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Levantamento e análise das práticas de produtores de tomate e uva da região serrana do Rio Grande do Sul / Survey and analysis of the practices of the tomato and grape producers of Rio Grande do Sul

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Levantamento e análise das práticas de produtores de tomate e uva da região

serrana do Rio Grande do Sul

Survey and analysis of the practices of the tomato and grape producers of Rio

Grande do Sul

Recebimento dos originais: 02/04/2019 Aceitação para publicação: 28/06/2019

Anderson da Cruz Cerutti

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: andersoncerutti@gmail.com

Augusto Rafael Ghizoni da Silva

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: rafa.augusto.ghi@gmail.com

Diego dos Santos Pacheco

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: Pacheco_dsp@hotmail.com

Eduardo Luiz Giacomin

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: eduardogiacomin@yahoo.com.br

Eliseu da Veiga

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: Veigaeliseu62@gmail.com

Gelson Alves

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: gelsonalves@ilsabrasil.com.br

Guilherme Luís Bertotti

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

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E-mail: 94bertotti@gmail.com Mario Carlos da Costa Melo Júnior

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: mairiogaubermello@gmail.com

Tailana Keli Campos

Acadêmico do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: Tailana.mello@gmail.com

Carolina Custódio Pinto

Mestre em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: agronomia.cx@ideau.com.br

Lucas Vargas Oliveira

Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: lvoliveira.agro@gmail.com

Roberta Dall Agnese da Costa

Doutora em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Luterana do Brasil Instituição: Faculdades IDEAU – Caxias do Sul

Endereço: Rua: Sinimbu 670, Centro, Caxias do Sul – RS E-mail: r.dallagnese@gmail.com

RESUMO

Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento e analisar as técnicas adotadas no cultivo

de uva (Vitis vinifera) e tomate (Solanum lycopersicum) de dez agricultores da região serrana do

Estado do Rio Grande do Sul. As variedades foram escolhidas em função da importância econômica no cenário agronômico da região sul do Brasil. O levantamento dos dados foi realizado por acadêmicos do curso de Agronomia, durante o primeiro semestre de 2019. Os dados foram analisados no contexto das disciplinas cursadas no referido semestre, de modo a integrar os conhecimentos específicos dos diferentes professores que coordenaram a pesquisa e tornar a prática de investigação alinhada ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos na graduação. Para o levantamento dos dados os acadêmicos, juntamente com os professores, construíram um instrumento de coleta de dados, nomeadamente uma entrevista, que abordou questões acerca do manejo, área de produção, ocorrência de calagem, adubações, análises químicas, tipo de cobertura vegetal, processos pós-colheita, dentre outros. Para a análise dos dados foi executado um protocolo baseado em estudos de análise de conteúdo de Bardin. Trata-se, portanto, de um estudo de cunho qualitativo cujo objeto fundamental da pesquisa são os conhecimentos e as práticas dos agricultores. As respostas dos agricultores sobre os diferentes cultivos foram categorizadas e relacionadas com os dados da literatura de outras pesquisas científicas, constituindo um corpus de investigação que retrata um recorte da produção gaúcha na atualidade. Os resultados evidenciam, que os produtores executam as práticas adequadas

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ao cultivo, que demostram melhores condições de produtividade ou escolha de seguimento, seguem uma orientação dada por um agrônomo ou técnico agrícola buscando atingir bons resultados.

Palavras-chave: práticas de produtores; tomate e uva; Rio Grande do Sul.

ABSTRACT

This study aimed to perform a survey and analyze the techniques used in the cultivation of grape

(Vitis vinifera) and tomato (Solanum lycopersicum) from ten farmers in the mountain region of the

State of Rio Grande do Sul. economic importance in the agronomic scenario of southern Brazil. The data were analyzed in the context of the disciplines studied in the said semester, in order to integrate the specific knowledge of the different teachers who coordinated the research and make the research practice in line with the development of scientific knowledge at undergraduate level. For the data collection, the academics, together with the teachers, constructed a data collection instrument, namely an interview, which addressed questions about the management, production area, occurrence of liming, fertilization, chemical analysis, post-harvest processes, among others. For the analysis of the data, a protocol based on Bardin content analysis studies was executed. It is, therefore, a qualitative study whose fundamental object of research is the knowledge and practices of the farmers. The responses of the farmers on the different crops were categorized and related to the data of the literature of other scientific research, constituting a corpus of research that portrays a reduction of the gaucho production in the present time. The results show that the farmers perform the practices that are appropriate to the crop, that they show better conditions of productivity or choice of follow-up, they follow an orientation given by an agronomist or agricultural technician seeking to achieve good results.

