• No se han encontrado resultados

A RAIA UNE-NOSLA RAYA NOS UNE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "A RAIA UNE-NOSLA RAYA NOS UNE"

Copied!
74
0
0

Texto completo

(1)

qwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwerty

uiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasd

fghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzx

cvbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmq

wertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyui

opasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfg

hjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxc

vbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmq

wertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyui

opasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfg

hjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklzxc

vbnmqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmq

wertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyui

opasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfg

hjklzxcvbnmrtyuiopasdfghjklzxcvbn

mqwertyuiopasdfghjklzxcvbnmqwert

yuiopasdfghjklzxcvbnmqwertyuiopas

dfghjklzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklz

A RAIA UNE-NOS/LA RAYA NOS

UNE

Alentejo-Extremadura

19/05/2014

(2)

LA RAIA/RAYA QUE NOS UNE

(3)

amplio, tierno y duro a la vez, consti

tuido por estas dos regiones dilatadas -Alentejo y

Extremadura-, estamos orgullosos del legado compartido.

Si miramos atrás, a nuestra historia, la tierra nos arrastra hacia las luchas que no solamente nos enfrentaron entre nosotros mismos, sino también con los que se erigieron en dueños y no daban a la inmensa mayoría ni la oportunidad de ganar honradamente el pan. Ahí se forjó un carácter recio y al mismo tiempo generoso, solidario y plenamente concienciado de lo mucho que hay que perseverar para poder mantener la dignidad y el bienestar.

Y si miramos a nuestra actualidad, sabemos cuánto camino queda por delante en esta senda de lograr un futuro mejor para los que nos cogen el relevo.

¡Pero qué legado tenemos en las manos para ofrecer y compartir! De ahí el orgullo por nuestro patrimonio monumental, artístico, cultural, folklórico, gastronómico, natural… De ahí el gusto por mostrarlo, presentarlo a todos, invitar a que cualquiera pueda venir a disfrutarlo también entre nosotros.

LA RAIA/RAYA QUE NOS UNE – por Moisés Cayetano Rosado

Nós os que vivemos na Raia, temos a sensação de que pertencemos a ambos os lados. Nós os que convivemos neste espaço amplo, simultaneamente doce e duro, constituído por estas duas regiões dilatadas – Alentejo e Extremadura – estamos orgulhosos do legado que compartilhamos.

(4)

também nos levaram a enfrentar os que se arvoraram em seus donos e não davam à imensa maioria sequer a oportunidade de ganhar honradamente o seu pão. Nesse contexto, forjou-se um carácter duro e ao mesmo tempo generoso, solidário e plenamente consciente do muito que há que perseverar para poder manter a dignidade e o bem-estar social.

E se analisarmos a nossa realidade actual, sabemos quanto caminho nos fica por diante nesta senda de conquistar um futuro melhor para os vindouros.

(5)

EDITORIAL:

POTENCIALIDADES DE

LA RAIA/RAYA

La Raia/Raya luso-española en general -y la extremeño-alentejana en particular- es una larga y gruesa “línea” de potencialidades. Un día lo fue de enfrentamientos por las conquistas territoriales (Edad Media) y posteriormente por la liberación tras una unión forzada o por los problemas de sucesión en la Corona, así como los tipos de alianzas exteriores establecidas (Edad Moderna). La Edad Contemporánea se iniciaría con una acción común contra las invasiones napoleónicas, para a continuación pasar a una larga etapa “de costas voltadas”, que lo sería en lo oficial, pero no en lo humano, cotidiano, vecinal, artístico, cultural.

Los pueblos fronterizos han heredado de ese pasado un conjunto patrimonial que constituye un tesoro histórico-artístico de alto valor: castillos, murallas, palacios, fortalezas, edificios civiles y religiosos fortificados, constituyen una peculiaridad de su paisaje donde el tesoro natural de sierras, y en gran parte vegetación autóctona preservada, constituyen nuestra mejor seña de identidad.

(6)

desgarradora, por falta de de trabajo y la insultante escasez de unos salarios a cambio de penosas labores prolongadas.

Hoy, debatiéndonos en medio de grandes dificultades, debemos sacar lección y provecho de todo ello. Explotar nuestros recursos de manera sostenible, para un desenvolvimiento turístico, cultural y convivencial que genere riqueza intelectual y material. Exigir el “pago” de la deuda que nuestros respectivos estados tienen para con esta frontera desgarrada por luchas permanentes durante tantos siglos, sostenidas por sus sufridos habitantes, material y personalmente (con su sangre). Construir un futuro apoyándonos en nuestro propio legado transfronterizo, fraternal, de proyectos unidos: la constitución de eurociudades en la Raia/Raya es una opción a fomentar, felizmente iniciada por conjuntos como Tui-Valença do Minho, Badajoz-Elvas o Castro-Marim-Vila Real de Santo António-Ayamonte; las eurorregiones, como Galicia-Norte portugués o Alentejo-Centro portugués-Extremadura española, son otra feliz iniciativa.

Aquí presentamos un “manojo” de trabajos que quieren contribuir al conocimiento de esta antigua frontera, cada vez más “corredor de ideas, proyectos y personas”. Que sirva para una mayor fraternidad y armonía entre nosotros.

(7)

É TÃO GRANDE

O ALENTEJO!

O grupo coral dos Ganhões de Castro Verde com esta

sugestiva e, em todos os sentidos, verdadeira afirmação – «É

tão grande o Alentejo», pareceu-nos ser a melhor maneira de

abrir esta edição especial que dedicamos ao Alentejo, à irmã

Extremadura. Dirigida pelo argonauta, extremeño e

historiador Moisés Cayetano Rosado, neste dia em que se

completam 60 anos sobre o assassínio de Catarina Eufémia,

símbolo da resistência dos povos da planície contra

as ditaduras fascistas que oprimiam a nossa Península, esta

edição é dedicada a todos os que, de ambos os lados da Raia,

sabem que a luta continua enquanto a injustiça social não

terminar.

(8)

ALENTEJO DA RAYA/

RAIA AO MAR! – por

António Murteira *

*Escritor. Editor e diretor executivo da Revista Alentejo

Foi deputado à Assembleia da República

Alentejo | Terra de Catarina.

(9)

É a terra de Catarina, a jovem proletária agrícola que foi morta na luta pelo pão e pela liberdade.

Sessenta anos após o assassinato de Catarina Eufémia pela ditadura de Salazar, que era a ditadura dos latifundiários e dos grandes capitalistas; quarenta anos após a Revolução de Abril (1974); vinte e oito anos após a adesão à União Europeia (1986); o Alentejo é, na segunda década do século XXI, uma das regiões mais pobres da Europa, uma região exaurida e profundamente desigual.

As políticas impostas pelas forças do arco da governação neocapitalista, as respetivas abordagens regionais, que não vão ao cerne das questões, a estrutura fundiária, de concentração excessiva da terra, têm inviabilizado o progresso da região.

As desigualdades são gritantes: enquanto 55% dos residentes, com mais de 15 anos, têm um rendimento mensal inferior a 300 euros, uma pequena elite de grandes proprietários de terras e de outros capitalistas (muitos nem sequer vivem no Alentejo) acumulam propriedade privada, acumulam riqueza e vivem no luxo!

Alentejo | Terra de potencialidades.

O Alentejo é a maior região de Portugal, representando cerca de um terço do território nacional. Estende-se da margem direita do rio Tejo às cordilheiras Sul, do Atlântico à margem esquerda do rio Guadiana, fazendo a ligação à Extremadura.

