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Artigo
original
Efeitos
da
radiac¸ão
ionizante
nas
proteínas
presentes
em
ossos
humanos
desmineralizados,
liofilizados
ou
congelados
Uri
Antebi
a,b,∗,
Monica
Beatriz
Mathor
b,
André
Ferreira
da
Silva
c,d,
Rodrigo
Pereira
Guimarães
ee
Emerson
Kiyoshi
Honda
eaIrmandadedaSantaCasadeMisericórdiadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil bInstitutodePesquisasEnergéticaseNucleares(Ipen),SãoPaulo,SP,Brasil cInstitutoPaulistadeCirurgiadoQuadrileJoelho,SãoPaulo,SP,Brasil dUniversidadeNovedeJulho,SãoPaulo,SP,Brasil
eFaculdadedeCiênciasMédicasdaSantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo: Recebidoem28deabrilde2015 Aceitoem11demaiode2015 On-lineem12deoutubrode2015 Palavras-chave: Ossoeossos Radiac¸ãoionizante Bancodetecidos
Proteínamorfogenéticaóssea2 Proteínamorfogenéticaóssea7
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Estudarosefeitosdaaplicac¸ãodasradiac¸õesionizantes(gamaeelétrons)como agentesesterilizantes,nasdosesde15kGy,25kGye50kGy,nostecidosósseos desminera-lizadoscongeladoseliofilizadosparausoemtransplantes.
Métodos:Cincodiáfisesfemoraishumanasdedoadoresdistintosdetecidos musculoesque-léticosforamdesmineralizadasepreservadascomoliofilizadasoucongeladasa−80◦C.As amostrasforamdivididasemgruposnãoirradiados(controle)eirradiadosporraiosgama oufeixedeelétrons.Asproteínasósseasforamextraídasedosadasasconcentrac¸õesde proteínastotais,BMP2e7.
Resultados:Foiobservadadiminuic¸ãodasconcentrac¸õesdeproteínastotaiseBMP2e7. Adiminuic¸ãodasconcentrac¸õesde proteínastotais,quandocomparadacomo respec-tivocontrole,foisignificativanosgruposdeamostrasliofilizadasecongeladaseirradiadas nadosede50kGyporradiac¸ãogamaefeixedeelétronscomreduc¸ãosuperioresa30%. Adiminuic¸ãosignificativanasconcentrac¸õesdasBMP2e7tambémfoiobservadanas maioresdoseseprincipalmenteporfeixedeelétrons.
Conclusão:Asreduc¸õesnasconcentrac¸õesdasproteínastotaiseemproteínas osteoindu-toras(BMP2e7)foramrelacionadasàdosederadiac¸ão,ouseja,aumentamcommaiores doses,tipoderadiac¸ãoionizanteeaotipodepreservac¸ãodosossos.Asmaioresreduc¸ões dasconcentrac¸õesforamobservadasnosossosirradiadosporfeixedeelétronsenadosede 50 kGy. Porém esse tipode radiac¸ão e essa alta dosenão são práticas usuaispara a esterilizac¸ãodostecidosósseos.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
∗ Autorparacorrespondência. E-mail:uri@usp.br(U.Antebi).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.05.009
Effects
of
ionizing
radiation
on
proteins
in
lyophilized
or
frozen
demineralized
human
bone
Keywords:
Boneandbones Radiation,ionizing Tissuebanks
Bonemorphogeneticprotein2 Bonemorphogeneticprotein7
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Theaimwastostudytheeffectsofapplicationofionizingradiation(gammaand electrons)assterilizingagentsatdosesof15kGy,25kGyand50kGy,onlyophilizedorfrozen demineralizedbonetissueforuseintransplants.
Methods: Fivehumanfemoraldiaphysesfromdifferentdonorsofmusculoskeletaltissue weredemineralizedandpreservedaslyophilizedorfrozenat−80◦C.Thesampleswere divi-dedintotwogroups:non-irradiated(control)andirradiatedbymeansofgammaraysoran electronbeam.Theboneproteinswereextractedandusedtodeterminetheconcentrations oftotalproteinandBMP2and7.
