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A Síndrome de Burnout nos pastores presbiterianos de São Paulo: um estudo de caso

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. WESLEY DOLGHIE. A SÍNDROME DE BURNOUT NOS PASTORES PRESBITERIANOS DE SÃO PAULO UM ESTUDO DE CASO. SÃO PAULO 2018.

(2) WESLEY DOLGHIE. A SÍNDROME DE BURNOUT NOS PASTORES PRESBITERIANOS DE SÃO PAULO UM ESTUDO DE CASO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Ciências da Religião.. ORIENTADOR Prof. Dr. Ricardo Bitun. São Paulo 2018.

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(5) DEDICATÓRIA. Dedico esta dissertação a minha esposa Jaqueline, que sem o seu apoio eu não teria sido motivado a continuar os meus estudos. Aos meus filhos, Henrique e Giovanna, razão da minha alegria, pois os filhos são heranças do Senhor. Quando eu os vejo, penso na responsabilidade que meu Senhor me outorgou por saber que a família é uma dádiva..

(6) AGRADECIMENTOS. A trajetória de uma vida é o resultado de vários fatos, de várias situações, de várias histórias, e todas elas juntas resultam na posição de um indivíduo, que representa a somatória desses fatos. Seriam muitas pessoas que, nesta fase da minha vida eu precisaria agradecer, mas não querendo ser desrespeitoso com todos, gostaria de pedir que se sintam incluídas nos agradecimentos restritos que faço nestas pequenas linhas. Em primeiro lugar, quero agradecer a família Dolghie, na pessoa de minha mãe Idalina, que sempre orou e ainda ora por mim, intercedendo pela minha vida e me consagrando ao ministério em seu ventre – conforme Sl 139; ao meu pai João que está com o Senhor, pois a sua memória é eternizada não somente no meu coração, mas em várias pessoas que conviveram com ele na sua vida ministerial de presbítero e na sua vida corrida de chefe de família, que em tudo se desdobrava para o nosso sustento; aos meus irmãos que da mesma forma que meus pais, são tábuas de esteio para toda a família. A família Ziroldo, de minha esposa, que me adotou como seu membro no momento em que dissemos sim um para o outro, e desde então, tem me apoiado no desenvolvimento de meu ministério. Ao Prof. Dr. Reverendo António Máspoli, que além de ser um querido mestre, tem me acompanhado em uma longa jornada na academia e ministério. Aos Doutores mestres do programa de Pós-Graduação que me incentivaram por esse tempo. A DEUS, criador do universo e de tudo o que nele existe. Sem Ele eu apenas seria eu, com Ele eu não sou apenas eu, sou Ele e eu, porque Cristo vive em mim..

(7) RESUMO. Esta pesquisa teve por objetivo levantar dados para a verificação da existência da Síndrome de Burnout nos pastores presbiterianos da cidade de São Paulo. Constituiu-se em um estudo de caso feito com o levantamento de dois questionários junto aos pastores. Esses questionários foram divididos em duas partes, sendo a primeira um levantamento sociodemográfico e a segunda visa um levantamento de suas funções laborais. A síndrome de Burnout é desenvolvida a partir de questões que envolvem diretamente o tipo e as condições de trabalho do sujeito, ou seja, para entendermos a sua presença nos pastores é preciso estudar o tipo de "atuação profissional" desses atores sociais dentro de suas igrejas. A Igreja Presbiteriana do Brasil é formada por uma federação de Igrejas que têm em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como padrões de culto e de vida doutrinária. Historicamente a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgida no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América. Sua representação burocrática se dá na forma de condução de suas ordens eclesiológicas. Sua constituição atual é datada do ano de 1951, onde o mesmo era suficiente para responder as demandas sociais daquela época e espera-se que o mesmo seja verdadeiro para esse século. Sabe-se que uma das consequências da pós-modernidade é a rápida adaptação na demanda dos profissionais, e isso pode gerar um certo desconforto pelo fato de que muitas vezes, tais adaptações não podem se dar ao luxo de esperar a disposição desses profissionais e via de regra, eles são acometidos pela Burnout que apresenta uma composição de três quadros psicológicos, a saber: Exaustão Emocional, Despersonalização e Falta de envolvimento Pessoal. O resultado dessa pesquisa é de que existe uma parcela de pastores presbiterianos com percentuais de 5% para os casos de possibilidade de desenvolver a Burnout, 55% para os casos em que a Burnout se encontra na fase inicial e de 38% em que a Burnout já começa a se instalar nos pastores. Conclui-se com isso que a classe de pastores não está isenta desta Síndrome. É de mesma importância ressaltar que existe cura para essa Síndrome, basta a procura o mais rápido possível para os profissionais da área psicológica onde pode-se evitar o seu agravamento. Palavra-chave: Burnout. Pastores. Igreja Presbiteriana do Brasil..

(8) ABSTRACT. This research aimed to collect data to verify the existence of Burnout Syndrome in Presbyterian pastors of the city of São Paulo. It was constituted in a case study done with the survey of two questionnaires with the pastors. These questionnaires were divided into two parts, the first being a sociodemographic survey and the second a survey of their work functions. Burnout syndrome is developed from questions that directly involve the type and working conditions of the subject, that is, to understand their presence in pastors it is necessary to study the type of "professional performance" of these social actors within their churches . The Presbyterian Church of Brazil is formed by a federation of Churches that have in common a history, a form of government, a theology, as well as patterns of worship and doctrinal life. Historically IPB belongs to the family of Reformed churches around the world, having emerged in Brazil in 1859, as a result of the missionary work of the Presbyterian Church of the United States of America. Their bureaucratic representation takes place in the form of conducting their ecclesiological orders. Its current constitution dates back to 1951, where it was sufficient to meet the social demands of that time and is expected to be true for this century. It is known that one of the consequences of postmodernity is the rapid adaptation in the demand of the professionals, and this can generate a certain discomfort for the fact that often these adaptations can not afford to wait for the disposition of these professionals and via as a rule, they are affected by Burnout, which presents a. composition. of. three. psychological. frames,. namely:. Emotional. Exhaustion,. Depersonalization and Lack of Personal Involvement. The result of this research is that there is a percentage of Presbyterian pastors with a percentage of 5% for cases of possibility of developing Burnout, 55% for cases where Burnout is in the initial phase and 38% where Burnout already begins to settle in the shepherds. This concludes that the class of shepherds is not exempt from this Syndrome. It is equally important to point out that there is a cure for this Syndrome, it is enough to search as fast as possible for professionals in the psychological area where it can be avoided. Keyword: Burnout. Shepherds. Presbyterian Church of Brazil..

(9) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. GRÁFICO 1 – Distribuição de amostra segundo a faixa etária..................................................41 GRÁFICO 2 – Distribuição de amostra segundo o estado civil..................................................42 GRÁFICO 3 – Distribuição de amostra segundo a presença de filhos.......................................43 GRAFICO 4 – Distribuição de amostra quanto a faixa etária filhos...........................................43 GRÁFICO 5 – Distribuição de amostra segundo o grau de instrução dos pastores....................44 GRÁFICO 6 – Tempo em anos de suas ordenações pastorais....................................................45 GRÁFICO 7- Período de trabalho na igreja atual em anos.........................................................46 GRÁFICO 8 – Período de trabalho na igreja anterior em anos...................................................47 GRÁFICO 9 – Comparação dos pastores que possuem tempo integral ou parcial em suas igrejas........................................................................................................................................49 GRÁFICO 10 – Demonstrativo de pastores que exercem outra atividade remunerada...........49 GRÁFICO 11 - Distribuição de amostra da importância da segunda atividade profissional................................................................................................................................50 GRÁFICO 12 – Distribuição de amostras de esposas de pastores que trabalham fora de casa............................................................................................................................................51 GRÁFICO 13 – Distribuição de amostragem sobre a contribuição financeira das esposas......................................................................................................................................53 GRÁFICO 14 – Distribuição de amostras quanto ao acordo de trabalho com suas igrejas........................................................................................................................................53 GRÁFICO 15 – Distribuição de variável quanto a faixa salarial................................................55 QUESTIONÁRIO AGRUPADO DA TABELA DE MASLACH BURNOUT DIVIDIDO EM SUBGRUPOS EM SEUS 3 COMPONENTES: Exaustão emocional; Despersonalização; Falta de envolvimento pessoal............................................................................................................56.

