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Manejo alimentar e ectoparasitos de juvenis de bijupirás Rachycentron canadum criados em tanque-rede

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA. Manejo alimentar e ectoparasitos de juvenis de bijupirás Rachycentron canadum criados em tanque-rede. Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina, para obtenção do grau de Doutor em Aquicultura. Orientadora: Mônica Yumi Tsuzuki. Cauê Bonucci Moreira. Florianópolis – SC 2014.

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(5) Dedico esse estudo a todos aventureiros na aquicultura marinha, encorajando-os à prosseguir essa caminhada que apenas se inicia. Dedico também ao meu avô, “Walter Moreira” por todo ensinamento moral a respeito da vida. Descanse em paz vô..

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(7) AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a toda família Nautilus (Kazuo, Tsuruko, Hiroko), e tantos outros integrantes dessa família especial que ajudaram e muito a conclusão desse estudo, sem eles não seria possível a conclusão desse trabalho. Em especial agradeço ao Kazuo, por acreditar e ser pró-ativo para o acontecimento da piscicultura marinha no Brasil. Agradeço todo o apoio prestado. Deixo minha gratidão! Agradeço também meu amigo e parceiro de trabalho, Artur Rombemso, por tudo que ele me propôs, por todas as ideias, por todas as chances ofertadas a minha pessoa. Grande Artur, além de ótimo profissional é uma pessoa cheia de virtudes e qualidades excepcionais. Que a luz que ilumina teu caminho não se apague. Valeu Brother! Agradeço a minha orientadora Monica Tsuzuki, por toda orientação prestada, pela paciência e compreensão frente a diferentes fatos. Foram muitas desculpas né professora? Deixo o meu reconhecimento sincero. Muito obrigado professora! Agradeço aos Professores Evoy Zaniboni Filho e ao Prof. Alex Pires de Oliveira Nuner pelas conversas francas e todo apoio prestado. Valeu a pena. Muito obrigado professores. Agradeço ao prof. Mauricio Laterça, que além de ser meu parceiro de trabalho me apoiou e sempre me incentivou a terminar o doutorado, me incentivando a toda hora. Muito obrigado pela força Mauricio. Por fim, agradeço a minha família, meus pais (Walter Moreira Junior e Cintia H. Bonucci Moreira) por acreditarem em mim. Em especial agradeço a Fernanda Braz, minha esposa, amiga, companheira, que além de me dar uma filha maravilhosa (Lara) teve um papel crucial no desenvolvimento desse trabalho. Obrigado Mori, você é fantástica. Se essa tese viesse acompanhada de um troféu, com certeza seria ela a levanta-lo. Te amo demais!.

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(9) RESUMO O bijupirá (Rachycentron canadum) é um dos peixes marinhos mais promissores do mundo para a aquicultura. No Brasil, ainda existem limitações para sua produção como a alimentação e o controle e tratamento de patógenos. O objetivo deste estudo foi aprimorar tecnologia para a engorda do bijupirá, avaliando diferentes alimentos e manejos alimentares e a ocorrência de parasitos em peixes cultivados em tanques-rede. No primeiro estudo, avaliou-se a influência de dietas (ração, rejeito de pesca e pasta), taxas de alimentação (100%, 80% e 60%) e frequências alimentares (3, 6 e 9 alimentações ao dia) nos parâmetros de crescimento e sobrevivência de juvenis (43 g). Peixes que consumiram rejeito de pesca e pasta, apresentaram valores bem superiores de crescimento, comparado a peixes que se alimentaram de ração. A ração nacional utilizada possivelmente não atende as exigências nutricionais do bijupirá. No experimento de taxas alimentares, os parâmetros de crescimento e sobrevivência não apresentaram diferença entre os tratamentos e o coeficiente de variação foi inversamente proporcional a taxa. A eficiência alimentar aparente foi melhor na taxa de 60%, sugerindo que a quantidade de alimento ofertada nesta taxa foi suficiente para manter as funções fisiológicas e ainda destinar energia para o crescimento. Uma vez que não houve interferência da frequência de 3,6 e 9 alimentações ao dia nos parâmetros de crescimento e aproveitamento do alimento, sugere-se frequência de 3 vezes ao dia. Maior frequência alimentar implicaria em maior manejo e custo operacional, especialmente em tanques-rede. Já no segundo estudo, foram avaliadas 1, 2 e 3 alimentações ao dia em juvenis (16 g) alimentados com ração comercial. Sugere-se que o crescimento de juvenis pode ser otimizado na frequência de 2 vezes ao dia, facilitando também procedimentos de manejo e minimizando os custos relacionados com mão-de-obra e uso de embarcação. O terceiro estudo relata a mortalidade em massa de juvenis cultivados em tanques-rede causada pelo dinoflagelado Amyloodinium ocellatum e o monogenea Neobenedenia melleni. Palavras chaves: Aquicultura, Rachycentron, cultivo, alimentação, parasito..

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(11) ABSTRACT Cobia (Rachycentron canadum) is one of the most promising marine finfish species for global aquaculture. Currently in Brazil, the major bottlenecks for cobia production are related to feeds, feeding management and control of pathogens. The aim of this study was to improve cobia grow-out technology evaluating distinct feeds and feeding management, and occurrence of parasites in fish reared in sea cages. The first trial was done to evaluate the effects of different diets (commercial feed, trash-fish, and moist feed), feeding rates (100%, 80%, and 60%), and feeding frequencies (3, 6, and 9 feeding per day) on growth performance and survival of cobia juveniles (43g). Fish fed trash-fish and moist feed exhibited greater growth rates than those fed commercial feed. The Brazilian commercial available feed probably do not meet the nutritional requirements of this species. In the feeding frequency trial there was no difference in terms of growth and survival among dietary treatments, and the coefficient of variation was inversely proportional to feeding rates. The apparent feeding efficiency was greater in the 60% feeding rate, suggesting that the amount of feed provided appears to be enough to maintain fish physiological processes, and also provide energy for growth. As no interference of feeding frequencies (i.e. 3, 6, and 9 feeding events per day) on growth and production performance was noticed, we suggest the 3 feeding events per day. A greater feeding frequency would imply in greater handling, and operational costs, especially in sea cages culture system. In the second trial, feeding frequencies of 1, 2, and 3 feeding events per day were investigated in cobia juveniles (16g) fed commercial diet. According to the present results, it can be suggested that growth can be optimized by adopting a feeding frequency of 2 feeding events per day, facilitating handing procedures, and minimizing costs related with labor and use of vessels. The third trial reports a disease outbreak among juvenile cobia reared in sea cages caused by the dinoflagellate Amyloodinium ocellatum and the monogenean Neobenedenia melleni. Keywords: Aquaculture, Rachycentron, farming, feeding, parasite..

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(13) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................. 15 1.1 Bijupirá (Rachycentron canadum) ............................................ 15 1.1.1 Descrição da espécie ............................................................... 15 1.2 Produção do bijupirá .................................................................. 17 1.2.1 Mundo ..................................................................................... 17 1.2.2 Brasil ....................................................................................... 18 1.3 Gargalos para sua produção no Brasil ........................................ 19 1.3.1 Regimes alimentares e alimentação do bijupirá ...................... 19 1.3.2 Sanidade do bijupirá................................................................ 21 1.3.2.1 Amyloodinium ocellatum..................................................... 22 1.3.2.2 Neobenedenia melleni. ........................................................ 24 2. OBJETIVOS .................................................................................... 26 2.1 Objetivo Geral............................................................................ 26 2.2 Objetivos Específicos ................................................................. 26 2.3. Formatação dos artigos ............................................................. 26 3. CAPÍTULO I – Alimentação de juvenis de bijupirá (Rachycentron canadum) em tanques-rede “near shore” ................ 27 Abstract ............................................................................................ 28 Introdução ........................................................................................ 28 Material e Métodos .......................................................................... 29 Resultados e Discussão .................................................................... 32 Conclusão......................................................................................... 43 Referências....................................................................................... 43 4. CAPÍTULO II – Efeito da frequência alimentar no crescimento de juvenis de bijupirá (Rachycentron canadum) em tanques-rede tipo “near shore” ............................................................................. 49 Resumo ............................................................................................ 50 Abstract ............................................................................................ 51.