Results: DecreasesintotalproteinandBMP2and7concentrationswereobserved.The decreasesintotalproteinconcentrations,incomparisonwiththerespectivecontrolgroups, weresignificant inthelyophilizedandfrozensamplesthatwereirradiatedatadoseof 50kGyofgammaradiationandelectronbeam,withreductionsofmorethan30%.Significant decreasesinthelevelsofBMP2and7werealsoobservedathigherdosesandespecially throughuseoftheelectronbeam.
Conclusion: Thereductionsintheconcentrationsoftotalproteinsandosteoinductive pro-teins(BMP2and7)wererelatedtotheradiationdose,i.e.theyincreasedwithhigherdoses ofionizingradiationtypeandthetypeofbonepreservation.Thelargestreductionsin con-centrationswereobservedinthebonesirradiatedbymeansofanelectronbeamandata doseof50kGy.However,thistypeofradiationandthishighdosearenotusualpracticesfor sterilizationofbonetissue.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Existeumacrescente demandade solicitac¸ões deenxertos musculoesqueléticosalógenospara reconstruc¸ões ortopédi-caseodontológicasnoBrasil.Destacam-seostecidosósseos com21.681distribuic¸õesem2014.
Os bancos de tecidos musculoesqueléticos são organizac¸õesqueseresponsabilizampelaselec¸ãodos doado-res,captac¸ão,processamento,armazenamento,distribuic¸ão econtroledequalidadedostecidos.
Os tecidosósseos são obtidos de doadoresfalecidos ou vivos.Ostecidosmusculoesqueléticossãousados principal-mentenasrevisõesde artroplastiasdoquadrilejoelho,no tratamentodepacientesportadoresdetumoresósseos,nas reconstruc¸õesarticularesparatratamentodaslesões ligamen-tares,nolevantamentodoseiomaxilarcomatrofiaeenxertia emmandíbulaparaainstalac¸ãodeimplantesdentários.1
O material alógeno ideal para ser usado como opc¸ão de enxertiadeve ter as seguintes propriedades: biocompa-tibilidade, nãocausarinfecc¸ão, baixaimunogenicidade, ser osteocondutoreosteoindutor.
Aosteoinduc¸ãoéumprocesso daosteogênese que pro-moveorecrutamentodecélulasindiferenciadaspluripotentes (mesenquimais) e a estimulac¸ão para a diferenciac¸ão em célulasformadoras de ossos. Um importante grupode gli-coproteínas, extraídas da matriz óssea desmineralizada, é constituídoporproteínasósseasmorfogenéticas(BMPs), res-ponsáveispelainduc¸ãoóssea.2
AsBMPssãoclassificadascomoumasubfamíliadentroda superfamília dosfatoresdecrescimento etransformac¸ão- (TGF-)esegundoaliteraturaasBMPs2,4e7têmummaior potencialnainduc¸ãodadiferenciac¸ãoosteoblásticaapartir dascélulasmesenquimaisprogenitoras.
Oprocedimentodedesmineralizac¸ãoemmatrizóssea cor-tical aumenta a disponibilidadebiológica de BMPs etorna essesenxertososteoindutores.3Existeumacorrelac¸ão posi-tivaentreosconteúdosdeBMPspresentesnosenxertosea osteoindutividade.4
Háumaintensapreocupac¸ãodegarantiraqualidadedos tecidosepromoveraseguranc¸adospacientesreceptoresde tecidos homógenos em relac¸ão à transmissão de doenc¸as infectocontagiosas.
