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Aspectos da ergonomia que contribuem na prevenção das LER/DORT num setor da indústria cerâmica: um estudo de caso

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Academic year: 2021

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(1)Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. ASPECTOS DA ERGONOMIA QUE CONTRIBUEM NA PREVENÇÃO DAS LER/DORT NUM SETOR DA INDÚSTRIA CERÂMICA: UM ESTUDO DE CASO. Dissertação de Mestrado. Alessandra Cordeiro Rodrigues.

(2) Florianópolis 2003.

(3) Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. ASPECTOS DA ERGONOMIA QUE CONTRIBUEM NA PREVENÇÃO DAS LER/DORT NUM SETOR DA INDÚSTRIA CERÂMICA: UM ESTUDO DE CASO. Alessandra Cordeiro Rodrigues. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção com ênfase em Ergonomia. Orientador: Prof. Dr. Eugenio Merino. Florianópolis 2003.

(4) Alessandra Cordeiro Rodrigues. ASPECTOS DA ERGONOMIA QUE CONTRIBUEM NA PREVENÇÃO DAS LER/DORT NUM SETOR DA INDÚSTRIA CERÂMICA: UM ESTUDO DE CASO. Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, com ênfase em Ergonomia, no Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 25 de Agosto de 2003.. _______________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr. Coordenador do Programa. BANCA EXAMINADORA:. ____________________________________________________ Prof. Eugenio A. D. Merino, Dr. Orientador ____________________________________________________ Prof. Leila Amaral Gontijo, Dra. ____________________________________________________ Prof. Francisco Pereira Fialho, Dr..

(5) “Avança a tecnologia, esquece-se o homem e o ergonomista está sempre lá, sinalizando, problematizando, propondo soluções, buscando o conforto e a segurança para o homem no lar, no trabalho, no lazer, na cidade”. Moraes, A ., Soares, M..M..

(6) Dedico este trabalho a duas pessoas muito especiais que sempre me apoiaram e incentivaram: Meus pais..

(7) AGRADECIMENTOS. Gostaria de agradecer a todas as pessoas que compartilharam este período de minha vida e que das mais variadas maneiras me ajudaram, citando em especial:. -. Ao Orientador Prof. Dr. Eugenio Merino pelo acompanhamento pontual e competente.. -. A banca examinadora, pelo reconhecimento do meu trabalho.. -. A minha família pelo carinho e compreensão de minhas ausências nos finais de semana.. -. Aos amigos e colegas de trabalho pelo incentivo contínuo.. -. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa..

(8) SUMÁRIO LISTA DE TABELAS. xi. LISTA DE FIGURAS. xii. LISTA DE GRÁFICOS xiii LISTA DE SIGLAS RESUMO. xiv. xvi. ABSTRAT xvii CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1 1.1 APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA ............................................................. 1 1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO................................................................................ 3 1.2.1 Objetivo geral....................................................................................................... 3 1.2.2 Objetivos específicos........................................................................................... 3 1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TRABALHO.............................................. 4 1.4 METODOLOGIA..................................................................................................... 5 1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ......................................................................... 6 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 6. CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 8. 2.1 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER/DORT). 8. 2.1.1 ASPECTOS CONCEITUAIS................................................................................ 8 2.1.2 VISÃO HISTÓRICA DAS LESÕES DE MEMBROS SUPERIORES RELACIONADOS AO TRABALHO.................................................................... 10 2.1.2.1 LER/DORT - ENDEMIA E EPIDEMIA...................... ...................................... 16 2.1.3 VISÃO HOLÍSTICA DAS LER/DORT NO BRASIL ............................................ 18.

(9) 2.1.4 ASPECTOS CLÍNICOS ..................................................................................... 22 2.1.4.1 Neuropatias compressivas ............................................................................. 23 2.1.4.2 Tendinites e tenossinovites: ........................................................................... 23 2.1.4.3 Classificação ou estadiamento das LER/DORT ............................................. 26 2.1.5 FATORES CAUSAIS ......................................................................................... 31 2.1.5.1 Fatores biomecânicos..................................................................................... 32 2.1.5.2 Fatores organizacionais.................................................................................. 37 2.1.5.3 Fatores psicossociais ...................................................................................... 38 2.1.6 Resultados das principais pesquisas abordando outros fatores que não os biomecânicos..................................................................................................... 44 2.1.6.1 A Influência dos fatores físicos e pessoais..................................................... 45 2.1.6.2 A Influência dos fatores psicológicos.............................................................. 46 2.1.6.3 A Influência dos fatores sociais. ..................................................................... 46 2.1.6.4 A influência dos fatores de organização do trabalho...................................... 47 2.1.7 RELAÇÃO ENTRE LER/DORT E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO ................ 48 2.1.8 PERFIL DO TRABALHADOR PORTADOR DE LER/DORT ............................. 54 2.1.8.1 LER/DORT - Faixa etária................................................................................ 56 2.1.8.2 LER/DORT - Tempo na função ...................................................................... 57 2.1.8.3 LER/DORT - Escolaridade.............................................................................. 57 2.1.8.4 LER/DORT - Faixa salarial ............................................................................. 59 2.1.8.5 LER/DORT - Ramos de atividade econômica ................................................ 60 2.1.8.6 LER/DORT - Ocupações ................................................................................ 63 2.1.9 REPERCUSSÕES E CUSTOS LER/DORT ...................................................... 65 2.2 ERGONOMIA. 69. 2.2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS.............................................................................. 69 2.2.2 HISTÓRICO DA ERGONOMIA ......................................................................... 71 2.2.2.1 Fundação da IEA ............................................................................................ 75 2.2.3 NORMATIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO DE PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES E ERGONOMIA .......................................... 76 2.2.4 ABORDAGENS EM ERGONOMIA.................................................................... 78 2.2.5 CAMPOS DA ERGONOMIA E PRINCIPAIS MODALIDADES DE INTERVENÇÃO................................................................................................. 80 2.2.6 O FUTURO DA ERGONOMIA........................................................................... 82.

(10) 2.2.7 A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NA PREVENÇÃO DAS LER/DORT ........ 83 2.2.8 METODOLOGIA DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO - AET........... 85 2.2.8.1 Análise da demanda. ...................................................................................... 89 2.2.8.2 Análise da tarefa............................................................................................. 90 2.2.8.2.1 Descrição dos componentes do sistema homens-tarefas ........................... 91 2.2.8.2.2 Descrição dinâmica do sistema homens-tarefas ......................................... 92 2.2.8.2.3 Avaliação das exigências do trabalho ......................................................... 92 2.2.8.3 Análise da atividade........................................................................................ 95 2.2.8.3.1 Métodos de análise ergonômica da atividade ............................................. 96 2.2.8.4 Síntese ergonômica do trabalho..................................................................... 99 2.2.9 ANTROPOMETRIA ......................................................................................... 100 2.2.9.1 Aplicação dos dados antropométricos.......................................................... 102 2.2.9.2 Principais medições antropométricas estáticas............................................ 103. CAPÍTULO 3 - ESTUDO DE CASO: ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS 107 3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................ 107 3.2 APRESENTAÇÃO.............................................................................................. 108 3.3 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ...................................................... 110 3.3.1 Demanda ......................................................................................................... 110 3.4 ANÁLISE DA TAREFA ...................................................................................... 110 3.4.1 Delimitação do sistema homem-tarefa ............................................................ 111 3.4.2 Perfil do sistema .............................................................................................. 111 3.4.3 Normas ............................................................................................................ 112 3.4.4 Hierarquia do sistema...................................................................................... 113 3.4.5 Função auxiliar de produção na classificação ................................................. 113 3.4.6. Função auxiliar de produção - mesa de classificação .................................... 114 3.4.7 Os funcionários................................................................................................ 115 3.4.8 Antropometria .................................................................................................. 115 3.4.9 Sexo................................................................................................................. 116 3.4.10 Idade.............................................................................................................. 116 3.4.11 Qualificação profissional................................................................................ 117.