(14) Introdução .........................................................................................52 Material e Métodos .......................................................................... 53 Resultados .........................................................................................55 Discussão ..........................................................................................58 Conclusão .........................................................................................60 Agradecimentos ................................................................................61 Referências .......................................................................................61 5. CAÍTULO III – Mortalidade em massa de bijupirá (Rachycentron canadum) em tanques-rede associada ao parasitismo .......................66 Resumo .............................................................................................67 Abstract.............................................................................................68 Introdução .........................................................................................69 Agradecimentos ................................................................................72 Referências .......................................................................................72 6. CONCLUSÕES FINAIS ..................................................................76 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................77.

(15) 15. 1. INTRODUÇÃO GERAL 1.1. Bijupirá (Rachycentron canadum) 1.1.1. Descrição da espécie. Rachycentron canadum (Linnaeus 1766), antes descrito como Gasterosteus canadus, pertence à classe dos peixes ósseos, da ordem Perciformes, sendo a única espécie da família Rachycentridae. Esta espécie possui corpo subcilíndrico e fusiforme; cabeça larga e olhos pequenos e a boca é grande, com projeção maior da mandíbula (GILL, 1895; FIGUEIREDO; MENEZES, 1980; COLLETE, 2002). A coloração é marrom-escuro na região superior, marrom-claro na região lateral e inferior, com uma faixa preta lateral estendendo-se do focinho à base da nadadeira caudal. Este teleósteo não apresenta dimorfismo sexual. (SHAFFER; NAKAMURA, 1989).. Figura 1. Ilustração da espécie Rachycentron canadum adulta (COLLETTE, 1981). O nome popular padrão da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO da espécie é em inglês cobia, em frânces “mafou” e em espanhol “cobie” (COLLETTE, 1981). Outros nomes populares são: beijupirá, pirambiju (FIGUEIREDO; MENEZES, 1980), bijupirá, cação de escama, falso tubarão (CARVALHO FILHO, 1999), lemonfish, crabeater, ling, black kingfish, entre outras variações no Brasil e no mundo (SHAFFER; NAKAMURA, 1989). O bijupirá é uma espécie carnívora oportunista, alimentando-se de várias espécies de peixes, crustáceos e moluscos (SHAFFER; NAKAMURA, 1989), sendo que no litoral do nordeste brasileiro se alimenta principalmente de teleósteos (CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011). É uma espécie de grande porte, podendo chegar a medir 2 m de comprimento e mais de 60 kg (COLLETE, 2002). Habita a zona costeira, estuários rasos, assim como a plataforma continental até 1.200 m de profundidade. É um peixe migratório pelágico, não possui vesícula gasosa, apresentando hábito natatório.

(16) 16. ativo. A distribuição do bijupirá é fortemente influenciada pela temperatura com preferência por regiões quentes. Contudo, ocorre em regiões temperadas durante os meses quentes do ano (SHAFFER; NAKAMURA, 1989). O bijupirá ocorre em todos os mares tropicais e subtropicais, com exceção da parte central e oriental do Oceano Pacífico (SHAFFER; NAKAMURA, 1989) (Figura 2), sendo que esta espécie foi introduzida nos mares Mediterâneo, Negro e Vermelho (GOLANI et al., 2002). No Brasil, R. canadum está presente em todo o litoral (FIGUEIREDO; MENEZES, 1980).. Figura 2. Distribuição geográfica e probabilidade relativa de ocorrência de Rachycentron canadum (FROESE; PAULY, 2010). Por formar pequenos cardumes, de 5 a 10 peixes (CARVALHO FILHO, 1999), a captura ocorre de forma acidental, não havendo pescaria em escala comercial específica para esta espécie e, consequentemente, sua comercialização ocorre apenas em peixarias litorâneas de pequeno/médio porte. A captura mundial em 2010 foi de 11.944 t, sendo as Filipinas o maior produtor, com 3.033 t (FAO, 2012). No Brasil, a pesca em 2010 produziu 923 t, o que representa cerca de 0,2% do total de peixes marinhos pescados no país, que foi de 465.455 t (BRASIL, 2010), principalmente nas regiões Norte e Nordeste (FAO 2009, MPA 2009)..

(17) 17. 1.2. Produção do bijupirá 1.2.1. No Mundo O primeiro estudo sobre a produção de bijupirá é da década de 70 nos Estados Unidos (HASSLER; RAINVILLE, 1975), onde foram coletados ovos do ambiente natural e as larvas foram criadas em laboratório. Estes autores relataram rápido crescimento, facilidade de manejo e tolerância a variações de qualidade de água, mostrando o seu potencial aquícola. Porém, foi na década de 90 que os taiwaneses obtiveram as primeiras desovas em cativeiro (LIAO et al., 2004). O bijupirá apresenta excelentes características zootécnicas (LIAO; LEAÑOS, 2007), como elevada fecundidade, além da facilidade de obtenção de desovas naturais em cativeiro (ARNOLD; KAISER; HOLT, 2002), tolerância a ampla faixa de salinidade (5 – 44) e temperatura (16,8 – 32,2 °C) (SHAFFER; NAKAMURA, 1989; RESLEY; WEBB; HOLT, 2006), elevada taxa de crescimento, alcançando de 4 a 6 kg em 12 meses de criação (LIAO et al., 2004; BENETTI et al., 2008), além da ótima qualidade de carne e bom rendimento durante o processamento (LIAO; LEAÑOS, 2007; MIAO et al. 2009). Além da Ásia, atualmente o bijupirá vem sendo criado na Europa, Austrália, Estados Unidos, América Central e Brasil (LIAO et al., 2004; BENETTI et al., 2010; CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011; SAMPAIO et al., 2011). A produção de bijupirá oriunda da aquicultura foi cerca de 40 mil toneladas em 2010, sendo a China, Taiwan e Vietnã os responsáveis pela produção (FAO, 2012). O sucesso conseguido em Taiwan tem servido para estimular o desenvolvimento da criação da espécie ao redor do mundo, que em 2005 teve uma produção em cativeiro de 4.268 t, significando pouco mais de US$ 21 milhões (MIAO et al., 2009). Atualmente é considerada uma das espécies de peixes marinho mais promissoras do mundo para a aquicultura (LIAO et al., 2004; BENETTI et al., 2010). Contudo, ainda existem limitações para produção em larga escala, como ausência de laboratórios para produção de juvenis, desconhecimento de medidas profiláticas, dieta específica para a espécie e aceitação do mercado (HOLT; FAULK; SCHWARZ, 2007; CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011). Os sistemas de criação do bijupirá variam entre regiões e fases de criação. A manutenção dos reprodutores de bijupirá em cativeiro é feita em diversos sistemas. Há relatos de utilização do sistema de.

(18) 18. recirculação de água, em viveiros com sistema de fluxo contínuo e até mesmo em tanques redes oceânicos (LIAO et al., 2004, BENETTI et al., 2008, NHU et al., 2010). A larvicultura é realizada em laboratório com tanques em sistema aberto ou de recirculação, ou ainda em viveiros escavados, quando em baixas densidades de estocagem. A fase de engorda é, predominantemente, realizada em tanques-rede oceânicos “nearshore” e “offshore” (LIAO et al., 2004, WEBB JR. et al., 2007, BENETTI et al., 2008; SAMPAIO et al., 2011). Assim, de modo geral, as fases de larvicultura e inicial de juvenis são realizadas no continente, enquanto a fase de engorda final é realizada no oceano (WEBB JR. et al., 2007). 1.2.2 No Brasil Para o desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil, o bijupirá foi eleito, como espécie promissora devido a existência de pacotes tecnológicos oriundos de outros países, apesar da necessidade de adequação desta tecnologia para condições brasileiras (ROUBACH et al., 2003; SAMPAIO; TESSER; WASIELESKY, 2010), por ser uma espécie nativa do Brasil e apresentar potencial aquícola (CAVALLI; HAMILTON, 2007), havendo grande interesse não somente do setor público e do privado, mas também das universidades (CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011). No Brasil, reprodutores são capturados com linha e anzol (SAMPAIO; TESSER; WASIELESKY, 2010) no ambiente natural e aclimatados em cativeiro, quando desovas espontâneas já foram obtidas, na Bahia (CARVALHO FILHO, 2006), em Pernambuco (PEREGRINO JÚNIOR, 2009), no Rio de Janeiro (SAMPAIO et al., 2011) e em São Paulo (REDEMAR ALEVINOS). Apesar deste processo ser relativamente fácil, a produção de larvas ainda é limitada (CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011) e requer adaptações ao manejo utilizado em outros países (LIMA et al., 2010). A fase de engorda deste peixe também é limitada, e há estudos preliminares neste aspecto, principalmente na região Nordeste e Sudeste do país, com a conclusão de que há necessidade de se melhorar a qualidade das dietas (SAMPAIO; TESSER; WASIELESKY, 2010). Sampaio et al. (2011) reportaram crescimento de juvenis de bijupirá com peso inicial de 1,5 g criados durante um ano em tanquerede no litoral do Rio de Janeiro que atingiram o peso médio de 4,2 kg com ração comercial importada no primeiro mês, e no restante foram alimentados com peixe fresco. Na mesma linha de estudo, Rombenso et.