(10) SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 08 1.. ATIVIDADE PASTORAL NA IPB............................................................................. 16. 1.1. Dados históricos da IPB ............................................................................................... 16. 1.2. O conflito pastoral......................................................................................................... 18. 1.3. O pastor presbiteriano em busca de seu reconhecimento profissional........................... 23. 1.4. O contexto religioso e a sociedade contemporânea....................................................... 28. 2. DADOS HISTÓRICOS DA SÍNDROME DE BURNOUT.................................................. 31 2.1 Diferença entre a Síndrome de Burnout e as doenças da mente.......................................... 35. 3. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA............................................................................ 40 3.1 Aplicação de questionário sociodemográfico ..................................................................... 40 3.2 Aplicação de questionário Preliminar ................................................................................. 56 3.3 Tabulação e resultados do questionário Preliminar............................................................. 57 3.4 Comparação entre os questionários sociodemográficos e preliminar.................................. 59. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 62 5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 65 6. ANEXOS ............................................................................................................................. 68 A 1 ............................................................................................................................................ 68 A 2 ............................................................................................................................................ 69 A 3 ............................................................................................................................................ 70 A 4............................................................................................................................................ 70 A 5............................................................................................................................................ 71 A 6............................................................................................................................................ 71 A 7............................................................................................................................................ 72 A 8............................................................................................................................................ 73 A 9.............................................................................................................................................73 A 10.......................................................................................................................................... 76.

(11) Título - A síndrome de Burnout nos pastores presbiterianos da cidade de São Paulo: Um estudo de caso.. Wesley Dolghie. Introdução. A proposta dessa pesquisa foi a de verificar a presença de indicadores da Síndrome de Burnout nos pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil, na cidade de São Paulo. Essa síndrome é desenvolvida a partir de questões que envolvem diretamente o tipo e as condições de trabalho do sujeito, ou seja, para entendermos a sua presença nos pastores é preciso estudar o tipo de "atuação profissional" desses atores sociais. O ofício de um pastor é o ofício de um sacerdote. O Sacerdote é uma profissão antiga, exercida desde a antiguidade, e ocupa um lugar de destaque em todas as religiões. Ele está presente em religiões variadas, quer ocidentais ou orientais e, de forma bem inicial podemos afirmar que se esse ofício se realiza com uma certa autoridade e liderança sobre os chamados leigos. Os tipos de atuação sacerdotal são tão diversificados quanto as próprias religiões. De forma geral, o poder de um sacerdote depende muito do tipo de instituição religiosa que ele pertence. O sacerdócio foi analisado por Max Weber como um tipo puro de dominação religiosa. Dominação para Weber (2000, p.139) é um tipo de poder exercido de forma legítima pelos que são liderados. Weber cria "tipos puros" de dominação religiosa e entre elas fala do sacerdote. Em sua "tipologia" o autor tenta construir uma definição que seja a mais ampla e universal possível, visto as inúmeras especificações sacerdotais. O autor chega a uma definição que considera ser a mais universal do sacerdócio: Para nossos fins, fazemos mais justiça às diversas e imperfeitas possibilidades de distinção ao tomarmos como característica essencial a adaptação de um círculo especial de pessoas ao exercício regular de culto, vinculado a determinadas normas, a determinados tempos e lugares e que se refere a determinadas associações. Não há sacerdócio sem culto, mas sim culto sem sacerdócio especial... (WEBER, 2000, p.295).

(12) Segundo Weber, portanto, o exercício regular de culto é uma característica mais geral e universal que define a ação e dominação do sacerdote. Se essa característica é a mais universal, existem outras mais pontuais e que vão delineando com mais especificidade o sacerdote. E nesse sentido Weber afirmou também que o sacerdote teria que responder por uma instituição organizada: "Ou então denominam-se sacerdotes os funcionários de uma empresa, permanente, regular e organizada". (2000, p.294). Dentro dessa organização religiosa o que é requerido do sacerdote é: "seu saber específico, sua doutrina fixamente regulada e sua qualificação profissional" (p.294). Dessa forma, inclusive se distingue o sacerdote dos outros tipos de dominação religiosa, como o profeta e o mago. Diante da tipologia de Weber, podemos resumir três características que compõem o exercício sacerdotal que mais interessam a proposta dessa pesquisa: o desempenho de papel à serviço da associação (semelhante ao funcionário e independentemente do tipo de relação associativa), a capacitação de um saber específico correspondente ao conhecimento de uma doutrina fixamente regulada e o ofício de culto regulares, sendo esse último o elemento de distinção mais universal do sacerdócio. Essa tipologia do sacerdócio tem fundamento na própria história das religiões analisada por Weber (2000, p.279-294). Na discussão que faz sobre a institucionalização da religião o autor mostra a tendência de sistematização de doutrinas e fixação de espaços e tempos de culto, ambas tarefas desenvolvidas por um corpo de sacerdotes. Ou seja, a institucionalização de uma crença em uma organização religiosa se dá à medida que um corpo sacerdotal assume a função da manutenção da doutrina e dos serviços de culto. As organizações religiosas, portanto, são instituições sociais que se valem do trabalho do sacerdote para a sua manutenção. Este lida diretamente com os leigos e tenta ajustar suas necessidades e desejos com a doutrina da organização. Essa tarefa passa historicamente por modificações e ajustes e pode ser mais difícil ou mais fácil dependendo de contextos tantos internos quanto externos ao grupo religioso. Weber ao relacionar sacerdócio à organização religiosa nos possibilita assumir que enquanto houver igreja (forma de organização religiosa) haverá sacerdócio. Mesmo no mundo contemporâneo, da alta modernidade, as igrejas, de várias religiões, se mantiveram como instituições sociais e matem doutrinas e ritos a partir da atividade sacerdotal, ou seja, daquela figura que é reconhecida e legitimada pelos leigos como algum tipo de autoridade..

