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Estilo de vida dos estudantes do ensino superior

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Academic year: 2021

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Mestrado em Enfermagem Comunitária

Estilo de vida dos estudantes do ensino superior

Cláudio Roberto Caetano Marques

dezembro | 2017

Escola Superior

de Saúde

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Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

Estilo de vida dos estudantes do

ensino superior

Cláudio Roberto Caetano Marques

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1

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

Dissertação elaborada para obtenção de grau de Mestre em Enfermagem

Comunitária

Autor:

Cláudio Roberto Caetano Marques

Orientação:

Professora Doutora Ermelinda Maria Bernardo Gonçalves Marques

Guarda, 2017

Estilo de vida dos estudantes do

ensino superior

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2

"Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco; à medida

que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a dúvida."

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3

SIGLAS

CIE – Conselho Internacional de Enfermeiros

DGES – Direção Geral do Ensino Superior

DGS – Direção Geral da Saúde

EEM – Escala de Equivalência Modificada IMC – Índice de Massa Corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística

OCDE – Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico

OE – Ordem dos Enfermeiros

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPSS – Observatório Português dos Sistemas da Saúde

PNS – Plano Nacional de Saúde

UEPS – Universidades e Escolas Promotoras de Saúde

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4 Dedicatória

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5

Agradecimentos

À orientadora deste trabalho académico, Professora Doutora Ermelinda Marques, pela inteira disponibilidade sempre demonstrada e por aceitar tal compromisso, pela sua paciência, partilha do seu saber, pelos sábios conselhos e imprescindíveis sugestões.

Aos estudantes que participaram neste estudo, respondendo ao questionário online aplicado. Sem eles não seria possível realizar o presente estudo.

Agradeço à minha esposa, pais e restante família pelo apoio, ajuda e motivação que me deram, eles que tantas vezes foram preteridos face este árduo percurso académico.

(8)

6 INDICE DE FIGURAS

Página

Figura 1 – Principais determinantes de saúde, modelo “Arco-íris de Dahlgren &

(9)

7

INDICE DE GRÁFICOS

Página

(10)

8 INDICE DE QUADROS

Página

Quadro 1 - Caraterização dos estudantes por escola ………..………. 47

Quadro 2 - Domínios avaliados com o questionário “Estilo de Vida Fantástico” …...…... 51

Quadro 3 - Consistência interna dos domínios e do global do questionário “Estilo de

Vida Fantástico” …..………..……….. 52

Quadro 4 - Caraterísticas sociodemográficas dos elementos da amostra …………...…..…. 59

Quadro 5 - Caraterísticas académicas dos elementos da amostra ………..………. 61

Quadro 6 - Caraterização dos estudantes segundo classificação de IMC …..………..……... 62

Quadro 7 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Família e

Amigos, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ……….….….... 63

Quadro 8 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Atividade

física/Associativismo, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ….………..…. 64

Quadro 9 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Nutrição,

do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ………...………. 66

Quadro 10 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Tabaco,

do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ….………..…....………. 67

Quadro 11 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Álcool e

drogas, avaliado com o questionário “Estilo de Vida Fantástico”….………...…… 69

Quadro 12 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Sono e

Stresse, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” …………..………...…….………. 70

Quadro 13 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito do domínio Trabalho e

Personalidade, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ………....…… 71

Quadro 14 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito da Introspeção, avaliado

com o questionário “Estilo de Vida Fantástico” ………..……….……...……. 72

Quadro 15 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito dos Comportamentos

de saúde e de vida sexual, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ...………... 73

Quadro 16 - Caraterização dos elementos da amostra no âmbito dos Outros

Comportamentos, do questionário “Estilo de Vida Fantástico” ……….….. 74

Quadro 17 - Correlação do estilo de vida com a idade ………...……… 76

Quadro 18 - Comparação do estilo de vida em função do sexo …...….……..…….………... 77

Quadro 19 - Comparação do estilo de vida em função do estado civil ………..…. 78

Quadro 20 - Correlação do estilo de vida com a distância a que se encontra de casa …....… 79

Quadro 21 - Comparação do estilo de vida em função da coabitação durante o tempo

(11)

9

Quadro 22 - Correlação do estilo de vida com o rendimento equivalente mensal do

agregado familiar ………...………...……... 80

Quadro 23 - Correlação do estilo de vida com o índice de massa corporal ………..…..…… 81

Quadro 24 - Comparação do estilo de vida em função do curso frequentado ……… 82

Quadro 25 - Comparação do estilo de vida em função da área de formação ……….…....…. 83

(12)

10 RESUMO

O estilo de vida é o principal causador de doenças crónicas não transmissíveis, consideradas como a epidemia do século XXI, associado a fatores de risco intrínsecos. Apresenta grande impacto na morbilidade, bem-estar, qualidade de vida e mortalidade.

O ingresso no ensino superior é umas das etapas académicas mais importantes para os estudantes. Esta etapa obriga a maiores responsabilidades, stresse, métodos de estudo diferentes, gestão do tempo, festas académicas, entre outros. O conhecimento do estilo de vida destes estudantes permite uma intervenção mais dirigida, para a promoção da saúde e prevenção da doença

Este estudo tem como objetivos: caraterizar o estilo de vida dos estudantes do ensino superior; identificar o perfil do estilo de vida dos estudantes do ensino superior; identificar e analisar os fatores determinantes do estilo de vida dos estudantes do ensino superior. É um estudo do tipo não experimental, quantitativo, descritivo/correlacional e transversal, realizado numa amostra não probabilística, por acessibilidade. Para caraterizar o estilo de vida dos estudantes, utilizou-se como instrumento de colheita de dados o questionário “Estilo de Vida Fantástico”, adaptado e validado para a população portuguesa por Amado, Brito e Silva (2014).