Keywords: practices of producers; tomato and grape; Rio Grande do Sul.

1 INTRODUÇÃO

A região serrana do Rio Grande do Sul (RS) é composta por treze municípios que juntos, perfazem cerca de 700 mil habitantes. Geograficamente, caracteriza-se com altitudes moderadamente altas, de até cerca de 1300 metros.. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é o Cfb, a precipitação média anual varia de 1500 mm a 2100mm, distribuída uniformemente ao longo do ano, possuindo médias de temperatura do mês mais quente inferiores a 22°C e a do mês mais frio superior a 3°C, sendo comum na região a formação de geadas durante o inverno (MORENO, 1961).

Em relação a agricultura, na região serrana do RS predominam pequenas propriedades com cultivo agrícola diversificado e estrutura de produção baseada na mão de obra familiar (BRACAGIOLI NETO, 1993; BRUMER, 2004).

Dentre os diversos tipos de cultivos agrícolas produzidas no estado do RS, este artigo faz um recorte e envolve-se especificamente com a cultura da videira e do tomate. Isso porque, referente a

produção de uva in natura, em 2017 o RS abrigou 62,58% da área vitícola nacional, produzindo

aproximadamente uma tonelada de uva, como também neste cenário vitícola, representa cerca de 95% de toda a produção brasileira de vinhos e derivados, envolvendo mais de 16.000 produtores e quinhentas vinícolas espalhadas pelas regiões da Serra e Campanha Gaúcha (MELLO, 2001;

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MELLO, 2018). A viticultura está presente em 27 microrregiões gaúchas e ocupa uma área de 40 mil hectares de vinhedos, de acordo com dados registrados em 2015, quase o dobro em comparação aos pouco mais de 21,5 mil hectares que eram plantados em 1995, quando a cultura estava presente em apenas 11 microrregiões gaúchas (EMBRAPA, 2015).

O cultivo do tomate, por sua vez, caracteriza-se como uma cultura de suma importância econômica em todas as regiões brasileiras por ser uma cultura de uso versátil. (CARVALHO et al., 2012). O Brasil encontra-se na nona posição, com 2,5% da produção mundial. Isso destaca a forte possibilidade de o país passar a ocupar um espaço intercontinental na produção do tomate na próxima década (DOSSA; FUCHS, 2017).

Considerando a importância de ambas culturas no cenário produtivo do Rio Grande do Sul, importa especificamente no processo de formação dos acadêmicos do curso de Agronomia, compreender as atividades de produção das culturas realizadas pelos produtores, a fim de que, no futuro profissional, possam atuar de modo a qualificá-las corretamente. Pesquisas anteriores já têm realizado levantamentos sobre atividades produtivas de agricultores da serra gaúcha como, por exemplo, Mattuela e Mello (1999); Lapolli et al. (2005); Giovanini e Freitas (2014); Anzanello (2012). Estudos como estes tem a importância reconhecida na construção de um corpus de dados, que podem ser acessados por outros pesquisadores, contribuindo assim para a elaboração ou complementação de outras pesquisas da área.

Estes questionamentos sobre as práticas dos produtores acerca de determinada cultura, devem ser trazidos para o contexto de formação do profissional em nível superior, para que novas sínteses sejam propostas. Assim, considerando a importância da pesquisa durante o processo de formação acadêmica, principalmente no que diz respeito a construção e autoria de uma história acadêmica, foi proposta e executada esta investigação científica (CHAER et. al., 2012). Nela, acadêmicos do curso de Agronomia de uma faculdade privada do município de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, foram convidados a planejar e executar uma investigação qualitativa, de caráter exploratória, do tipo estudo de caso, com o objetivo de levantar percepções e práticas de produtores de uva e tomate da região serrana do Rio Grande do Sul. Esta investigação foi planejada e executada no âmbito das atividades das disciplinas de Genética Agrícola, Experimentação Agrícola, Botânica Geral e Agrícola, Morfologia Gênese e Classificação do solo e Biologia e Microbiologia do Solo, encontradas na grade curricular do terceiro semestre do referido curso. A pesquisa acadêmica, enquanto estratégia de ensino e aprendizagem tem como objetivo aproximar os estudantes do universo real de trabalho, considerando as diferentes formas de atuação que os profissionais da área agronômica podem executar. Espera-se que, por meio desta estratégia e, no caso desta pesquisa, os estudantes possam

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problematizar e refletir sobre as práticas produtivas dos cultivos do tomate e da videira pelos agricultores da região serrana do RS.