(13) Diante de várias organizações religiosas o sacerdote do qual falamos atua nas igrejas presbiterianas — especificamente na Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), advindas da Reforma Protestante que foram implantadas no Brasil pelos missionários estadunidenses. Na IPB o pastor atua como funcionário da igreja, exerce autoridade pelo seu saber teológico, o que também é exigido dele por outros pastores (e sem o qual não seria ordenado) e é responsável pela liturgia do culto. Sendo o pastor funcionário da igreja, cabe entender o funcionamento da IPB para sabermos a estrutura organizacional dessa denominação protestante. A Constituição da igreja, no capítulo primeiro, artigo 1° assim declara: Art. l °, A igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Constituição de Fé e os Catecismos Maior e Breve; rege-se pela presente Constituição; é pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil, sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de concílios e indivíduos, regularmente instalados. (Cl/IPB 2013, p.8). A IPB é formada por uma federação de Igrejas que têm em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como padrões de culto e de vida doutrinária. Historicamente a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgida no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América. Sua representação burocrática se dá na forma de condução de suas ordens eclesiológicas, onde uma representação local de homens, eleitos pelos membros de uma igreja local, representam um colegiado denominado de conselho, que tem por objetivo reger suas leis e são chamados de presbíteros regentes, pelo pastor chamado de presbítero docente, que é o agente responsável pela liturgia, prédica e operacionalidade dos sacramentos, e acima destes existem a federação de igrejas chamadas de presbitérios, que tem por objetivo normatizar um conglomerados de igrejas, acima dos presbitérios existe um sínodo, que tem por função normatizar um conglomerado de presbitérios, e acima existe o supremo concílio, que engloba a normatização de todas as igrejas nacionais. Cada um desses concílios é formado por representante enviados pelas igrejas, que as representam em seus interesses, e todos esses tramites, desde a reunião de um conselho local, até a reunião do supremo concílio, só existem demandas se essas forem apresentadas via.

(14) documentos devidamente registrados em atas e assinados em seus termos pelos responsáveis dos mesmos. Nada acontece nessa denominação sem que se percorra todo esse processo, que acaba se tornando burocrático e lento em detrimentos das novas demandas contemporâneas. Nessa denominação, como em todo trabalho pastoral, o exercício sacerdotal se faz na mediação entre dois polos: de um lado os leigos e do outro os graus hierárquicos da instituição. Se essa é uma obviedade no trabalho de um pastor presbiteriano, é preciso entender, ao menos de forma geral, como a dinâmica leigo-instituição se dá nas condições atuais dos leigos mediante a estrutura organizacional da denominação. A linha de atuação pastoral na vida de seus fiéis, ou seja, de sua congregação, vai além dos limites exigidos pela própria igreja, porque esta é formada por membros que têm as suas vidas comuns, e que acabam buscando orientações para o seu cotidiano. Em relação aos leigos (membros) podemos verificar que novas questões, inquietações e problemáticas sociais surgiram na contemporaneidade brasileira que mudaram o comportamento e as demandas destes em relação ao papel da igreja e da religião nas suas vidas. Nesse contexto, a tarefa do pastor presbiteriano que lida diretamente com o leigo também se torna ainda mais complexa, ou seja, à medida que a sociedade se torna mais complexa, os membros das igrejas apresentam novos desafios que são colocados para a atuação pastoral. Por outro lado, enquanto os membros tendem a requisitar novas ações do pastorado por conta da rapidez das mudanças sociais, a IPB, no entanto, apresenta um quadro eclesiológico muito fixo e, por vezes, inflexível quanto a determinadas questões estruturais. Diante desse funcionamento institucional e, sendo o pastor aquele que atua na igreja entre esses dois poios igreja e leigo- sua situação tende a ficar mais difícil para equilibrar "forças" que parecem ser opostas: os leigos de um lado, submetidos a toda sorte de variações morais, diluição de valores, rapidez de comunicação, etc, e de outro lado a manutenção de uma estrutura burocrática que, pela própria condição, é mais lenta e fixa. Essa situação que aqui colocamos é o que entendemos ser um contexto geral da IPB atual e de seus pastores e líderes, por conta de um cenário ocidental da sociedade moderna. Para Baumann (citando um dos vários autores que estudam a modernidade) essa situação contemporânea pode ser entendida como uma "modernidade líquida" (2001) e o termo se refere exatamente à diluição dos valores morais, pensamentos e relações afetivas e sociais..

(15) O pastor na ânsia de equilibrar este processo pode adoecer e apresentar disfunções psicológicas e físicas. É nesse sentido que Pérsio Gomes de Deus (2016, p. 113 apud Deus, 2008) referiu o estresse ligado à atividade pastoral, relacionando-o aos seguintes fatores: •. Problemas com instâncias da Igreja (comprometida como organização) por presbíteros. e sínodos, convenção: falta de compreensão e apoio das referidas instancias; Problemas de relacionamento com as igrejas locais; ▪. Uma queixa comum a todos foi a existência de problemas financeiros advindos da baixa. remuneração profissional; •. Problemas conjugais também foram significativos: a tônica das dificuldades de. relacionamentos conjugal se referiu à insatisfação das pessoas pela falta de tempo e consequentemente pela falta de dedicação à família, pois a igreja era priorizada em lugar de esposa e filhos; •. Alguns também apontaram sentimentos de mágoas das esposas em relação ao. tratamento recebido nas igrejas; Mudanças constante de campos de trabalho. Segundo Roseli Kühnrichi de Oliveira (em entrevista para o instituto Jetro1) outro fator que pode causar doenças psicológicas no pastor está na sua má formação acadêmica. A autora considera que os seminários das diversas denominações acabam sendo uma extensão das mesmas, e suas linhas de formação visam a vida do aspirante na atribuição de suas funções pastorais, mas não existem matérias que se preocupam em preparar o aspirante para os possíveis envolvimentos emocionais com os seus fiéis. Essa falta de preparo pode ocasionar transtornos psicológicos. A igreja local, ambiente do trabalho pastoral, é a real situação na qual a formação teórica do novo pastor é posta em prática, e o fato de perceber que sua formação não foi aprofundada para os novos desafios, o levam a momentos de reflexão que podem ser considerados como angústias. Malta, (2014, p. 156), diagnostica angustia como a busca de sentido para resolver os problemas existenciais.. 1. O Instituto Jetro é uma organização interdenominacional sem fins lucrativos que nasceu em maio de 2002 em Londrina – PR a partir do desafio de contribuir com as igrejas nas áreas de gestão ministerial e liderança cristã..

(16) Angústia é um sentimento individual e ao mesmo tempo coletivo, individual porque cada um sente de um jeito, com uma intensidade singular e una, não sei como você sente, mas cada um conhece a sua individualidade, (...). Coletiva porque todos a sentem. O que pode diferir é a intensidade e a sensação, mas mesmo assim, a angustia está presente em todos nós, seres humanos, racionais, emocionais, sentimentais e espirituais. A angústia pode ser compartilhada na intersubjetividade e na intimidade. O mesmo acontece com a busca do sentido da vida, sendo apresentada como individual ou coletiva. Essas situações, quando não resolvidas, podem se transformar em um quadro de desestabilidade na saúde emocional dos pastores. Essa situação emocional debilitada é um quadro que vem acometendo muitos pastores protestantes, conforme descrito por Lotufo Neto (1977, p. 251). Ao estudar casos de saúde pastoral, o autor deparou-se com um quadro de transtornos depressivos em 16,4% entre outras doenças mentais em pastores protestantes. Das várias doenças que têm acometido os pastores no exercício de sua atuação junto aos leigos e as instituições religiosas, recortamos a nossa análise na Síndrome de Burnout. Essa síndrome está presente em muitos pastores protestantes, segundo pesquisas realizadas por Santos (2014) e Nakano (2017). A Síndrome de Burnout é definida pelo Ministério da Saúde (apud Costa) como [...] um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. A palavra burnout, conforme Benevides-Pereira (2002, p. 21) é muito antiga. Burn-out, na língua inglesa, como jargão popular, faz alusão a algo que parou de funcionar por total falta de energia. França (1987) traz o significado da palavra como gíria de rua, referindo àquele que se acabou pelo uso excessivo de drogas. Freudenberger (1974, apud BENEVIDES PEREIRA, 2002, p 21) definiu o termo como um estado de esgotamento ou exaustão decorrente do trabalho de funcionários que lidavam com um serviço alternativo de acolhimento a dependentes químicos. Diante do exposto o problema de pesquisa que norteia esse trabalho é: sendo a Síndrome de Burnout já diagnosticada entre os pastores presbiterianos, quais as causas mais frequentes que levam ao surgimento dessa patologia? Para viabilidade da pesquisa recortamos a análise nas IPBs da cidade de São Paulo..

