de 10 de Outubro e introduziu algumas inovações tendo em vista uma melhor satisfação dos objectivos pretendidos, regulando aspectos processuais omissos ou permitindo um maior grau de flexibilização na adaptação às realidades específicas de cada serviço. De acordo com o preâmbulo do diploma, no que concerne aos métodos de notação, adopta novos modelos de fichas com a perspectiva de trazer apreciáveis melhorias ao sistema.

Os modelos de fichas de notação são aprovados no mesmo dia (1 de Junho) em que foi publicado o regulamento da classificação de serviço na função pública, através da portaria nº 642-A/83.

O regulamento instituído concebeu no seu artigo 3º as finalidades da classificação que visavam:

 A avaliação profissional do funcionário ou agente, tendo em atenção os conhecimentos e qualidades de que fez prova no exercício das suas funções;

 A valorização individual e a melhoria da eficácia profissional, permitindo a cada funcionário ou agente conhecer o juízo que os seus superiores hierárquicos formulam quanto ao desempenho das suas funções;

 Contribuir para o diagnóstico das situações de trabalho com vista ao estabelecimento de medidas tendentes à sua correcção e transformação;

(28)

Este sistema estabeleceu a avaliação analítica, a qual constitui, segundo o

Manual para a Classificação de

Serviço na Função Pública

(Ministério da Reforma Administrativa, 1983: 14):

uma das formas de avaliação em que é apreciado um conjunto de factores que visam traduzir quer a capacidade quer o comportamento do avaliado perante o trabalho. O método de notação, por seu lado, implica que cada um dos factores escolhidos seja hierarquizado num certo número de graus, correspondendo a cada um deles um determinado valor numérico (nota),

valor este que será seleccionado, caso a caso, pelo notador, de acordo com a maior ou menor proximidade ou correspondência (do factor em apreço), relativamente ao funcionário que é objecto de avaliação. O método conhecido por "descrição adjectiva" difere da ―notação" pelo facto de a cada um dos graus não ser atribuído um valor numérico mas uma determinada qualificação: "muito bom", "bom", "insatisfatório". Assim, na ficha destinada à avaliação inicial, a atribuição, por exemplo de "A", significa que o notador considera o avaliado merecedor da menção de "Muito Bom" no respectivo factor - cfr. artigo 9º, nº 3, do Decreto-Regulamentar nº 44-B/83.

O método de classificação adoptado foi o das escalas gráficas, tendo como parâmetros de avaliação a qualidade do trabalho, a quantidade do trabalho, os conhecimentos profissionais, a adaptação e o aperfeiçoamento profissionais, a iniciativa, a criatividade, a responsabilidade, as relações humanas no trabalho e o espírito de equipa. As funções de chefia e coordenação tinham o parâmetro da capacidade de dirigir. A classificação de serviço era obtida pela tradução das pontuações, de acordo com os determinados intervalos de valores, situando-se entre o não satisfatório (2 e 3 valores) e o Muito Bom (9 e 10 valores).

Na perspectiva de Almeida apud Tourais (2008: 10):

este método estrutura de forma detalhada as principais dimensões do desempenho. Para cada tarefa descrevem-se as dimensões subjacentes ao desempenho (ex: iniciativa; responsabilidade; dedicação; qualidade; conformidade; capacidade de gestão; criatividade; etc.) e define-se o grau com que o funcionário a possui. Os diferentes graus poderão ser previamente descritos para tornar o método mais adequado e facilitar a tarefa do avaliador. Este método utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas representam as dimensões de avaliação de desempenho; enquanto as colunas representam os graus de variação das mesmas. Para obter o resultado final é necessário atribuir pontos a cada um dos graus dos vários factores ou dimensões, ponderá-los de acordo com o grau de importância para cada uma das funções em avaliação e fazer o somatório. O resultado será o valor em pontos do avaliado.

Em 1985 foi publicado o DL n.º 248, de 15 de Julho, o qual revogou o DL n.º 191-C/79 e estabeleceu um novo regime geral de estruturação das carreiras da função pública.