A amostra é constituída por 479 estudantes matriculados numa Instituição de Ensino Superior do Interior de Portugal no ano letivo 2016/2017, com média de idade 22.80±6.18 anos, 69,3% do sexo feminino e 30.7% do sexo masculino.

Concluiu-se que os estudantes apresentam melhores resultados ao nível dos domínios Família e Amigos; Introspeção; Comportamentos de saúde e vida sexual; e Outros comportamentos.

No global do questionário “Estilo de Vida Fantástico” obtivemos resultados iguais ou superiores a 86.00 pontos para mais de metade dos estudantes (50,3%), podendo classificar o estilo de vida do estudante desta instituição como “Muito Bom”.

Os estudantes com melhor estilo de vida são os mais novos; pertencentes ao sexo feminino; casados ou em união de facto; que não mudaram de residência para frequentar o ensino superior; que coabitam com colegas, família, amigos ou namorada(o); pertencentes a agregados familiares com maiores rendimentos familiares; que frequentam o curso de mestrado; que frequentam cursos na área da saúde, desporto e educação/comunicação; do 1º e 3º ano; e que apresentam valor de IMC normal.

Os resultados revelam a necessidade de um maior investimento na prevenção e sensibilização desta comunidade académica para a adoção de um estilo de vida saudável, principalmente ao nível da prática de atividade física e nutrição.

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ABSTRACT

Lifestyle is the primary factor for chronic non-transmissible diseases, known as the XXI century epidemic associated to intrinsic risk factors. It shows a great impact in morbidity, well-being, health quality and mortality.

The admission to the university is one of most important academic steps to students. This step turns into an environment that, oblige to more responsibility, stress, different study methods, time management, academic parties and more. The knowledge of this student’s lifestyle allows a more through intervention and therefore contributes to healthy lifestyles adoption.

The goals of the present study are: characterize the lifestyle of higher education students; identify the lifestyle profile; identify and analyse the determinant factors of the higher education student’s lifestyle. It is a non-experimental study, quantitative, descriptive/correlational and transversal, realized in non-probabilistic sample, for accessibility. To characterize the students lifestyle, was used as a collect instrument of dados the survey “Estilo de Vida Fantástico”, adapted and validated for the Portuguese population by Amado, Brito e Silva (2014).

The sample is composed by 479 students enrolled in a higher education institution in Portugal in the school year 2016/2017, with a media of age’s 22.80±6.18 years, 69.3% females and 30.7% males.

It was concluded that the students present a better life style at the level of the domains Família e Amigos; Introspeção; Comportamentos de saúde e vida sexual; e Outros comportamentos.

In the global of the survey “Estilo de Vida Fantástico”, we obtained equal or superior result to 86.00 points for more than half students (50.3%), being able to classify with a Very Good life style the students of this institution.

The younger students are the ones with a better lifestyle; from the female sex; married or in civil union; that didn’t change residence to attend college; that home share with colleagues, family, friends or boyfriend/girlfriend; ones belonging to higher income family’s; ones attending to the master´s degree course; ones attending to courses in the heath, sport and education/communication area; of 1º and 3º year; and present a normal IMC value.

Results show the need of a bigger investment in prevention and awareness of this academic community for the adoption of a healthy lifestyle, mostly at the level of physical activity practice and nutrition.

(14)

12 ÍNDICE

Página

INTRODUÇÃO ……… 14

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1. PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE ………..…...……..……… 20

1.1 ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE ………..…………..….…. 22

1.2 DETERMINANTES DA SAÚDE E ESTILO DE VIDA ………....………..……. 24

1.3 ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR E ESTILO DE VIDA …..………..……. 32

2. A INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE ……..……. 34

2.1 O CONTRIBUTO DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA ……….. 37

PARTE II - ESTUDO EMPÍRICO 3. METODOLOGIA ………. 44

3.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ………..…….……… 45

3.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ………...……….……. 46

3.3 TIPO DE ESTUDO ………..……….…….. 46

3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA ………..………..………..……… 47

3.5 VARIÁVEIS E A SUA OPERACIONALIZAÇÃO ..………..……….……….. 48

3.6 INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS ………..………….………. 49

3.7 CONSISTÊNCIA INTERNA DO QUESTIONÁRIO………...………….………. 52

3.8 TRATAMENTO ESTATISTICO DOS DADOS ………..……….……… 53

3.9 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ………..………..………. 53

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ……….………..……... 56

CONCLUSÕES ………..………..………. 86

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13

APÊNDICES

Apêndice A – Instrumento de recolha de dados ……… 100

Apêndice B - Pedido e autorização para aplicação do questionário “Estilo de Vida

Fantástico”………..……... 110

Apêndice C - Pedido de autorização para aplicação dos Instrumentos de Recolha de

Dados ……….………... 112

ANEXOS

Anexo A - Questionário “Estilo de Vida Fantástico” ………... 116

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14 INTRODUÇÃO

Uma vida com saúde é o desejo comum a qualquer pessoa. Sem saúde, a vida assume grandes alterações e indiretamente modifica também a dos que a rodeiam. A melhor forma para a pessoa se sentir saudável no futuro, é adotar comportamentos saudáveis no presente, e nada melhor que seguir essa filosofia desde jovem. Felizmente, as pessoas começam a perceber que ter uma vida com saúde é muito mais do que não estar doente.