É uma região com uma cultura e um património de matizes universais e muito antigas; com duas cidades, Évora e Elvas, uma de fundação romana a outra de fundação árabe/berbere, classificadas como Património Mundial; com a Universidade de Évora, os institutos politécnicos de Beja e de Portalegre e com alguns pequenos centros de investigação.

(10)

dos cereais e oleaginosas e da pecuária; uma região produtora de cortiça e com o maior ecossistema de montado do mundo (sobreiro e azinheira); uma região com um dos grandes portos portugueses e europeus de águas profundas (Sines); e um aeroporto (Beja); uma região com recursos mineiros (faixa piritosa ibérica e mármores) e com potencialidades nas energias renováveis (da hídrica à fotovoltaica); uma região com mais de cento e vinte quilómetros de costa atlântica, preservada e selvagem, com potencialidades não apenas no turismo mas também nas pescas e na industria das pescas.

Alentejo | Terra de amizade.

(11)

PABLO GUERRERO CANTA –

“EXTREMADURA”

Pablo Guerrero canta este himno extremeño que

fue una canción que todo el mundo pedía y

sobretodo en este teatro Alcalá de Madrid, en

diciembre de 1977:

(12)

ASSOCIAÇÃO PROJECTO RAIA

ALENTEJANA – por Luís Lobato de

Faria e Eunice Gomes

A Raia Alentejana

A Raia Alentejana é a fronteira entre Portugal e Espanha nos Distritos de Portalegre, Évora e Beja. Segundo os Censos de 2011 existem na Raia Alentejana 155 816 habitantes distribuidos por 8 157 Km2. A densidade populacional de Portugal é de 114 habitantes por km2, aqui existem 19 habitantes por km2, o que significa 1.5% da população num território que representa 8.8% do país. Pouca gente povoando um território imenso, gerações de lutadores na fronteira de Portugal.

Longe das grandes cidades ficou um património intocado, vestígios de povoados pré-históricos e dos seus monumentos em pedra, fortificações e templos dos vários povos que conquistaram e defenderam estas terras a que chamaram suas. Da mistura de todos os que por aqui ficaram resulta uma identidade cultural única que é mantida pelos raianos, nos seus costumes e tradições, no seu artesanato e gastronomia, na arquitectura e no falar, mas principalmente na sua relação com a terra.

(13)

A APRA

O objectivo deste Projecto é preservar e divulgar a identidade cultural da Raia Alentejana fomentando a economia através do Turismo. Temos em mãos uma luta contra a desertificação do interior, uma luta contra o tempo pois é nos mais velhos que reside o saber de gerações, aquilo que faz de nós portugueses.

É necessário definir a Raia Alentejana como um espaço interior fronteiriço, uma zona cultural de características próprias, destacando-a dentro do próprio Alentejo como destino turístico de pdestacando-atrimónio único. Para tal temos que ultrapassar as barreiras administrativas e reunir os vários Concelhos que integram a Raia Alentejana no objectivo de construir uma Marca comum. Esta Marca é a Raia Alentejana, uma região cultural autêntica e destino obrigatório de quem procura um Turismo Cultural de qualidade. Temos que tirar partido deste momento em que o Turismo se revela fundamental como dinamizador económico.

A união de esforços e iniciativas entre a Raia Alentejana e a Raya Extremeña é já uma realidade consequência da proximidade geográfica e cultural. Madrid e Lisboa estão longe, temos que construir uma Raia-Raya em volta de um recurso que é o Alqueva.

Esperamos trazer cada vez mais gente, ciberturistas, turistas nacionais e estrangeiros, investigadores, reformados, descendentes de raianos, quem visita e gosta talvez por cá queira viver, temos assim novos povoadores. É vital dinamizar a economia através do Turismo, mas mais importante é motivar as gentes da Raia para não emigrarem nem perderem a esperança.

Actividades da APRA

(14)

Foto de Paulo Caldeira

- Criação de Rotas, já percorremos milhares de kms por caminhos rurais para construir dezenas de rotas pelos vários Concelhos da Raia Alentejana. Rotas pedestres que podem ser feitas de bicicleta ou cavalo. Estas rotas são temáticas e tentam passar por Aldeias e Vilas, trazendo movimento e motivando a população local. Estas rotas são essenciais para conhecer a Identidade Cultural e passam sempre por pontos de interesse. Estes fazem parte da nossa carta Patrimonial e são valorizados em vários eventos. Destacamos a Super Rota ao longo do Rio Lucefécit com quase 100 Kms que passa por dezenas de pontos de interesse, estamos a realizar eventos por etapas ao longo desta rota. Estamos a trabalhar em grupo com outras Associações e pensamos criar uma rota que ligue a raia à costa vicentina, estas ligações com outras zonas são essências, Espanha é o próximo objectivo. As Rotas são essenciais para prolongar a estadia dos visitantes na Raia Alentejana, para alcançar nichos do mercado, para que o visitante sinta interesse em voltar e abordar um ângulo diferente.

(15)

- Cartão Raia-Alqueva, estamos a criar um cartão que permita aos nossos associados terem descontos na Hospitalidade ou outros negócios que queiram participar. Já temos associados de várias nacionalidades, Portugueses, Espanhóis, Holandeses, Ingleses.

- Divulgação, tudo o que fazemos é colocado em suportes virtuais e divulgado na internet, isto tem despertado interesses vários, de investigadores ou interessados, nos vários temas que desenvolvemos, destaco os Caminhos-de-ferro agora abandonados, o Contrabando, a Etnografia, entre outros. Um trabalho diário mas que tem resultados muito satisfatórios, na troca de informação, no despertar do interesse na riqueza e beleza da nossa região.

- Prospecção e Divulgação do Jogo do Alquerque, este Jogo de tabuleiro encontra-se gravado em vários monumentos mas numa geração ficou esquecido, isto vem mostrar o quão urgente é preservar a nossa Identidade Cultural.

- Museu Virtual de Artes e Ofícios Inácio José Melrinho, o facto de vivermos numa aldeia do interior abriu-nos a porta para um novo mundo, um mundo de artes e saberes que infelizmente vai desaparecendo. O Sr. Melrinho juntou o longo da sua vida mais de 600 objectos Etnográficos, não tendo um espaço para fazer um Museu surgiu a ideia do Museu Virtual.

- Centro de Documentação da Raia Alentejana, aqui reunimos todas as publicações dos Municípios da Raia Alentejana ou outras publicações que tenham informação pertinente para o estudo da Raia.

- Carta Patrimonial da Raia Alentejana, aqui reunimos a informação sobre Identidade Cultural da raia, este património é visitado, fotografado, valorizado, estudado e divulgado.

(16)

O ALENTEJO – AQUI AO LADO, TÃO

LONGE– MEMÓRIAS – por

João Machado

A primeira vez que tive uma ideia sobre o Alentejo foi quando li A Ilustre Casa de Ramires. Como devem calcular, foi há muitos anos. Não

se passa no Alentejo, pois não,

mas perto de Oliveira, que, na geografia imaginária do Eça, seria algures no Douro Litoral. Mas sucede que, emVilla Clara, uma noite, o Gonçalo Mendes Ramires vai cear com os amigos o João Gouveia, administrador do concelho, e com o Titó, aparecendo ao fim o Videirinha do Violão. À sobremesa, discutem política, a começar pela venda de Lourenço Marques aos ingleses, preparada sorrateiramente pelo governo do S. Fulgêncio. E é então que, por entre a ficção, começa a vislumbrar-se a realidade. Gonçalo, Fidalgo da Torre, ataca o governo pela venda aos ingleses, defendendo que se negociasse com povos latinos, franceses, italianos, raças fraternas. João Gouveia apoia a venda, defende até a venda de Moçambique, toda a África, às talhadas, em leilão, no Terreiro do Paço! E, como alternativa à exploração das colónias (a expressão é minha), refere que: “Ora a Portugal restava toda uma riquíssima província a amanhar, a regar, a lavrar, a semear – o Alemtejo!”