(19) 19. al. (2009) compararam o crescimento de juvenis de bijupirá alimentados com ração comercial e sardinha congelada e observaram que os peixes alimentados com sardinha atingiram 200 g, enquanto aqueles alimentados com uma dieta comercial atingiram apenas 90 g após 2 meses de crescimento em tanque-rede. Segundo Cavalli, Domingues e Hamilton (2011) há projetos de engorda na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo, com grande interesse em aumentar os projetos pelo MPA (2009). Este que concedeu em 2008 três cessões de águas públicas, sendo duas em Pernambuco e uma na Bahia. De acordo com Cavalli e Hamilton (2009) e Cavalli, Domingues e Hamilton (2011) existem vários desafios para o desenvolvimento da criação do bijupirá no Brasil, tais como: mercado consumidor desconhecido; inexperiência na atividade; dificuldade nas solicitações das águas de domínio da União, e desconhecimento sobre a patologia de organismos marinhos. 1.3. Obstáculos para a produção do bijupirá no Brasil 1.3.1. Regimes alimentares e alimentação do bijupirá Apesar das ótimas características da criação desta espécie, os aquicultores encontram alguns “gargalos” que precisam ser enfrentados, como as elevadas taxas de mortalidade encontradas na fase inicial da alimentação exógena, cujas mudanças alimentares são radicais (TANG; CHEN; WU, 2010), e no comportamento de canibalismo, ambas, na fase de larvicultura (SALZE et al., 2008). Outra dificuldade, é o alto custo operacional que a alimentação do bijupirá representa no cultivo (SANCHES et al., 2008; MIAO et al., 2009; DOMINGUES, 2012), e a falta de estudos sobre as exigências nutricionais e o manejo alimentar. A carência de dados é tamanha a ponto das dietas comerciais destinadas a criação de bijupirá serem baseadas naquelas destinadas a outras espécies marinhas mais estudadas, como a garoupa (Epinephelus sp.) e a robao asiático (Lates calcarifer) (FRASER; DAVIES, 2009). De acordo com Liao et al. (2004), bijupirás cultivados em Taiwan são alimentados com rações constituídas de 42 a 45 % de proteína bruta e 15 a 16 % de lipídeos. Na fase de engorda, o uso de rejeito de pesca ou “trash fish”, ou peixes com baixo valor comercial, são utilizados como alimento para o bijupirá na Ásia (NGUYEN et al., 2008; NHU et al., 2011) e pode ser uma alternativa para diminuir os custos com alimentação, caso na região.

(20) 20. do cultivo exista disponibilidade deste rejeito. Entretanto rações comerciais possuem composição nutricional mais equilibrada e o manejo é mais fácil, tanto para transportar como armazenar (SU; CHIEN; LIAO, 2000; HUIWEN; YINGLAN, 2007), além de propiciar menor risco de introdução de patógenos. Na fase de engorda, a alimentação ocorre uma vez por dia, em seis vezes por semana, na taxa de 5% da biomassa (SAMPAIO; TESSER; WASIELESKY, 2010). Essa taxa de arraçoamento é baixa comparada aos resultados encontrados para juvenis de bijupirá, cultivados em tanques- rede na baía de Ilha Grande, alimentados com uma ração comercial brasileira composta de 44 % de proteína bruta e 15 de lipídeos (ROMBENSO et al., 2009). Uma das maneiras de maximizar o crescimento de peixes em sistemas de criação, é estabelecer técnicas alimentares adequadas como a frequência ideal de alimentação (BISWAS et al., 2010), taxa ótima de alimentação (TESSER; SAMPAIO, 2006) e para algumas espécies, a privação alimentar em momentos estratégicos, podendo resultar em crescimento compensatório (RIBEIRO; TSUZUKI, 2010). A frequência e a taxa de alimentação são manejos alimentares adotados na criação de peixes há algum tempo (CHIU et al., 1987; GRAYTON; BEAMISH, 1977; JOBLING, 1983; MURAI; ANDREWS, 1976; COSTA-BOMFIM et al., 2014), e estão diretamente relacionadas com a viabilidade econômica (BAŞÇINAR et al., 2007), pois podem diminuir consideravelmente os custos de produção (CHIU et al., 1987). Além disto, podem aumentar a capacidade de assimilação do alimento (CHIU et al., 1987), influenciar o consumo de ração (WANG; HAYAWARD; NOLTIE, 1998), melhorar a taxa de conversão alimentar (BAŞÇINAR et al., 2007), além de ser uma estratégia relativamente simples de ser aplicada nos cultivos. Biswas et al. (2010) encontraram para o robalo asiático (Lates calcarifer) maior crescimento, sobrevivência e melhor conversão alimentar em peixes alimentados três vezes ao dia, do que uma, duas e quatro vezes ao dia. Schnaittacher, William e Berlinsky (2005) sugerem para o linguado (Hippoglossus hippoglossus) mais de uma alimentação por dia, para melhor crescimento e melhor conversão alimentar. Para juvenis (3 g) e larvas (15 mm) de bijupirá não foi encontrada diferença no desempenho zootécnico, com o aumento da frequência alimentar (NHU, 2009; ROMBENSO et al., 2009). Em Taiwan, na fase de engorda, são utilizadas uma (LIAO et al., 2004) ou duas alimentações durante a fase de engorda (PAN, 2005) e no Brasil, nesta mesma fase, em mar aberto, também são utilizadas uma ou duas alimentação diárias.

(21) 21. (CAVALLI; DOMINGUES; HAMILTON, 2011). Porém, há pouca informação disponível a cerca da frequência alimentar para juvenis de bijupirá. Cunha et al. (2013) observaram para juvenis de pampo (Trachinotus marginatus) melhor crescimento quando estes eram alimentados 8, 12, 16 e 20 % da biomassa total, porém a conversão alimentar foi pior para peixes alimentados 12,16 e 20% comparado a taxa de 4%. Cho et al. (2007) relataram melhor crescimento com taxas de 90%, do que 100, 95, 85 e 80 % para juvenis de linguado japonês Paralichthys olivaceus. Um dos fatores de suma importância em definir a taxa de alimentação é não haver desperdício de alimento, comprometendo a qualidade de água (KIM; KANG; KIM, 2007) e aumentando os custos de produção (CHO et al., 2007). Assim, para que a criação intensiva de uma espécie atinja sucesso, existe a necessidade de determinar suas necessidades nutricionais, práticas de alimentação, densidades adequadas e estratégias de manejo alimentar (JØRGENSEN et al., 1996), que minimizem os custos de produção e lançamento de efluentes, mas que maximizem a produção em termos de crescimento e sobrevivência (AZZAYADI et al., 2000). 1.3.2. Sanidade do bijupirá Como ocorre com outras espécies de peixes marinhos, o bijupirá é susceptível a doenças causadas por vírus, bactérias e parasitos, em todas as fases de cultivo (McLEAN; SALZE; CRAIG, 2008). Segundo Liao et al. (2004), Ogawa et al. (2006) e Cavalli, Domingues e Hamilton (2011) as enfermidades são a principal limitação na criação desta espécie. O bijupirá selvagem possui diversos parasitos que infestam o trato gastro-intestinal, brânquias e tegumento (SCHAFFER; NAKAMURA, 1989) e também podem ser infectados com espécies exóticas durante o cultivo. As principais doenças reportadas para o bijupirá em cativeiro são de origem bacteriana, como pasteurelosis (causada por Photobacterium damsela sub sp. piscicida), vibrioses (Vibrio algynolyticus, V. parahemolyticus e V. vulnificus) e streptococcosis (Streptococcus sp.) e virais, em especial a linfocistose causada por iridovirus (RAJAN et al., 2001; LIAO et al., 2004; McLEAN; SALZE; CRAIG, 2008; FAO, 2013)..