(17) Acreditamos que essa pesquisa foi relevante entre vários aspectos. O primeiro referente a própria atuação pastoral dos pastores presbiterianos dentro da dinâmica institucional a qual estão submetidos. Ao detectar causas vinculadas à instituição, nas suas várias instancias, inclusive de formação pastoral, o trabalho pode contribuir para possíveis intervenções junto a denominação e igrejas locais. O segundo aspecto da relevância da pesquisa se dá no aprofundamento das atuais discussões sobre Síndrome de Burnout em pastores protestantes. Além de aprofundamento, a pesquisa se mostrou também pioneira ao fazer o recorte na IPB — São Paulo, na área de Ciências da Religião, visto que as pesquisas mais recentes sobre a temática, além de não serem focadas no recorte proposto, foram realizadas em outras áreas do saber. Dentro desse aspecto, acreditamos ser importante apontar outras pesquisas a respeito da Síndrome de Burnout em pastores protestantes. Entre elas citamos o trabalho de Jetro Ferreira da Silva, com o título de Síndrome de Burnout e os pastores Adventistas da cidade de São Paulo — UMESP, (2003) na área Filosofia e Ciências da Religião. Nesse trabalho o autor ressalta que estresse e burnout são problemas comuns nas profissões assistenciais, e que os ministros religiosos não são uma exceção quando acometidos por esses desequilíbrios. Erika Feltrin Marques Nakano, na pesquisa de Mestrado intitulada Burnout, discurso do sujeito coletivo e aspectos psicossociais em pastores e pastoras, (USP 2017), na área de Psicologia, dissertou sobre a síndrome de burnout em pastores e pastoras da Igreja Presbiteriana Independente. A autora levantou dados quantitativos através de pesquisa comparativa entre os pastores e as pastoras. As categorias analisadas foram: auto cobrança e solidão, isolamento, sobrecarga no trabalho, culpabilidade, pensamentos em desistirem de seus ministérios, entre outros. Ana Cristina de Oliveira Santos, no trabalho de mestrado na área de Administração, Síndrome de Burnout e o trabalho dos pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil no Estado de Minas Gerais, (Faculdade Novos Horizontes, 2014), constatou um nível mediano de burnout nos pastores dessa denominação, nas categorias de baixa realização profissional, diversificação, despersonalização, exaustão emocional e tempo de trabalho. Sobre essa última, a autora destaca.

(18) que os pastores mais novos se sentem menos realizados que os pastores mais seniores. Os pastores com menos de dezesseis anos de trabalho apresentam maio nível de exaustão emocional quando comparados com os pastores que estão no ministério há mais de dezesseis anos.. Como objetivo geral da presente pesquisa, verificamos a presença de indicativos da Síndrome de Burnout nos pastores da IPB na cidade de São Paulo. Para isso: a). Analisamos a atividade pastoral na IPB e o pastor como profissional no contexto da. sociedade contemporânea b). Detectamos a presença da Síndrome de Burnout como uma das suas principais causas. e suas consequências para saúde física e mental do pastor. A pesquisa obteve um caráter interdisciplinar nas áreas de Psicologia e Sociologia. Especificamente na área de sociologia, para uma classificação inicial do exercício sacerdotal e do tipo de organização religiosa, trabalhamos com Marx Weber (2000). Na área de psicologia para entender sobre Síndrome de Burnout, usamos os trabalhos de autores brasileiros já citados neste trabalho, tais como Benevides Pereira, Gomes de Deus, Malta, entre outros. A metodologia empregada se baseou nos seguintes procedimentos: a). Pesquisa bibliográfica a autores que tratam e que tenham trabalhos divulgados sobre o. assunto e das pesquisas recentes sobre o estado atual da questão; b). Análise documental da Constituição e Manual da igreja Presbiteriana do Brasil para. descrição da sua forma organizacional e do papel da atuação de seus pastores. c). Questionários estruturados a pastores presbiterianos da IPB na cidade de São Paulo. O. questionário teve por objetivo constatar a presença ou da Síndrome de Burnout. A amostragem proposta é de no mínimo 20 pastores da região metropolitana, mais especificamente direcionados à região da Zona Leste..

(19) 1. A atividade pastoral na Igreja Presbiteriana do Brasil e o pastor como profissional no contexto da sociedade contemporânea.. O presente capítulo trata de uma análise das funções do pastor protestante presbiteriano junto a Igreja Presbiteriana do Brasil, doravante chamada aqui de IPB, ondem comtempla os termos necessários para o seu trabalho e sua ação neste campo.. 1.1 - Dados históricos da Igreja Presbiteriana do Brasil.. A IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, herdeira dos pensamentos do reformador João Calvino (1509-1564), notável sistematizador de uma teologia concisa e escritor de uma das maiores obras teológicas da história, intitulada de "Instituições da Religião Cristã", mais conhecida como "As Institutas de Calvino", tendo chegado no Brasil em 1859, pelo missionário Ashbel Green Simonton, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. A primeira Igreja Presbiteriana no Brasil foi fundada por Simonton no Rio de Janeiro em 1862, e em São Paulo foi em 1865, pelo missionário americano Alexander Latimer Blackford, cunhado de Simontom que veio ajudar no início dos trabalhos missionários em 1860 no Rio de Janeiro e se mudaria para São Paulo em 1863. O primeiro pastor presbiteriano formado em solo brasileiro foi o es padre católico José Manoel da Conceição, que tinha tendências protestantes e conheceu os primeiros missionários americanos em São Paulo, fora ordenado em 17 de dezembro de 1865, e o primeiro cisma, ou controvérsia na IPB se deu no ano de 1903, quando já outros pastores e líderes quiseram obter autonomia junto as ordens missionárias americanas e queriam andar com as próprias pernas, iniciando assim a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, liderado pelo pastor Eduardo Carlos Pereira e alguns de seus seguidores. Os dados estatísticos da IPB hoje, (conforme dados estatísticos da IPB de 2016) é de: Igrejas 2085 / Congregações - 2.263 / Pontos de pregação - 993 / Pastores 4.475 / Licenciados - 131 / Presbíteros - 12.622 / Diáconos - 17.140 / Evangelistas - 799 / Missionários - 1351 / Membros Comungantes (membros comungantes são os que realizaram Profissão de Fé e Batismo -.

(20) 507.933 / Membros não comungantes, (são os membros menores que só realizaram o batismo infantil, mas que ainda não professaram publicamente a sua Fé -141.577 / totalizando um quadro de 649.510, ou seja, 2% de crescimento sobre os números de 2015. Não obtive os números reais de 2017 até o final desta pesquisa, pois o mesmo só deverá ser divulgado em 2018. De acordo com os dados do Censo 2010 do IBGE, os evangélicos passaram de 20% da população brasileira em 2000 para 22,3% em 2012. Dentro desse aumento houve algumas igrejas evangélicas que experimentaram um crescimento maior, como é o caso da Assembleia de Deus, enquanto outras, nada cresceram ou até perderam membros. O número de evangélicos atinge a casa de 42 milhões de pessoas, sendo que desses 60% encontram-se nos meios pentecostais. A IPB encontra-se em 8a colocada num ranque das 10 maiores Igrejas Brasileiras, sendo um fator curioso que os dados do IBGE não batem com os dados oficiais da IPB, mas deve-se levar em consideração que a pesquisa não tenha diferenciados os membros da IPB e os da IPI, considerando-os todos como presbiterianos. 1ª Assembleia de Deus - 12.314.410 membros; 2ª Batista - 3.723.853 membros; 3ª Congregação Cristã do Brasil - 2.289.634 membros; 4ª Universal do Reino de Deus - 1.873.243 membros; 5ª Igreja do Evangelho Quadrangular - 1.808.389 membros; 6ª Igreja Adventista - 1.561.071 membros; 7ª Igreja Luterana - 999.498 membros; 8ª Igreja Presbiteriana - 921.209 membros; 9ª Igreja Deus é amor - 845.383 membros; 10ª Igreja Maranata - 356.021 membros. Existem muitas outras igrejas chamadas de "evangélicas" que não aparecem nesse ranque, talvez por motivo do site somente ter privilegiado as 10 maiores que apareceram nas pesquisas..