Com o propósito de eliminar possíveis contaminac¸ões, é feita,no doador de tecidos ósseos, a triagemsorológica, avaliac¸ãodohistóricoecomportamentosocial,assimcomo testes de biologia molecular para detecc¸ão de RNA viral de HIV e HCV, exames clínicos e controles microbiológi-cos, além de serem aplicadas técnicas assépticas durante os procedimentos.5 Entretanto, existe a possibilidade de contaminac¸ãocommicrorganismosduranteacaptac¸ão, pro-cessamento,preservac¸ãoearmazenamentodostecidos.6
Diversosprofissionaisresponsáveispelosbancosde teci-dos consideram importante que tecidos biológicos sejam esterilizadosporummétodoeficaz,comaradiac¸ãoionizante. A esterilizac¸ão por radiac¸ão ionizante é um método que apresenta vantagens sobre outros, pois proporciona umaumentomínimo da temperaturaenãodeixaresíduos
tóxicos, o que a torna passível de ser usada, além de ser uma esterilizac¸ão final.7 Porém, alguns autores concluíram que a esterilizac¸ão por radiac¸ão ionizante pode acarretar alterac¸õesestruturaisebiológicasemrelac¸ãoàdosenos teci-dosósseos.5,8
Os diferentes tipos de preservac¸ão óssea podem afe-tar tanto a manutenc¸ão das proteínas quanto a interac¸ão daradiac¸ão ionizantecomotecido. Asdiferentesdosesde radiac¸ãoionizantetambémpodeminfluenciaraintegridade ósseaquantoàmanutenc¸ãodopotencialosteoindutivodesses enxertos.
O melhor conhecimento desses parâmetros pode auxi-liarosresponsáveispelosbancosdetecidosnaescolhadas condic¸õesdeirradiac¸ãoepreservac¸ãodostecidosequalidade dosenxertosusadosnostransplantes.
Oobjetivodestetrabalhofoiestudarosefeitosdaaplicac¸ão daradiac¸ãogamaedefeixedeelétrons,produzidasporfontes de60Coeaceleradordeelétronsrespectivamente,nasdosesde
15kGy,25kGye50kGynostecidosósseosdesmineralizados preservadoscongeladoseliofilizados.Eavaliaraspossíveis alterac¸õesnaconcentrac¸ãodeproteínastotaisedasBMP-2e BMP-7,demodoadeterminaramelhordosepara proporcio-naraseguranc¸anaesterilidadeeapreservac¸ãodasproteínas osteoindutivasdosenxertosósseos.
Materiais
e
métodos
Apósaaprovac¸ãodoprojetopeloCEPno238/12,apesquisase
inicioucomaselec¸ãodasamostrasdecincodiáfisesfemorais obtidasdacaptac¸ãodetecidosósseosdecincodoadores faleci-dosdistintos,doisdosexomasculinoetrêsdofeminino,entre 39a65anos(médiade52)deacordocomoprotocolodoBanco deTecidosMusculoesqueléticosdonossodepartamento.
Ascorticaisdas diáfisesforam particuladasefoi feita a separac¸ãodaspartículasmenoresdoque1mme48gde teci-dosósseos(3gporamostra)de cada diáfisefemoralforam necessáriosparaaproduc¸ãode16gruposdistintosparacada doador,totalde80amostrasprovenientesdoscincodoadores. Posteriormentepartedasamostras(42g)foi desminerali-zadaemsoluc¸ão de 0,5N HCl emumbéquer de vidro, na proporc¸ãode50mldesoluc¸ãoporumgramadetecido,por 90 minutos àtemperatura de 18◦C+2/-2◦C.Foi usado agi-tador mecânico orbital em baixa rotac¸ão para a agitac¸ão constantedurantetodooprocessodedesmineralizac¸ão.3 Pos-teriormentepartedasamostrasfoiliofilizadaoucongelada.
Paraadivisãodosgrupos,ostecidosósseos desminerali-zados(TODs)foramdivididosemdoisgrupos:liofilizadosou congelados.
Asamostrasdosgrupos(TODs)liofilizadosecongelados foramirradiadasnasdosesde15,25e50kGyporduas fon-tesderadiac¸ão: aceleradordeelétrons(feixedeelétrons) e porCobalto-60(raiosgama).Asamostrasforamclassificadas como:LIO15;25;50AE,LIO15;25;50␥,CG15;25;50AEeCG 15;25;50␥.Duasamostrascontroledetecidosnãoirradiados desmineralizadosforamcriadas.