(22) 22. Um problema sério na criação de peixes marinhos é a infestação por parasitos que causam danos à saúde do animal, e consequentemente à vida dos peixes, causando prejuízo financeiro (SEAFDEC AQUACULTURE DEPARTMENT, 2001). O impacto dos parasitas sobre a saúde animal está correlacionado com o nível de infestação, podendo causar mortalidade em larga escala. Estes organismos se aderem à pele e brânquias, causando ulcerações e dificultando a respiração. Consequentemente, há redução de crescimento e, o mais importante, permiti a entrada de outras doenças (McLEAN; SALZE; CRAIG, 2008). Os principais ectoparasitos são Cryptocaryon irritans e Ichthyobodo sp. (BUNKLEY-WILLIAMS; WILLIAMS, 2006), Caligus epidemicus (HO et al., 2004) e Trichodina (LIAO et al., 2004), Neobenedenia girellae em Taiwan (OGAWA et al., 2006) e Neobenedenia melleni no Brasil (KERBER et al., 2011). Outro parasito comumente relatado na fase larval do peixe é o protozoário ciliado Amyloodinium ocellatum (LIAO et al., 2004; BENETTI et al., 2008). Moreira et al. (2013) relataram mortalidade em massa de juvenis de bijupirá criados em tanques-rede associado ao dinoflagelado Amyllodinium ocellatum e o monogenea Neobenedenia melleni. Kerber et al. (2011) também registraram para juvenis de bijupirá em tanquesrede este monogenea, sendo estes os mais importantes na criação de bijupirá. Apesar destes relatos, pouco se sabe sobre a variedade de patógenos que acometem a espécie no Brasil. 1.3.2.1 Amyloodinium ocellatum Amyloodinium ocellatum (Brown, 1931) é o principal ectoparasito que acomete peixes marinhos de águas tropicais (NOGA; LEVY, 2006), que produz grande prejuízo para a aquicultura (MONTGOMERY-BROCK et al., 2000). É um ectoparasito dinoflagelado, e tem sido relatado em grande variedade de peixes marinhos e estuarinos. Localizado nas brânquias e no tegumento dos peixes, é o agente etiológico da amiloodiniose (PAVANELLI et al., 2008). Conhecida como “doença do veludo”, pelo fato do peixe acometido por este parasito ficar com aspecto de veludo (FRANCISFLOYD & FLOYD, 2011). Embora peixes selvagens apresentem este parasito, é mais comum observar mortalidade em massa em cultivos intensivos. Surtos graves ocorreram com as espécies “red drum” (Sciaenops ocellatus), robalo-muge (Morone saxatilis), tainha (Mugil cephalus), robalo.

(23) 23. europeu e asiático (Dicentrarchus labrax) e (Lates calcarifer), pampo (Trachinotus sp.), olho-de-boi (Seriola dumerili), pargo europeu (Sparus aurata), peixe-palhaço (Amphiprion sp.), e tilápia (Oreochromis mossambicus) também são susceptíveis quando criadas em água salobra (FRANCIS; FRANCIS-FLOYD, 2011). Amyloodinium ocellatum apresenta ciclo de vida simples, ou seja, o peixe é seu único hospedeiro, o que permite a rápida reprodução deste, causando altas taxas de mortalidade, principalmente em sistemas fechados e com densidades elevadas de estocagem (FRANCIS-FLOYD & FLOYD, 2011). Apresenta três estágios de desenvolvimento: trofonte, estágio parasitário, quando se fixa e se alimenta nas brânquias e tecido epitelial; o tomonte, estágio reprodutivo, que realiza divisões sobre o substrato e o dinosporo, estágio infeccioso, onde nada livremente na água ao encontro de um hospedeiro (BROWN, 1931, NIGRELLI, 1936, BROWN; HOVASSE, 1946). Sendo a fase dinosporo a única fase susceptível ao tratamento (FRANCIS-FLOYD & FLOYD, 2011). Os sinais clínicos iniciais são, geralmente, perda de apetite, hiperventilação, natação errática e raspagem nas paredes ou substrato dos tanques, aglomerando-se próximos aos aeradores, assim como na superfície da água. Conforme o processo patológico evolui, é possível observar manchas de despigmentação, congestão e erosão das nadadeiras, hipersecreção mucosa, perda de escamas e dilatação do ventre (PAPERNA, 1980; REED; FRANCIS-FLOYD, 1994, CARVALHO-VARELA, 2005), sendo as brânquias, os primeiros órgãos a serem acometidos (CARVALHO-VARELA, 2005). Em casos extremos, podem apresentar lesões, como hiperplasia das células do epitélio respiratório com fusão das lamelas seguidas de edema, levando ao descolamento das células do epitélio respiratório, alterações degenerativas, inflamação, hiperplasia acompanhada de hemorragia, necrose e depleção das células mucosas (PAPERNA, 1980; SCOTT, 2000; RAMOS; OLIVEIRA, 2001; PAVANELLI et al., 2008)..

(24) 24. Figura 3. Ciclo de vida de Amyloodinium ocellatum. O trofonte (A) é a fase adulta, onde se alimentam e fixam-se no tecido do peixe, causando danos significativos. O trofonte cai do hospedeiro e encistam-se, formando um tomonte (B), que é a fase de reprodução, que pode produzir até 256 dinosporos. Os dinosporos (C) são os parasitas de forma natatórias infestantes que devem encontrar um peixe vivo para completar o ciclo de vida. Adaptado de Schwarz e Smith (2002). 1.3.2.2. Neobenedenia melleni O monogenea Neobenedenia melleni MACCALLUM, 1927, da família Capsalidae, é um ectoparasito conhecido por acometer teleósteos confinados e exibe baixo grau de especificidade ao hospedeiro (BULLARD et al., 2003). Segundo Whittington (2004), existe mais de 100 espécies de teleósteos com registro de parasitismo por N. melleni, diferente de outros monogenéticos (DEVENEY; CHISHOLM; WHITTINGTON, 2001). Para a aquicultura, surtos de infestação de monogenóides capsalídeos são um grave problema (KOESHARYANI et al., 1999). Apresentam ciclo de vida direto, curto e monoxênico, se alimentam de muco e células epiteliais do hospedeiro (KERBER et al., 2011; SILVA et al., 2012). Em situações de estresse, como deficiência nutricional, má qualidade de água, altas densidades de estocagem, o hospedeiro pode sofrer danos à saúde quando infestados por estes parasitos (THONEY; HARGIS JUNIOR, 1991)..

(25) 25. A alta proliferação deste ectoparasito deve-se à fixação dos ovos nas estruturas de cultivo. Estes ovos dão origem a uma larva ciliada que nada em procura do hospedeiro, que acaba encontrando facilmente, devido às altas taxas de densidade de estocagem em sistemas de produção intensivos (RÜCKERT; PALM; KLIMPEL, 2008). Nos peixes de aquários e outros tipos de sistemas de criação com recirculação da água do mar, foram registradas grandes infestações por N. melleni marcadas por perda do apetite, letargia, lesões com hemorragias, descoloração do corpo, emagrecimento, comportamento errático e excessiva produção de muco (NIGRELLI; BREDER, 1934; OGAWA et al., 1995; DEVENEY; CHISHOLM; WHITTINGTON, 2001; BULLARD et al., 2003). Por outro lado, em hospedeiros silvestres, a intensidade de infestação é baixa, não existindo registro de doença e nem informações detalhadas relacionadas a lesões associadas com infestações de N. melleni (BULLARD et al., 2003). Segundo Sanches e Viana (2007) a infestação por Neobenedenia sp. é maior no verão, pois é nesta mesma época que o desenvolvimento de “biofouling” é mais intenso, ocorrendo diminuição na qualidade de água dentro das estruturas de cultivo.. Figura 4. Lesão ocular em juvenil de bijupirá Rachycentron canadum acometido por Neobenedenia melleni. Fonte: Cauê Bonucci Moreira (2011).