(21) 1.2 O conflito pastoral.. Segundo Weber, (2000), não existe uma religião que não tenha um sacerdócio regularmente oficializado num tipo puro de dominação. Tais sacerdotes apresentam as credenciais necessárias para intervir junto ao sagrado em detrimento das demandas de um povo religiosamente organizado. A relação sacerdotal para os protestantes, são seus pastores altamente institucionalizados que cumprem suas funções burocráticas. Acredita-se, para a maioria do senso comum, que os pastores exercem suas funções de uma maneira que não lhes tragam nenhum desconforto particular, e que são pessoas equilibradas e sempre dispostas a atenderem suas congregações com muita disposição. Contudo, pesquisas desenvolvidas no Instituto Francis Schaeffer de Desenvolvimento de Liderança Eclesiástica (FASICLD — Francis A. Schaeffer Institute of Church Leadership Development) juntamente com o Instituto Fuller, em 1989 com pastores americanos, apresentaram resultados preocupantes. Esta pesquisa se deu durante o período de dezoito anos, e revelaram, que embora pareça ser o contrário do que se imagina nesta atividade profissional, o pastor não está isento de distúrbios laborais, não se diferencia de outras profissões. São resultados desse estudo: a) 70% (setenta por cento) dos pastores declararam-se "estressados" ou espiritualmente esgotados. b) 1500 (um mil e quinhentos) pastores abandonam o ministério todo os anos por conta de desvios morais; esgotamento espiritual ou contendas na igreja. c) 80% (oitenta por cento) dos pastores sentem-se desqualificados para o exercício do ministério. d) 50% (cinquenta por cento) dos pastores afirmaram que se pudessem deixariam o ministério. e) 70% (setenta por cento) dos pastores lutam contra a depressão. d) 40% (quarenta por cento) afirmaram ter algum tipo de relacionamento extraconjugal desde que iniciaram seus ministérios. e) 70% (setenta por cento) afirmaram que só leem a bíblia quando preparam seus sermões..

(22) f) 50% (cinquenta por cento) dos seus casamentos acabam em divórcio e 35% (trinta e cinco por cento) deles convivem com o pecado sexual. g) 30% (trinta por cento) dos que abandonam o pastorado o fazem dentro dos primeiros cinco anos de seus ministérios. Outros dados que podemos levantar aqui é o crescente noticiário de pastores que estão cometendo suicídios. Henrique Barro2, com um artigo publicado no site da Sepal3, salienta que: A causa mais comum noticiada para o suicídio de pastores e líderes, é a depressão associada a esgotamento físico e emocional, traições ministeriais, baixos salários e isolamento por falta de amigos. Sim, pastores têm poucos amigos, e às vezes nenhum. Isso é visível em reuniões nas quais a maioria conta proezas, sucessos, vitórias e conquistas na presença dos demais, num clima de competição para mostrar que possui êxito no exercício ministerial. Entretanto, quando a conversa é íntima, o sofrimento se revela. Boa parte está cansada, desanimada, chateada com a igreja e com a liderança. Muitos possuem dificuldades no cuidado com a família e as finanças de alguns estão desequilibradas. Isso acontece, em parte, porque pastores contemporâneos são cobrados como executivos ou técnicos de clubes de futebol, que precisam oferecer resultados numéricos às suas instituições. Caso contrário perdem seus membros, emprego, salário, moradia e sustento da família. É uma pressão enorme sobre os ombros de um ser humano. (Jorge Henrique Barro). Um fator preponderante dentro dessa pesquisa foi perceber que muitos membros, senão a maioria, não faz a menor ideia do que é uma rotina pastoral, acarretando em insensibilidade e desrespeito para com o universo pastoral, ocasionando sentimentos de frustrações de seus pastores ou de seus familiares, que muitas vezes não conseguem compreender que seus pais ou maridos dão a vida pelas pessoas que não reconhecem seus esforços.. 2. Jorge Henrique Barro é diretor (Desenvolvimento Institucional) e professor da Faculdade Teológica Sul Americana. Também assessor da Aliança Cristã Evangélica Brasileira. 3 Sepal – Servindo aos Pastores e Líderes É uma missão internacional, estabelecida no Brasil em 1963. Nosso sonho é ver uma igreja saudável, ao alcance de todo brasileiro, que possa levar o evangelho de Jesus Cristo ao mundo todo. Estamos empenhados em causar impacto em líderes e igrejas, encorajando-os e desafiando-os a desenvolver ministérios saudáveis. A Sepal faz parte da Aliança Global OC, uma missão interdenominacional na sua estrutura e intereclesiástica no seu ministério..

(23) Pensar nesses dados alarmantes dentro de um universo americano e não pensar em sua correlação com o contexto brasileiro é, sem sombra de dúvidas, um pensamento relapso. Em solo nacional, o pastor apresenta as mesmas possibilidades e problemas e distúrbios. Embora não tenhamos condições de desenvolver a delicada questão entre protestantismo e cultura brasileira, podemos assumir, a partir de alguns estudos (entre eles Dolghie 2007), que protestantismo missionário reagiu negativamente à cultura local e, ao mesmo tempo, impôs uma espécie de "cultura missional" vinculada ao modelo de vida estadunidense. A mesma "cultura missional" que nos impôs alguns distanciamentos à cultura local é a mesma que aprisiona seus pastores a uma forma de trabalho que visa seu reconhecimento somente ao seu meio. Ou seja, se em outros países o pastor não é reconhecido secularmente, aqui no Brasil essa situação se intensifica por conta dessa distância entre a igreja e a cultura. Isso, por si esmo, já pode trazer um problema ao pastor, por não se reconhecer e identificar como uma pessoa secularmente - e socialmente - respeitada. A identidade do protestante e a identidade do pastor protestante- e presbiteriano- se construíram juntas e em uma negação à vida e cultura local. Nisso a respeitabilidade do pastor enquanto profissional perde valor e os dilemas sobre esse assunto inquietam o meio presbiteriano. Hoje busca-se maneiras de solucionar alguns dos dilemas que envolvem essa questão por meio de um reavivamento do ministério pastoral: há simpósios, congressos e material escrito para tal, como podemos observar em John Piper, célebre pastor e escritor norte americano, em um de seus livros destinados aos pastores que tem por título, "Irmãos, nós não somos profissionais", onde em seu primeiro capítulo faz a seguinte observação: "Somos loucos por causa de Cristo, mas os profissionais são sensatos; somos fracos, os profissionais, porém, são fortes. Eles são sempre honrados, mas ninguém nos respeita. Não tentamos garantir um estilo de vida profissional; antes, passamos fome, sede, nudez e falta de morada". (Shedd Publicacões, 2009, p. 15). A prática pastoral encontra-se hoje dentro de um dilema ético entre vocação e profissão, onde suas implicações estão dentro dessa tensão, cobra-se dessas pessoas algo profissional ou vocacional? Ou mesmo, a dúvida que possa pairar dentro dos membros de suas igrejas: As relações entre eles e seus pastores poderiam ser profissionais ou amadoras?.