(11) 3.4.12 Tempo de empresa........................................................................................ 118 3.4.13 Remuneração em 2001 e 2002 ..................................................................... 118 3.4.14 Absenteísmo devido distúrbios osteomusculares.......................................... 118 3.4.15 Custos com tratamento de funcionários com queixas iniciais de dor em membros superiores e dos casos já diagnosticados de LER/DORT, incluindo fisioterapias, acupuntura e medicamentos ..................................... 120 3.4.16 Estadiamento/Classificação das LER/DORT................................................. 122 3.4.17 Levantamento do número de comunicações de acidentes de trabalho emitidas por doença ocupacional, devido LER/DORT ................................... 123 3.4.18 Funcionários com restrições.......................................................................... 124 3.4.19 Dados referentes ao meio ambiente.............................................................. 125 3.4.20 Entrada ......................................................................................................... 127 3.4.21 Saída ............................................................................................................. 128 3.4.22 Entrada das informações............................................................................... 128 3.4.23 Postura para a execução da tarefa................................................................ 128 3.4.24 Exigências físicas, mentais e sensoriais ....................................................... 133 3.5 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO - CLASSIFICAÇÃO ............................... 133 3.6 CHECK-LIST PARA AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DO RISCO DE TENOSSINOVITE E LESÕES POR TRAUMA CUMULATIVOS DOS MEMBROS SUPERIORES ................................................................................ 141 3.7 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 144 3.8 GINÁSTICA LABORAL ..................................................................................... 145 3.9 RECOMENDAÇÕES .......................................................................................... 145 3.10 RECOMENDAÇÕES PARA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................... 148 3.11 CONCLUSÕES DO ESTUDO DE CASO......................................................... 149. CAPÍTULO 4 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS REFERÊNCIAS ANEXOS. 166. 157. 154.

(12) LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estadiamento, sinais e conduta nas lesões por esforços repetitivos .......... 29 Tabela 2 - Evidências científicas entre os fatores biomecânicos e as lesões .............. 35 Tabela 3 - Principais fatores determinantes das LER/DORT ....................................... 38 Tabela 4 - Relação exemplificada entre o trabalho e algumas patologias ................... 39 Tabela 5 - Fatores ocupacionais associados com mão, punho, cotovelo e ombro predisponentes LER/DORT ......................................................................... 41 Tabela 6 - Fatores físicos pessoais associados às LER/DORT ................................... 45 Tabela 7 - Fatores psicológicos associados às LER/DORT......................................... 46 Tabela 8 - Fatores sociais relacionados às LER/DORT. .............................................. 46 Tabela 9 - Fatores de organização do trabalho relacionados à LER/DORT. ............... 47 Tabela 10 - Medidas antropométricas dos funcionários ............................................. 116 Tabela 11 - Idade dos funcionários. ........................................................................... 117 Tabela 12 - Tempo de empresa. ................................................................................ 118 Tabela 13 - Absenteísmo............................................................................................ 118 Tabela 14 – Custos anos 2001 e 2002....................................................................... 120 Tabela 15 – Estadiamento/Classificação.................................................................... 122 Tabela 16 – Estadiamento / Outros setores. .............................................................. 123.

(13) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Neuropatias compressivas. .......................................................................... 24 Figura 2 - Tendinites e tenossinovites .......................................................................... 26 Figura 3 - Esquema metodológico da análise ergonômica do trabalho........................ 88 Figura 4 - Fluxograma do processo de produção de revestimentos cerâmicos ......... 109 Figura 5 - Organograma do setor de classificação..................................................... 113 Figura 6 - Sugestão de modelo de caixa de classificação.......................................... 148.

(14) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição dos atendimentos de LER por faixa etária (1994,1995,1996). 56 Gráfico 2 - LER X Escolaridade (1994, 1995) .............................................................. 58 Gráfico 3 - LER X Escolaridade (1996) ........................................................................ 58 Gráfico 4 - LER X Faixa Salarial (1994, 1995, 1996) ................................................... 59 Gráfico 5 - LER X Ramos de atividade econômica (1993, 1994) ................................. 60 Gráfico 6 - LER X Ramos de atividade econômica (1995, 1996) ................................. 61 Gráfico 7 - LER X Ocupações (1993) ........................................................................... 63 Gráfico 8 - LER X Ocupações (1994, 1995, 1996) ....................................................... 64.

(15) LISTA DE SIGLAS. ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia AET – Análise Ergonômica do Trabalho BLS – Bureau of Labor Statistics CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho CCQs – Círculos de Controle de Qualidade CEPI – Centro de Epidemiologia do Paraná CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNAM – Conservatoire National des Arts e Métier CTD – Cumulative Trauma Disorders DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho D.O.U. – Diário Oficial da União EPA – Agência Européia de Produtividade IEA – Associação Internacional de Ergonomia INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social INSS – Instituto Nacional de Segurança Social LER – Lesões por Esforços Repetitivos LTC – Lesões por Trauma Cumulativo MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social NR – Normas Regulamentadoras NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health NUSAT – Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais da Previdência Social OCD – Occupational Cervicobrachial Disorder OOI – Occupational Overuse Injury PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

(16) RSI – Repetitive Strain Injuries RTD – Repetitive Trauma Disorders SESA – Secretaria de Estado da Saúde SESMT – Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho.

(17) RODRIGUES, Alessandra Cordeiro. Aspectos da ergonomia que contribuem na prevenção das LER/DORT num setor da indústria cerâmica: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, com ênfase em Ergonomia – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. UFSC, 2003.. RESUMO As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), são doenças músculo-tendinosas que acometem principalmente membros superiores, ombros e pescoço, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular em particular. Este trabalho visa demonstrar a contribuição da Ergonomia na redução das LER/DORT, visto que a Ergonomia utiliza conhecimentos de diversas áreas da ciência, engenharia e um completo entendimento das capacidades e limitações humanas. Quando estes princípios são aplicados no projeto de um posto de trabalho, na tarefa, no processo ou procedimento, além de uma melhoria das condições de trabalho, da qualidade e produtividade, pode-se esperar uma redução dos distúrbios decorrentes da falta de adaptação do trabalho ao homem e, portanto, das Lesões por Esforços Repetitivos. A metodologia utilizada neste Estudo de Caso foi a Análise Ergonômica do Trabalho aplicada em uma Indústria de Revestimentos Cerâmicos, com o objetivo de identificar as possíveis causas das LER/DORT entre os trabalhadores do setor de classificação, local que apresentava alta incidência de queixas de dor e desconforto em membros superiores relacionadas ao desempenho do trabalho. Os resultados mostram que as características das atividades no setor, e dos postos de trabalho, organização do trabalho, associado a outros fatores podem ocasionar as LER/DORT. São propostas sugestões e recomendações visando a melhoria das condições de trabalho, conforto e segurança. PALAVRAS-CHAVE: Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios Osteomuculares Relacionados ao Trabalho (DORT); Ergonomia; Prevenção..