(26) 26. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Aprimorar tecnologia para a engorda do bijupirá, Rachycentron canadum no Brasil em tanques-rede. 2.2. Objetivos Específicos  Avaliar os parâmetros de crescimento de juvenis de bijupirá alimentados com três dietas distintas;  Avaliar os parâmetros de crescimento de juvenis de bijupirá sob o efeito de diferentes taxas de alimentação;  Avaliar os parâmetros de crescimento de juvenis de bijupirá sob diferentes frequências alimentares;  Descrever a ocorrência de ectoparasitos de bijupirás criados em tanques-rede. 2.3 Formatação dos Artigos A tese está dividida em introdução geral e três capítulos, sendo cada capítulo um artigo científico. O primeiro capítulo foi redigido com as normas da revista Aquaculture Research (a ser submetido), o segundo foi redigido pelas normas do Boletim do Instituto de Pesca (submetido em agosto 2014) e o terceiro capítulo foi redigido pelas normas da Revista Brasileira de Parasitologia e Veterinária (publicado Rev. Bras. Parasitol. Vet., Jaboticabal, v. 22, n. 4, p. 588-591, 2013)..

(27) 27. CAPÍTULO I: Alimentação de juvenis de bijupirá (Rachycentron canadum) em tanques-rede “near shore” Cauê Bonucci Moreira¹, Artur N. Rombenso ², Luis André Sampaio ³, Fernanda Braz Candiotto³ & Mônica Yumi Tsuzuki ¹ ¹Laboratório de Peixes e Ornamentais Marinhos (LAPOM), Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rod. Admar Gonzaga, 1346, 88034-001 Florianópolis, SC, Brasil. ²Center for Fisheries, Aquaculture and Aquatic Science (CFAAS), Southern Illinois University Carbondale (SIUC) ³Laboratório de Piscicultura Estuarina e Marinha (IO-FURG), Universidade Federal de Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil..

(28) 28. ABSTRACT Feeding management practices are considered the major operating costs of Cobia near-shore cage culture. Feeding frequency and feeding rate are feeding practices that when optimized may reduce operating costs and maximize feeding efficiency. In addition it may improve production systems and better homogenize fish harvesting size. The objective of the present study was to improve Cobia grow-out protocol technology in Brazil, evaluating different feeding practices. Three feeding trials were done, each one with three treatments, in triplicate, using nine sea cages for 30 days. We evaluated the effects of feeds (commercial feed, trashfish, and moist feed), feeding rates (100%, 80%, and 60%), and feeding frequencies (3, 6, and 9 feeding events per day) on growth and survival of Cobia fingerlings (43 g). Fish fed trash-fish and moist feed exhibited greater growth than those fed commercial feed. In the feeding rate trial, growth performance and survival were not affected by feeding practice treatments, and the coefficient of variation was inversely proportional to feeding rates. The apparent feeding efficiency was greater at 60% rate, suggesting that this amount of feed was enough to maintain fish physiological demands and processes, and also provide energy for growth. As no effect on growth performance and feeding efficiency were noticed by the three different feeding frequencies (3, 6, and 9 feeding events per day), we recommend the 3 feeding events per day. Greater feeding frequency would imply in greater handling and operating costs, especially in sea cage culture system. Keywords: marine fish, feeding management, growout, cages.. Introdução O bijupirá (Rachycentron canadum) é uma espécie pelágica que está distribuída nos oceanos tropicais e subtropicais, com exceção do Pacífico central e oriental (Shaffer e Nakamura, 1989), que possui potencial para aquicultura, devido a boa adaptação alimentar em cativeiro (Liao, Huang, Tsai, Hsueh, Chang & Leaño, 2004), desova natural em cativeiro, alta fecundidade (Franks, Ogle, Lotz, Nicholson, Barnes, Larsen, 2001; Arnold, Kaiser, Holt, 2002; Peregrino Jr., 2014), eficiência na conversão alimentar, elevadas taxas de crescimento (Su, Chien, Liao, 2000; Chou, Su, Chen, 2001; Sampaio, Moreira, Miranda-.

(29) 29. Filho, Rombenso, 2011) e ótima qualidade de carne (Su et al., 2000; Kaiser e Holt 2005). A produção do bijupirá praticamente duplicou nos últimos anos, passando de 24.860 toneladas em 2010 (FAO, 2010) para 40.863 toneladas (FAO, 2013). Assim, estudos que visem fomentar e viabilizar a atividade são fundamentais. Os maiores custos de produção do bijupirá criados em tanquesrede estão associados à alimentação (Miao,Jen, Huang, Hu, 2009). Uma alternativa para diminuir os custos de produção é a utilização do rejeito de pesca de peixes com baixo valor comercial, comumente usado na Ásia (Nguyen, Sveier, Bui, Le, Nhu, Tran, Svennevig, 2008; Nhu, Nguyen, Le, Tran, Sorgeloos, Dieckersen, Reinertsen, Kjorsvik, Svennevig, 2011). A frequência alimentar e a taxa de alimentação (Goddard, 1996; Lawrence, Best, James, Maloney, 2012; Trushenski, Scwarz, Berman, Rombenso, Delbos, 2011), podem auxiliar na redução dos custos de produção e maximizar a eficiência alimentar dos peixes, intensificando os sistemas produtivos e homogeneizando os peixes do lote (Chiu et al., 1987; Boujard e Leatherland, 1992; Azzaydi, Madrid, Zamora, SánchezVásquez, Martínez, 2000). Regimes alimentares subestimados podem contribuir para a redução do crescimento e aumento das taxas de canibalismo (Folkvord e Ottera, 1993). Por outro lado, altas taxas e frequências alimentares podem levar ao desperdício de alimento e deterioração da qualidade da água, aumentando os custos de produção (Booth, Tucker, Allan, Fielder, 2008). Costa-Bomfim et al. (2014) estudando diferentes frequências alimentares para juvenis de bijupirá obtiveram melhores resultados com duas alimentações ao dia, entretanto há necessidade de mais estudos sobre este tema para o bijupirá. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência da frequência alimentar, da taxa de alimentação e de diferentes dietas no crescimento de juvenis de bijupirá, criados em tanques-rede. Material e Métodos Peixes e manutenção Os juvenis de bijupirá (Rachycentron canadum) utilizados neste estudo foram provenientes do Laboratório Nacional de Aquicultura, na Ilha Cumprida (SP) e transportados para a Baía de Ilha Grande, Praia da Jaconema, Angra dos Reis (RJ) (23°06’54”S; 44°15’50”W) onde mil.

(30) 30. juvenis com peso médio de 40g, foram aclimatados em três tanques-rede de 16,8 m³ na densidade de estocagem de 1,57 kg m-3, durante trinta dias. Os peixes foram alimentados com uma ração comercial destinada a peixes marinhos (45 % de proteína bruta, 9,5 % de lipídeos, 5,8% de fibra, 15% de cinza), até a saciedade aparente antes do período experimental. Após o período de aclimatação, 800 juvenis (peso de 42g; comprimento total de 20cm; foram distribuídos em tanques-rede de 1 m³ de volume útil (1,4 m x 1 m x 1m), na mesma densidade do período de aclimatação. Para a fixação dos tanques-rede foi utilizado uma plataforma flutuante fundeada a 10 m de profundidade, a 50 metros de distância da costa. A abertura da malha utilizada foi de 3 mm, sendo a rede trocada a cada biometria. A temperatura foi monitorada a cada 8 horas por meio de sensor (Onset Optic) submerso na mesma profundidade dos tanques, diariamente, a salinidade com refratômetro (Unity - Modelo 5112 ATC), e o pH foi mensurado com peagômetro manual (CAAL - Modelo PH010-A). pH e salinidade medidos diariamente. Delineamento experimental Foram realizados simultaneamente três experimentos, cada um com três tratamentos, em triplicata, totalizando nove tanques-rede para cada experimento, com 38 peixes por tanque O período experimental foi de 30 dias. Experimento 1: Efeito de dietas sobre os parâmetros zootécnicos de juvenis de bijupirá Foram testadas três dietas: Tratamento Pasta Úmida: Ração comercial misturada com rejeito de pesca, na razão de duas partes de rejeito (sardinhas frescas trituradas) misturadas a uma parte de ração; Tratamento Peixe: Composta apenas de sardinha fresca picada; Tratamento Ração: Ração comercial, composta de 45% de proteína bruta, 9,5 % de lipídeos totais, 5,8 % de fibras e 15 % de cinzas. As sardinhas, subproduto da indústria da pesca foram oriundas de uma indústria de beneficiamento localizada em Angra dos Reis (RJ). Foram trituradas, sem cabeça e sem vísceras. Somente sardinhas frescas eram utilizadas para a composição desta dieta sendo que a pasta úmida quanto o rejeito de pesca foram mantidos congelados em freezer. As.