Airradiac¸ãodasamostrasfoifeitanoInstitutodePesquisas EnergéticaseNucleares(Ipen).Asamostrasdosgruposforam irradiadascomradiac¸ãogamaporfontesde60CodoIrradiador
Multipropósitocomtaxadedosede0,00138kGy/souporfeixe
14 12 10 8 6 4 2 0 Proteínas mg/g T O D
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LIO 15 Co-60LIO 25 Co-60LIO 50 Co-60 LIO 15 AE LIO 25 AE LIO 50 AE
CG 15 CO-60CG 25 CO-60CG 50 CO-60 CG 15 AE CG 25 AE CG 50 AE LIO 0 kGyCG 0 kGy
Figura1–Efeitosdaradiac¸ãoionizantenasproteínasdos TODs.Quantificac¸ãodasproteínastotaisextraídasda matrizósseaorgânicaemrelac¸ãoaosgruposirradiadose nãoirradiados(controle).Representac¸ãodoresultadoda dosagemdeproteínastotaisporgrupos.(*)indicadiferenc¸a estatisticamentesignificativaemrelac¸ãoaocontrole (p<0,05).
deelétronsdoaceleradordeelétronsindustrialcomtaxade dosede3,92kGy/s.Paraevitaravariac¸ãodatemperatura,as amostrasliofilizadas econgeladasforamirradiadasa4◦Ce −70◦C,respectivamente.
Para a extrac¸ão das BMPs e das proteínas totais da matriz óssea, foi usado tampão com Guanidina.HCl, como descrito a seguir: foram adicionados 0,5g de tecido de cada amostra em 5mlda soluc¸ão fresca de 4M Guani-dina.HCL/0,05MTris.HCLcompHde6.0,comumamisturade inibidoresdeproteases:5mMbenzamidina.HCL/0,1M6-ácido aminohexanoico/0,5mMfluoreto defenilmetilsulfonil/5mM N-etilmaleimida, sob agitac¸ão e temperatura de 4◦C por 24horas.Posteriormenteostubosforamcentrifugadosa697g porcincominutos.Osobrenadantefoiretiradoe acondicio-nadoemumsegundotubo.
Foramadicionadosnovamente5mldesoluc¸ãofrescade 4Mguanidina.HCL/0,05MTris.HCLeamisturadeinibidores deproteasesressuspendeuosedimento.Asamostrasficaram sobagitac¸ãoàtemperaturade4◦Cporcincohoras.3Apósas amostrasforamnovamentecentrifugadaseossobrenadantes adicionadosaotuboanterioreposteriormentealiquotadose congeladosa−80◦C.
Asproteínas totaiseasBMPs 2e7foram quantificadas pelosmétodosdeBradfordeElisa,respectivamente.As dosa-gens foram feitas em triplicata e o resultado foi a média aritméticadasmesmas.
Os resultadosde cada grupoforam comparadoscom os seus respectivos controles, assimcomo foram comparados oscontrolesentresi.
Aanáliseestatística dosdados foifeita porcomparac¸ão dosresultadospelométodoone-wayAnovaseguidodoteste deTukeyparadiferenc¸asestatísticasde(p<0,05).
Resultados
Natabela1efigura1,podemosobservamosaquantificac¸ão
Tabela1–Diminuic¸ãodaconcentrac¸ãomédiadeproteínatotalemporcentagemdosdiferentesgruposestudadoscom relac¸ãoaocontrole
Gruposliofilizados mg/gTOD Reduc¸ão(%) Gruposcongelados mg/gTOD Reduc¸ão(%)
LIOCONTROLE 10,7 --- CGCONTROLE 11,54
---LIO15␥ 9,35 12,5 CG15␥ 9,29 13,1 LIO25␥ 8,79 17,8 CG25␥ 8,74 18,3a LIO50␥ 7,28 31,9a CG50␥ 6,44 39,8a LIO15AE 9,02 15,7 CG15AE 9,24 13,6a LIO25AE 8,52 20,3 CG25AE 8,74 18,3a LIO50AE 6,89 35,6a CG50AE 6,83 36,1a
a Indicadiferenc¸aestatisticamentesignificativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
(TOD)easreduc¸õesgradativasnasconcentrac¸õesmédiasnos gruposirradiadosemrelac¸ãoaosseusrespectivoscontroles (nãoirradiados).Asalterac¸õesestatisticamentesignificativas foramobservadasnosgrupos LIO50␥(31,9%),LIO50 ␥AE (35,6%),CG25␥(18,3%),CG50␥(39,8%),CG15AE13,6%,CG25 AE(18,3%)eCG50AE(36,1%).