(18) RODRIGUES, Alessandra Cordeiro. Aspects of ergonomics that contribute to prevent work-related musculoskeletal disorders (WMSDs) in a ceramic industry sector: a case study. Production Engineering Masters Degree with ergonomics emphasis. Graduation in Production Engineering Program. UFS, 2003.. ABSTRACT Repetitive Strain Injuries (RSI) and Work-Related Musculoskeletal Disorders(WMSDS) are painful disorders of muscles, tendons and nerves found usually in hands , wrists, elbows ,neck and shoulders caused by a forceful exertion in a particular group of muscles. This study intend to show the contribution of Ergonomics to decrease Repetitive Strain Injuries and Work-Related Musculoskeletal Disorders cases, once Ergonomics uses different knowledge areas such as science, engineering and a complex understanding of human capacities and limitations. When these principles are applied in a workplace project, task, in the process or procedure, we can count on better job conditions, more quality and productivity and a decrease in these disturbances related to a bad job adaptation to the man, in this case, RSI. The methodology used in this Case Study was the Ergonomic Analysis of the job applied in a Ceramic Revetments Industry, intending to identify the possible causes for RSI/WMSDS among the classification section workers ,a place with high pain complaints incidence particularly in superior members related to job performance. The results show characteristics section activities, workstations designs, job organization plus other factors can lead to RSI/WMSDS. Suggestions and recommendations are made to improve the job conditions, comfort and security. KEY-WORDS: Repetitive Stain Injuries (RSI) / Work Related Musculoskeletal Disroders (WMSDS); Ergonomy/ Prevention..

(19) RODRIGUES, Alessandra Cordeiro. Aspectos da ergonomia que contribuem na prevenção das LER/DORT num setor da indústria cerâmica: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, com ênfase em Ergonomia – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. UFSC, 2003. Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios Osteomuculares Relacionados ao Trabalho (DORT); Ergonomia; Prevenção..

(20) 1. CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação da problemática O Brasil, à semelhança de outros países, vem assistindo, nos últimos quinze anos, a explosão epidêmica das lesões de membros superiores por sobrecarga funcional. SOROCK e COURTNEY (1996) consideram que fatores como: excessiva exposição a movimentos repetitivos por demanda da tarefa, posturas incorretas, emprego de força, baixa temperatura, vibração e fatores psicossociais como o estresse, estão intimamente relacionados a distúrbios musculoesqueléticos, que são mais comumente denominados: lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). No Japão, Maeda relatou a ocorrência de lesões desde 1958 entre perfuradores de cartão. Nakaseko, em 1982, informou alta incidência de distúrbios entre trabalhadores de linha de montagem, quando levantou os dados de taxa de exposição entre 1.691.000 trabalhadores japoneses expostos e constatou que 10%, em média, tinha sintomas em membros superiores. Destes, a maior prevalência 20,9% - ocorria entre trabalhadores de linha de montagem. Entre os trabalhadores de escritório, a prevalência era de 9,4% (COUTO, 2000). Na Austrália, o fenômeno evidenciou-se na década de 80. HOCKING (1987) relatou a ocorrência de lesões dos membros superiores na Telecom, durante o período de 1981 a 1985, somando um total de 3.976 relatos. A ocupação com maior incidência foi a de telefonista, contribuindo com um montante de 1.886 relatos e um índice de 343 casos por 1000 digitadores durante os 5 anos citados. Na Finlândia, RIHIMÄKI (apud COUTO, 2000) relatou que a incidência atingiu seu ápice em 1990, quando foram registrados 17 casos para cada 10.000 trabalhadores do sexo feminino. Metade das ocorrências tiveram o diagnóstico de tendinites, com menor incidência das síndromes de compressão de nervos. Nos Estados Unidos, estas lesões osteomusculares relacionadas ao trabalho representam, atualmente, 61% dos novos casos de doenças/lesões relacionadas ao trabalho. A taxa de casos notificados aumentou de menos de 5 por 10.000.

(21) 2. trabalhadores, em 1981, para quase 30 por 10.000 trabalhadores, em 1991, (SILVERSTEIN, 1995, p.36). Isto quer dizer que aumentou a proporção do número de casos de LER/DORT em seis vezes para um período de dez anos. No Brasil, os casos de LER/DORT se constituem na principal causa de doença relacionada ao trabalho, contribuindo com mais de 65% dos casos reconhecidos pela Previdência Social. Este distúrbio envolve várias categorias profissionais e não somente os digitadores e trabalhadores de linha de produção, como se acreditava no início (NUSAT, 1995). HIGGS e MACKINNON (1995) referem que, apesar de quase duas décadas de estudos, as LER continuam sendo o maior e o mais freqüente problema das extremidades superiores relacionadas ao trabalho. Isso se explica pela incerteza nas queixas e no desenvolvimento de tratamentos satisfatórios, o que tem gerado muitas controvérsias em diversos países. No Paraná, segundos dados da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) e Centro de Epidemiologia do Paraná (CEPI), baseados nos dados das Comunicações de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, observou que, em 1998, as LER/DORT representavam 563 casos, com percentual de 41,3% das comunicações. Em sendo assim, tal percentual correspondia a segunda doença profissional mais prevalente, perdendo somente para a perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR), que teve 567 casos registrados, com percentual de 41,6% . O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (Bureau of Labor Statistics) faz controle dos dados anuais de lesões por esforços repetitivos. Identificou que na indústria privada há registros, em 1999, de 246.700 casos; em 2000, foram 241.800 e, em 2001, foram um total de 216.400. Portanto, existiu uma variação pequena entre os anos com tendência à redução, mas ainda um número muito alto de casos. As LER/DORT são as principais doenças ocupacionais no Brasil e atingem cerca de 10% da mão-de-obra formal, o que corresponde a quase 7 milhões de trabalhadores numa projeção extra-oficial. Na Itália, quase 1,5 milhão, num universo de 23 milhões de trabalhadores têm LER/DORT. Nos Estados Unidos, o número chega a 4 milhões; na Alemanha, 3.

(22) 3. milhões e na região da Escandinávia, 1 milhão de trabalhadores, segundo dados retirados do site (<http://www.icoh2003.com.br>, pesquisado em 30/6/03) Para se entender como e por quê as LER/DORT se instalam e se desenvolvem de forma assustadora nas sociedades industriais capitalistas modernas, é de fundamental importância que se faça uma análise do trabalho em si e do seu processo de organização, uma vez que as mesmas, segundo ALMEIDA (1998), são manifestações no corpo dos trabalhadores dos desajustes entre eles e os seus trabalhos. Pela dimensão que assumiu a questão das LER/DORT, o problema passou da esfera dos trabalhadores, empresas e sindicatos para a Saúde Pública e Previdência Social, devido a grande proporção de afastados do trabalho e aposentadorias precoces.. 1.2 Objetivos do trabalho 1.2.1 Objetivo geral Compreender os fatores causais e predisponentes das lesões por esforços repetitivos em trabalhadores de linha de produção, verificando sua relação com as mudanças no processo de trabalho e introdução de novas tecnologias e estudando como a Ergonomia pode contribuir para minimizar as LER/DORT.. 1.2.2 Objetivos específicos •. Estudar e compreender as LER/DORT e aplicar a Análise Ergonômica do Trabalho numa situação real de um posto de trabalho.. •. Analisar dados da população exposta.. •. Levantar casos de distúrbios osteomusculares no setor de classificação e verificar nexo com o trabalho.. •. Mostrar condições atuais nestes postos de trabalho.. •. Identificar problemas ergonômicos e na organização do trabalho..