(17)

fertilíssima!” E para acabar, como Gonçalo condena todo o Alentejo como “uma desgraçada ilusão!”, põe uma questão fundamental;

“- Você já esteve no Alemtejo?

- Também nunca estive na China, e…”.

Dirão que o Eça poderá ter exagerado. Mas conhecia o Alentejo, e que o rigor das suas análises é indesmentível. Quase todos os dias aparece alguém a chamar a atenção para a sua actualidade. E, a seguir, deixem-me dizer-lhes que a primeira vez que fui ao Alentejo teria eu aí uns cinco anos (sou melhor que o Gonçalo Mendes Ramires, portanto). O meu pai, na altura, era professor em Évora. Do que me lembro melhor, devo confessar, é da luz do dia (tão brilhante), das histórias aos quadradinhos que lia no café e de ter partido a cabeça a andar de baloiço (ainda tenho a cicatriz). Mas voltei lá outras vezes, em patuscadas (não conto) e em passagem para o Algarve. Canal Caveira e, depois, a Mimosa, deixam recordações, claro, mas duvido que sejam interessantes. Mas tenho outra história para vos contar.

Decorridos bastantes anos sobre a minha primeira leitura de A Ilustre Casa de Ramires, mas também já lá vão mais de quarenta anos, o serviço onde eu trabalhava foi abordado pela Junta de Hidráulica Agrícola para fazer inquéritos aos lavradores que eram supostos usar as águas de barragens alentejanas, acabadas de construir, com dinheiro emprestado pela Alemanha, para regarem as suas terras, e melhorarem as suas culturas. Com o dinheiro que pagassem, poder-se-ia fazer face aos encargos com aqueles empréstimos. Mas entretanto a Junta deparava-se com grandes resistências dos lavradores a pagarem os dinheiros necessários. Então fomos encarregados de apurar qual a situação concreta em que se encontravam, com o fito de se conseguir uma melhor compreensão da situação.

(18)

tão grande.Pude confirmar este facto ao trabalhar na acção social nos arredores de Lisboa, e encontrei tantos alentejanos fixados na Amadora, em Almada e noutros locais, numa autêntica diáspora interna.

Entretanto, as estatísticas dizem-nos que a população do Alentejo decresceu nas duas últimas décadas. É a única região do país em que a população tem diminuído. Numa região cuja área constitui um terço do total do país, a população não chega a 800 mil habitantes, menos de 10% do total do país. O número de pessoas com mais de 65 anos é superior a um quarto do total, enquanto que no total do país não atinge os 20%.

Voltando ao que vem em A Ilustre Casa de Ramires, podemos dizer que, mais umavez, sob o manto diáfano da fantasia, perdurou a nudez forte da verdade. O Alentejo, do outro lado do Tejo, em certas coisas (muitas coisas)está mais longe que a China. Porquê? Uma resposta adequada já a dava, em 1972, Antonio Pintado, em La Raya de Portugal (Editorial Cuadernos para el Diálogo, S. A. Jarama, 19. Madrid-2), no capítulo Un Hidalgo Portugues, na primeira parte do livro, em que descreve as relações paternalistas entre um grande proprietário, não absentista, com a mentalidade relativamente aberta que seria na altura a indicada para optimizar o sistema de latifúndios do Baixo Alentejo. Deixa claro que esta descrição dá sentido aos episódios que a seguir descreve. Podemos acrescentar que dá sentido ao que ele e Eduardo Barrenechea, ooutro autor da obra,descrevem naparte restante.

(19)

LUIS PASTOR: “VENGAN A VER,

LO QUE NO QUIEREN VER”

(20)

GRUPO: EL CANDIL DE SAN

VICENTE DE ALCÁNTARA: “JOTA

DEL CANDIL:”

(21)

UN EMBLEMA POÉTICO

FEMENINO EN LA POESÍA

EXTREMEÑA – por Moisés

Cayetano Rosado

Carolina Coronado Romero de Tejada, nacida

en Almendralejo (Badajoz) el 12 de diciembre de 1820, murió

Carolina Coronado.

(22)

en Lisboa el 15 de enero de 1911. Considerada como la equivalente extremeña de otras autoras románticas coetáneas como la gallega Rosalía de Castro y muy cercana al estilo poético de la alentejana Florbela Espanca, tuvo muchos rasgos poéticos y vitales que le aproximan al sevillano Gustavo Adolfo Bécquer. Gran sonetista, en una de sus composiciones glosa al río Gévora (que desemboca en el Guadiana, en la ciudad de Badajoz, donde quiso ofrecérsele un homenaje que declinó precisamente con estos versos memorables).

Una corona, no; dadme una rama de la adelfa del Gévora querido

y mi genio, si hay genio, habrá obtenido un galardón más grande que la fama. No importa al porvenir cómo se llama la que el mundo, decís, que dio al olvido; de mi patria, en el alma está escondido ese nombre que aún vive, sufre y ama. Os oigo desde aquí, desde aquí os veo y de vosotros hablo con las olas

que me dicen en lenguas españolas, vuestra alma, vuestra fe, vuestro deseo. Y siente que mi espíritu es más fuerte, en esta vida que parece muerte.

Residía entonces en Lisboa (Portugal era su “segunda patria”), pues su ideología progresista, revolucionaria, le obligó al exilio.

A ella le dedicaría el gran poeta romántico José de Espronceda, nacido también en Almendralejo, en 1808, los siguientes versos:

A CAROLINA CORONADO …

A Carolina Coronado después de leída su composición “A la palma”. Dicen que tienes trece primaveras

y eres portento de hermosura ya, y que en tus grandes ojos reverberas la lumbre de los astros inmortal.

(23)

Torrentes brota de armonía el alma; huyamos a los bosques a cantar. Dénos la sombra tu inocente palma, y reposo tu virgen soledad.

Mas ¡ay! perdona virginal capullo, cierra tu cáliz a mi loco amor.

(24)

O ALENTEJO NA POESIA

PORTUGUESA – por

Manuel Simões

Em termos de geografia literária, o Alentejo ocupa um lugar privilegiado na poesia portuguesa. Limitando a análise só à literatura contemporânea, grandes poetas como Miguel Torga, Teixeira de Pascoaes, Armindo Rodrigues ou Manuel Alegre, por exemplo, não sendo alentejanos, dedicaram – lhe composições vibrantes de atmosfera solidária e emotiva.