(24) Acredito que esse assunto sempre foi algo delicado no trato entre igrejas e pastores, mas que encontrou um novo fôlego com o reconhecimento acadêmico do Teólogo, o que no Brasil, deuse esse reconhecimento segundo Prof. Dr. Antonio Gouveia Mendonça: Foi no Parecer 063, de 19 de fevereiro de 2004, do CNE/CES, regulamentou o reconhecimento de cursos de teologia e a validação de créditos cursados em seminários maiores, assim como a pós-graduação em teologia e ciências da religião. (Nota de Apresentação no livro "Teologia Ciência e Profissão" organizado por Araújo, 2005 Fonte editorial p. 9).. O reconhecimento acadêmico traz à tona o que as instituições religiosas nunca quiseram discutir com seus pares clérigos, o reconhecimento profissional de suas funções até então consideradas apenas como vocação, a qual Araújo discorrendo sobre a identidade profissional do teólogo:. O nascimento da identidade profissional, portanto, ocorre no seio da comunidade. O sujeito vende a sua força de trabalho, sua arte, sua especialização, seu conhecimento para atender as necessidades daquela comunidade e as suas igualmente. Neste sentido a construção de uma determinada identidade profissional passa necessariamente pela construção de certo fazer, de certas práxis, bem como da qualificação para o exercício da função proposta, eis quando surge uma determinada profissão. (Araújo, 2005 Fonte Editorial p. 22).. A situação de formação pastoral pode ser diferente na IPB. Existem pastores que concluíram seus cursos de bacharéis em Teologia nos seminários da denominação, e que para exercerem seus postulados cargos pastorais passam pelo processo denominacional interno. Existem àqueles que após essa qualificação, recorreram ao reconhecimento de seus diplomas nas universidades que se valeram dessa prerrogativa mencionada aqui da Lei 063 de 19 de fevereiro de 2004, e hoje são pastores com titulação reconhecidas pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), e galgam com isso patamares maiores, como cursos de Mestrado e Doutorado. Há também pastores que não fizeram seus cursos regulares de bacharelados em Teologia nos seminários próprios, mas sim que concluíram o curso em Universidades reconhecidas, e após, perante seus presbitérios, concluíram seus créditos e procederam da mesma maneira que os pastores preparados nos seminários para serem reconhecidos pastoralmente, e que convivem em harmonia dentro da IPB..

(25) Para fins de conhecimento do candidato ao sagrado ministério junto a IPB, faz-se necessário observar o que preceitua a Constituição da IPB, na Seção 4a — Candidatura e Licenciatura para o Sagrado Ministério. Art. 115. Quem se sentir chamado para o Ministério da Palavra de Deus, deverá apresentar ao Presbitério os seguintes atestados: a) De ser membro da igreja em plena comunhão; b) Do Conselho, declarando que, no trabalho da igreja, já demonstrou vocação para o Sagrado Ministério; c) De sanidade física e mental, fornecido por profissional indicado pelo concílio. (Cl/IPB 2013, p. 57). Após todos esses preparativos, o candidato é encaminhado para um seminário regulamentado da denominação, no caso da IPB, e após seus créditos estudantis no bacharelado em Teologia, deve proceder da seguinte maneira: Art. 119. O candidato, concluído seus estudos, apresentar-se-á ao Presbitério que o examinará quanto a sua experiência religiosa e motivos que o levaram a desejar o Sagrado Ministério, bem como as matérias do curso teológico. Art. 120. Deve ainda o candidato à licenciatura apresentar ao Presbitério: a) Uma exegese de um passo das Escrituras Al> Sagradas, no texto original em que deverá revelar capacidade para a crítica, método de exposição, lógica nas conclusões e clareza no salientar a força e expressão da passagem bíblica b) Uma tese de doutrina evangélica da Confissão de Fé; c) Um sermão proferido em público perante o concílio, no qual o candidato deverá revelar sã doutrina, boa forma literária, retórica, didática e sobretudo, espiritualidade e piedade.. Esse é o processo de uma pessoa que se acha chamada para o Sagrado Ministério sacerdotal de pastor em uma Igreja Presbiteriana. Esse processo deve ser de, no mínimo de quatro a cinco anos, a contar da data de sua indicação pelo conselho até a conclusão de seus estudos e preparações ao presbitério, podendo levar a mais tempo, dependendo do andamento de cada aspirante. Depois disso tudo, se aprovado, o candidato ao pastorado é licenciado por um ano, para trabalhar em um campo (igreja) sobre supervisor de um pastor, e após disso, apresentar-se novamente ao Presbitério para que obtenha o grau de pastor com vistas à ordenação final. Em todos esses processos, pode o candidato ser reprovado pelo presbitério e ter que repetir novamente algum processo, caso o candidato não corresponda ao contento em algumas de suas.

(26) fases, pode o presbitério cassar a sua candidatura, impossibilitando assim que o mesmo busque novamente a pretensão de se tornar um pastor presbiteriano. Após todo esse processo, o pastor é legitimado dentro da IPB e começa a trabalhar, reconhecimento esse que se dá apenas dentro dessa denominação, e que pode ou não ser reconhecida por outras igrejas denominacionais.. 1.3 O pastor presbiteriano em busca de seu reconhecimento profissional.. José Mauricio Passos Nepomuceno (2013) levanta um assunto sobre o pastorado protestante quanto ao reconhecimento do pastor, quando expõe a necessidade de uma afirmação pastoral protestante em busca de um "locus social", procurando legitimar a sua função pastoral dentro do quadro religioso, versa em qual seria o papel por ele representado? O de um profissional ou o de um vocacionado religioso? Nepomuceno cita como análise dessa discussão o prof. Dr. Leonildo Silveira Campos, como profundo estudioso do campo protestante brasileiro, destacando, entre alguns de seus trabalhos, a preocupação do pastor e a sua condição como profissional religioso.. Assumimos como ponto de partida para a análise das dificuldades existentes na formação de pastores e pastoras protestantes, a uma forte crise na definição dos papeis que a sociedade e a cultura atual lhe reservam (CAMPOS, 2011, p. 91. - Apud M.N. 2013, p. 46).. A procura de reconhecimento do pastor presbiteriano quanto a sua posição pessoal e profissional, embora seja algo que se encontra nas discussões ressentes, é algo que já o é sentido no seu trato com a instituição Igreja Presbiteriana mesmo que não de uma forma mais completa, mas nas entrelinhas de sua Constituição. Basta para tanto, uma leitura simples no que se refere ao Pastor Presbiteriano e a Igreja. A Constituição da igreja, no capítulo primeiro, artigo 1° assim declara: Art.1°, A igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Constituição de Fé e os Catecismos Maior e Breve; regese pela presente Constituição; é pessoa jurídica, de acordo com as leis.