A saúde é um dos principais fatores responsáveis pela qualidade de vida da pessoa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define, na Carta de Ottawa a 21 Novembro de 1986, saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS, 1986).

O Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016 apresenta um conceito de saúde sistémico e holístico, segundo o qual “saúde é um estado dinâmico de bem-estar caraterizado pelo potencial físico, mental e social que satisfaz as necessidades vitais de acordo com a idade, cultura e responsabilidade pessoal” (PNS 2013:26).

Segundo a WHO (2017b), a maioria dos jovens tem um bom nível de saúde, mas a mortalidade e morbilidade entre os mesmos apresenta valores considerados elevados. Para a mesma organização (2014), são considerados como principais determinantes de saúde para o jovem: hábitos alimentares; consumo de álcool, tabaco ou outras drogas; relações sexuais desprotegidas; vida sedentária e falta de exercício físico.

A OMS (2014) refere que os determinantes de saúde são os principais causadores de doenças desde o início da vida até à velhice, podendo afetar a capacidade dos adolescentes e jovens para um crescimento e desenvolvimento saudável. Sendo assim, álcool ou tabaco, falta de atividade física, sexo desprotegido e/ou exposição à violência colocam em perigo não só a saúde do jovem na atualidade, mas também a sua saúde no futuro.

A promoção de práticas saudáveis durante a adolescência e tomar medidas para proteger melhor os jovens contra os riscos que afetam a saúde, é fundamental para a prevenção de problemas de saúde na vida adulta e desenvolvimento social dos países.

O Observatório Português dos Sistemas da Saúde (OPSS, 2012 s.p.), menciona que “as causas de mortalidade mais relevantes em Portugal apresentam como principais determinantes, comportamentos como, o consumo de tabaco, o abuso do álcool, dietas pouco saudáveis, a condução rodoviária de risco, toxicodependência, e inatividade física.” Estes comportamentos podem justificar-se por condições ambientais pouco favoráveis, baixo nível socioeconómico e dificuldade de acesso a serviços de saúde adequados.

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15

Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS, 2015a) os estilos de vida são na atualidade, os principais causadores de doenças crónicas não transmissíveis, associados aos fatores de risco inerentes. Os estilos de vida causam grande impacto na morbilidade, bem-estar, qualidade de vida, mortalidade e são os principais responsáveis pelas doenças crónicas.

Os comportamentos pouco saudáveis têm sido classificados como uma categoria de determinantes da saúde, sendo o estilo de Vida (alimentação, atividade física, tabagismo, álcool, drogas, comportamento sexual, sono e stresse) considerado um dos mais importantes. A WHO (2013), refere que o estilo de vida é uma forma de viver de acordo com comportamentos adquiridos, os quais são determinados pela interação das caraterísticas pessoais com a sociedade, condições socioeconómicas e o ambiente. A mesma organização acrescenta que, os estilos de vida são os principais causadores de doenças cronicas não transmissíveis. Os hábitos sedentários acompanhados de dietas desequilibradas e hipercalóricas, o consumo de tabaco, álcool e outras drogas, o número reduzido de horas de sono, o stresse, e atividade sexual de risco, são considerados comportamentos de risco que se traduzem num estilo de vida não saudável.

Os jovens constituem o principal grupo de risco nas comunidades no que diz respeito à adoção de um estilo de vida pouco saudável, tornando-se estes, a curto ou longo prazo, mais propícios à doença.

A adoção de um estilo de vida saudável ao longo da vida, assume-se como um factor determinante da saúde. Para Santos (2011), o jovem deve ser alvo de maior atenção, uma vez que é nesta fase da vida que se adquirem hábitos comportamentais fortes e provavelmente se mantêm durante a vida. A vida do jovem que frequenta o ensino superior, é mais suscetível de sofrer alterações no que diz respeito a comportamentos e hábitos saudáveis, pois o facto de estudar longe de casa, não ter a orientação dos seus familiares, o stresse da adaptação à nova vida, a responsabilidade que lhe é exigida, uma dieta inadequada, a falta de exercício físico, as poucas horas de sono, as saídas à noite que levam a comportamentos de consumo de álcool, tabaco, drogas e comportamento sexual de risco, modificam o estudante universitário e o seu estilo de vida.

A temática escolhida para este estudo foi “Estilo de vida dos estudantes do ensino

superior”. Este tema surge por ser uma questão atual e cada vez mais problemática e pertinente,

pois conforme aponta Matos (2006), aspetos como, a atividade física, o tabagismo, o alcoolismo, a alimentação e o stresse, levam a um estilo de vida mais ou menos saudável e que, não havendo prevenção, poderão tornar-se fatores de risco de doença, que são hoje em dia considerados os principais causadores de doenças crónicas não transmissíveis, o que coloca em causa a vida pessoal, familiar, social e académica.

Neste sentido, nesta investigação procurámos analisar o estilo de vida dos estudantes do ensino superior. Desenvolveu-se um estudo do tipo não experimental, descritivo,

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16

quantitativo/correlativo e transversal, que pretende responder à seguinte questão de investigação:

“Qual o estilo de vida dos estudantes do ensino superior?”