O artº 11º deste diploma estatuía, como princípio geral, que aos funcionários e agentes será atribuída uma classificação de serviço respeitante aos períodos determinados pela lei e deverá contribuir para um melhor aproveitamento dos recursos humanos, de molde a optimizar os resultados dos serviços e a propiciar o desenvolvimento da carreira profissional dos funcionários. Através do artº 42º foi

(29)

estabelecida a revisão do actual sistema de classificação de serviço, mediante DR, visando a sua simplificação e um maior grau de objectividade. No entanto, manteve-se em vigor o sistema de classificação de serviço vigente. Um aspecto importante prende-se com a previsão da fixação de quotas para a menção ou nota máximas a atribuir ficando dependente da revisão do sistema de classificação de serviço.

Com o decorrer de alguns anos de aplicação deste sistema consolidou-se a ideia de que era necessário mudar o modelo de avaliação. O responsável pela pasta da reforma do Estado e da AP no XIV Governo Constitucional (1999-2002), Alberto Martins, dizia na altura que o modelo de avaliação não tinha credibilidade, estava obsoleto e tinha de ser mudado (apud Vieira, 29 Nov. 2001). O Governo da altura queria introduzir métodos credíveis de avaliação de desempenho e advogava que não existia uma cultura de avaliação na AP e que a solução passava por uma reforma profunda que vinha sendo adiada, pelo menos desde as negociações do acordo salarial de 1996, ano em que foi negociado com os sindicatos, porém houve entendimento. A filosofia do ministro quanto à avaliação era de que a avaliação não deveria ser um mero ritual, mas antes um instrumento de estímulo do mérito.

Através da Lei nº 107-A/2003, de 31 de Dezembro, foram aprovadas as Grandes Opções do Plano para 2004. A Reforma da AP que tinha sido apresentada em Junho tinha como objectivo transformar progressivamente a AP numa estrutura com qualidade em condições de gerar competitividade. Uma das ideias essenciais da reforma reside na gestão dos serviços por objectivos e na criação de um Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho. De referir que a Resolução do Conselho de Ministros n.º 95/2003, de 30 de Julho já tinha aprovado as linhas de orientação da reforma da AP, contemplando vários objectivos gerais, entre os quais, a introdução de uma nova ideia de avaliação dos desempenhos (serviços e funcionários).

2.4.2. SIADAP

2.4.2.1. Primeira versão

No âmbito da reforma da AP do XV Governo Constitucional, surge em 2004 um novo modelo de avaliação, designado por Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública (SIADAP), através da Lei nº 10 de 22 de Março.

Tinha sido referido nas Grandes Opções do Plano para 2004 que um dos aspectos mais sensíveis da reforma da AP é o que se liga com a instituição de mecanismos credíveis de avaliação, quer do desempenho individual dos funcionários e dirigentes, quer do desempenho global dos serviços. Desenha-se assim um sistema coerente e integrado para a avaliação do desempenho, conforme está explanado na Resolução do Conselho de Ministros nº 53/2004 de 21 de Abril.

A regulamentação do SIADAP aconteceu com o DR nº 19-A/2004 de 14 de Maio, tendo em vista a criação dos mecanismos indispensáveis à aplicação do novo sistema de avaliação do desempenho.

(30)

A Secretária de Estado da Administração Pública, Suzana Toscano, apresentou o novo sistema de avaliação de desempenho referindo que ―a avaliação do desempenho é um instrumento de apoio à gestão e um factor de mobilização em torno da missão dos serviços e organismos e por isso deve ser visto como um estímulo ao desenvolvimento das pessoas e à melhoria da qualidade dos serviços

(2004: 2)

.

Segundo Bilhim (2003), os princípios que presidiram à concepção do SIADAP tiveram origem no modelo da Nova Gestão Pública, cuja filosofia consistia na aproximação da AP do espírito, cultura e postura da administração privada. A filosofia deste novo modelo representa um novo aspecto a observar na AP, através do qual surge a máxima «Menos Estado, melhor Estado». Este pensamento tem acompanhado os responsáveis dos governos em Portugal e em todo o Mundo, atente-se como exemplo na afirmação do Primeiro-Ministro Durão Barroso (24 Jun. 2003) aquando da apresentação das linhas de orientação para a Reforma da AP, quando afirmou que ―Temos que ter menos Estado para podermos ter melhor Estado‖.