Eu próprio, que sou ribatejano-beirão, depois da minha primeira viagem por terras transtaganas, senti o apelo da escrita a ponto de dedicar-lhes um capítulo (“Crónica do Sul”) do meu primeiro livro de poemas (1970), tornando-me alentejano de adopção. E voltei a ser reincidente em “Errâncias” (1998), livro onde incluí um poema precisamente intitulado “Alentejo”, dividido em duas partes, podendo ler-se na segunda: «A cultura camponesa,/ mísera ou desconhecida/ que seja a sua genealogia,// em torno reconhece/ as raízes de pedra,/ a sua força de sangue.// Obstinada, resiste/ ao princípio da dureza». Mas são talvez os poetas nascidos no Alentejo os que transferem para a obra poética os aspectos distintivos, e muitas vezes contrastantes, de uma região emblemática ao nível da resistência e da rebeldia relativamente ao poder instituído, sempre que este lhes pareceu injusto, opondo-lhe, por isso, a voz transgressiva e indomável. Estão neste caso poetas como o Conde de Monsaraz ou Raul de Carvalho, embora me pareçam paradigmáticos os nomes de Florbela Espanca (1894-1930) ou de Manuel da Fonseca (1911-1993), de cujas obras se apresenta aqui um poema de cada um deles:

Minha terra

A J. Emídio Amaro

(25)

Branca de sol e cal e de luar, Minha terra que nunca viu o mar

Onde tenho o meu pão e a minha casa… Minha terra de tardes sem uma asa, Sem um bater de folha… a dormitar… Meu anel de rubis a flamejar,

Minha terra mourisca a arder em brasa! Minha terra onde meu irmão nasceu… Aonde a mãe que eu tive e que morreu, Foi moça e loira, amou e foi amada…

Truz… truz… truz…Eu não tenho onde me acoite, Sou um pobre de longe, é quase noite…

Terra… quero dormir… dá-me pousada!

(Florbela Espanca, “Charneca em Flor”)

Para um poema a Florbela (I) Caminhos do Alentejo.

Terra bravia de fomes com piteiras aceradas como pontas de navalhas em esperas de encruzilhadas! Caminhos do Alentejo.

Desde valados e sebes, searas, vilas, aldeias e chuvas e descampados (sem manta de me abrigar, ai, sem Maria Campaniça!…) - caminhos do Alentejo,

(26)

coro de ganhões perdidos, emboscadas de ladrões, ó urzes, cardos, esteveiras, terra bravia de fomes, caminhos do Alentejo

- deixai-me passar em frente! Que na torre alta de Beja Florbela grita o meu nome sorrindo para os meus olhos!… Sorrindo para os meus olhos com os seios tão redondos como duas rosas cheias!

(27)

MANUEL PACHECO, POÉTA

EXTREMEÑO UNIVERSAL DEL

SIGLO XX – por Moisés

Cayetano Rosado

(28)

Precisamente, su libro más emblemático, “Poesía en la tierra”,

publicada en 1971 en el País Vasco,

contiene lo esencial de su latir humano y artístico.

En él hay una “Nota autobiográfica” en la que el poeta se presenta: Nací en Olivenza (Badajoz) un 19 de diciembre de 1920. A los siete años perdí a mi padre. Trasladado a Badajoz, ingreso en un hospicio, donde permanecí más de diez años. A los dieciocho recién cumplidos soy llamado a filas en la guerra civil de España. Fui monaguillo, cantador de tangos, fotógrafo, ebanista, cargador de muelle en la estación de ferrocarril de Badajoz, albañil, marmolista, repartidor de hojas de empadronamiento, comparsa de teatro, pasé hambre y me fui a Portugal en busca de la comida.

No tengo ninguna clase de estudios; fui muy poco a la escuela, pues comencé a trabajar desde muy niño. Pero desde los ocho años leo todo lo que cae en mis manos.

Estoy casado y tengo un hijo de trece años. Tengo también muchos amigos por todo el mundo: me los hizo la poesía.

(29)

Vivo en Badajoz; por las mañanas trabajo en una oficina y por las tardes en una biblioteca.

Veamos dos de sus poemas más recitados en los múltiples escenarios de España y Portugal por los que los leía con su voz profunda, que levantaba pasiones:

- Para abrir la boca:

En boquita cerrada no entran moscas. Pero tampoco salen las palabras. Aunque las moscas entren

nunca tengas la boca cerrada.

- Todavía:

Todavía no se ha ido todo el humo todavía están las sombras

ocultando la libertad de España; todavía está el hombre con sus naves haciendo payasadas en el cielo

y el cáncer en la tierra comiéndose a la gente.

Todavía el amor está dormido,

dormida la amapola, el alba y las palomas. Todavía está el hombre jugando con los átomos y envenenando el aire que respira.

Todavía se pudren los niños, se matan los hombres

y la babosa del odio

mancha el campo del alma.

(30)

“CATARINA EUFÉMIA” – por

Fernando Correia da Silva

QUANDO TUDO ACONTECEU

1928: Filha de camponeses sem terra, Catarina Efigénia Sabino Eufémia nasce na aldeia de Baleizão, concelho de Beja (Alentejo, Portugal). 1945: Casa com António Joaquim do Carmo, operário da CUF e com ele vai viver, durante algum tempo, no Barreiro. 1954: Ao protestar contra a miséria, num latifúndio de Baleizão é assassinada a tiro por um tenente da GNR. É sepultada em Quintos. 1974: Depois da Revolução de Abril os seus restos mortais são trasladados de Quintos para Baleizão.

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

(31)

Ao entrares na adolescência começas logo a trabalhar, à jorna, nos latifúndios. Aprendes tudo sobre os trabalhos no campo, desde a sementeira até à ceifa.

CASAMENTO

Aos 17 anos namoras e casas com o António Joaquim do Carmo. Ele é operário da CUF e por isso vocês vão viver na vila do Barreiro (margem esquerda do Tejo, frente a Lisboa) onde nasce a vossa primeira filha. Mais tarde o António é dispensado da CUF e vocês regressam a Baleizão.

QUINTOS

António Joaquim consegue um emprego de cantoneiro na sua terra natal, Quintos, aldeia que fica a uns 10 quilómetros de Baleizão. O salário que recebe não chega para sustentar a família. Circunstância que te força, ó Catarina, a voltar ao trabalho nos latifúndios.

Porém as tua jornas diárias, ó Catarina, acabam fragmentadas por gestações e partos, pois de ti arribam mais dois filhos. Cresce o amor, também a fome…

MORTE

Inflamadapelos comunistas, no dia 19 de maio de 1854 lideras um grupo de 14 ceifeiras que exigem um aumento de mais dois escudos na jorna diária. De repente, na herdade do Olival, às 11 da manhã vocês já estão cercadas por soldados da GNR. O tenente Carrajola sai de trás de uma oliveira, aponta para ti e berra:

– O que queres tu, ó idiota? Respondes, tranquilidade:

– Quero pão para matar a fome dos meus filhos!

Carrajola logo te acerta violenta bofetada e tu, Catarina, cais de costas mas amparando o filho de oito meses que levas ao colo. Porquê um filho no local de trabalho? Resposta óbvia: ele tem que mamar durante o dia…

(32)

A pistola-metralhadora de Carrajola dispara três tiros à queima-roupa, cais morta. Derradeira queda e o teu menino fica ferido.

FUNERAL

Durante o funeral a GNR dispersa à bastonada a multidão que chora e protesta contra a tua morte. No tumulto nove camponeses são presos para depois serem julgados e condenados a dois anos de prisão. O carro funerário arranca e abala, não para o cemitério mas para a estrada. Para evitar romagens subversivas, por ordem da GNR já não vais ser sepultada em Baleizão mas em Quintos.

CARRAJOLA

O tenente Carrajola não vai a tribunal nem sequer é castigado pela GNR. É apenas transferido de Baleizão para Aljustrel onde acaba por morrer em 1964 (morte natural).