(23) 4. 1.3 Justificativa e relevância do trabalho Com todas as transformações ocorridas na tecnologia e organização do trabalho, alguns tipos de trabalho se modificaram e, com isso, mudaram os desafios ergonômicos. Se, por um lado, a tecnologia solucionou muitos problemas ergonômicos do antigo sistema de produção, por outro, trouxe muitos outros que, atualmente, são os grandes desafios da Ergonomia. Um dos maiores impactos da reestruturação produtiva calcada na recente tecnologia, largamente utilizada por grandes empresas, foi a redução gradativa das tarefas muito pesadas e em altas temperaturas. Isso porque, hoje, muitas destas atividades são desenvolvidas por robôs, reduzindo o impacto para o ser humano. Como exemplo, tem-se: as laminações de aço; nos processos que envolviam atividades fisicamente pesadas, hoje são automatizadas; nos processos de solda e pintura, altamente agressivos, hoje sob responsabilidade de robôs; nos cortes de madeira, realizada anteriormente por motosserras e agora por haversters, cabendo ao homem operar estas máquinas dentro de cabines. Porém, a tecnologia trouxe para determinados ramos de atividade, o uso excessivo dos computadores, alta repetitividade de tarefas, posturas estáticas, trabalho de alta densidade, além de não conseguir modificar alguns processos como a manutenção das linhas de produção tradicionais para produtos de baixo valor agregado (indústria de vestuário, de calçados e de montagem eletrônica), o manuseio não programável de cargas (como correios, mudanças de moradia, movimentação de cargas dentro da indústria, em locais não cobertos por meios informatizados e onde a variabilidade de movimentos é mais facilmente coberta pelo homem) e problemas relacionados com a terceirização. Quanto aos fatores ligados à organização do trabalho, pode-se observar que o ritmo acelerado, exigência de tempo, falta de autonomia, fragmentação das tarefas, cobrança de produtividade sob a forma de prêmios por produção, falta de conteúdo das tarefas e dificuldade de relacionamento com chefias interferem nos trabalhadores, gerando tanto tensão como sobrecarga osteomuscular. Ademais, a persistência destas situações podem gerar as LER/DORT..

(24) 5. Considerando os dados da Organização Mundial da Saúde, a qual demonstra que, anualmente, a incidência de novos casos de doenças ocupacionais LER/DORT é de 160 milhões por ano, ou seja, 61 casos registrados a cada mil empregados, em relação a essa população economicamente ativa de 2,6 bilhões de pessoas (GEREMIAS, 2002). Portanto, é necessário que se identifiquem os fatores predisponentes e contributivos do desencadeamento das LER/DORT na incidência atual. Este trabalho, através do Estudo de Caso num setor de classificação, onde foram observados maior número de queixas de dor e desconforto nos membros superiores da fábrica, pretende analisar os aspectos da Ergonomia que contribuem na prevenção das LER/DORT. Com estes conhecimentos e entendendo o ambiente de trabalho como um todo, talvez, seja possível estruturar medidas preditivas, preventivas e curativas mais eficazes para esta patologia.. 1.4 Metodologia Esta dissertação apresenta as características de pesquisa aplicada, qualitativa, explicativa, contando com procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Foi realizada de acordo com as seguintes etapas. Na primeira etapa foi realizado um levantamento bibliográfico das lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), enfocando principalmente seu histórico, aspectos clínicos, fatores causais, perfil da população mais atingida. Com isso almeja-se adquirir um maior entendimento da doença, podendo dimensionar seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. Em seguida realizou-se uma revisão bibliográfica sobre Ergonomia, abordando também a metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho, enfatizando a importância de sua aplicação nas investigações das LER/DORT. Na segunda etapa foi realizado Estudo de Caso, através da Análise Ergonômica do Trabalho no setor de classificação de uma fábrica de pisos e.

(25) 6. revestimentos cerâmicos na região metropolitana de Curitiba, a qual apresentava alta incidência de dores e desconforto osteomusculares relacionados ao trabalho. Na terceira etapa procedeu-se uma análise global dos dados coletados confrontando-os com os encontrados na literatura, visando a chegar em um diagnóstico da situação de trabalho. Feito isso, propuseram-se recomendações para melhoria das condições de trabalho neste setor pretendendo, com isto, reduzir a incidência das LER/DORT.. 1.5 Delimitações do trabalho O estudo foi realizado no setor de Classificação de azulejos de uma Empresa de pisos e revestimentos cerâmicos, que conta com a mão-de-obra de 122 funcionários. Optou-se por considerar o grupo alvo deste trabalho como sendo os funcionários deste setor, devido ao arranjo físico inadequado do posto de trabalho e maior número de queixas osteomusculares no ambulatório da empresa. Outra delimitação foi concentrar mais os estudos nos fatores biomecânicos e não se aprofundar tanto nos aspectos psicológicos e sociais dos portadores de LER/DORT, apesar de estes serem muito relevantes na etiologia destes distúrbios.. 1.6 Estrutura do trabalho Este trabalho está dividido em quatro capítulos assim distribuídos: •. Capítulo 1 – Introdução Composto da apresentação, dos objetivos, da justificativa e relevância, da. metodologia e da estrutura do trabalho. •. Capítulo 2 – Fundamentação Teórica, composto de dois itens: - Lesões por Esforços Repetitivos – LER/DORT, onde são apresentados conceitos, visão histórica, aspectos clínicos e fatores causais de LER/DORT; - Ergonomia, onde é apresentada a definição, histórico, áreas de aplicação da Ergonomia, bem como a relação e importância desta na prevenção e controle das LER/DORT e melhora.

(26) 7. da qualidade de vida dos trabalhadores. Apresentam-se, também, comentários sobre Norma Regulamentadora - NR 17. •. Capítulo 3 – Estudo de caso Demonstra a metodologia e a Análise Ergonômica do Trabalho – AET e inclui. as recomendações e conclusões do Estudo de caso. •. Capítulo 4 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros. Expõe as conclusões e recomendações advindas do trabalho, bem como. sugestões para trabalhos futuros..

(27) 8. CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomuculares. relacionados ao trabalho - LER/DORT 2.1.1 Aspectos conceituais da terminologia Nos últimos 20 anos, foram adotadas várias terminologias para definir as lesões musculoligamentares relacionadas ao trabalho, aqui definidas como LER/DORT. Entretanto, todas as conceituações têm em comum o relato do sobreuso das extremidades dos membros superiores ocasionadas, geralmente – mas não unicamente – por movimentos repetitivos. Segundo COUTO (2000), a Austrália utilizou inicialmente a denominação de Occupational Overuse Injury (OOI), ou seja, lesão ocupacional por sobre-esforço, e em 1980, mudou para a terminologia Repetitive Strain Injuries (RSI), sendo traduzida para o português como Lesões por Esforços Repetitivos (LER). BROWNE et al. (1984, p. 330) as definiram como: Doenças músculo-tendinosas dos membros superiores, ombros e pescoço, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular em particular, devido ao uso repetitivo ou pela manutenção de posturas contraídas, que resultam em dor, fadiga e declínio do desempenho profissional.. Nos Estados Unidos e demais países anglo-saxônicos, utiliza-se os termos Cumulative Trauma Disorders (CTD) e Repetitive Trauma Disorders (RTD) que, em português corresponde, respectivamente, a lesões por trauma cumulativo e lesões por trauma repetitivo (COUTO, 1998). ARMSTRONG (1986) usa o termo Lesões por Trauma Cumulativo (LTC) referindo-se às lesões dos tecidos moles devido a movimentos e esforços repetitivos do corpo. Embora possa ocorrer em todos os tecidos, os nervos, tendões, bainhas e músculos da extremidade superior são os locais mais freqüentemente relatados..