As BMPs 2 e 7 foram quantificadas com o objetivo de analisar os efeitos da radiac¸ão ionizante e as possíveis alterac¸õesnasconcentrac¸õesdessasproteínas.Osresultados dasconcentrac¸õesobtidasforamcorrelacionadosemgramas deTODeporgramadeproteínatotal.
Osresultadosobtidosnosgruposanalisadosforam regis-tradosnastabelas2e3,nasquaisobservamososresultados daconcentrac¸ãomédiadeBMP-2eBMP-7,emg/geng/g, respectivamente.Nosgruposliofilizadosecongelados nota-mosareduc¸ão,emporcentagem,dasconcentrac¸õesmédias deBMP-2eBMP-7nosdiferentesgruposirradiadosemrelac¸ão aocontrole(nãoirradiado).
Natabela2efigura2,podemosnotarosefeitosdaradiac¸ão
ionizante nas concentrac¸ões de BMP-2 dos grupos estuda-dos.Asalterac¸õesestatisticamentesignificativascomreduc¸ão dasconcentrac¸õesmédiasemrelac¸ãoaorespectivocontrole foramobservadasnosgruposLIO50AE(32,6%),CG50␥(27,2%) eCG50AE(39,4%).
Natabela3efigura3,podemosnotarosefeitosdaradiac¸ão
ionizantenas concentrac¸ões de BMP-7, nosdiferentes gru-posestudados.Asalterac¸õesestatisticamentesignificativas comreduc¸ãodasconcentrac¸õesmédiasdeBMP-7emrelac¸ão aorespectivocontroleforam observadasnosgruposLIO15 AE (26,9%), LIO 25 AE (32,4%), LIO 50 AE (41,7%), CG 50 ␥
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4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 0,500 0,000LIO 15 yLIO 25 yLIO 50 y LIO 15 AE LIO 25 AE LIO 50 AE CG 15 yCG 25 yCG 50 y CG 15 AE CG 25 AE CG 50 AE
LIO controleCG controle
BMP - 2 μ g/g T O D
Figura2–Efeitosdasradiac¸õesgamaefeixedeelétrons nasconcentrac¸õesdeBMP-2porgramadeTODnosgrupos estudados.(*)indicadiferenc¸aestatisticamentesignificativa emrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
(44,1%), CG 15 AE (36,4%), CG 25 AE (39,3%) e CG 50 AE (52,6%).
Nas figuras 4 e 5, podemos observar as concentrac¸ões
médiasdeBMP-2emrelac¸ãoàsproteínastotaisdosadasnos gruposirradiadosenãoirradiados.Houvealterac¸ão significa-tivaestatisticamentenosgruposLIO50␥eCG50␥emrelac¸ão aocontrole.
Nasfiguras6e7observamosasconcentrac¸õesmédiasde
BMP-7emrelac¸ãoàsproteínastotaisdosadasnosgrupos irra-diadosenãoirradiados.Notamosdiferenc¸asestatisticamente significativasnosgruposLIO50␥,CG15AE,CG25AE,CG50 AEemrelac¸ãoaosrespectivoscontroles.