ZECA AFONSO

Ó Catarina: ainda durante a ditadura fascista em tua homenagem o Zeca Afonso entoa o Cantar Alentejano, letra de Vicente Campinas: Chamava-se Catarina O Alentejo a viu nascer. Serranas viram-na em vida Baleizão a viu morrer. Ceifeiras na manhã fria Flores na campa lhe vão pôr. Ficou vermelha a campina Do sangue que então brotou. Acalma o furor campina Que o teu pranto não findou. Quem viu morrer Catarina Não perdoa a quem matou. Aquela pomba tão branca Todos a querem p’ra si. Ó Alentejo queimado Ninguém se lembra de ti. Aquela andorinha negra Bate as asas p’ra voar. Ó Alentejo esquecido Inda um dia hás-de cantar.

TRASLADAÇÃO

(33)

JOSÉ AFONSO: “CANTAR

ALENTEJANO

(34)

O crime de Baleizão e o seu impacto

na poesia* – por Carlos Loures

*Este artigo é uma versão do que, sob o título Catarina Eufémia e a

poesia, publiquei em 19 de Maio de 2011 no Estrolabio.

A trágica morte de Catarina Eufémia, transformou-a num símbolo da resistência à ditadura. Não havia, nos tempos que se seguiram, uma ideia clara sobre o que ocorreu naquele dia 19 de Maio de 1954 em Baleizão. Uma ceifeira fora morta a tiro pela GNR, era o dado comum a todas as versões. Em 1962 ou 63, chegou-me às mãos um livrinho editado em França – Le Portugal de Salazar, de Christian Rudel – da colecção Ruedo Iberico. E aí fazia-se uma descrição do trágico acontecimento. relato que não andava longe do que vim a apurar. Nota-se que os poemas sobre Catarina escritos antes do 25 de Abril de 1974 não revelam, por parte dos autores, um conhecimento cabal do que se passou.

Vou tentar fazer um balanço provisório da poesia escrita sobre o tema antes de Abril de 74. O primeiro terá sido o de Alexandre O´Neill (1924-1986) que, no entanto só muito mais tarde foi divulgado. O’Neill escreveu sobre o seu poema uma nota muito curiosa. Nele se revelam as dificuldades existentes para se conhecer o que se passara a começar pelo nome da vítima.

Um poema que circulou na clandestinidade

(35)

amiga, e assim surgiu, tirado do copiador, um pequeno cancioneiro clandestino em memória de Catarina Eufémia.»

À memória de Catarina Eufémia

Podes mudar de nome, carrajola

pôr umas asas brancas, arvorar

um ar contrito,

dizer que não, que não foi contigo,

disfarçar-te de andorinha, de

sobreiro ou de velhinha,

podes mudar de nome, carrajola,

de aldeia, de vila ou de cidade

— és como um percevejo num lençol!

Quando tivermos Portugal nos braços

e pudermos amá-lo sem sofrer,

quando o Alentejo se puser a rir,

Catarina Eufémia, minha irmã,

então o teu filho há-de nascer!

(in Coração Acordeão, Lisboa, 2004)

Cantar alentejano, de Vicente Campinas

(36)

elementos biográficos, mas as ceifeiras continuam a pôr flores na campa de Catarina».

Não sendo talvez o primeiro poema a ser escrito em homenagem à ceifeira de Baleizão, foi o primeiro de que tomei conhecimento. Posteriormente musicado por José Afonso no álbum “Cantigas de Maio” editado no Natal de 1971. José Mário Branco, descreve como decorreu a gravação num estúdio situado numa quinta dos arredores de Paris. A certa altura, disse «Vamos a isto Zeca” “- Não tens nada para ir metendo ?”, respondeu. Não estava ainda pronto; a alma do Zeca, apercebi-me depois estava toda no Alentejo, nos olhos de Catarina Eufémia. Como tantas vezes lhe acontecia, andava pelo estúdio, de cá para lá, como um jovem leão na sua jaula. Até que, já ao fim da tarde, disse: `Vou lá fora ver as vacas» (…) «Desapareceu durante uma ou duas horas. Quando voltou já era quase noite: `Vamos gravar a Catarina. Zeca em metade do estúdio, só e às escuras cantou. Uma só vez. E é essa que está no disco. Nós, privilegiados espectadores, estávamos na central técnica todos a chorar, incluindo o técnico francês. `Acham melhor que cante isto outra vez ?” `Não, Zeca, não. Está muito bem assim».

Vicente Campinas publicou também um pequeno volume bilingue (português/francês) –Catarina/Catherine – com ilustrações de Miguel Flávio. A data de publicação é a de Junho de 1967 (edição em Bruxelas), É um poema longo e, quanto a mim, não tão bom quanto oCantar Alentejano.

A Ode a Catarina Eufémia de A Voz e o Sangue

(37)

vésperas de ser novamente mãe». Pelo que o erro dos poetas está justificado. Se é que devemos confiar no médico legista que afirmou peremptoriamente que Catarina não estava grávida.

Não tenho que inventar desculpas para a demagogia do meu texto, que mais para o fim clamava: É de guerra o tempo minha irmã/ e tu bem o sabias ao desfraldar ao sol/ a bandeira rubra do teu sangue… A raiva que nos possuía contra a estupidez do regime, fazia perder a cabeça a alguns de nós. Um amigo, depois de ler o meu livro, disse-me que eu ia ser preso (isso também eu sabia) e que publicar poemas assim era prestar um mau serviço à democracia, pois no estrangeiro iam pensar que o regime afinal era liberal ao ponto de deixar circular livros como o meu. Em suma, o meu livro evidenciava uma liberdade de expressão que não existia. Claro que lhe respondi o que era óbvio – não existindo censura prévia toda a gente podia publicar o que quisesse, sujeitando-se depois às consujeitando-sequências. Porém o regime tinha instalado um censor dentro da cabeça de cada um de nós. E esse era mais terrível e castrador do que a própria PIDE.

O livro foi proibido quando ia já na 2ª edição e fui preso (não só pelo poema sobre Catarina, mas também). O famigerado inspector Tinoco, num dos interrogatórios, andou à minha volta a ler em tom declamatório poemas meus – um encontrado em manuscrito sobre o Salazar (designava-o por o cão) e a Ode a Catarina Eufémia, comentando para o estagiário que se esforçava por não desatar a rir – «Qual Camões, qual carapuça! Isto é que é poesia!”.

Catarina de Eduardo Valente da Fonseca

(38)
(39)

Da Poesia e Ficção Neo-Realistas ao

Real Alentejano – por António

Gomes Marques

Decorria o ano de 1967, trabalhava eu no Instituto Nacional de Estatística, quando surgiu a hipótese de trabalhar no «Inquérito de Despesas e Receitas Familiares», oportunidade única de poder juntar algumas reservas monetárias para aguentar o serviço militar obrigatório que se aproximava, tendo em conta que, com ordenado e ajudas de custo, poderia passar a receber 5.000 escudos mensalmente. Evidentemente, voluntariei-me de imediato!

Durante uma semana, entrava-se na intimidade de uma família.

(40)

O conhecimento que eu tinha na altura do Alentejo havia-o obtido na leitura de alguns neo-realistas, não contribuindo para esse conhecimento uma ou outra visita a qualquer localidade alentejana, a maioria delas de passagem para o Algarve, nomeadamente e a título de exemplo, em «O Trigo e o Joio», de Fernando Namora, «Suão», de Antunes da Silva e, principalmente, na obra poética de Manuel da Fonseca e em algumas das suas notáveis obras de ficção como «O Fogo e as Cinzas», «Aldeia Nova» e «Seara de Vento», esta última uma obra-prima em qualquer literatura do planeta Terra.