(27) do Brasil, sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de concílios e indivíduos, regularmente instalados. (Cl/IPB 2013, p.8). Dentro da constituição, no Artigo terceiro, parágrafo primeiro, está assim determinado:. Art.3°. O poder da Igreja é espiritual e administrativo, residindo na corporação, isto é, nos que governam e nos que são governados. § 1°. A autoridade dos que são governados é exercida pelo povo reunido em assembleia, para: a) Eleger pastores e oficiais da igreja ou pedir a sua exoneração. (CI/IPB 2013 p.8). As Igrejas presbiterianas de todo o país são regidas pelo mesmo manual, como ela uma igreja federativa, o que se preceitua para uma igreja é o mesmo para todas. Acima das igrejas, essas se reúnem em presbitérios, que é uma reunião de algumas igrejas arregimentadas pelas suas localidades geográficas, e acima disso pelos Sínodos, também que é uma reunião de presbitérios que também levam em conta as suas posições geográficas. Suas formas de cultos são dirigidas pelo Manual do Culto, onde o mesmo apresenta modelos de todas as funções e práticas das Igrejas jurisdicionadas, que como exemplos são: Forma para culto dominical; Forma para batismo de crianças; Forma para profissão de fé e batismo de adultos; Formas para ofícios fúnebres; Formas para investidura de autoridades, sejam pastores, presbíteros ou diáconos, entre todas as variadas formas de funcionamento que o manual preceitua, mas que este relato não tem por objetivo dissertar sobre eles. Percebe-se que com isso, as funções de liderança dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil são muito bem delineadas e claras, mas especificamente, vamos demonstrar aqui o que é requerido no Manual para o tratamento do Pastor Presbiteriano perante a Igreja. As coisas começam a tomar um vulto mais profissional do oficio pastoral, mesmo que a Igreja não o reconheça como um "profissional", no Capítulo II, Organização das Comunidades locais, no seu artigo sexto:. Art. 6°. As igrejas devem adquirir personalidade jurídica. Art 8. O governo e a administração de uma igreja local competem ao Conselho, que se compõe de pastor ou pastores e dos presbíteros. (Cl/IPB 2013 p.10/11).

(28) Conforme relatado, as Igrejas adquirem personalidades jurídicas, para tanto, cabe a cada igreja local, que anualmente faz um balanço de suas atividades internas e jurídicas, a cada ano realizar a eleição de seu corpo jurídico, que é composto por presbíteros e pastor, ou pastores quando a igreja for grande e tenha demanda para isso, o que via de regra, dentro da maioria nacional, essa liderança é somente de um pastor, mas civilmente, mesmo que tenham mais de um pastor, a ata da eleição de sua direção de conselho, juntamente com os estatutos de cada igreja, é levada ao cartório local onde se encontra a sua jurisdição, registrado e protocolado para que, caso necessário civilmente, alguém possa ser cobrado de suas responsabilidades. A cobrança sempre recai sobre o pastor da Igreja, já que ele é sempre o presidente do conselho, e a direção dos demais cargos recai sobre os presbíteros. Ainda, com especificidade aos ministros (pastores) a constituição declara no seu Capítulo IV, OFICIAIS, Seção 2a- Ministro do Evangelho. Art.30. O ministro do Evangelho é o oficial consagrado pela igreja, representada no Presbitério, para dedicar-se especialmente à pregação da Palavra de Deus, administrar os sacramentos, edificar os crentes e participar, com os presbíteros regentes, do governo e disciplina da comunidade. (Cl/IPB, 2013 p. 21) Art.31. São funções privativas do ministro: a) Administrar os sacramentos; b) Invocar a bênção apostólica sobre o povo de Deus; c) Celebrar o casamento religioso com efeito civil; d) Orientar e supervisionar a liturgia na igreja de que é pastor. (Cl/IPB 2013 p. 32). Esses dois artigos se referem as funções privativas do pastor da IPB. Quanto as suas funções de atribuição encontramos:. Art. 36. São atribuições do ministro que pastoreia a igreja: a) Orar com o rebanho e por este; b) Apascentá-lo na doutrina cristã; c) Exercer as suas funções com zelo; d) Orientar e superintender as atividades da igreja, a fim de tornar eficiente a vida espiritual do povo de Deus; e) Prestar assistência pastoral; f) Instruir os neófitos, dedicar atenção à infância e à mocidade, bem como aos necessitados, aflitos, enfermos e desviados; g) Exercer, juntamente com outros presbíteros, o poder coletivo de governo. Parágrafo único. Dos atos pastorais realizados, o ministro apresentará, periodicamente, relatórios ao Conselho, para registro..

(29) Art. 38. A atividade do ministro deve ser superintendida pelo presbitério, ao qual, anualmente, prestará relatório de seus atos. (Cl/IPB 2013 p. 24) Art 40. É assegurado, anualmente ao ministro em atividade o gozo de um mês de férias, seguida ou parceladamente, com os vencimentos. (Cl/IPB 2013 p.25). Acreditamos que foi necessário trazer ao leitor, esses dados da Constituição da IPB para que possa ser verificado o grau do comprometimento do pastor para com a sua comunidade local. Dentro dessa estrutura, o pastor é membro do presbitério ao qual é jurisdicionado a sua igreja, e membro ex-ofício desse dentro da igreja local, sendo o seu presidente, respondendo civilmente por ela e tendo as responsabilidades tanto normativas quanto representativas. A autoridade máxima dentro de uma igreja é o seu pastor. Como vimos, a forma de governo da IPB, se analisada o Art. 3a §1° Alínea a), que já foi citada anteriormente, é uma forma de governo chamado de representativo, pois é a assembleia que elege suas autoridades, o conselho (presbíteros regentes que tem o poder de governas a igreja, e é formada por leigos), como o pastor (presbítero docente, que tem a função de ensino e é o que apresenta o estudo teológico apropriado, sendo assim o sacerdote, ou o não leigo), e ambos tem a representatividade instituída para governar a igreja. Porém uma coisa é de bom tom admitirmos dentro dessa forma eclesiástica, é que se pôr um lado a constituição pela qual a igreja é normatizada esclarece suas atividades, por outro coloca em contradições pouco percebidas pelos membros locais, e até mesmo pelos líderes leigos, mas que podem causar grandes entraves burocráticos nos relacionamentos entre pastores e presbíteros.. Segundo Dolghie observou: A representatividade gerou ao presbiterianismo brasileiro uma burocracia alta e formal, fato este criticado por Hahn (2002 p.290). O autor enumera as minúcias de documentos entre as sociedades internas — crianças, adolescentes, jovens, homens e senhoras, há um estatuto, e são eleitos os respectivos presidentes, vices, secretários e tesoureiros. Ou seja, todas as instâncias da igreja são representativas e burocraticamente dirigidas. Isto confere um caráter de extrema organização e direção leiga à vida da igreja. Nesse quadro, os presbíteros por participarem de escalões superiores e fora das igrejas locais, gozam de elevado prestígio, respeito e poder. Tal característica eclesiástica da igreja presbiteriana provoca sérios entraves para a unidade da denominação. (...) A autonomia parcial das igrejas locais pode ser levada a uma maior interação com os membros, caracterizando um diálogo entre representados e representantes, com a.