Para avaliar o estilo de vida, utilizámos instrumentos adaptados e validados para a população portuguesa, nomeadamente o questionário “Estilo de vida fantástico” de Amado, Brito e Silva (2014). Integram a amostra, estudantes de um Instituto Politécnico do Interior do país, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, e o questionário foi preenchido via online.

Nesta perspetiva, os principais objetivos desta investigação são: - Caraterizar o estilo de vida dos estudantes do ensino superior;

- Identificar o perfil do estilo de vida dos estudantes do ensino superior;

- Identificar e analisar os fatores determinantes do estilo de vida dos estudantes do ensino superior. Considera-se que a temática é de interesse para a enfermagem, nomeadamente, na área da enfermagem comunitária, uma vez que as instituições de ensino representam um papel fundamental na sociedade e na formação pessoal/profissional. Conhecendo o perfil dos estudantes do ensino superior, no que diz respeito a áreas como a saúde e bem-estar, práticas desportivas e de lazer, alimentação, sono, stresse, consumos de substâncias e comportamento sexual, poderá contribuir de forma positiva para a prática de enfermagem.

A primeira parte deste trabalho é composta por elementos teóricos relevantes para a temática onde abordamos a promoção e educação para a saúde; os determinantes de saúde e estilos de vida; fazemos uma breve referência ao ingresso e vida do estudante do ensino superior; e, por fim, a intervenção do enfermeiro na adoção de estilos de vida saudáveis.

No que respeita à informação recolhida, as principais fontes bibliográficas utilizadas tiveram origem em documentos oficiais de organizações internacionais e nacionais, como a OMS, a DGS, a entidade reguladora do exercício em enfermagem - Ordem dos Enfermeiros (OE), bem como estudos e artigos científicos relacionados com a temática em investigação, publicados em revistas científicas e existentes em bases de dados como a Scielo, e os Repositórios Científicos de Acesso livre existentes em Portugal.

Na segunda parte apresentamos o estudo empírico, onde descrevemos a fase metodológica, apresentamos os dados obtidos, realçamos os resultados com valor estatístico, procedemos à análise e discussão dos mesmos, e as conclusões do trabalho.

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18 PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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1. PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

O conceito de Promoção e de Educação para a Saúde, são frequentemente confundidos como sendo o mesmo, o que na realidade não acontece. Para Redman (2003), estes dois conceitos têm sido desenvolvidos com a conceção de saúde, através de declarações universais e de regulamentos do exercício profissional, onde a sua prática obriga a que os profissionais sejam detentores de conhecimentos e competências nesta área.

A Carta de Ottawa defende que a saúde é o maior recurso de desenvolvimento pessoal, social e económico, e representa a maior perceção de qualidade de vida pelas pessoas. Os fatores políticos, económicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos devem ser considerados e destacados, visto que influenciam a saúde das pessoas e comunidades (OMS, 2009).

A perspetiva atual de saúde está direcionada para a promoção e proteção da saúde das pessoas e populações. Porém, esta conceção só foi desenvolvida pelo pensamento científico moderno. Após a época do Renascimento ocorreram transformações sociais e económicas, que aumentaram o interesse pelo processo saúde-doença e o investimento no tratamento e na prevenção das doenças, levando à proteção e promoção da saúde da pessoa e das comunidades (Ribeiro, 2007).

Na atualidade existe um recurso, um pouco abusivo, aos termos saúde e promoção da saúde. Recentemente a WHO (2009), define saúde como um estado dinâmico de bem-estar físico, mental, emocional/afetivo, social e espiritual, que permite à pessoa responder às exigências da mudança da vida que se encontra em permanente interação com os outros e com tudo o que a rodeia, dependendo de fatores intrínsecos à própria pessoa, e principalmente de condições ambientais e sociais. A esta definição, acredita-se que serão acrescentadas a dimensão sexual e ambiental (Estacio et al, 2011). Apresenta-se assim, uma visão holística da saúde como sendo um processo “tendo em conta as várias dimensões do ser humano, físicas, psíquicas, sociais, económicas, ambientais e culturais” (Antunes, 2008: 53).

A promoção da saúde é o meio de alcançar e manter a mesma. Segundo a WHO (2009),

é o processo pelo qual se capacita as pessoas para desenvolverem competências e atitudes que lhes permita o controlo dos fatores determinantes da saúde, e assim melhorarem ou manterem a saúde. A promoção da saúde capacita as pessoas/comunidades para realizarem escolhas saudáveis, ou seja, a pessoa assume um papel ativo neste processo, desempenhando a função de agente de mudança e sendo responsável pelas suas escolhas menos saudáveis com alterações na sua saúde ou bem-estar (Ghebrehiwet, 2009). A promoção da saúde permite que a pessoa, os grupos, as comunidades e as organizações, influenciem os fatores determinantes da saúde. Desta

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21

forma, a saúde é entendida como passível de se controlar e melhorar, dependendo da intervenção de cada pessoa e da comunidade.

Viver com saúde implica aprendizagem, sendo necessário capacitar as pessoas de informação para que estas, através das suas capacidades, consigam evitar, controlar e melhorar a saúde. Segundo Antunes (2008:48) “a saúde é um requisito fundamental para a aprendizagem e promoção do processo educativo. A educação e a saúde são pilares fundamentais do bem-estar individual e comunitário imprescindível ao desenvolvimento”.