Numa aldeia do Concelho de Alcácer do Sal conheci um trabalhador rural que, nesse ano de 1967, ganhava 2$50 por dia, bastando que houvesse uma dia de forte chuvada para que esse trabalhador ficasse inibido de tal importância poder ganhar. Mas, antes de continuar, deixem-me lembrar estes versos com que o meu saudoso amigo Manuel da Fonseca inicia o seu poema «Aldeia»

«Nove casas,

duas ruas,

ao meio das ruas

um largo,

ao meio do largo

um poço de água fria.

…»

(41)

A seu cargo aquele homem tinha a sogra, a mulher e uma criança recém-nascida, estando a mulher impossibilitada de trabalhar pelo estado debilitado em que ficou após o parto. Como era possível com aquele miserável resultado do seu trabalho, perguntei-lhe eu, ao que me respondeu que, recebida a semanada, logo se apressava a gastá-la em pão e linguiça. As minhas interrogações continuaram: «E só comem isso?», «Como é possível ter forças para trabalhar?», ao que ele de imediato me esclareceu que, de facto, assim não era; durante a noite, «desviava-se» do caminho e ia apanhando tomates e algumas peças de fruta –«Só o necessário para comer», dizia-me com firmeza- com o que completava a sua magra dieta. «E nunca foi apanhado nesses desvios?», continuava eu a perguntar, ao que ele me respondeu que não, embora estivesse convencido de que algumas pessoas, incluindo as «lesadas», disso tinham conhecimento. «Não seria mais avisado pedir aos donos?», insistia eu, recebendo como resposta um afirmativo «NÂO!», o que, de imediato, me levou a recordar a Cena Terceira de um dos mais belos poemas dramáticos da literatura, naturalmente da autoria de Manuel da Fonseca, «A Casa no Vento», nomeadamente a fala do Segundo Ladrão: «Ao que a gente chegou… assaltar quem tem tanto como nós…».

De facto, pedir não é uma característica do alentejano.

(42)

O meu plano poderia ser cumprido mas o meu sentimento de culpa, ao pensar naquele explorado trabalhador rural, não diminuía. Às noites mal dormidas, sucediam-se os sumos de laranja especiais e os sorrisos matinais da Berta Luísa, que me reconfortavam com o mundo, estendendo-se depois as conversas após o jantar, em que, naturalmente, a Berta Luísa me ia falando de outras vidas dos alentejanos, não apenas dos trabalhadores rurais, como a ocupação de famílias em todas as horas vagas, pais e filhos, a separarem o miolo do pinhão da sua casca para receberem uns miseráveis escudos que acrescentavam aos fracos rendimentos que iam obtendo noutras actividades, sendo o concelho de Alcácer do Sal considerado o «Solar do Pinheiro Manso», de cujas pinhas se obtém o delicioso miolo de pinhão. Conheci mesmo algumas dessas famílias e, num gesto de aproximação, cheguei a pedir para me deixarem acompanhá-los nesta tarefa, o que me foi consentido. Hoje, quando como miolo de pinhão, estas imagens ocupam-me a memória e não deixam de me perturbar ainda.

Perante a observação desta realidade, pude facilmente concluir da verdade da poesia e da ficção neo-realista, fundamental na minha formação como cidadão consciente do regime fascista que nos oprimia e que seria indispensável derrubar.

E tu, Berta Luísa, minha amiga, que será feito de ti?

(43)

MOVIMIENTO

POÉTICO-MUSICAL DEL 75 EN

EXTREMADURA – por Moisés

Cayetano Rosado

(44)

En esos meses previos a la muerte de Franco, desarrollamos en España una fuerte actividad poético-musical, que en Extremadura dimos en llamar “Movimiento Poético-Musical del 75”, llenando las plazas de los pueblos de música y de versos, seguidos por grupos numerosos de personas, que oían por vez primera cantos a la libertad, denuncias a la opresión, a la injusticia, a la oscuridad. Buena nota tomaría enseguida el entonces Ministerio de Información y Turismo, prohibiendo poemas y canciones, poetas y cantantes, actuaciones enteras.

Recuerdo que más de una vez hube de personarme en diversas delegaciones provinciales del tal Ministerio para presentar las letras que se iban a recitar o cantar. Y me acuerdo perfectamente de lo afilado del lápiz con que se tachaban versos, estrofas, poemas enteros, por su contenido subversivo. “No se metan ustedes en estas aventuras, que la cosa está muy mal”, me decía paternalmente un delegado que a finales de verano se veía haciendo las maletas, porque aquello no daba para más.

Por entonces, la actividad de los partidos políticos en Portugal era efervescente. En España, excepto en las zonas industriales, casi nula. Eso sí, detrás de nuestros recitales estaban organizativamente miembros activos de algunos partidos de izquierda, que impulsaron este movimiento. Así, podemos decir que los poetas y cantautores servimos de “teloneros” de los políticos, que aparecerían en los escenarios cuando ya el ambiente iba siendo mucho más sosegado: con el dictador bajo la sepultura. En honor a la verdad, hay que decir que en Portugal había pasado algo parecido -salvo honrosas excepciones en ambos estados, fundamentalmente de sus partidos comunistas-; los “cantos de intervenção” y los poetas revolucionarios precedieron a los mítines encendidos, que prendieron la mecha cuando los militares de Abril habían abierto camino y despejado el horizonte.

A estas alturas puedo decir una cosa que a muchos no gustará: mientras gritábamos en las tribunas, a medias con aire de poesía y la otra mitad con un mensaje de claro compromiso, otros tenía su lengua a buen resguardo. Digo más: tenían la lengua “metida en el trasero”; por eso después -cuando han hablado- lo que dicen es tantas veces pura porquería.

(45)

No es malo que en estos momentos en que sale a la luz tanto escándalo de corrupción, dinero negro y compadreo, recordemos aquel verano de hace casi cuarenta años en que pregonamos con tanta ingenuidad como ilusión el reino utópico de la libertad y la igualdad, atreviéndonos incluso a hablar/falar del reino de la fraternidad.

(46)

TURISMO DE FRONTERA – Oferta

y demanda turística en la Raya

ibérica – por Antonio-José

Campesino Fernández*

(47)

En 2012, iniciamos el proceso investigador del Proyecto “Dinámica, situación actual y análisis prospectivo del “Turismo de Frontera” (2000-2020), como motor de desarrollo de Extremadura: delimitación territorial, definición de la oferta, caracterización de la demanda y repercusiones socioeconómicas”, (Ref. CSO2011-29529-C04-01), del Ministerio de Economía y Competitividad, Dirección General de Investigación y Gestión del Plan Nacional I+D+i, para el periodo 2012-2014, liderado desde la Universidad de Extremadura con implicación de la Universidade de Vigo (Subproyecto Ref. CSO2011-29529-C04-03) y la desinteresada colaboración de profesores de las universidades de Salamanca y Huelva, al objeto de conformar un territorio de investigación conjunta del Miño al Guadiana.

Los cinco objetivos investigadores de la primera anualidad: Caracterización del territorio de la frontera hispano-lusa, como soporte del turismo de frontera; Análisis del turismo en las regiones fronterizas de Galicia, Castilla y León, Extremadura y Andalucía onubense; Evaluación del turismo en la Cooperación Transfronteriza de 1ª Generación, 1992-2013; Consideración de las expectativas del turismo en la Cooperación Transfronteriza de 2ª Generación, 2013-2020, y Desarrollo de una metodología propia de investigación turística, se construyeron a partir de tres reuniones científicas en los meses de enero (Universidad de Extremadura, Cáceres), marzo (Fundación Rei Afonso Henriques, Zamora) y junio (Balneario de Mondariz, Mondariz), se expusieron en diciembre en la I Jornada Técnica de Turismo de Frontera (Universidad de Extremadura, Cáceres), y se plasmaron tres meses después en la publicación: Campesino Fernández, Antonio.José (Dir). (2013): Turismo de Frontera (I). Rede Ibérica de Entidades Transfronteiriças (RIET) y Eixo Atlántico do Noroeste Peninsular, Vigo. 212 p + CD.