(28) 9. No Japão, foi adotada a terminologia Occupational Cervicobrachial Disorder (OCD), que vem a ser um distúrbio ocupacional funcional e/ou orgânico produzido pela fadiga neuromuscular devido a exercícios estáticos e/ou repetitividade dos músculos dos braços e das mãos (AOYAMA et al apud ASSUNÇÃO, 1995). No Brasil, estas lesões receberam a denominação de Lesões por Esforços Repetitivos (LER), a partir da Portaria 4062 do INSS (6/8/87), seguindo a tendência australiana. Esta terminologia foi conceituada através da resolução SS 197, publicada pela Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, como um conjunto de afecções que podem acometer tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias e ligamentos, isolada ou associadamente, com ou sem degeneração de tecidos, atingindo, principalmente – porém não somente – membros superiores, região escapular e pescoço. Necessário se faz comentar que é de origem ocupacional e decorrente, de forma combinada ou não, de: uso repetitivo de grupos musculares, uso forçado de grupos musculares e manutenção de postura inadequada (SATO et al, 1993). A consideração de que o termo LER tende ao desaparecimento surge frente à inadequada utilização e generalização do termo que abrange muitos tipos de patologias. Além disso, o fato de haver outros fatores predisponentes afora a repetitividade (como força, posturas viciosas dos membros superiores, compressão mecânica, vibração) que podem cooperar para o desenvolvimento destas lesões e tornando amplo o mecanismo causador da lesão, também contribui para a confusão taxonômica, ou seja para definir a nomenclatura médica correta da doença (PEREIRA e LECH, 1997). OLIVEIRA (1998) ressalta, também, que o próprio termo LER foge da taxonomia (nomenclatura) habitual médica. Nas suas definições e conceituações, ele quase sempre se reporta ao segmento ou aparelho atingido e procura ainda definir o tipo de alteração em curso (por exemplo: amigdalite, osteoartrite, gastrite). Por outro lado, o termo LER pressupõe informar que dois fatores – o esforço e a repetitividade – são os geradores das lesões. Apesar da validade desse pensamento para grande número de casos, nem sempre esses fatores são os únicos ou mais importantes elementos geradores de lesões..

(29) 10. Por estas e por diversas outras razões é que, em 1986, a Real Sociedade Australiana de Medicina recomendou, oficialmente, que o termo Repetive Strain Injuries (Lesões por Esforços Repetitivos) fosse abandonado e passasse a utilizar o termo Síndrome Dolorosa Regional de Origem Ocupacional. Seguindo esta tendência e orientado por várias publicações como de HAGBERG e cols. (1995), no Brasil, a Previdência Social vem adotando o termo Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Essa nomenclatura passou a ser utilizada desde a publicação no Diário Oficial da União (D.O.U.) em 11/07/97, seção 3, p.14. Esta denominação destaca o termo “distúrbios” ao invés de lesões, pois corresponde ao que se percebe na prática, de ocorrerem distúrbios numa fase precoce (como fadiga, peso nos membros, dolorimento), aparecendo as lesões mais tardiamente. Neste trabalho será usado, preferencialmente, o termo LER/DORT, numa menção ao termo LER, já consagrado pelo uso e DORT, a terminologia considerada correta pela Previdência Social. Às exceções se devem a textos e artigos publicados com a terminologia isolada de LER ou DORT, que em respeito ao autor serão mantidas conforme o autor escreveu.. 2.1.2 Visão histórica das lesões de membros superiores relacionadas ao trabalho Provavelmente o primeiro relato sobre distúrbios funcionais dos membros superiores associados a sobrecarga vem da Bíblia: “Eleazar permaneceu firme e massacrou os filisteus até que sua mão se cansou e se enrijeceu sobre a espada” (Livro II de Samuel, 23,10). Hipócrates, considerado o pai da Medicina, escreveu um dos primeiros relatos de distúrbios crônicos das mãos causado por movimentos repetitivos no trabalho. Em Epidemias, ele descreve o quadro de um trabalhador que desenvolveu paralisia da mão após esforço prolongado de torcer varas (RAMAZZINI apud COUTO, 2000)..

(30) 11. Outros manuscritos de lesões por trauma cumulativo encontrados na história são os relatos de Ellenborg, o qual teria feito alusão a trabalhadores ourivesaria1 e os de Paracelsus, em 1567, relatando as doenças dos mineiros (RIO et al, 1998). Bernardino Ramazzini, médico italiano, que escreveu, em 1700, “De Morbis Artificum Diatriba” (traduzido como As doenças dos Trabalhadores), obra que o imortalizou e que lhe valeu o epíteto de “Pai da Medicina do Trabalho”, descreve estas lesões em dois capítulos. Na doença dos mineiros, ele cita: O múltiplo e variado campo semeado de doenças para aqueles que necessitam ganhar salário e, portanto, terão de sofrer males terríveis em conseqüência do ofício que exercem, prolifera, segundo creio, devido a duas causas principais: a primeira, e a mais importante, é a natureza nociva da substância manipulada que pode produzir doenças especiais pelas exalações danosas e poeiras irritantes que afetam o organismo humano; a segunda é a violência que se faz à estrutura natural da máquina vital com posições forçadas e inadequadas do corpo, o que, pouco a pouco, pode produzir grave enfermidade (RAMAZZINI, 2000, p. 237).. Na doença dos escribas e notários ele comenta uma espécie de câimbra e dormência que acometia aqueles que ganhavam o sustento somente com escritas e atribui, como uma das causas, “contínuo e sempre o mesmo movimento da mão” (RAMAZZINI, 2000, p; 237), como observado no trecho a seguir: A necessária posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel ocasiona não leve dano que se comunica a todo braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e com o andar do tempo diminui o vigor da mão (RAMAZZINI, 2000, p. 237-238).. COUTO (2000) relata que Allard Dembe escreveu, em 1996, uma revisão histórica dos diversos relatos de “epidemias” de distúrbios dos membros superiores. 1. Ourivesaria: sf. 1) A Arte de ourives. 2) Oficina ou loja de ourives. Ourives: fabricante e/ou vendedor de artefatos de outro e prata (FERREIRA, 2002)..