A educação para a saúde assume uma importante função na promoção da saúde e na prevenção da doença, a mesma é necessária para a mudança de comportamentos tendo em vista um estilo de vida saudável. Para Antunes (2008), a educação para a saúde implica motivar as pessoas para que estas sejam capazes de adotarem, de forma livre e responsável, atitudes e comportamentos caraterísticos de um estilo de vida saudável.

A WHO (2013), refere que a Educação para a Saúde é um conjunto de informações que podem ser transmitidas de variadas formas, e que motivam as pessoas a desejar um melhor nível de saúde. A informação que lhes é transmitida deverá ser adquirida em forma de conhecimento, o que permitirá à pessoa e à comunidade decidir de forma responsável, para melhorar ou conservar a saúde e recorrer a ajuda se necessário.

A preservação da saúde das pessoas e dos diferentes grupos que integram a sociedade, representa uma tarefa essencial para o bem-estar e o desenvolvimento das populações. A intervenção neste domínio implica melhorar, cada vez mais, os dispositivos de educação, prevenção e proteção que contribuem para a obtenção de ganhos em saúde, em cada pessoa e na comunidade. Para que tal seja possível, é necessário conhecer os determinantes da saúde dentro do contexto biopsicossocial, ambiental, económico, cultural e as interações que se estabelecem entre si.

As diferenças no que diz respeito à saúde da pessoa, podem ser identificadas quando se procede à comparação entre pessoas, comunidades e/ou grupos de pessoas que ocupam posições extremas na hierarquia social. Pouco se tem investido na diminuição das desigualdades em saúde e educação. Conhecer as caraterísticas individuais da pessoa não é suficiente, é necessário que as políticas de saúde, os modelos de intervenção e os prestadores de cuidados (principalmente os Enfermeiros), coloquem em prática a sua ação. As práticas educativas em contexto de socialização em ambiente escolar surgem, assim, com máxima prioridade (Fernandes 2015).

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1.1- ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE

É no início dos anos 90 que o Programa Nacional de Saúde Escolar aborda a saúde associada às escolas, surgindo o conceito de Saúde Escolar. Desde esse momento que existe a preocupação em adequar as necessidades de saúde com a educação na escola, implementando-se vários projetos com o objetivo de criar escolas promotoras de saúde. Projetos e programas como Projeto Viva a Escola, Programa de Promoção e Educação para a Saúde, adesão à Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde, são apenas alguns exemplos do que foi feito em Portugal para promover a saúde nos estabelecimentos de ensino. Em 2004, os Ministérios da Educação e da Saúde formalizaram uma parceria, visando a colaboração ativa entre as escolas e os centros de saúde e a divisão de responsabilidades na promoção da saúde da comunidade escolar (Amann, 2007).

O Ministério da Educação (2006), implementa o despacho n.º 15 987/2006, onde define as quatro Áreas Prioritárias de Intervenção em Educação e Promoção para a Saúde em contexto escolar. Áreas como a sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis, a alimentação e atividade física, o consumo de tabaco, álcool e outras drogas, e a violência em meio escolar, passam a ser a prioridade em saúde no contexto escolar, e têm como objetivo facilitar o acesso à informação e à formação no âmbito da saúde.

Segundo Faria e Freitas (2000:67), a importância da educação e promoção da saúde deve ser feita em ambiente escolar, pois “a escola é um lugar privilegiado onde (…) jovens vivem grande parte do seu tempo e fazem aprendizagem em diversos domínios”, nesta fase as atitudes e os comportamentos condicionam a saúde no futuro. A necessidade de prevenir situações de risco e a criação de condições ambientais favoráveis de saúde e de bem-estar é fundamental para o desenvolvimento de comportamentos positivos, de autoestima, de autoimagem e de autorresponsabilização pela saúde. A escola deve ser um espaço de educação e promoção de saúde.

São várias as mudanças ocorridas nos sistemas de saúde e de educação ao longo dos anos, com vista a melhorar a Saúde Escolar e avaliar o seu verdadeiro impacto na saúde dos jovens, mantendo a confiança na escola como a grande promotora de saúde (Amann, 2007).

As Universidades e Escolas Promotoras de Saúde (UEPS), constituem exemplos de projetos de ambientes favoráveis à saúde da autoria da OMS, inspirados na Carta de Ottawa para a promoção da saúde, que têm gerado movimentos globais. Desde 1995, ano em que a University of Central Lancashire se tornava pioneira na implementação da abordagem holística da promoção da saúde ao abrigo do projeto UEPS, o número de instituições de ensino superior espalhadas pelo mundo que aderiu ao projeto não parou de crescer (Dooris, 2010). Portugal, com as suas escolas, não tem ficado indiferente a este movimento de promoção de saúde em meio académico,

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apresentando, como já foi referido, inúmeras iniciativas que visam contribuir para o bem-estar e saúde dos seus estudantes, desenvolvendo o seu trabalho em conjunto com a congénere europeia que integra.

A nível internacional, ao longo dos últimos anos o projeto das UEPS tem sido desenvolvido e aplicado em diversas instituições de ensino superior. Colômbia, Chile e Inglaterra assumem-se como protagonistas, realizando várias publicações e encontros científicos, o mais recente em 2015 – “International Conference on Health Promoting Universities and Coleges: 10

years after the Edmonton charter”, convertendo-se num movimento global em crescimento, onde a intensa partilha de conhecimentos e experiências entre instituições resultam em dados e factos importantes para os que a ele pertencem, mas também para os que têm interesse em pertencer e aderir ao mesmo (Heraud, 2013).