Madureira e Rodrigues (2007) acrescenta que no âmbito deste novo modelo propõe-se também a descentralização, a desregulação e a delegação de competências como medidas concretas para a eficiência da AP.

Neste sentido, é encarado como um novo paradigma da gestão dos serviços da função pública, porquanto os serviços possuem uma visão diferente, orientando-se para os resultados em detrimento dos processos.

Na perspectiva de Neves (2002), a avaliação não deve conter muitos elementos e análises para não tornar o processo burocratizado, mas antes dinâmico, participado, com métodos e instrumentos de acção úteis, como sejam reuniões, evidências escritas, sistemas de informação de apoio, comunicações formais e indicadores de desempenho.

Na estrutura da legislação aprovada evidencia-se a introdução de novas práticas de gestão e elege-se a gestão por objectivos como a grande matriz da mudança, associando sistematicamente os organismos públicos a objectivos e resultados. Preconiza-se que a definição de objectivos e a avaliação de resultados permitirão valorizar o contributo útil de cada organismo e o interesse público do seu desempenho, envolvendo os dirigentes e funcionários num projecto comum e responsabilizando-os pela optimização dos recursos. Perspectiva-se também que a entrega dos funcionários aos objectivos da instituição e aos valores do serviço público são factores decisivos para um desempenho eficaz da AP em geral.

A instituição de uma lógica de gestão por objectivos foi constituída como um processo através do qual, o superior hierárquico e o seu subordinado, actuam com base numa definição clara das metas e prioridades comuns à organização. Estas são estabelecidas pela gestão de topo, identificando-se em conjunto as principais áreas de responsabilidade do colaborador e da instituição, utilizando-se esta metodologia para dinamizar a actividade do serviço e avaliar as contribuições dos seus trabalhadores, tendo em vista a prossecução dos resultados esperados.

(31)

Nos termos da Lei nº 10/2004 o SIADAP rege-se pelos princípios abaixo indicados:

 Orientação para os resultados, promovendo-se a excelência e a qualidade do serviço. Com base no DL nº 135/99, de 22 de Abril, o princípio de gestão sobre a qualidade determina que os organismos públicos centrem a sua actividade na satisfação das necessidades do cidadão, cuja audição determina melhorias nos métodos e procedimentos. A qualidade tem vindo, gradualmente, a ocupar um lugar de destaque no seio das organizações. A importância da qualidade nos serviços públicos é cada vez maior. Como nos diz Corte-Real (1995: 25) a ―qualidade não é uma moda passageira, é um novo paradigma de gestão‖. A melhoria da qualidade é uma tónica constante e define-se como um ‖conjunto de acções levadas a efeito em toda a organização a fim de aumentar a eficácia e eficiência das actividades e dos processos para proporcionar benefícios acrescidos tanto à organização, como aos seus clientes‖ (Secretariado para a Modernização Administrativa, 1998: 3). A qualidade, para além do que foi referido, assenta num processo contínuo, cuja finalidade é estabelecer uma cultura de excelência, a qual envolve a organização no seu todo e também está direccionada para a satisfação do cliente. Este sentimento ou paixão pela excelência é:

um estado de espírito, uma filosofia, uma cultura, uma maneira mais humana e mais eficaz de estar no mundo do trabalho [atingindo-se] através do empenhamento total do pessoal dirigente, da valorização e dignificação dos funcionários, fazendo formação a todos os níveis e instituindo estruturas participativas que canalizem o potencial de inteligência, criatividade e inovação existente nos funcionários (Veludo, 1997, apud Rua e González Menorca, 2007).