(31) 12. causados por sobrecargas funcionais na história recente do trabalho. Deste modo, extrai-se daí alguns pontos principais, complementados por referências de autores diversos, nominados em seus respectivos textos: a) Em meados do século XIX, no auge da Revolução Industrial na Europa, com o aumento. gradativo. da. complexidade. dos. negócios,. as. organizações. necessitaram de um grande número de trabalhadores que tivessem um certo nível de escolaridade e que fossem capazes de escrever bem, para desempenhar funções de copiar, escrever, guardar livros, redigir instrumentos legais e outras. Desde 1830, já se começou a registrar e descrever um grande número deles que desenvolveram dor forte e incapacidade funcional, paralisia e espasmos musculares das mãos, após esforço prolongado de escrever. Os autores da época denominaram essa condição de câimbra do escrivão ou paralisia dos escriturários. Nessa ocasião, já houve a tentativa de criar dispositivos de conforto para facilitar a escrita. b). Em 1830, Sir Charles Bell descreveu a câimbra dos escrivãos, que se diferenciava das lesões por esforços repetitivos apenas pela alta incidência de “espasmos na mão”.. c) Em 1851, foi instituída a rede telegráfica internacional e, com ela, passou a existir a profissão de telegrafista. Trabalhando com movimentos repetidos e sobrecarga. funcional,. os. telegrafistas. desenvolveram. queixas. muito. semelhantes às dos escrivãos, e que foram relatadas, em 20 de março de 1875, na reunião da Sociedade de Biologia (Societé de Biologie), com o nome de câimbra do telegrafista. Também nessa ocasião foram desenvolvidos tipos de telégrafos que, na opinião de seus criadores, ocasionariam menor incidência de queixas. d) Segundo IRELAND (1995), em 1882 Robson descreveu a câimbra do telegrafista e notou sua semelhança com a emergente câimbra do escrivão. Sua incidência aumentou gradativamente, afetando 60% dos operadores após sua inclusão, em 1908, na lista de doenças cobertas pela previdência social britânica. Depois que um comitê do Departamento dos Correios da Inglaterra e Irlanda concluiu que a câimbra de telegrafista era um “colapso nervoso” devido a uma “instabilidade nervosa e fadiga repetida”, a incidência do problema reduziu..

(32) 13. e). Em 1888, Gowers escreveu sobre a câimbra do escrivão, chamando-a de “neurose ocupacional” na sua extensa monografia Doenças do Sistema Nervoso. Ele descartou isto como problema periférico e enfatizou “a origem primária é essencialmente do sistema nervoso, o resultado de um desarranjo nos centros relacionados com o ato de escrever”. Notou, também, que pessoas com câimbras do escrivão freqüentemente “são de temperamento claramente nervoso, irritáveis, sensíveis, tolerando mal o excesso de trabalho e a ansiedade, e que ”é uma doença facilmente aceita por aqueles que têm testemunhado o problema” (IRELAND, 1995, p. 554).. f) Em 1891, Fritz DeQuervain descreveu a tendinite dos tendões da base do polegar (que hoje leva o seu nome) e, na ocasião, a identificou como entorse das lavadeiras. g) Segundo OLIVEIRA (1998, p. 57), em 1920, Bridge correlacionou a atividade de tecer fios de algodão ao que chamou de câimbra ocupacional. h) Já no século 20, entre os anos 20 e 40, houve uma denúncia importante de casos de dores nos membros superiores associados às condições de trabalho, especialmente baseados nos relatos do médico norte-americano Harry Filkenstein. Não é sem razão que o primeiro reconhecimento previdenciário desse distúrbio como relacionado ao trabalho ocorreu no estado norteamericano de Ohio, em 1938. Um estudo clássico desta época foi o de Hammer, em 1934, o qual estudou tendinites entre empacotadores, e chegou a descrever que aqueles que desenvolviam menos de 2.000 movimentos por hora não tinham lesão, e que trabalhadores com número de movimentos maior do que aquele valor eram propensos a lesões. i). Segundo MELHORN (1998, p. 111) no Japão, em 1958, foram descritos os primeiros casos de LER relacionados à informática. O termo “distúrbio cervicobraquial. ocupacional”. foi. instituído. inicialmente. pela. Associação. Japonesa de Saúde Industrial, em 1972. Entre os anos de 1960 e 1980 uma “epidemia” de distúrbio cervicobraquial ocupacional foi relatado no Japão . Os relatos iniciais destas lesões ocorreram em perfuradores de cartão mas, posteriormente, o distúrbio foi encontrado em datilógrafos, operadores de microcomputador, operadores de caixa registradora, operadoras de máquinas.

(33) 14. empacotadoras, incluindo trabalhadores de linha de produção. A freqüência variava com 81% queixando de redução da movimentação do ombro (49% apenas dor em ombro direito), 31% dor no pescoço, 13% sintomas no punho, 19% com mão, 13% com dedos, 82% fadiga geral, 59% cefaléia, 27% insônia, e 42% dor lombar baixa. j). Em 1980, trabalhadores do Reino Unido tiveram uma “epidemia” de dor em membros superiores. A dor geralmente era inespecífica e fugia dos padrões das entidades reumatológicas bem conhecidas. A síndrome foi considerada psicossocial e análoga à Síndrome da Fadiga Crônica. Um estudo baseado numa amostra de mais de mil trabalhadores no Norte da Inglaterra revelou que, em algum tempo, 9% dos homens e 12% das mulheres tiveram dor nos braços ou pescoço, severa o suficiente para levá-los a consultar seus médicos (MELHORN, 1998, p. 111).. k) Na década de 70 e principalmente de 80, ocorreu um aumento da incidência na Escandinávia, especialmente na Suécia, nos setores de indústria de carne (principalmente frango) e nos Estados Unidos da América, no setor automobilístico. l) Final dos anos 70, primeira metade dos anos 80 houve a “epidemia das LER” na Austrália, com pico máximo de incidência por volta do ano 1985. m) Segundo RIO (1998, p. 26), em 1985, o Australian Council of Hand Surgery define as seguintes recomendações em relação às chamadas LER: •. A seriedade da “epidemia” nacional em relação aos custos para a comunidade está reconhecida.. •. A base patológica para explicar a continuação dos sintomas está disponível apenas numa pequena proporção de casos.. •. A maioria dos casos deriva de causas nervosas e pode claramente ser caracterizada como neurose ocupacional.. •. A condição é reversível.. •. As LER podem ser chamadas de síndrome da fadiga reversível.. n) Também em 1987, a decisão judicial da Suprema Corte da Austrália, no caso Cooper contra Comunidade das Nações, visando à indenização em casos diagnosticados como LER. O empregador foi considerado não culpado,.

(34) 15. prevalecendo a hipótese dos empregados não terem sofrido lesões e todos os custos foram atribuídos aos empregados e seus representantes. Para IRELAND (1995) essa causa pode ser considerada como um marco determinante do fim da “epidemia” na Austrália. o) A Organização Mundial de Saúde (1985) classifica as doenças relacionadas ao trabalho (worked-related diseases) como multifatoriais. Os fatores relacionados ao trabalho contribuem de maneira importante para a gênese da doença, mas eles são apenas uma classe de fatores, dentre outros, que contribuem para essa gênese (RIO, 1998). p) Em 1986, inicia o declínio da incidência da LER na Austrália, que passou a ser, predominantemente, considerada como neurose conversiva. q) SILVERSTEIN (1995), relata que em 1990 foram registrados, no Estados Unidos, 185.400 casos de lesões por trauma cumulativo (LER/DORT), representando 56% das patologias do trabalho e correspondendo a um aumento de 8% desde 1982. r) Segundo RIO et al. (1998, p. 26) “em 1987 as LER não existem mais de forma estatisticamente significativa na Austrália”. s). Nos Estados Unidos, em 1997, o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH) definiu Lesão por Trauma Cumulativo (CTD) como a ocorrência de um ou mais sintomas (dor, dolorimento, rigidez, queimação, dormência, formigamento) em uma das quatro regiões articulares (pescoço, ombro, cotovelo/antebraço e mão/punho), com duração acima de uma semana ou que ocorre pelo menos uma vez ao mês ao longo de um ano. Estabeleceu, também, que para esta caracterização não poderia ter ocorrido acidente articular prévio, além de que os sintomas deveriam ter se iniciado no trabalho atual; tendo em vista que é quando a atividade excede repetidamente a capacidade biomecânica do trabalhador que as atividades tornam-se indutoras de trauma. Além destes aspectos, o NIOSH estima que 15% a 20% da força de trabalho têm risco de desenvolver CTD..