(31) 31. sardinhas eram moídas com auxílio de moedor manual e misturadas na proporção de duas partes de peixe moído para uma de ração. A ração comercial extrusada tinha tamanho de pelete de 4mm. Os juvenis foram alimentados seis vezes ao dia, até a saciedade aparente, em intervalos regulares diurnos (7:00; 9:30; 12:00; 14:00; 16;00; 17:30). Ao término do dia, computava-se o consumo de alimento aparente. Peixes ao início do experimento apresentavam peso de 41,78 ± 0,67 g e comprimento total de 19,81 ± 0,13 cm. Experimento 2: Influência da taxa de alimentação sobre os parâmetros zootécnicos de juvenis de bijupirá A fim de se determinar a taxa ideal de alimentação nesta fase de cultivo, foram testados três tratamentos em triplicata: T100%: taxa de alimentação 100%; T80%: taxa de alimentação 80%; T60%: taxa de alimentação de 60%. Para se determinar a quantidade ofertada no tratamento T100%, os peixes foram alimentados seis vezes ao dia até a saciedade aparente. Uma vez obtido o valor de 100%, um dia anterior à nova alimentação, foram calculadas as taxas de 80% e 60%, também ofertada seis vezes ao dia. Estas taxas foram corrigidas diariamente, devido ao rápido crescimento da espécie. Para a alimentação dos peixes, utilizou-se a ração comercial utilizada no Experimento 1. Animais no início do experimento apresentavam peso 42,57 ± 0,89 g e comprimento total de 19,83 ± 0,19 cm. Experimento 3: Efeito da frequência alimentar nos parâmetros zootécnicos de juvenis de bijupirá Foram testados 3 tratamentos para se determinar a melhor frequência alimentar no crescimento de juvenis de bijupirá. Tratamento 3 vezes/dia: peixes alimentados 3 vezes ao dia (7:00; 12:00; 17:00); Tratamento 6 vezes/dia: peixes alimentados 6 vezes ao dia (7:00; 9:00; 12:00; 14:00; 16:00; 18:00); Tratamento 9 vezes/dia: peixes alimentados 9 vezes ao dia (primeira alimentação ao dia era 7:00, com intervalos de aproximadamente uma hora). Os peixes foram alimentados com a ração comercial do Experimento 1. A quantidade ofertada foi baseada no Experimento (2), sendo o tratamento de 80% da saciedade aparente calculada diariamente. Ao iniciar o experimento, os peixes apresentavam peso médio de 41,78 ± 0,67 e comprimento de 19,95 ± 0,20 cm..

(32) 32. Biometrias e parâmetros avaliados Ao longo de 30 dias foram realizadas quatro biometrias, uma no início do estudo, e as demais em intervalos de 10 dias. Os peixes foram anestesiados com eugenol (Lysanda, Brasil) a 20 ppm para evitar o estresse do manejo. Foi utilizado ictiômetro para medir comprimento total (0,1cm) e balança analítica (0,01g) para aferimento do peso. Através dos dados de biometria, foram calculados: * Ganho em peso (GP, g)= (Pf – Pi); onde Pf = peso final, Pi = peso inicial. * Taxa de Crescimento Específico (TCE, %) = [(LnPf – LnPi)/ t] x 100; Onde Pf = Peso final, Pi = peso inicial, t = tempo em dias do período experimental. * - Consumo de alimento diário (CAD, % de peso corporal) = {[Consumo de ração/ (Pf – Pi)/2]/t} x 100; Onde Pf = Peso final, Pi = peso inicial. * Coeficiente de variação (CV, %) = DP/ média do peso de cada juvenil por amostra x 100; Onde DP= desvio padrão (38 indivíduos por amostra). * Fator de condição (K) = Peso corporal / Comprimento padrão³ x 1000; * Eficiência alimentar aparente (EAa) = (ganho em peso/ consumo alimentar) * Conversão alimentar aparente (CAa) = (consumo alimentar/ ganho em peso) * Sobrevivência (S, %) = (Número final de peixes / Número inicial de peixes) *100 Estatística A análise de variância (ANOVA – One way) foi aplicada para comparar os dados de crescimento e consumo alimentar dos diferentes tratamentos, seguido do teste de Tukey a 5 % de significância com auxílio do “software” Statistica 7.0. Para dados não homogêneos, foi realizado a transformação dos mesmos. Os resultados foram apresentados com média e desvio padrão. Resultados e Discussão Os parâmetros físico-químicos da água foram 27,1 ± 0,53 °C , 6,3 ± 0,7 mg/L de oxigênio dissolvido, salinidade de 29,1 ± 1,21 ppt e pH 8,2 ± 0,06, e estiveram dentro do intervalo ótimo para a criação de bijupirás (Atwood et al., 2004; Sun, Chen, Huang,, 2006; Yu e Ueng et.

(33) 33. al., 2007; Rodrigues et al. in press), para os três experimentos, durante todo período experimental. Experimento 1 – Dietas Não houve diferença significativa (p>0,05) para a taxa de sobrevivência em nenhum dos tratamentos testados, variando de 79,8 a 90,3 % (Tabela 1). Houve diferença significativa (p<0,05) entre a ração, comparada à pasta úmida e ao peixe fresco, para os parâmetros peso final, comprimento final, ganho em peso, taxa de crescimento específico, coeficiente de variação e fator de condição, sendo os peixes alimentados de ração apresentaram os menores parâmetros de crescimento, coeficiente de variação e fator de condição. Ao final do experimento, os valores de peso, bem como de ganho em peso, foram quase três vezes superiores quando os peixes foram alimentados com o peixe fresco e com a pasta úmida, comparado a peixes que se alimentaram de ração (Tabela 1; Figura 1). Os valores de peso dos tratamentos com peixe e pasta, começaram a se diferenciar do da ração a partir da primeira biometria (10 dias de experimentos) (Figura 1).. Figura 1. Crescimento em peso (g) (média±DP) de juvenis de bijupirá Rachycentron canadum, alimentados com três diferentes dietas. Letras distintas em cada tempo amostral indicam diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05)..

(34) 34. Tabela 1. Influência de três dietas nos parâmetros zootécnicos (média±DP) de juvenis de Rachycentron canadum cultivados em tanques-rede ao longo do período experimental. Dietas Parâmetros Sobrevivência (%) Cf (cm). Peixe Fresco 85,96 ± 12,15a 29,62 ± 0,83a. GP (g) TCE (%PC/dia) K CAD (%) EAa CAa. 149,89± 15,73 a 147,66 ± 14,01 a 5,03 ± 0,17 a 5,01 ± 0,2 a 0,74 ± 0,01 a 0,79 ± 0,027 a b 6,16 ± 0,51 3,93 ± 1,2 a 0,17 ± 0,00 a 0,26 ± 0,008 b 5,79 ± 0,88 a 3,71 ± 0,54 b. Pasta Úmida Ração Comercial 79,82 ± 9,24 a 90,35 ± 4,01 a a 28,83 ± 0,47 25,01 ± 0,43 b 51,59 ± 1,92 b 2,60 ± 0,16 b 0,60 ± 0,016 b 3,98 ± 1,96 a 0,15 ± 0,004 a 6,43 ± 0,19 a. Cf: comprimento final, GP: ganho em peso, TCE: taxa de crescimento específico em porcentagem de peso corporal/ dia, K: fator de condição, CAD: consumo de alimento diário, EAa: eficiência alimentar aparente, CAa: conversão alimentar aparente. Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa para o parâmetro avaliado (P<0,05).. Da mesma forma, a taxa média de crescimento específico de todo o experimento foi praticamente o dobro para peixes que consumiram peixe fresco e a pasta úmida comparado aos peixes que se alimentaram da ração (Tabela 1). O maior crescimento nos tratamentos com peixe fresco e pasta úmida pode ter ocorrido devido a ração comercial utilizada não ser específica para a espécie, e possivelmente não atender as exigências nutricionais do bijupirá. Segundo Fraser e Davies (2009), a exigência proteica e energética do bijupirá é de 45% e 9,5%, respectivamente, valores estes, que continham na ração utilizada. Para Cavalli, Domingues, Hamilton (2011), as rações nacionais disponíveis no mercado não atingem os resultados esperados para a espécie. Os peixes, como outros animais, não possuem exigência proteica absoluta, mas sim, um balanço de aminoácidos equilibrados e indispensáveis para cada espécie (Conceição, Grasdalen, Rønnestad, 2003), assim mesmo que a ração utilizada atendesse as exigências do bijupirá, talvez o equilíbrio de aminoácidos não fosse o ideal. Contudo, é possível encontrar taxas de crescimento semelhantes aos peixes alimentados com peixe fresco, pasta úmida e também com a.