Tabela2–RegistrodasdosagensdeBMP-2dosgruposestudados.Reduc¸ãodaconcentrac¸ãodaBMP-2dosgrupos irradiadosemporcentagemcomrelac¸ãoaocontrole(nãoirradiado)
Gruposliofilizados BMP-2g/gTOD Reduc¸ão(%) Gruposcongelados BMP-2g/gTOD Reduc¸ão(%)
LIOCONTROLE 2,82 CGCONTROLE 3,27
LIO15␥ 2,84 0 CG15␥ 2,72 16,8 LIO25␥ 2,83 0 CG25␥ 2,7 17,4 LIO50␥ 2,81 0,3 CG50␥ 2,38 27,2a LIO15AE 2,82 0 CG15AE 2,67 18,3 LIO25AE 2,82 0 CG25AE 2,66 18,6 LIO50AE 1,9 32,6a CG50AE 1,98 39,4a
Tabela3–Reduc¸ãodaconcentrac¸ãodasBMPs7dosgruposirradiadosemporcentagemcomrelac¸ãoaocontrole(não irradiado)
Gruposliofilizados BMP-7ng/gTOD Reduc¸ão(%) Gruposcongelados BMP-7ng/gTOD Reduc¸ão(%)
LIOCONTROLE 138,66 CGCONTROLE 148,2
LIO15␥ 128,42 7,4 CG15␥ 133,29 10,1 LIO25␥ 125,46 9,5 CG25␥ 122,03 17,6 LIO50␥ 117,33 15,4 CG50␥ 82,85 44,1a LIO15AE 101,25 26,9a CG15AE 94,2 36,4a LIO25AE 93,78 32,4a CG25AE 89,97 39,3a LIO50AE 80,77 41,7a CG50AE 70,18 52,6a
a Indicadiferenc¸aestatisticamentesignificativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 BMP - 7 ng/g T O D
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LIO 15 yLIO 25 yLIO 50 y LIO 15 AE LIO 25 AE LIO 50 AE CG 15 yCG 25 yCG 50 y CG 15 AE CG 25 AE CG 50 AE LIO controleCG controle Figura3–Efeitosdasradiac¸õesgamaefeixedeelétrons nasconcentrac¸õesdeBMP-7porgramadeTODnosgrupos estudados.(*)indicadiferenc¸aestatisticamentesignificativa emrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
Discussão
Oaumentodousodosenxertosdetecidomusculoesquelético emcirurgiasdereconstruc¸ãoeoobjetivodepromoveruma maiorseguranc¸anostransplantesenaqualidadedostecidos levaramosbancosdetecidosabuscarmelhorestécnicasde processamento,preservac¸ãoeesterilizac¸ão.
A radiac¸ão gama é a mais usada nos bancos de teci-dos edemonstra ser um método eficaz para proporcionar esterilizac¸ãoterminaldotecidobiológico,porém hárelatos
600 500 400 300 200 100 0 BMP - 2 Pg/ μ g proteína
LIO 15 y LIO 25 y LIO 50 y
LIO 15 AE LIO 25 AE LIO 50 AE LIO controle
*
Figura4–Relac¸ãoentreaconcentrac¸ãodeBMP-2ede proteínastotaisespecíficasdecadagrupodetecido liofilizadonãoirradiadoeirradiadocomradiac¸ãogama efeixedeelétrons.(*)indicadiferenc¸aestatisticamente significativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
*
600 500 400 300 200 100 0 BMP - 2 Pg/ μ g proteína CG 15 y CG 25 y CG 50 y CG 15 AE CG 25 AE CG 50 AE CG controle Figura5–Relac¸ãoentreaconcentrac¸ãodeBMP-2ede proteínastotaisespecíficasdecadagrupodetecido congeladonãoirradiadoeirradiadocomradiac¸ãogama efeixedeelétrons.(*)indicadiferenc¸aestatisticamente significativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).sobreosefeitosdeletériosdaspropriedadesmecânicase bio-lógicasdostecidos,adependerdadosederadiac¸ãoaplicada.5 Aradiac¸ãoporfeixedeelétronséumaopc¸ãopromissora noprocessodeesterilizac¸ãodostecidosetemalgumas van-tagenscomparadascomaradiac¸ãogama,taiscomooperac¸ão comumsistemarápidodetransferênciadaradiac¸ão.A prin-cipal desvantagem é o baixopoder de penetrabilidadedos feixesdeelétronsnosmateriais,quedificultaou impossibi-litaairradiac¸ão,adependerdaestruturaedadensidadedos tecidos.