A abordagem da promoção da saúde subjacente às UEPS, segundo Dooris (2010), é muito mais do que um conjunto de intervenções na mudança de comportamentos da população estudantil, é antes a procura da saúde do estudante tendo em conta o contexto académico, social, cultural e individual. As UEPS devem criar ambientes físicos e sociais saudáveis e sustentáveis. O mesmo autor, acrescenta que um projeto UEPS para se consolidar e ganhar dimensão, é necessário que reitores e presidentes das instituições de ensino superior assumam a responsabilidade de ir criando uma cultura favorecedora da saúde e bem-estar dentro da instituição.

As UEPS defendem que é de máxima importância e necessidade travar as tendências comportamentais de risco que os estudantes apresentam ou possam vir a apresentar logo desde os primeiros tempos de exposição académica. Desta forma, as instituições de ensino superior devem assegurar aos estudantes, para além de uma formação de qualidade, o direito a um ambiente facilitador de escolhas mais saudáveis (Costa et al, 2010).

As instituições de ensino superior devem influenciar positivamente a saúde e a vida dos seus estudantes, promovendo a saúde, o que segundo Dooris (2010), criará uma responsabilidade de saúde individual em cada estudante, contribuindo para a defesa da saúde global a longo prazo. Em Portugal, existe uma grande disparidade entre instituições de ensino superior relativamente à aproximação aos ideais do projeto UEPS. Se há instituições já com tradição em ações múltiplas de promoção da saúde, com melhoria das suas infraestruturas, realização de campanhas de sensibilização e desenvolvimento de projetos de investigação, existem outras que se limitam a facilitar o acesso aos cuidados de saúde, autorizando ações/intervenções dos cuidados de saúde primários e das escolas de saúde (principalmente escolas de enfermagem). Para Costa et al (2010), às UEPS portuguesas falta uniformização, articulação e inovação, para investimento na promoção da saúde no contexto do ensino superior. É necessário mais vontade por parte dos reitores e presidentes das instituições para a criação de um ambiente universitário promotor de saúde. Os

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mesmos autores salientam ainda que, seria desafiante as instituições de ensino superior familiarizarem-se com o ideal das UEPS, e a sua abordagem holística, incorporando a mesma com a participação de todos em planos de trabalho para ações que promovam a saúde.

Brito (2009), docente e uma das principais figuras na promoção da saúde no seio académico de Coimbra considera, que o projeto das UEPS tem sido apontado a nível internacional, como uma importante estratégia na promoção da saúde pública, com retornos muito positivos. Projetos como o “Antes que te Queimes”, aplicado durante as festas académicas, especificamente a queima das fitas de Coimbra, são exemplo do que se pode realizar ao nível da promoção da saúde no ensino superior. Em Portugal nas instituições de ensino superior este movimento encontra-se lentamente em expansão, surgindo inúmeras iniciativas de promoção da saúde em ambiente académico, são disso exemplo projetos como: residências universitárias com adequadas condições de habitabilidade e de estudo (Residência Universitária Professor Doutor Lloyd Braga da Universidade do Minho); cantinas universitárias que apresentam uma oferta de dietas variadas, equilibradas e saudáveis (Universidade de Coimbra); espaços devidamente equipados para a prática de atividade física e desportiva (Centro de Desporto da Universidade do Porto); e a prestação de cuidados de saúde primários (Serviços de Saúde do Instituto Superior Técnico).

Castanheira (2012) acrescenta que, num período profundamente marcado por cortes financeiros e pelas implicações que os mesmos causam, torna-se pertinente apostar num projeto nacional, que permita a melhoria dos indicadores de saúde e bem-estar, e que se consiga refletir na redução dos custos com a saúde pública.

1.2- DETERMINANTES DA SAÚDE E ESTILO DE VIDA

O conceito de determinante da saúde foi desenvolvido no Canadá no âmbito da doença cardíaca, pelo Departamento de Saúde de Toronto, e é hoje o modelo utilizado pela OMS. Segundo Laverack (2008), este modelo considera como determinantes da saúde, os fatores de risco (baixo nível social, atividade profissional perigosa, ambiente poluído, discriminação, individualismo e a competitividade, entre outras causas); os fatores fisiológicos (hipertensão, hipercolesterolémia, ansiedade…); os fatores comportamentais (alimentação pouco saudável, sedentarismo, consumo de tabaco, álcool e drogas) e os fatores psicossociais (isolamento, baixa autoestima, ausência de motivação e determinação e fraco poder de perceção).

Lalonde em 1974, ministro da saúde no Canadá, apresentou o modelo sobre determinantes de saúde que ainda hoje representa plena importância para a Saúde Pública (Sanmartí, 1985).

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Lalonde (1974), defende que o sistema de saúde é apenas uma das formas de manter e melhorar a saúde, e para as ameaças ambientais e comportamentais à saúde, o sistema de saúde pouco mais pode fazer do que servir como malha recetora das vítimas.

O modelo de Lalonde é composto por quatro fatores que interferem na promoção da saúde, entre os quais:

- A biologia humana: património genético e envelhecimento; - Os estilos de vida: comportamentos saudáveis;

- O meio ambiente: qualidade do ambiente físico e do meio social; - O sistema de saúde: meios disponíveis e acessibilidade aos mesmos.