Enquanto investigação em si, visa colaborar com a construção de um corpus de conhecimento que abrange o tipo de cultivo, nome do cultivar, motivo da escolha do cultivar, adubação, indicadores de início de plantio (como, por exemplo, análise química, calagem, cobertura vegetal, irrigação e rotação de culturas), utilização de microrganismos, especificações sobre o solo, itens considerados no pré-planejamento do plantio e principais problemas enfrentados na produção. Para tanto, os professores responsáveis pelas disciplinas elaboraram questionamentos, que foram apresentados aos acadêmicos para a construção do instrumento de coleta de dados. Durante o processo de construção da pesquisa, destaca-se a vivência de elaboração, execução, tabulação e análise de dados de investigações qualitativas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Segundo Denzin e Lincoln (2006) a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem que destaca uma visão interpretativa do mundo, analisando cenários naturais, tentando entender os fenômenos e os significados que as pessoas atribuem a eles. No caso específico desta pesquisa, o cenário corresponde as propriedades dos agricultores, enquanto, o fenômeno analisado trata das práticas destes sujeitos acerca da produção de uva e tomate.

Quanto aos objetivos, enquadra-se como pesquisa exploratória, definida por Gil (2009) como um meio de proporcionar maior familiaridade com o tema pesquisado. Estas pesquisas podem ser de caráter bibliográfico ou estudo de caso. O estudo de caso caracteriza-se como a análise de uma unidade, ou um pequeno grupo (ALVES-MAZZOTTI, 2006). No caso desta investigação, os dez produtores entre uva (quatro) e tomate (seis) constituem-se como o grupo de análise e suas e práticas como os dados de pesquisa.

Quanto ao planejamento da pesquisa seguiu-se o esquema indicado por Marconi e Lakatos (1999), composto por três etapas: a) preparação da pesquisa; b) fases da pesquisa e c) execução da pesquisa.

Na fase de preparação da pesquisa, houve, em um primeiro momento, uma exposição-dialogada para os acadêmicos-pesquisadores sobre a importância do levantamento de dados qualitativos na perspectiva da pesquisa agronômica. Em seguida, os docentes responsáveis pelas disciplinas do semestre produziram perguntas que relacionassem os objetos de conhecimento de suas disciplinas à análise e compreensão das práticas dos agricultores. Nomeadamente as perguntas levantavam informações sobre: tipo de cultivo, nome do cultivar, motivo da escolha do cultivar, adubação, indicadores de início de plantio (como, por exemplo, análise química, calagem, cobertura

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vegetal, irrigação e rotação de culturas), utilização de microrganismos, especificações sobre o solo, itens considerados no pré-planejamento do plantio e principais problemas enfrentados na produção. Ainda na fase de preparação, os acadêmicos receberam uma formação sobre análise de dados qualitativos a partir da perspectiva de Bardin (2011).

Na fase da pesquisa, para a coleta sistemática dos dados, por se tratar de práticas de sujeitos sobre determinada temática, optou-se por um questionário. O questionário, enquanto instrumento de coleta de dados de pesquisas qualitativas, é definido conforme Gil (2009), como a técnica de investigação composta por um número de questões que são apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, práticas, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. A execução da pesquisa, por sua vez, incluiu tanto a tabulação dos dados quanto a análise e interpretação dos resultados. Para análise dos dados seguiu-se o protocolo sistematizado por Costa (2018) baseado em Bardin (2011). Este protocolo é composto por três etapas: I - Pré-análise – organização do corpus da pesquisa (trata da elaboração dos indicadores que nortearão a interpretação final); II - Exploração do material – codificação e categorização (compreende a codificação, na qual os dados são transformados em unidades e categorização, na qual são definidas as unidades de registro. O critério assumido foi léxico – classificação das palavras segundo seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos ou sentidos próximos); III - Tratamento dos resultados – atribuição de significado aos resultados (é o tratamento dos resultados é a atribuição de significado a eles.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os participantes da pesquisa, a maior representatividade da amostra populacional encontra-se nos produtores de tomate. Apesar disso, os dados referentes as respostas dos questionários pelos produtores são apresentadas pareados para a cultura do tomate e da uva, seguindo este respectivo padrão. Isto porque, os acadêmicos-pesquisadores partiram de um mesmo instrumento de coleta de dados, indiferente do objeto da pesquisa.