(30) centralidade totalitária das decisões nas mãos do conselho, desviandose então o sentido da representatividade. É comum que, em casos de conflitos internos, o conselho assuma uma posição autoritária. Assim a denominação burocrática toma aspectos mais democráticos ou despóticos, legitimando seu posicionamento em nome da manutenção do bem-estar da vida comunitária. Essa situação potencializa a fragmentação do campo presbiteriano ao mesmo tempo em que pode intensificar conflitos tanto locais quanto entre comunidades. (2007, p.176). Segundo estas constatações, é possível perceber que a forma de governo da IPB apresenta dificuldades intrínsecas. As tensões surgem entre leigos, leigos representantes, oficiais e pastores. Analisando por outras perspectivas: consideremos as igrejas locais como sendo uma empresa, essas igrejas tem um corpo deliberativo que toma conta dessas organizações, o chamado Conselho, esse Conselho é eleito pelos trabalhadores dessa empresa, ou seja, seus membros. Esses trabalhadores, quando reunidos em assembleia, não somente elegem seus representantes do conselho como também elegem seus pastores, ou no caso de pastores não eleitos, mas designados pelo presbitério, os aceitam pelo tempo determinado de no mínimo um ano, podendo ser prorrogado seu contrato por mais um ano. Esses pastores não são membros das respectivas igrejas, são sim, membros dos seus respectivos presbitérios, e são colocados, ou por voto das igrejas, ou por designação de seus presbitérios para tomar conta dessas igrejas. Quando chegam nessas igrejas, são assumidos como presidente das mesmas. O complicador aqui apresentado é: os pastores são presidentes de seus conselhos que governam as igrejas e controlam os pastores. O grande imbróglio burocrático é que essa presidência só beneficia o lado da Igreja, pois coloca no colo do pastor toda uma responsabilidade civil pelas lideranças de seus conselhos, ou seja, se houverem erros civis nessa administração quem responde são os pastores. Em resumo, poderia simplificar essa situação com a seguinte pergunta: Como pode um pastor presidir o seu patrão? Aqui o tipo puro de dominação sacerdotal de Weber ajuda a esclarecer uma das características típicas desse ator social: a de ser um "funcionário" de uma instituição organizada. Para atenuar os conflitos que podem aparecer no decorrer da via conciliar de um pastor presbiteriano e seu ambiente de trabalho, vale salientar que a Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, que rege suas normas, foi reformulada pelo Supremo Concílio em.

(31) 1950, a que vinha sendo efetivada desde 1946. Mas após isso nenhuma nova reforma foi feita nesta ordem. Várias consultas ao longo desses anos, vem sendo feitas ao Supremo Concilio em suas reuniões ordinárias ou extraordinárias, e algumas adaptações são levadas em considerações e são colocadas em observações como "notas remissivas" nas publicações dos manuais presbiterianos, como o caso que foi por nós consultados que data de 2013, mas o que vale mesmo, como regra, é a lei que foi promulgada e oficializada em 1950, que passou a ser executada no início do ano de 1951. A igreja, como instituição eclesiástica, além da sua constituição, é regida por um tipo de carta magna que recebe o nome de Símbolos de Fé, os quais são Confissão de Fé de Westminster, Catecismo Maior de Westminster e Breve Catecismo de Westminster. A Assembleia de Westminster (1643-1649), reunida em Londres, constituiu o ponto culminante da elaboração confessional reformada. Os documentos teológicos que dela resultaram, a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, tornaram-se os padrões doutrinários mais aceitos pelos reformados ao redor do mundo.. 1.4 O contexto religioso e a sociedade contemporânea.. Bitum, (2011) apresenta um fato social no meio evangélico muito comum nos dias de hoje, que pode ser comparado ao movimento nômade, onde os chamados evangélicos migram de uma igreja para outra, rompendo os seus laços iniciais em determinadas igrejas, e buscando atingir uma benção não alcançada, hora por não coadunar mais com o discurso de seu sacerdote, ora por não satisfazer suas necessidades pessoais sem levar em conta se a falta da graça atingida decorre de algumas falhas aquela igreja ou de si próprio. Esse transito religioso, segundo Bitun, começou com o aumento dos números de igrejas pentecostais das últimas décadas no Brasil, e tem afetado, de alguma forma, também as igrejas tradicionais como as pentecostais clássicas e mesmo as protestantes, e aqui no caso, as presbiterianas. A migração ou a característica nômade de determinados membros de suas igrejas, também respondem aos questionamentos do sociólogo Baumann, que escreve sobre a "modernidade liquida" (2001), quando afirma que as.

(32) instituições não conseguem mais prender os anseios de uma sociedade que se liquidifica ante seus desafios por acreditar no relativismo moderno, onde os pressupostos da verdade deriva de indivíduo para indivíduo, a fragmentação de conceitos relativos superam os conceitos ancestrais de sociedade e cultura, tornando seus agentes sociais instáveis e inseguros, o que para a religião cristã pode ser comparado aos escritos do apóstolo dos gentios, Paulo, da sua carta enviada à Igreja de Éfeso, no capitulo quarto, no versículo décimo quarto quando exorta-os a não serem como meninos, ou crianças, que são facilmente enganadas e levadas por todos os ventos de doutrinas, pelo engano de homens fraudulentos. Faz-se aqui necessário ser relatado um breve comentário histórico da chegada da Igreja Presbiteriana perante ela e perante as igrejas evangélicas da atualidade, para salientar que a Igreja Presbiteriana do Brasil foi a primeira denominação oficial a ser instalada em solo brasileiro. Quando da chegada de Simonton, existia já outros missionários evangélicos, o casal Kalley da Igreja Congregacional, de onde derivam boa parte dos hinos dos cancioneiros protestantes, mas estes só formaram oficialmente a sua primeira Igreja após a fundação da Igreja Presbiteriana. Podemos perceber nos relatos estatísticos já aqui levantados no item 1 — histórico da IPB, que por ser a Presbiteriana a primeira igreja institucionalizada no Brasil depois da Católica Romana, muita coisa tem se perdido no decorrer dos anos, e tais fatos se dão por ser uma Igreja que ainda conserva em seus estatutos resquícios de uma reforma do Século XVI, onde seus reformadores foram altamente competentes para responderem aos seus desafios presentes, contém seus símbolos de Fé em editos de Westmisnter de meados do Século XVII, uma constituição do século XX datada do ano de 1950, e vive atualmente no Século XXI, tentando responder as demandas de seus membros com recursos dos Séculos passados. Comparando os dados estatísticos da população brasileira do ano de 1950 com os de hoje, podemos destacar que naquela década, a principal atividade econômica era a agrícola e a pecuária, estavam no início do desenvolvimento industrial, com forte atuação na indústria de tecidos e confecções, desenvolvendo-se na pesquisa de mineração e desenvolvimento nas áreas comerciais. Na escolaridade era o início do desenvolvimento dos níveis superiores, onde a maioria da população não atingia o nível secundário, o que hoje é denominado de ensino básico e ensino médio. A economia encontrava-se em desenvolvimento, onde não existiam disparidades entre a moeda nacional e as moedas estrangeiras. O livre acesso de imigração e emigração era.

(33) permitido, embora eram mais corriqueiros a vinda de imigrantes em busca de novas terras para seus desenvolvimentos laborais e implantações de indústria, como o caso da implantação da indústria automobilística na região do ABC de São Paulo. As exigências para os pastores protestantes não eram tão desafiadoras quanto as demandas atuais. De lá para cá, desenvolveu-se a industrialização, a economia, a escolaridade populacional e universidades, com novas descobertas tecnológicas, a globalização com seus desafios sociais éticos e as novas demandas nas redes sociais são muito mais rápidas do que as instituições oficiais de comunicação. Hoje, um adolescente com o uso de um Smartphone tem mais informação na palma de suas mãos que um pastor quando sobe ao púlpito de sua igreja para trazer a prédica de domingo, e este, se apresentar algum dado estatístico errado é altamente criticado e, até mesmo, ironizado nas redes sociais. Os novos desafios do pastor protestante brasileiro diante desse quadro, e mais especificamente, como no caso de deste estudo, dos pastores presbiterianos, está em entender o seu posicionamento perante a IPB, que de um lado é burocratizada na sua constituição que se encontram paradas nos Séculos XVI, XVII e XX, não apresentando espaços para a modernidade e, por outro lado, atender a demanda dos membros de suas comunidades..

Referencias

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