(35) 35. ração, obtidas neste trabalho, com outros estudos com a mesma espécie (Craig, Schwarz, Mclean, 2006; Lunger, McLean, Craig, 2007; Benetti, O´Hanlon, Rivera, Welch, Maxey, Orhun,, 2010; Trushenski et al., 2011; Costa-Bomfim, Pessoa, Oliveira, Farias, Domingues, Hamilton, Cavalli,, 2014). O fator de condição, também apresentou diferença significativa (p<0,05), sendo menor para ração, comparado às dietas de pasta úmida e de peixe fresco (Tabela 1). Deficiências nutricionais e energéticas podem afetar o fator de condição (Ratz e Lloret, 2003) sendo que quanto mais próximo a um, melhor o grau de “bem estar” do animal, o que mostra que juvenis de bijupirá apresentaram melhores índices quando alimentados com peixe e pasta, do que alimentados com ração comercial. Para juvenis de bijupirá Costa-Bomfim et al. (2014) encontraram fator de condição variando de 0,80 a 0,84, sendo que Trushenski et al. (2011) também para juvenis, encontraram fator de condição menor, que variou de 0,55 a 0,65 e Zhou, Wu, Chi, Yang. (2007) reportaram fator de condição 0,77 a 1,14. O consumo de alimento diário foi maior nos peixes que se alimentaram do rejeito de pesca comparado aos demais tratamentos (p<0,05). Este maior consumo pode ser explicado pelo alto nível de umidade (água), deste alimento em relação à ração e a pasta, e também possivelmente pela maior palatabilidade do rejeito. Na Tabela 1 também é possível observar que a conversão alimentar aparente foi melhor para os animais que consumiram a pasta, pois apesar de apresentarem parâmetros de crescimento iguais estatisticamente aos peixes alimentados com rejeito de pesca, o consumo de alimento foi inferior, devido à menor umidade da pasta. A conversão alimentar aparente da ração neste trabalho foi ruim (3,7), comparada ao observado por Benetti, Orhun, Sardenber, O´hanlon, Welch, Hoening, Zink, Rivera, Denlinger, Bacoat, Palmer, Cavalin. (2008) (1,5). Já Cavalli et al. (2011) relataram taxa de conversão alimentar próxima a 7 para juvenis, alimentados com ração comercial. A eficiência alimentar aparente foi melhor nos peixes alimentados com a pasta úmida comparada aos peixes alimentados com peixe e ração (p<0,05) (Tabela 1)..

(36) 36. Figura 2. Influência das três diferentes dietas no coeficiente de variação do peso (%) (média±DP) dos juvenis de bijupirá Rachycentron canadum ao longo do período experimental. Letras distintas em cada tempo amostral indicam diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05). O coeficiente de variação do peso corporal é utilizado para determinar as variações de tamanho, induzidos pela concorrência ou por efeitos de hierarquia (Aydin et al., 2011; Baloi et al., 2014). O coeficiente de variação dos peixes, quando alimentados com a ração mantiveram-se com valores similares durante os trinta dias, enquanto os das dietas de peixe fresco e pasta úmida apresentaram um aumento acentuado no final do experimento, com valores praticamente três vezes superiores ao da ração (Tabela 1 e Figuras 2-3). Neste caso, pode ter ocorrido maior disputa pelo alimento quando animais foram alimentados com o peixe fresco e a pasta úmida, devido à maior palatabilidade destas dietas. No caso da ração, pode ter ocorrido falta de interesse pelo alimento. Outro fator que pode ter influenciado no alto coeficiente de variação dos peixes alimentados com rejeito de pesca e pasta foi o rápido e elevado crescimento desses animais, levando rapidamente a heterogeneidade em tamanho do lote, possivelmente pelo fator genético (Batista, 2011)..

(37) 37. Assim, apesar da ração apresentar menor CV (%), o que é uma vantagem em cultivos comerciais (Schnaittacher, William, Berlinsky, 2005), os parâmetros de crescimento destes animais foram inferiores se comparados aos alimentados com o rejeito e à pasta. Segundo Dias Júnior e Mourgués-Schurter (2001) uma forma de diminuir a hierarquia do lote, é aumentar a disponibilidade do alimento. Alguns trabalhos sugerem que o aumento da frequência alimentar pode diminuir a heterogeneidade do lote (Jobling, 1983; Wang, Hayaward, Noltie, 1998). Esta estratégia pode ser confirmada no experimento 3, onde o coeficiente de variação foi inversamente proporcional à frequência alimentar (Tabela 3). Outro manejo utilizado para diminuir o coeficiente de variação é a separação por classes de tamanho (Batista, 2011) Experimento 2 - Taxas de Alimentação A taxa de sobrevivência variou de 90,3 a 93,8%, não havendo diferença significativa (p>0,05) em função da taxa de alimentação utilizada. Os parâmetros de crescimento também não apresentaram diferença estatística (p>0,05). O ganho em peso para peixes alimentados com as diferentes dietas também foram similares e ficaram próximos de 50,84 g (Tabela 2). As taxas de crescimento específicas para o tratamento de 100% % (T100), tratamento de 80% (T80) e tratamento de 60% (T60) também não diferiram entre os tratamentos, ficando próximo a 2,61 % (Tabela 2)..

(38) 38. Tabela 2. Influência de taxas de alimentação nos parâmetros zootécnicos (média±DP) de juvenis de Rachycentron canadum, cultivados em tanques-rede por 30 dias. Parâmetros Sobrevivência (%) Pf (g) Cf (cm) GP (g) TCE (%PC/dia) K CAD (%) EAa CAa. Taxas de Alimentação T100 T80 a 90,35 ± 4,01 93,85 ± 8,45 a 95,18 ± 2,68a 93,48 ± 6,58 a 25,01 ± 0,43 a 51,59 ± 1,92 a 2,60 ± 0,16 a 0,60 ± 0,016 a 3,98 ± 1,96 a 0,15 ± 0,004 b 6,43 ± 0,58 a. 24,65 ± 0,85 a 51,25 ± 6,94 a 2,64 ± 0,18 a 0,62 ± 0,025 a 3,26 ± 7,03 ab 0,19 ± 0,018 b 5,17 ± 2,11 ab. T60 90,34 ± 6,07 a 91,6 ± 9,13 a 24,94 ± 0,61 a 49,69 ± 3,88 a 2,60 ± 0,01 a 0,58 ± 0,009 a 2,48 ± 2,9 b 0,24 ± 0,015 a 4,00 ± 0,87 b. Pf: peso final, Cf: comprimento final, GP: ganho em peso, TCE: taxa de crescimento espécifico em porcentagem de peso corporal/ dia, K: fator de condição, CAD: consumo de alimento diário, EAa: eficiência alimentar aparente, CAa: conversão alimentar aparente. Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa para o parâmetro avaliado (P<0,05)..

(39) 39. 12. Coeficiente de Variação (%). 11. c. T100 T80 T60. c. 10 9 8. a. a. b. a b. 7 6. b. 5. b. 4. a. a. a. 3 2 1 0 0. 10. 20. 30. Tempo (dias). Figura 3. Influência de três taxas alimentares no coeficiente de variação do peso (%) (média±DP) dos juvenis de bijupirá Rachycentron canadum ao longo do período experimental. Médias seguidas de letras distintas diferem pelo teste de Tukey (p<0,05) entre os tratamentos no mesmo tempo de amostragem. O coeficiente de variação foi menor em peixes alimentados com taxa de 100%, seguido de peixes alimentados 80% e 60%, demonstrando que pode ter ocorrido hierarquia alimentar, ou dominância alimentar dos peixes maiores sobre os menores (Aydin, Küçük, Şahin, Kolotoğlu1, 2011) devido a menor quantidade de alimentação fornecida nos tratamentos com taxas de alimentação menores. Em alguns sistemas de criação há uma dificuldade em assegurar que todos os peixes se alimentem até a saciedade, fazendo com que haja peixes de tamanhos distintos, e, por conseguinte haja interações agressivas entre os animais (Costa-Bomfim et al., 2014). O maior consumo alimentar diário foi encontrado na taxa de 100%, com diferença significativa (p<0,05) aos peixes alimentados com 60%. Peixes alimentados com 80% não apresentaram diferença significativa quando comparados aos peixes alimentados com taxa de 100 e 60% (Tabela 2)..