(35) 16. t). Também em 1997, foi disponibilizado na Internet o trabalho de revisão bibliográfica de fatores de risco para LER/DORT, pelo NIOSH. Foram avaliados fatores de risco para cada articulação dos membros superiores e para o dorso. Como se pode notar, as Lesões por Esforços Repetitivos são muito antigas,. muito embora tenham se acentuado com a Revolução Industrial devido ao aumento na sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular.. 2.1.2.1 LER/DORT – Endemia e epidemia Existem muitas evidências da correlação entre uso inadequado e/ou excessivo de segmentos musculoesqueléticos com as LER/DORT e, quanto à sua existência endêmica, sem maiores repercussões sociais, não há que se duvidar. Entretanto, enquanto manifestações usuais, endêmicas, esses quadros raramente são relatados na ciência médica da forma dramática com que se manifestam nas chamadas “epidemias”. A palavra “epidemia” é utilizada por alguns autores,. não. na. sua. correta. acepção. científica,. caracterizando. patologia. transmissível, mas como uma analogia para explicar aumentos repentinos em grande escala desse tipo de problema. Em função da quantidade e da intensidade de sentimentos que podem ser mobilizados, torna-se extremamente difícil a compreensão das causas dessas “epidemias” e, conseqüentemente, do encontro das soluções. Segundo RIO et al. (1998), pode-se considerar como “epidemia” de LER/DORT: a) Câimbra do telegrafista na Grã-bretanha, entre 1908 e 1911; b) A desordem ocupacional cervicobraquial no Japão, nos anos 60 e 70; c) A LER na Austrália e Nova Zelândia, nos anos 70 e 80; d) A LER nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e de São Paulo, nos anos 90. Dessas, a “epidemia” australiana foi a que obteve maior repercussão internacional. HOCKING (1987), alertou que não foi somente a informatização em grande escala e o uso de teclados e terminais de computador que fizeram surgir as LER.

(36) 17. neste país e apresenta alguns dados sistematizados numa das organizações mais afetadas pelo problema: a Telecom Australia, empresa que na época, empregava cerca de 85.000 trabalhadores: a) Alguns operadores de computador foram muito mais afetados que outros. b) A incidência de LER não teve correlação consistente com a intensidade do uso de teclado. Em alguns casos, essa correlação foi inversamente proporcional à intensidade de uso do teclado. c) A incidência variou muito entre diferentes regiões australianas, num mesmo grupo ocupacional (504 por 1.000 em telefonistas situadas em Perth e Western Australia, contra 182 por 1.000 em Sidney e New South Wales). d) A incidência de LER não esteve correlacionada com a duração do trabalho com teclado. Telefonistas que trabalhavam em tempo parcial apresentavam incidência maior do que as que trabalhavam em horário integral. Maior quantidade de anos como telefonista, também, não a apresentou correlação com incidência. Portanto, HOCKING (1987) concluiu que não houve evidência de uma relação linear dose-resposta entre trabalho com teclado de computador e incidência de LER. E também menciona que, nesta época, havia um estigma no país que qualquer dor no braço poderia conduzir a uma completa incapacidade. Por outro lado, BAMMER (1993) referiu que, até os anos 70, a Austrália experimentou baixo índice de desemprego e um crescimento econômico estável. É evidente que as desordens de pescoço e membros superiores relacionados ao trabalho (DORT) existiam, mas não eram vistas como um problema maior; provavelmente porque era mais fácil para os trabalhadores que estavam desenvolvendo sintomas trocar de emprego do que postular uma indenização trabalhista. Entretanto, nos anos 70, os índices de desemprego cresceram e os postos de trabalho foram reestruturados a fim de – dizia-se – manter a competitividade internacional. Para muitos trabalhadores, as mudanças significaram aumento do ritmo e carga de trabalho e menor flexibilidade para a troca de emprego. Um outro exemplo de aumento súbito das LER/DORT são os casos de privatizações de Bancos. Segundo a coordenadora de Departamento de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Dall’Agnol, os bancários ficam.

(37) 18. estressados, com medo das demissões, atingidos pela LER, e vivem sob tensão para o futuro. Relata, ainda, que após a privatização, intensificou-se o número de afastamentos para tratamento de saúde, conseqüência das políticas organizacionais que determinam o aumento da produtividade do funcionário. As “cobranças de metas, somadas aos outros fatores, aumentaram significativamente o número de casos de LER/DORT” (DALL’AGNOL, 2001, p. 42). Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores Bancários de Porto Alegre, antes da privatização os afastamentos por doenças ocupacionais eram relativamente baixos, compatíveis com os demais bancos, porém, após a privatização, houve um salto no número de casos de LER/DORT, chegando ao indicador de 10% dos trabalhadores do banco estarem em licença saúde. Do exposto acima, pode-se notar que, em algumas ocasiões, as LER/DORT surgiram como verdadeiras “epidemias”. Contudo, não se pode atribuir estes efeitos somente ao aumento do grau de risco inerente às novas tecnologias, mas também como um reflexo do conflito entre a força de trabalho e a nova realidade do processo produtivo, considerada desfavorável ao trabalhador, não só pelo indivíduo mas também pela sociedade, transformando-se num fenômeno de movimentação social. Estas “epidemias” ocorrem em períodos favoráveis aos acometidos, pois lhe propiciam ganhos secundários como estabilidade no trabalho e abrem oportunidade de indenizações futuras.. 2.1.3 Visão holística2 das LER/DORT no Brasil No Brasil, segundo ASSUNÇÃO e ROCHA (1994), os primeiros relatos de casos referem-se a incidência de tenossinovite em lavadeiras, limpadoras e engomadoras, os quais foram apresentadas por CAMPANA et al (apud MENDES, 1995) no XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do trabalho. A partir de 1985, surgem publicações e debates sobre a associação entre tenossinovite e o trabalho de digitação (FUNDACENTRO; MACIEL, CARVALHO e. 2. Holístico – (adj.) que dá preferência ao todo ou a um sistema completo, e não à análise, à separação das respectivas partes componentes (FERREIRA, 2002)..

(38) 19. cols; ROCHA e col; SILVA apud MENDES, 1995) que resultaram no primeiro passo para a aceitação oficial da LER como doença ocupacional. Na data de 7 de novembro de 1986, foi publicada a circular número 501.001.55 nº 10, na qual a direção geral do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social) orientava as superintendências para que reconhecessem a tenossinovite como doença do trabalho nas atividades com exercícios repetitivos (CODO e ALMEIDA, 1995). Em 1986, o termo LER foi introduzido no Brasil pelo médico Mendes Ribeiro, como tradução de Repetitive Strain Injuries e referendado no 1º Encontro Nacional de Saúde. Em 1987, o Ministério da Previdência e Assistência Social, através da Portaria n.º 4.062, reconhece a tenossinovite como doença do trabalho (ALMEIDA, CARNEIRO e PEGO, 1998). Em 1992, em um seminário realizado em São Paulo, organizado por: Centro de Vigilância Sanitária, Centro de Vigilância Epidemiológica, Programa de Saúde dos Trabalhadores da Zona Norte/ERSA-6 e Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo, definiu-se a terminologia LER (SETTINI e SILVESTRE, 1995). Em 08 de junho de 1992, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, publicou a primeira resolução a respeito da questão das LER, definindo-a como um conjunto de afecções que podem acometer tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias e ligamentos, isolada ou associadamente, com ou sem degeneração de tecidos, atingindo principalmente – porém não somente – membros superiores, região escapular e pescoço, sendo de origem ocupacional e decorrente, de forma combinada ou não do uso repetitivo de grupos musculares, uso forçado de grupos musculares e manutenção de postura inadequada. Além da definição, a resolução padroniza critérios e orienta, em linhas gerais, os profissionais de saúde sobre como prevenir, diagnosticar, tratar e reabilitar trabalhadores acometidos pela doença, além de estabelecer o fluxo entre o setor público da saúde, serviços médicos de empresa e a Previdência Social. Posteriormente, o INSS (Instituto Nacional de Segurança Social) publicou a Resolução nº 245/92 e, finalmente em março de 1993, o INSS publicou LER/Normas Técnicas para avaliação de incapacidade, baseada nas duas resoluções que a antecedem (SATO et al, 1993; SETTINI e SILVESTRE, 1995)..