LIO 15 y LIO 25 y LIO 50 y LIO 15 AE LIO 25 AE LIO 50 AE LIO controle BMP - 7 Pg/ μ g proteína
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18 16 14 12 10 8 6 4 2 0Figura6–Relac¸ãoentreaconcentrac¸ãodeBMP-7ede proteínastotaisespecíficasdecadagrupodetecido liofilizadonãoirradiadoeirradiadocomradiac¸ãogama efeixedeelétrons.(*)indicadiferenc¸aestatisticamente significativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
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CG 15 y CG 25 y CG 50 y CG 15 AE CG 25 AE CG 50 AE CG controle BMP - 7 Pg/ μ g proteína 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0Figura7–Relac¸ãoentreaconcentrac¸ãodeBMP-7ede proteínastotaisespecíficasdecadagrupodetecido congeladonãoirradiadoeirradiadocomradiac¸ãogama efeixedeelétrons.(*)indicadiferenc¸aestatisticamente significativaemrelac¸ãoaocontrole(p<0,05).
Aatividadeeaconcentrac¸ãodasBMPsedosfatoresde cres-cimentopertencentesaosTGF-sãoessenciaisparaaeficaz osteoinduc¸ãodosenxertosósseos,porémpodemser degrada-dosduranteoprocessodeesterilizac¸ãoporradiac¸ãoionizante e,portanto,comprometerotransplanteósseo.9
A técnica de quantificac¸ão das proteínas é um impor-tante parâmetro,pois aosteoinduc¸ão e aosteogênese são processosfuncionaisdosenxertosósseosedependem quan-titativamentedaexistênciadasproteínasósseasefatoresde crescimento.Existeumacorrelac¸ãopositivaentreos conteú-dosdeBMPspresentesnosenxertoseaosteoindutividade.4,10 Existemestudoscomresultadoscontroversossobreos efei-tosdaradiac¸ãogamanopotencialosteoindutivonosenxertos ósseosdesmineralizados.Em1988Muntingetal.11 concluí-ramqueaosteoinduc¸ãoétotalmenteinibidacomdosesde radiac¸ão gama superiores a 20 kGy.Os estudos sefizeram coma implantac¸ãodeTODs nosmúsculos de ratose coe-lhos.Porémtodososenxertosforamirradiadosàtemperatura ambiente,oquepodeexplicarocomprometimentoda quali-dadedostecidos.
Emcontraste,outrosautores12,13irradiaramosTODscom radiac¸ãogamaemcondic¸õescontroladasdetemperaturacom ousodegelosecoeobtiveramresultadospromissores,oque reforc¸aahipótesedequeostecidosósseosirradiadosabaixas temperaturassãomenossuscetíveisàradiac¸ão.Wientroube Reddi13concluíramqueumadosepadrão(25kGy)deradiac¸ão gamanãoalterouopotencialosteoindutivodosTODs implan-tadosemmúsculoderatoedosesmaiselevadas(30a50kGy) atéaumentaramessapropriedade.
Damesmaforma,Glowacki14em2005relatouqueosTODs irradiadoscom dosesde 20kGya40 kGymantiveram80% dasuaatividadeosteoindutiva.Dziedzic-Goclawskaem2002 divulgouosresultadosencontradosdostecidosósseos conge-ladosàtemperaturade−72◦Ceirradiadoscomdosesde35 kGye50kGyeconcluiuquenãohaviadiferenc¸asnopotencial deosteoinduc¸ãoquandocomparadocomos tecidosósseos nãoirradiados.Entretanto,ostecidospreservadosliofilizados eirradiadosatemperaturaambientenasmesmasdosesforam completamentereabsorvidoseperderamacapacidadede pro-duziraosteoinduc¸ão.