(40) 40. A eficiência alimentar aparente foi pior quando os peixes foram alimentados com a taxa de 100% (0,15 ± 0,004) e 80% (0,19 ± 0,018), comparada aos peixes alimentados com a taxa de 60% (0,24 ± 0,015) (Tabela 2). Isto sugere que a quantidade de alimento ofertada com a taxa de 60% foi suficiente para manter as funções fisiológicas e ainda destinar energia para o crescimento (Mihelakakis, Tsolkas, Yoshimatsu, 2002). Sun et al. (2006) para juvenis de bijupirá. Assim como a EAa, a melhor conversão alimentar foi encontrada para peixes alimentados com taxa de 60% quando comparada aos peixes alimentados com a taxa de 100%. A taxa de 80% não apresentou diferença significativa quando comparada a 100% e de 60% (Tabela 2). Como os parâmetros de crescimento não apresentaram diferença (p>0,05), quanto menor o consumo, melhor a eficiência alimentar. Segundo Mihelakakis et al. (2002) e Kim, Kang, Kim. (2007) peixes que recebem uma oferta de alimento limitada, podem aproveitar melhor os nutrientes, melhorando a eficiência e conversão alimentar. Como o crescimento não apresentou diferença entre os tratamentos, taxas de 100 e 80% indicam excesso de alimentação, resultando em maior custo de produção e poluição do ambiente (Cho, Lee, Park, Ji, Choi, Lee, Kim, Lee, Oh,, 2007; Kim et al., 2007). Os resultados deste estudo sugerem que existe a possibilidade de se testar taxas menores. O fator de condição não apresentou diferença significativa (p>0,05), entre os tratamentos, indicando que os peixes não sofreram com a redução de alimento (Thomassen e Fjaera, 1996) (Tabela 2). Experimento 3 – Frequência Alimentar A taxa de sobrevivência não foi influenciada pelas frequências alimentares (p>0,05), sendo superior a 92,1 % (Tabela 3). Os parâmetros de crescimento, como o peso, o comprimento, o ganho em peso, a taxa de crescimento específico e o fator de condição também não mostraram diferenças significativas (p>0,05) entre os diferentes tratamentos (Tabela 3). Costa-Bomfim et al. (2014) também não encontraram diferença em nenhum parâmetro (sobrevivência, peso final, ganho em peso, taxa de crescimento específico, conversão alimentar e coeficiente de variação) quando testadas 5 frequências alimentares (1, 2, 3, 4 e 6 alimentações por dia) para juvenis de bijupirá com peso inicial próximo de 100g. Os valores das taxas de crescimento específico para juvenis de bijupirá no presente experimento (aproximadamente 2,6 %/dia) foram superiores aos encontrados por Costa-Bomfim et al. (2014) (1,48 a.

(41) 41. 1,67%/dia), por Craig et al. (2006) (0,74 e 0,75%/dia), e próximos ao encontrado por Lunger et al. (2007) (2,0 a 5,1%). Tabela 3. Influência de diferenças frequências alimentares nos parâmetros zootécnicos (média±DP), em juvenis de Rachycentron canadum cultivados em tanques-rede por 30 dias. Parâmetros Sobrevivência (%) Pf (g) Cf (cm) GP (g) TCE (%PC/dia) K CAD (%) EAa CAa. Frequência Alimentar 3 vezes/dia 6 vezes/dia a 93,85 ± 2,51 93,85 ± 8,45 a 91,01± 7,49 a 93,48 ± 6,58 a. 9 vezes/dia 92,10 ± 6,95 a 89,35 ± 2,68 a. 24,49 ± 0,82 a 48,91 ± 9,29 a 2,56 ± 0,18 a 0,61 ± 0,009 a 3,32 ± 3,82 a 0,18 ± 0,033 a. 24,65 ± 0,85 a 51,25 ± 6,94 a 2,64 ± 0,18 a 0,62 ± 0,025 a 3,26 ± 7,03 a 0,19 ± 0,018 a. 24,68 ± 0,08 a 48,33 ± 6,51 a 2,59 ± 0,27 a 0,59 ± 0,004 a 3,39 ± 1,5 a 0,18 ± 0,028 a. 5,42 ± 1,14 a. 5,17 ± 2,11 a. 5,49 ± 0,45 a. Pf: peso final, Cf: comprimento final, GP: ganho em peso, TCE: taxa de crescimento espécifico em porcentagem de peso corporal/ dia, K: fator de condição, CAD: consumo de alimento diário, EAa: eficiência alimentar aparente, CAa: conversão alimentar aparente. Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa para o parâmetro avaliado (P<0,05)..

(42) 42. F3 F6 F9. a. 13. Coeficiente de Variação (%). 12 11. b. 10 9. a a. a. a. 8. b. 7. a a a. 6. c. 5. c. 4 3 2 1 0 0. 10. 20. 30. Tempo (dias). Figura 4. Influência de três frequências alimentares no coeficiente de variação do peso (%) (média±DP) dos juvenis de bijupirá Rachycentron canadum ao longo do período experimental. Médias seguidas de letras distintas diferem pelo teste de Tukey (P<0,05) entre os tratamentos num mesmo tempo de amostragem. O único parâmetro, neste estudo, que apresentou diferença estatística, foi o CV, que foi inversamente proporcional ao aumento das frequências, chegando a ser 3 vezes menor para peixes alimentados 9 vezes ao dia, em relação aos alimentados 3 vezes ao dia (Fig.4). Desta forma, um aumento na frequência alimentar possibilitou maior disponibilidade de alimento, consequentemente, menor competição alimentar e menor a heterogeneidade do lote. A alta variabilidade do tamanho dos peixes no lote pode estar associada ao canibalismo (Greaves e Tuene, 2001), o que não é desejável na aquicultura (Schnaittacher et al., 2005; Batista, 2011). Assim, o coeficiente de variação é um parâmetro importante que avalia as variações de tamanho, induzidos pelo efeito de competição ou.

(43) 43. hierarquia (Aydin et al., 2011), principalmente quando relacionado a disponibilidade de alimento. O consumo alimentar diário não sofreu influência com as frequências utilizadas, variando de 3,26 a 3,39 %. Assim como a conversão alimentar aparente, que variou de 5,17 a 5,5 (Tabela 3) e a eficiência alimentar aparente, que variou de 0,18 a 0,19 (Tabela 3). Os resultados sugerem que não há vantagem em utilizar a frequência de 6 e 9 vezes ao dia para juvenis de bijupirá, comparado à frequência de três vezes ao dia, pois não houve interferência da frequência nos parâmetros de crescimento e aproveitamento do alimento, apesar de haver menor coeficiente de variação de tamanho maior. Maior frequência alimentar implicaria em maior manejo e custo operacional, especialmente em tanques-rede. A maior variabilidade em tamanho poderia ser corrigida através de biometrias periódicas, realizando a separação dos peixes por tamanho, a fim de minimizar o efeito hierárquico alimentar. Conclusões A partir dos resultados obtidos, pode-se sugerir que bijupirás criados em tanques-rede na fase de juvenil podem ser alimentados com a pasta (peixe fresco + ração), otimizando o crescimento e a conversão alimentar. A taxa de alimentação de 60% em peixes alimentados com ração até a saciedade aparente pode ser utilizada sem prejuízos para o crescimento da espécie, apesar da maior variação em comprimento nos peixes do lote, podendo ser corrigida classificando periodicamente os peixes por tamanho. Recomenda-se também, três alimentações ao dia, por ser menos onerosas do que as maiores frequências alimentares sem comprometer os parâmetros de crescimento. Estudos futuros devem testar se menores frequências alimentares afetam os parâmetros zootécnicos. Referências Arnold C.R., Kaiser, J.B. & Holt, G.J. (2002) Spawning of cobia (Rachycentron canadum) in captivity. Journal of the World Aquaculture Society 33, 205-208. Aydin I.; Küçük E., Şahin T. & Kolotoğlu1 L. (2011) The effect of feeding frequency and feeding rate on growth performance of juvenile.

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