(48)
(49)

As festas no processo de dinamização

e revivificação das relações

fronteiriças – por Dulce Simões

(50)
(51)
(52)
(53)

NOTAS

[1] Ver por exemplo Cairo Carou, Heriberto; Godinho, Paula e Xerardo Pereiro (coord.)

(2009),Portugal e Espanha – Entre discursos de centro e práticas de fronteira, Lisboa, IELT/Edições

Colibri.

[2] Borneman, John & Fowler, Nick (1997), “Europeanization”, Annual Review of Anthropology, vol. 26, p. 487.

[3]Löfgren, O. (2008), “Regionauts: The transformation of cross-border regions in

Scandinavia”,European Urban and Regional Studies, 15 (3), p. 207.

[4] Godinho, Paula (coord.) (2012), Usos da Memória e Práticas do Património, Edições Colibri, p.

233.

[5] Na fronteira sul destaca-se a “ExpoBarrancos – a grande feira da raia” (Barrancos), a “FATOR – Feira de Artes e Ofícios da Raia” (Vila Verde de Ficalho), a “Feira Transfronteiriça de Vale do Poço” (Santana de Cambas) e a “Feria Gastronómica Transfronteriza del Gurumelo” (Paymogo- Huelva). [6] Baptista, Fernando Oliveira (1996), “Declínio de um tempo longo”, em Joaquim Pais de Brito et al.

(org.) O Voo do Arado, Lisboa, Museu Nacional de Etnologia, Instituto Português de

Museus/Ministério da Cultura.

[7] Ver vídeo “Uma festa transfronteiriça”, em http://www.youtube.com/watch?v=SD2tyokqQFE

(54)

Saborear y caminar por la

Raia/Raya – por Moisés

Cayetano Rosado

Lo he dicho muchas veces: Vivir en la Raya es como hacerlo en una especie de mundo mágico, de país de las mil y una maravillas. En breve tiempo, pasamos de un acompañamiento ambiental de voces en castellano a otro en portugués, como si todo se hubiera trastocado, pero entendiéndonos siempre cual si se nos hubiese dotado de un milagroso don de lenguas.

Pasamos de tomarnos nuestro café con leche, siempre sobrado de leche y un poco escasos de café, a ponernos delante de uma bica, mínimo café tan concentrado como solo nuestros vecinos consiguen hacer y únicamente en Portugal logra tomarse con un regusto que no defrauda nunca.

El pan de nuestro lado se ha ido haciendo excesivamente esponjoso y blando, a base de refinamientos de harinas; el portugués, más compacto y oscuro, conserva el sabor de los tiempos en que reinaba lo artesano.

(55)

De nuestras calderetas de cordero vamos a sus ensopados de borrego, que siendo el mismo producto de base, obran siempre la sorpresa de un sabor tan distinto que parece que estamos ante carnes diferentes, no menos sabrosas la una que la otra.

(56)

En postres, la variedad puede abrumarnos, pero quedémonos con el “paso fronterizo” de la candelilla bañada en miel a la baba de camelo: ¡bien dulces la una y la otra, llamando a “regarlas” con alguna bebida, para facilitar su paso!

Caminamos sobre la línea del tiempo viendo cómo nos dejó marcados: aquellas luchas persistentes nos legan este patrimonio que se “encara” en un lado y otro de la Raya, preventivamente, preparado para cualquier ataque repentino en nuestras portentosas fortificaciones.

Y dejamos atrás nuestro flamenco y pasodobles, nuestras alegres jotas rayanas, para ir introduciéndonos en su sentido fado, en los profundos coros de cante alentejano.

En cuestión de un momento, nos situamos al otro lado del espejo. En la otra cara de la misma moneda, que a veces se entremezclan y crean un producto renovado, llevándonos a nueva dimensión. Así es el caso de Olivenza, donde se encuentran “las hijas de España y nietas de

(57)

Pero que también se va dando en poblaciones de ambos lados, tan cercanas que se dan la mano, mojada la separación apenas por un río, como Tuy y Valença do Minho al norte fronterizo (Galicia y Minho), o Alcoutim y Sanlúcar de Guadiana en el sur (Algarve y Andalucía); otras veces, con una explanada que se acorta a base de construcciones acercándose, como ocurre con Badajoz y Elvas.

Nada más curioso que pasear al borde mismo de la Raya, a través de los campos, e ir saludando a caminantes de uno y otro lado, alternando los idiomas hermanados. Y comprobar que sucesivamente cambiamos de hora, como si pudiéramos hacer un viaje en el tiempo, retrocediendo y avanzando según nuestro gusto.

(58)

Revellines en la fortificación

abaluartada de Olivenza, una

realidad inadvertida – por Juan

Manuel Vázquez Ferrera

El revellín, con su forma triangular, situado entre dos baluartes y frente a la cortina, complemento indispensable en la fortificación abaluartada, está presente desde el principio en la concepción y trazado de cualquier ciudad fortaleza; formando parte de sus defensas exteriores.

El caso de Olivenza, como plaza de frontera, como ciudad “além Guadiana”, en su avanzada posición frente a Castilla, es también al

igual que en otros aspectos algo particular. Cuando se proyecta su nueva, “muralla a la moderna”, como entonces se conocía a las defensas abaluartadas, incorpora también esta nueva técnica constructiva. Incluye en sus primeras propuestas construir revellines, pero limitándose en esos proyectos casi exclusivamente a situarlos en los accesos a la ciudad. Se complementan las defensas exteriores además, con el diseño de un hornabeque que cubre un punto elevado con el objeto de facilitar la defensa.

(59)

Segundo proyecto de Nicolás de Langres para la plaza de Olivenza

Entre unas cosas y otras es muy posible que la villa no pudiese disponer completamente de estas defensas exteriores, al menos en su configuración definitiva, hasta pasada la Guerra de Restauración , la cual tuvo en la toma de Olivenza un escenario destacado. Sería pasado este episodio bélico y durante el transcurso de los años siguientes cuando se fueron perfilando ya sobre el terreno el trazado de estos elementos.

Al no proyectarse y ejecutarse desde el mismo momento en que se levantaron los baluartes, los revellines oliventinos tuvieron que adaptarse al espacio físico disponible entre los baluartes, con lo que algunos de ellos resultaron demasiado pequeños y otros inclusive tuvieron que construirse como simples plazas de armas atrincheradas. Algunos autores, sin embargo, achacan la pequeñez de estas defensas al hecho de ser una característica propia de la escuela de fortificación de los Países Bajos, de donde procedían sus principales autores. En nuestro caso el jesuita João Paschásio Cosmander y Jean Gillot.

(60)

plazas de armas, además de un fuerte destacado construido en unas alturas próximas a la plaza.

Revellín de la Corna, entre los baluartes de Sta Quiteria y la Corna. 1804-5

Todo ese complejo laberinto de baluartes, cortinas,fosos y defensas exteriores hacían muy costosa y cara de mantener la plaza fuerte de Olivenza , además del coste humano y material que suponía la guarnición necesaria para garantizar su defensa.