Comosresultadosobtidosdosefeitosdaradiac¸ãoionizante naconcentrac¸ãodas proteínas osteoindutoras,no presente estudo,conformeregistradosnatabela2efigura2, constata-mosareduc¸õessignificativasdeBMP-2emrelac¸ãoaocontrole (nãoirradiado)somentenosgruposirradiadosnasdosesde 50kGy(LIO50AE,CG50␥eCG50AE).Asmaioresreduc¸ões (acimade32%)foramencontradasnosgruposirradiadospor aceleradordeelétrons.Nasdosesde15e25kGy,emquaisquer dascondic¸ões,nãoobservamosvariac¸ãodose-dependente.
OsresultadosdadosagemdaBMP-7,conformetabela3e
figura3,evidenciam reduc¸õessignificativasemrelac¸ão aos
respectivoscontrolesemtodososgruposirradiadospor ace-leradordeelétrons(LIO15 AE,LIO25 AE,LIO50AE,CG15 AE,CG25AE,CG50AE)enogrupocongeladoirradiadopor radiac¸ãogamanadosede50kGy(CG50␥).Nosgruposnos quaisareduc¸ãonãofoisignificativa,pudemosobservaruma tendênciaaumadiminuic¸ãodose-dependente(de7a18%).
Comparandoosefeitosdaradiac¸ãonosgruposliofilizados econgeladosestudados,apesardenãoserestatisticamente significativo,osgruposcongeladostiverammaiorreduc¸ãoda concentrac¸ãodasproteínastotais(13,1a36,1%)edas BMP-2(16,8a39,4%)eBMP-7(10,1a52,6%)quandocomparados comosgruposliofilizados(12,5a35,6%;0,0a32,6%;7,4a41,7, respectivamente). Essa evidência pode ser explicada pelos maioresefeitosbiológicosindiretosdaradiac¸ãoionizantenos tecidosqueapresentamamaiorpresenc¸adeágua,pela radió-lisedamesma,quegeramaioresquantidadesderadicaislivres econsequentementeproduzpossíveisdanosaostecidos.15
Nas figuras 4 e 5 notamos um aumento significativo
naconcentrac¸ãomédiadeBMP-2porgramadeproteínana dose de 50 kGy por radiac¸ão gama nos grupos, congelado eliofilizado.Nafigura6,notamosaumentosignificativona concentrac¸ãomédiadeBMP-7porgramadeproteínanogrupo liofilizadoeirradiado nadosede50 kGy.Na figura7houve reduc¸ãosignificativanasconcentrac¸õesmédiasdeBMP-7por gramadeproteínanasamostrasdosgruposcongeladose irra-diadosporfeixedeelétronsnasdosesde15,25e50kGy.Esse fatodeve-seaosdiferentesefeitos dasradiac¸õesionizantes nasconcentrac¸õesdeproteínastotaisenasproteínas especí-ficas(BMP2e7).
Portanto os efeitos da radiac¸ão ionizante em provocar danosaosenxertosósseosdependemprincipalmentededois fatores:(1)ascondic¸õesdairradiac¸ão(dosederadiac¸ão,taxa dedose,tipoderadiac¸ãoionizante,temperaturaderadiac¸ão); (2)oestadofísicodasamostras,principalmentenaquantidade deáguapresentenostecidosósseos.15
Conclusão
Aradiac¸ãoionizanteemaltasdoses(50kGy)causareduc¸ões significativas,entre35% a52%,nasconcentrac¸ões das pro-teínastotaiseemproteínas osteoindutoras(BMP2e7).Foi observadotambémquearadiac¸ãoporfeixedeelétrons pro-voca mais efeitos deletérios do que a radiac¸ão gama nas quantidadesdeproteínasósseasestudadas.Entretantoessas condic¸õesnãosãousualmenteaplicadasnaesterilizac¸ãodos tecidosósseos.
Nascondic¸ões deesterilizac¸ãodostecidosnormalmente aplicadasaostecidosósseos(15kGya25kGyporraiosgama),
asreduc¸õesnasconcentrac¸õesdeproteínasosteoindutivas, BMP-2eBMP-7,forammenoresdoque20%.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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