Assim, especificamente sobre o tipo de cultivo para o tomate, obteve-se dados de um produtor que realiza o cultivo em casa de vegetação (estufa) e cinco em cultivo convencional (campo aberto). Já no cultivo da uva, todos realizam-no em sistema convencional (campo aberto), sem utilização de cobertura plástica nos parreirais.. Em se tratando da produção de tomates neste sistema, a saber, protegido em estufas, considera-se algo relativamente novo no Brasil. Neste sentido, Fontes (2015) comenta que elevadas produtividades de tomate podem ser conseguidas associando-se cultivares de alto poder produtivo com o cultivo protegido em estufas.

Em relação aos cultivares escolhidos pelos produtores de tomate, tem-se 67% produzindo a variedade pietra, 34% coronel e supremo, paron, Itaipava, arendel e elite, todos com 17%. Na

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produção de uva, obteve-se uma média de 16 hectares da área total das fazendas, levando em consideração somente as áreas de cultivo. Destes, em média 7 hectares exclusivas para à produção da

cultivar bordô e 3 hectares para niágara rosada, ambas de mesa (espécie Vitis labrusca).

Quanto ao motivo da escolha do cultivar, para os produtores de tomate, as razões permeiam a necessidade do mercado consumidor que o produtor quer atingir, podendo se destacar pelo tamanho, sabor e/ou tempo de prateleira. Já, as cultivares de uva foram escolhidas em função da rusticidade e alta produtividade, trazendo um baixo risco na hora da venda do fruto e maior resistência a pragas.

A adubação realizada no cultivo do tomate é diferenciada conforme a fase de estabelecimento. No plantio, 100% dos produtores baseiam-se em análises de solo para utilização de fórmulas adequadas de macronutrientes como NPK (Nitrôgenio, Fosforo e Potássio) e micronutrientes (Boro, Cobre, Zinco, Molibdênio, etc.), exceto no cultivo em vaso com substrato. Já a fertirrigação, realizada diariamente na estufa e a cada dois ou três dias em campo aberto, em pequenas doses conforme fase e curva de absorção fornecida pelo produtor da variedade plantada. Dentre os nutrientes utilizados na fertirrigação: a totalidade dos produtores utilizam nitrato de cálcio, nitrato de potássio, MAP (Mono-Amônio fosfato) e sulfato de magnésio. O ácido bórico é utilizado por 84% deles, enquanto o sulfato de zinco por 67% e cloreto de sódio por 50%. Porcentagens menores de utilização de sulfato de potássio e sulfato de amônia, ambos com 17%. Já em relação aos produtores de uva, a adubação de preferência é a orgânica, realizada por 75% deles. Os produtos desta adubação, geralmente esterco de aves, são provenientes de aviários próximos. Especificamente para a cultura do tomate em estufa, Fernandes et al. (2002) consideram que o parcelamento da oferta de nutrientes resultou em consideráveis melhorias de desenvolvimento e produção, visto que os nutrientes foram oferecidos de maneira mais uniforme, durante todo o ciclo da cultura.

Quanto aos indicadores de início de cultivo, 83% dos produtores de tomate indicaram realizar análise química do solo e outros 83% utilizam a calagem como forma de equlibrar o pH do solo e aporte de cálcio. Em relação a cobertura vegetal, 17% deles utilizam-na e a totalidade deles realiza irrigação e rotação de culturas. Em oposição, metade dos produtores de uva participantes desta pesquisa não realizou análises químicas nos últimos sete anos, enquanto a outra metade realizou anualmente ou semestralmente, 25% cada. Nenhum dos produtores adota a prática de calagem. Somente um dos produtores de uva relatou o uso de adubação verde ou cobertura vegetal, realizada

com cascas de aveia preta (Avena strigosa). Cabe destacar que, solos sem nenhuma cobertura vegetal

normalmente apresentam maior amplitude térmica (COELHO et al., 2013).