Lalonde defende que quanto mais elevado for o nível social de uma pessoa, mais condições apresenta para saúde e bem-estar. Laverack (2008), confirma isso mesmo quando refere que nos dias de hoje morrem mais pessoas de classe social baixa, do que pessoas de classe social alta. Relativamente aos fatores psicossociais, Lalonde (1974) sustenta que os estados cognitivos e emocionais de cada pessoa, são manifestações próprias aos fatores de risco que a pessoa está exposta, esta condição leva a que a pessoa apresente comportamentos saudáveis ou não.

Potter & Perry (2006), argumentam que os fatores que levam à compreensão de um estado completo de bem-estar físico, mental e social não são da responsabilidade apenas da área da saúde, mas também, do meio social onde a pessoa se encontra inserida. O conceito de saúde da pessoa é multidimensional e dinâmico, sendo a sua caraterização feita a partir de diversas informações detalhadas de diferentes aspetos da sua vida. Cada um desses aspetos pode ser avaliado/analisado de forma individual porém, tal método torna-se ineficaz quando analisados em separado, uma vez que se perde a análise holística que descreve o estado de saúde individual.

Vários modelos têm tentado representar de forma gráfica a interação entre os fatores determinantes da saúde. Um dos modelos mais conhecidos que procura esquematizar a relação entre os diversos determinantes é o “Arco-íris de Dahlgren e Whitehead” (Figura 1, pag. 26). Este modelo dispõe os determinantes em camadas, demonstrando que todos os fatores interagem na saúde da pessoa, fazendo sentido apenas programas que intervêm de modo articulado e organizado no maior número de fatores possíveis, reforçando a ideia de uma abordagem holística na saúde (Loureiro & Miranda, 2010).

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Figura 1 – Principais determinantes de saúde, modelo “arco-íris” de Dahlgren & Whitehead

Fonte: Balanda, K. (2011). Public health across the life course time: time to renew the debate? Acedido em 06-06-2017, em Institute of Public Health: http://www.publichealth.ie/blog/2011-10-04/public-health-across-life-course-time-time-enew-debate

Os Determinantes de Saúde segundo Branquinho (2000), são categorizados por fatores: biológicos (idade, sexo e fatores genéticos); estilo de vida (fumar, exercício físico, nutrição); ambientais e condições de vida (alojamento, água, esgotos, condições de trabalho); sociais (emprego, nível socioeconómico, apoio e rede social de contactos); sistemas de saúde (políticas de saúde, serviços de saúde, acessibilidade aos cuidados de saúde).

Francisco George (2004), enquanto diretor geral da DGS, considera que os determinantes de saúde são todos os fatores de risco que influenciam a nível individual, familiar ou da comunidade a ocorrência de problemas de saúde. Segundo a DGS (2003) os determinantes da saúde são influenciados por fatores individuais (genéticos, biológicos e psicológicos); ambientais; económicos; sociais e culturais. A criação e implementação de programas centrados em ambientes específicos, como escolas e locais de trabalho, condições ambientais, organizacionais e sociais mais favoráveis à saúde, deverá ser uma prioridade para a capacitação das pessoas, promovendo dessa forma a adoção de estilos de vida saudáveis.

Para uma melhor compreensão dos determinantes de saúde, Francisco George defende que, os determinantes de saúde são frequentemente agrupados em várias categorias: sociais e económicos (pobreza, emprego, exclusão social, etc), fixos ou biológicos (idade, género, etc), ambientais (habitat, qualidade do ar, qualidade da água, etc), estilos de vida (dieta, tabagismo, etc) e acesso aos serviços (educação, serviços sociais, etc). Sendo compreensível a influência de todos os determinantes no estado de saúde da pessoa e comunidade, torna-se menos fácil definir com clareza qual o peso específico de cada um deles (George, 2011).

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Controlar os fatores determinantes da saúde mencionados, é um desafio de larga escala para a saúde pública, pois os comportamentos de saúde são um dos principais alvos da promoção e educação para a saúde, sendo necessário uma perspetiva multidisciplinar, não esquecendo nenhum dos determinantes (OMS, 2004).

A saúde está intimamente relacionada com comportamentos e estilo de vida. Como referido anteriormente, os comportamentos e o estilo de vida são importantes condicionantes/ determinantes para o processo de saúde/doença, incapacidade e diminuição da esperança média de vida.

Em meados dos anos sessenta, Alameda County apresentou pela primeira vez os principais hábitos saudáveis atribuindo a designação “Os sete da Saúde”. Estes hábitos foram resultado de uma investigação realizada no Estado da Califórnia, e é considerado como pioneiro no campo da educação para a saúde, sendo um importante passo para a promoção da saúde, (Housman & Dorman, 2005). Os sete da saúde definidos por County são: 1- dormir 7 a 8 horas por dia; 2- manter um peso adequado; 3- uma alimentação equilibrada e variada; 4- praticar exercício físico; 5- consumir álcool de forma moderada; 6- nunca ter fumado; 7- nunca ter consumido substâncias ilícitas.

Sands & Wilson (2003), afirmam que os estilos de vida são o resultado da exposição aos fatores de risco, que levam a comportamentos permanentes e difíceis de alterar. Um estilo de vida saudável deve ser procurado todos os dias com motivação, de forma a alcançar ou manter bons níveis de saúde. Para os autores supra citados, o estilo de vida é o resultado de escolhas feitas de forma consciente, sendo a autorresponsabilização um passo importante para a aceitação e mudança de comportamentos.