Estes dois conceitoscontribuem sobremaneira para a introdução de uma gestão orientada para os resultados. Araújo (2007), acerca desta temática, refere que desde a década de 80 assistiu-se em Portugal a várias tentativas para introduzir a gestão orientada para os resultados. Da análise da implementação da gestão orientada pelos resultados na Administração Pública portuguesa, iniciada com a introdução dos planos e relatórios de actividade em 1987, mostra que ainda não há uma prática que indicie a generalização da utilização destes instrumentos, porém, com a introdução da gestão por objectivos nos serviços públicos conclui-se que a resistência à mudança, a falta de formação técnica para utilizar estas ferramentas e a ausência de uma cultura tendo como base valores gestionários condicionaram o sucesso destas iniciativas;

 Universalidade, assumindo-se como um sistema transversal a todos os serviços, organismos e grupos de pessoal da AP;

 Responsabilização e desenvolvimento, assumindo-se como um instrumento de orientação, avaliação e desenvolvimento dos dirigentes, trabalhadores e equipas para a obtenção de resultados e demonstração de competências profissionais. Para além da contratualização de objectivos entre avaliadores e avaliados e o consequente cumprimento dos mesmos, este princípio evidencia a caracterização do processo de avaliação, através das suas fases,

(32)

intervenientes, acções e períodos previstos, designadamente a auto-avaliação, a avaliação prévia, a realização da entrevista, a exigência dos avaliadores fundamentarem de uma forma adequada a atribuição das classificações de

Muito Bom

e

Excelente

e, por último, a institucionalização da responsabilização dos dirigentes dos serviços pela aplicação e divulgação do SIADAP;

 Reconhecimento e motivação, garantindo a diferenciação de desempenhos e promovendo uma gestão baseada na valorização das competências e do mérito. A motivação é o resultado da interacção entre o indivíduo e a situação, é a força que inicia, que direcciona e suporta o comportamento individual e as acções individuais. A motivação difere de pessoa para pessoa e não é observável. É, também, a vontade de exercer altos níveis de esforço em direcção a objectivos organizacionais, condicionada pela satisfação de necessidades individuais. O esforço é uma medida de intensidade. Quando alguém está motivado esforça-se mais. No entanto, elevados níveis de esforço nem sempre levam a uma actuação positiva no trabalho, a não ser que o esforço esteja dirigido de forma a beneficiar a organização. Quando estamos a falar de motivação, devemos preocupar-nos em que a mesma abranja todos os elementos da organização, pois, a existência de apenas um elemento desmotivado pode ser suficiente para que a organização não seja bem sucedida. As organizações são compostas por muitos indivíduos diferentes e com opiniões distintas que diferem não só pela sua capacidade mas também pela sua vontade de fazer as coisas, isto é, pela motivação. Significa que a relação entre trabalhador e trabalho é complexa e ultrapassa o campo meramente profissional. Este princípio respeitante ao reconhecimento e motivação, garantindo a diferenciação de desempenhos e promovendo uma gestão baseada na valorização das competências e do mérito, embora não seja um mecanismo inovador tendo em conta que o Decreto-Lei nº 248/85, de 15 de Julho, já contemplava no nº 6 do artº 15º a condição de atribuição de uma classificação de serviço graduada em

Muito Bom

ou equivalente durante 2 anos consecutivos poder reduzir para um ano os períodos legalmente exigidos para promoção, com as excepções referidas no referido artigo, o recurso às designadas ―quotas‖ para diferenciação do mérito, ficaria dependente da revisão do sistema de classificação de serviço, o qual deveria prever a fixação de quotas para a menção ou notas máximas a atribuir, nos termos do nº 3 do artº 42º do supramencionado diploma. A institucionalização de uma cultura de exigência, motivação e de reconhecimento do mérito individual ou de grupo foi consubstanciada através da fixação de percentagens máximas para as classificações de

Muito

Bom

e de

Excelente

, respectivamente de 20% e 5%, por força do artº 9º do DR nº 19-A/2004, bem como da institucionalização de mecanismos de recompensas profissionais para os colaboradores que as venham a obter (Ribeiro, Alves e Matos, 2006);

 Transparência, assente em critérios objectivos, regras claras e amplamente divulgadas. Este princípio traduz-se na vontade do legislador em conferir ao processo de avaliação uma clareza e precisão no estabelecimento de critérios objectivos, contratualizados e assumidos pelas partes envolvidas no processo por forma a evitar a subjectividade, com a obrigatoriedade de divulgação dos resultados globais da avaliação, salvaguardando-se a confidencialidade nominal das avaliações;

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