Especificamente sobre o indicador rotação de culturas, referente ao tomate, a maioria dos produtores, 83% deles, fazem-na com a cultura de beterraba, 50% com cenoura, e 34% com alho, milho e feijão. Sobre a rotação de culturas, Ronchi et al., (2010) observam a importância do método

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como controle de plantas daninhas e ainda destacam que as culturas devem pertencer a famílias botânicas diferentes, para que se reduza o banco de sementes do solo e facilite o manejo das plantas daninhas. É importante também, alternar culturas de sistema radicular superficial com aquelas de sistema radicular profundo, para melhor aproveitamento da adubação residual, assim como cultura que produza pouca biomassa com outra que produza muita, para favorecer a reposição da matéria orgânica do solo (Amaro et al., 2007; Sediyama et al., 2014)

Quanto à utilização de microrganismos, que ajudam na manutenção e melhoria do solo-prática

comum entre agricultores- em ambas as culturas utilizam o Trichoderma (67% dos produtores de

tomate a totalidade dos produtores de uva). Além destes, no tomate ainda é utilizado o Bacilus. Sobre

o Trichoderma, Machado (2012) destaca o potencial para o controle de fitopatógenos e para a

promoção do crescimento vegetal.

Nas especificações sobre o solo, os produtores de tomate identificaram-no como fértil com grande capacidade de reter água, denominando a textura como argilosa e com relevo variando de 15° a 45° de inclinação. Exceto, quando cultivado em estufa. Já os produtores de uva observam que, muitos dos solos visualmente desejáveis para a expansão das áreas cultivadas possuíam uma camada orgânica rasa (baixo teor de matéria orgânica), sendo muitas vezes compostos com excesso de Fe (ferro) e Al (alumínio). Em função disso, realizam-se planejamentos e análises antes da implantação de novas áreas de cultivo, visando melhor desempenho das variedades.

Quanto aos itens considerados no pré-planejamento do plantio, os produtores de tomate destacaram como relevantes a época do plantio e a escolha do cultivar (ambos com 50%). Além destes, a escolha do local de plantio, o projeto de irrigação, a posição de plantio e o espaçamento entre as plantas também foram lembrados, cada um deles por 34% dos respondentes. Segundo Mueller e Wamser (2009) as maiores produtividades são obtidas com o menor espaçamento e a maior altura de desponta. Esta preocupação só foi observada em 34% dos entrevistados. Considerando a uva, novamente destaca-se a importância do espaçamento entre as plantas, de modo que, 50% dos produtores separam as videiras em 1,80m (entre-linhas) e 2,80m na linha, em razão de um planejamento realizado anterior ao plantio, preparando-se para colheitas com máquinas pesadas, tais como tratores e caminhões. Da mesma forma, referente a uva, espaçamentos entre linhas permite uma distribuição espacial das plantas mais eficaz, aumentando a eficiência na interceptação da luz. Outro grande efeito do espaçamento entre plantas e linhas é relacionada a qualidade de luz recebida pelas plantas (ARGENTA et al., 2001).

Por fim, os principais problemas apontados pelos agricultores em relação as suas respectivas culturas foram a necessidade de mão de obra qualificada para a colheita e as perdas devido ao fungo

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e pragas, as quais reduzem a quantidade e a qualidade da uva produzida, e em muitos casos podem inviabilizar a cultura. Garrido et al. (2004) relatam o aumento do número de casos e a morte de plantas nos últimos anos de forma acentuada.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os acadêmicos do curso de Agronomia tiveram a oportunidade de compreender e entender o processo de produção dos cultivos do tomate e da videira pelo relato de produtores rurais da região da Serra do Rio Grande do Sul.

Com base nas respostas obtidas, foi possível verificar as distintas formas de manejo e condução das culturas estudadas, onde uma parcela de produtores da Serra gaúcha fundamentados através de experiência empírica, utilizam práticas conservacionistas de uso do solo (ex: cobertura verde e rotação de culturas), como também de diferentes tratos culturais durante os estádios de desenvolvimento dos cultivos.

Este estudo ajudou ativamente na formação acadêmica de futuros engenheiros agrônomos, de maneira que pesquisas realizadas com atores do meio rural, legitimam através das ações realizadas por eles, o conhecimento teórico explorado na academia, que deste modo, justifique a importância deste estreitamento do estudante em formação, produtor rural e ambiente de produção agrícola.

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