Es más que probable que esta sea la causa de que estos revellines nunca llegaran a completarse del todo en su configuración final, y que en la mayoría de ellos no se pasara de la altura del cordón en su construcción. A partir de ahí se limitaron a amontonar la tierra de manera más o menos ordenada, conformándose con un parapeto de tierra frente a las cortinas que absorbiese los primeros impactos artilleros.

Bastante tenían ya las siempre exhaustas arcas reales y municipales para mantener la fortificación principal como para dedicar tiempo y dinero del que no disponían para las defensas exteriores.

A pesar de todo, fue innegable el esfuerzo constructivo realizado en ellas. Aun en nuestros días son reconocibles, en todo o en parte, sobre él.

(61)

representación, entre los diferentes planos, el de 1804-5 anónimo, pero probablemente de Fernando de Gabriel, es el que mejor representa la fortificación y sus revellines, llega al extremo en sus detalles de poder reconocer en la actualidad hoy día elementos, formas y defectos que entonces se dibujaron en dicho plano.

Revellín de la Corna, visto por su gola. Al fondo, el baluarte de Sta. Quiteria.

(62)

No son demasiados los elementos de este tipo que nos quedan de la en otros tiempos majestuosa fortificación oliventina…y mucho menos los lugares donde puedan apreciarse las diferentes secuencias defensivas de las intrincadas fortificaciones abaluartadas. Por eso lanzamos esta llamada de atención sobre un elemento fundamental en nuestro patrimonio abaluartado como son los revellines y su entorno. Un recordatorio de que subsisten esas partes de la muralla, que sin ser tan espectaculares como un baluarte o una cortina, son aun más interesantes y valiosas porque mantienen la pureza de su traza original sin intervenciones que las desvirtúen.

Además, sin ellos no se entendería una fortificación abaluartada.

(63)

La fortaleza de Alcántara, en la

frontera con Portugal – por Juan

Francisco Rivero

Los árabes retomaron el carácter militar del puente de Alcántara (Puente Kantara as Saif, el Puente de la Espada, de origen árabe) y fueron los que comenzaron la edificación de la primera muralla de Alcántara, desde que comenzó su dominación en el año 781, sin embargo no será hasta el siglo XII cuando se tenga constancia de un recinto amurallado, de grandes dimensiones, de trazado irregular, y bajaría en pendiente hasta el puente romano.

El recinto árabe consta de dos tramos, el recinto amurallado propiamente dicho, que englobaría el caserío y también la alcazaba musulmana, situada en un lugar estratégico y serviría como alojamiento para las grandes dignidades árabes. Esta alcazaba fue ocupada con el tiempo por los miembros de la Orden de Alcántara al finalizar la Reconquista de estos territorios en el año 1212 por el rey Alfonso IX, aunque actualmente no quedan restos de la alcazaba y su lugar lo ocupa el convento de las Monjas Comendadoras, la rama femenina de la Orden Militar de Alcántara, cuya característica más curiosa era que para entrar en este orden femenina había que probar la nobleza de los apellidos de las postulantes.

Como se sabe, la Orden Militar de Alcántara, fue en principio una delegación de la Orden Militar de Calatrava, ya que en el año 1217, el rey Alfonso IX le concede estos territorio al maestre de esta orden don Martín Fernández y al estar estas tierras tan alejadas de sus territorios del centro de la meseta, se la dejan al cuidado de una pequeña orden militar portuguesa San Julián del Pereiro (San Julián del Peral), hasta que en 1218 cambia su denominación por Orden Militar de Alcántara al aposentarse en esta población, concretamente en la alcazaba

(64)
(65)

Con el tiempo, las murallas se amplían y se agrandan con un nuevo muro más ancho y poderoso, diseñado para soportar las embestidas de la artillería pesada que en el siglo XVII sembraban el terror entre los ejércitos enemigos, de ahí que se diseñaran y construyeran unas murallas con baluartes, para resistir las continuas guerras con el vecino Reino de Portugal, pues las nuevas armas arrasaban las murallas de tapial y mampostería árabes y medievales. Por eso las fortalezas extremeñas, situados junto a la frontera se tuvieron que reconstruir para adaptarse a los nuevos tipos de guerra, construyendo nuevos baluartes, reductos y revellines. Similares acciones se realizaron en otros castillos fortalezas cercanas, como las de la villa de Brozas y la de Valencia de Alcántara.

El primero de estos -el de Alcántara- es de los más completos que se conservan en nuestra región. La Guerra de la Sucesión contra Portugal marcaría la historia de Alcántara y de su muralla. En el año 1664, el Marqués de Marialba capitaneaba las tropas portuguesas, que protagonizó un gran asedio sobre esta localidad. Los defensores alcantarinos se rindieron para evitar males mayores a la población. Alcántara quedó en manos portuguesas desde 1664 hasta 1706, regresando este año a la Mesa Maestral de la orden alcantarina. El sistema defensivo alcantarino tenía varios fuertes que defendían a la propia muralla desde el exterior.

El historiador y cronista local Jacinto Arias de Quintanadueñas, cuya casa noble está cercana al templo de Santa María de Almocóvar y hoy es sede del Centro de Interpretación del Parque Nacional “Tajo Internacional” nos habla, en pleno siglo XVII, cómo se encontraba la muralla alcantarina, en el siglo XVII, conservando baluartes y reductos de la época musulmana, pero en el año 1661 comienza ampliarse la cerca debido a las constantes incursiones de los portugueses. Se extendió para cobijar a la población que en su mayoría se encontraba en los arrabales. Por desgracia, buena parte de las murallas están en ruinas y aunque pertenece al Ayuntamiento

(66)

Actualmente hay varias garitas en las murallas que coronan los baluartes, pero no todas son de aquella época, sino que son reconstrucciones realizadas por los miembros de la Asociación Arte y Cultura de Alcántara en la década de los 80 del siglo XX. De las cuatro puertas que había en el recinto amurallado sólo queda la de la Magdalena, llamado también el Arco de la Concepción, que da entrada al recinto y es la más emblemática de Alcántara y la de las Monjas. La corona un escudo de Felipe III en cuyo centro se divisa claramente el emblema de Portugal.

Figure

Foto de Paulo Caldeira

Referencias

Documento similar

Entre eles, para nossa análise, selecionamos a Marea Verde por seu protagonismo não apenas em Madrid, mas em todo o país, e a Plataforma por la Defensa de Centros Educativos

«Ainda que se admita a tese do acórdão de que os subsídios atri- buídos pela Assembleia Legislativa, previstos nos artigos 46 e 47.º do Decreto Legislativo Regional n.º 24/89/M, de

Ai o Tribunal concluiu que o artigo 120°, n° 1, alinea a), do Código Penal, na dimensao normativa que realiza a conversáo da notificacao para a instrucáo preparatoria na

A Constitui9íio portuguesa considera trabalhadores para efeito quer de direitos, liberdades e garantías (arts. 63°, 68°, 70°, 71°) todos aqueles que prestam trabalho subordinado,

 F-83XX: Aceros moldeados de baja aleación para F-83XX: Aceros moldeados de baja aleación para usos generales.. anulado a la norma UNE

Dulce María Álvarez López, email: dulcemaria.alvarez.ce32@dgeti.sems.gob.mxMARÍA SUB I REALIZA LOS ANALISIS FISICOS, QUIMICOS Y. MICROBIOLOGICOS PERTINETES

Em relação às demais categorias de análise, as Declarações Internacionais sobre Educação Geográfica da União Geográfica Internacional, nos anos de 2015-2016,

As formulações de Laban (1978, 1990, 2001) sobre o corpo e o movimento não foram elaboradas apenas em função das atividades artísticas, mas também dos gestos presentes nas