(39) 20. No dia 05 de agosto de 1998, o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) expediu a Ordem de serviço 606 – Norma para a avaliação de Incapacidade para Fins de Benefícios Previdenciários – a qual utiliza a sigla DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) para evitar “que na própria denominação já se apontem causas definidas”. Essa mudança além de alterar a sigla LER para DORT, anula todas as resoluções anteriores que tratavam do assunto. Segundo O’NEILL (<http://www.uol.com.br/prevler>, pesquisado em 5/2/03), presidente do Instituto Nacional de Prevenção das LER (Prevler), a ocorrência de LER/DORT, no Brasil, contatada no período de 1970 a 1985 era na proporção de 2 casos para cada 10 mil funcionários; e, de 1985 a 1992 a proporção se elevou para 4 casos em cada 10 mil trabalhadores. Atualmente, a incidência aumentou consideravelmente para 14 casos para o mesmo número de funcionários. Apresenta-se a seguir, um comparativo dos dados acima com a incidência de doenças ocupacionais por 10 mil trabalhadores registrada em alguns países em anos recentes: Portugal, 1980: 2,1 casos por 10 mil trabalhadores; Reino Unido, 1986: 2,7; Espanha, 1984: 2,9; Japão, 1985: 3,4; Singapura, 1987: 10,7; EUA, 1987: 17,2; Itália, 1995: 20,7; Chile, 1984: 27,7; Finlândia, 1984: 27,8. (BUSCHINELLI apud OLIVEIRA, 1998). O crescimento de 565% em Minas Gerais, de 1985 para 1990, reflete mais provavelmente, os registros de casos que já existiam do que propriamente o número de novas ocorrências. Pode-se correlacionar o crescimento dos registros à atuação de serviços especializados em saúde do trabalhador no Estado, como o Ambulatório de Doenças Profissionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criado em 1985 e o Núcleo de Referência em Doenças Ocupacionais da Previdência Social (NUSAT), de 1989. O reconhecimento oficial da existência das lesões por esforço repetitivos pelo INSS, em 1987, repercutiu no número de doenças ocupacionais e, rapidamente colocou-as como as mais freqüentes. Tanto o trabalho dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) de algumas empresas como a própria conscientização da comunidade também contribuíram para o aumento de número de casos registrados no INSS..

(40) 21. Durante os dias 19, 20 e 23 de Julho de 2001, foi realizada uma pesquisa pelo Datafolha, encomendada pelo Instituto Nacional de Prevenção às LER, conduzida por Maria José O’NEILL e que se encontra no site <http://www.uol.com.br/prevler> (pesquisado em 5/2/03). Ela buscou compreender a realidade vivida pelos trabalhadores paulistanos através de entrevistas para saber sobre: sua vida no trabalho (atividades desempenhadas, carga horária, realização de horas extras, existência de pausas e tempo para refeição, relacionamento com chefes e colegas de trabalho, pressões no cotidiano, existência de riscos de acidentes ou de doenças relacionadas ao trabalho, entre outros aspectos), e fora dele (prática de atividades físicas, tempo para o sono e para o lazer). Ainda, esses trabalhadores também foram indagados sobre aspectos de sua saúde, tais como a presença de dores freqüentes, dormências ou formigamentos e inchaços, e alguns outros sintomas. O objetivo dessa investigação foi identificar condições de trabalho e sintomas que poderiam indicar a possibilidade de existência ou riscos de desenvolvimento de LER/DORT. O estudo mostrou, entre outros resultados, que 14% dos trabalhadores paulistanos dos setores comercial, industrial, de serviços e da construção civil, com idade acima de 16 anos, costumam sentir dores freqüentes, dormência ou formigamento e inchaço em algumas partes do corpo, além de apresentar alguns outros sintomas como: irritabilidade, exaustão física, falta de firmeza nas mãos, entre outros. Relatam, ainda, que procuraram orientação médica e receberam um diagnóstico de LER/DORT. Esse percentual, transformado em números absolutos, mostra que cerca de 310.000 trabalhadores paulistanos dos setores da economia investigados na pesquisa têm diagnóstico de LER/DORT, o que representa 6% deste universo. Considerando-se o total da população da cidade de São Paulo com idade superior a 16 anos, verifica-se que 4% dos paulistanos sofrem deste problema. Dos 14% dos trabalhadores paulistanos que receberam diagnóstico de LER/DORT, 12% afirmam que a empresa na qual trabalhavam não emitiu a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), documento que informa ao INSS que o trabalhador adquiriu doença profissional ou foi vítima de acidente do trabalho. Tal documento assegura ao trabalhador o direito a afastar-se do emprego para.

(41) 22. tratamento médico, receber benefícios previstos por lei e ter estabilidade após a alta médica. Dentre os entrevistados, apenas 2% afirmaram que a empresa na qual trabalhavam emitiu o documento. Disso constata-se que o problema de subnotificação apontado nesta pesquisa é um dos motivos que impede apresentar termos estatísticos reais e a noção completa da gravidade desta patologia. Segundo O’NEILL (<http://www.uol.com.br/prevler>, pesquisado em 5/2/03), somente nos últimos cinco anos, foram abertas 532.434 CAT no Brasil devido a LER/DORT, sem contar os trabalhadores que pleiteiam na Justiça o reconhecimento do nexo causal, em milhares de ações movidas em todo País. Ademais, pode-se verificar que a cada 100 trabalhadores na região Sudeste, por exemplo, um é portador de Lesões por Esforços Repetitivos.. 2.1.4 Aspectos clínicos As manifestações clínicas das Lesões por Esforços Repetitivos (LER/DORT) são bastante numerosas. Elas variam desde patologias bem definidas e que proporcionam um diagnóstico rápido, até síndromes dolorosas crônicas de gênese multifatorial, muitas vezes coincidindo com aspectos psicológicos importantes e diversos sintomas não funcionais (parestesias, cefaléia, cansaço, sensação de inchaço, dificuldade de concentração, etc) que podem dificultar o diagnóstico (NICOLETT, s/d). Devido ao conceito de LER/DORT englobar várias patologias – e para melhor caracterizar o grupo muscular e/ou nervoso envolvidos, a fim de fornecer um diagnóstico mais preciso da lesão – o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), através de Ordem de Serviço nº 606, de 05 de agosto de 1998, aprova a Norma Técnica sobre Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho e na seção 1 classifica-os da seguinte forma: Neuropatias Compressivas; Tendinites e tenossinovites; Estadiamento das LER/DORT, que serão observados a seguir..

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