SegundoRoales (2003), os estilos de vida são o alvo principal na intervenção da educação para a saúde, pois as soluções para os problemas de saúde atuais estão condicionadas aquilo que a pessoa faz por si, estando informada e consciente das consequências dos seus comportamentos. O mesmo autor acrescenta que, a manutenção da saúde depende do estilo de vida adotado pela pessoa, sendo definido pela relação entre hábitos adquiridos ao longo da vida e os comportamentos de risco.

A evidência atual sobre a relação entre estilo de vida e as principais problemáticas de saúde mundial é ampla, o que representa o aumento do número de comportamentos de risco e seus impactos sobre a saúde da população (Rafael et al, 2016). Os estilos de vida englobam um amplo conjunto de hábitos, como são a alimentação, a sexualidade, tempo de lazer, a atividade física, o consumo de substâncias ilícitas, o seguimento de recomendações médicas, as horas de sono e o stresse.

Silva et al (2012) reforça o que já foi referido, afirmando que o estilo de vida da pessoa representa um conjunto de determinantes de saúde da comunidade. No que diz respeito à temática

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desta investigação, os autores referem que apesar de toda a informação disponível e acessível aos jovens, estudos realizados revelam que os estudantes do ensino superior têm cada vez mais comportamentos de risco, e um estilo de vida diferente do que se considera saudável.

O estilo de vida apresenta grande impacto da morbilidade, bem-estar, qualidade de vida, mortalidade e é o principal responsável pelas doenças crónicas. De entre os determinantes de saúde, o estilo de vida saudável ocupa um lugar relevante, pela facilidade que apresenta na obtenção de ganhos em saúde.

Os determinantes de saúde, segundo George (2004) relacionados com os estilos de vida são os seguintes:

 Consumo de Alimentos;  Atividade Física;

 Consumo de substâncias psicoativas (bebidas alcoólicas, tabaco, drogas e alucinogénios);

 Horas de sono;

 Comportamentos sexuais;  Má gestão do stresse.

As Doenças Crónicas não Transmissíveis originadas pelos determinantes referidos anteriormente, quando estes prevalecem de forma muito elevada são as doenças cardiovasculares, diabetes, neoplasias, doenças respiratórias, obesidade e doenças osteoarticulares.

Uma vez que existe evidência sobre as relações causa-efeito dos fatores de risco e das doenças crónicas referidas anteriormente, é necessário desenvolver estratégias de prevenção para evitar um cenário mais complicado no futuro. A prevenção e o controlo daqueles fatores de risco são essenciais para contrariar a atual tendência crescente das doenças crónicas não transmissíveis (George, 2011).

Consumo de Alimentos

A alimentação é um dos principais determinantes da saúde, bem-estar e sustentabilidade. O objetivo principal na promoção da saúde é o contributo para uma alimentação mais saudável e equilibrada.

Existem várias doenças relacionadas com a alimentação, por isso é necessário fazer uma alimentação correta e saudável. A obesidade é uma dessas doenças, existem evidências de que é a segunda causa de morte evitável. O excesso de peso e obesidade na infância e adolescência repercutem-se na vida adulta contribuindo para a mortalidade precoce, exclusão social e gastos em saúde, fragilizando a sustentabilidade económica nos sistemas de saúde (DGS, 2016).

É enquanto jovem que se adquirem os hábitos alimentares, que podem implicar importantes repercussões no estado de saúde a curto e a longo prazo. O consumo excessivo de

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alimentos processados com alto teor de gordura e açúcares, é um dos problemas alimentares mais graves na população jovem, o que resulta num défice de consumo de alimentos mais completos e saudáveis (Matos et al, 1996).

Atividade Física

Segundo George (2004), é importante que cada pessoa faça pelo menos trinta minutos de marcha regular diariamente. A atividade física, a saúde e a qualidade de vida estão intimamente relacionadas entre si. O corpo humano foi concebido para se movimentar, e como tal necessita de atividade física regular com vista ao seu bom funcionamento, e de forma a evitar doenças como hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus, entre muitas outras.

A atividade física representa um importante fator para a melhoria da qualidade de vida da pessoa. Katzer (2017), refere que a atividade física e uma alimentação equilibrada, são os principais fatores para um estilo de vida saudável.

Consumo de substâncias psicoativas (bebidas alcoólicas, tabaco, drogas e alucinogénios)

A promoção dos estilos de vida saudáveis em relação à luta contra o tabagismo é uma prioridade absoluta e inquestionável. Por sua vez, o tabagismo é um dos fatores de risco com maior impacto na saúde e esperança de vida saudável. O seu consumo é a principal causa evitável de neoplasias e de doenças cardiovasculares.

Atualmente, o consumo de tabaco nos Países desenvolvidos, é a principal causa de doença e de mortes evitáveis, sendo responsável por cerca de 20% do total de mortes verificadas anualmente nos países desenvolvidos. Segundo dados da WHO (2013), cerca de 4,9 milhões de pessoas morrem anualmente em todo o mundo como consequência deste hábito.

Em Portugal, segundo o relatório “Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017”, apresentado pela (DGS, 2017a), a cada 50 minutos morreu uma pessoa no ano de 2016, por doenças atribuíveis ao tabaco. O mesmo relatório, com base em estimativas elaboradas pelo

Institute of Health Metrics and Evaluation, refere que morreram em Portugal mais de 11800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco. Contudo, a prevalência de consumidores diários ou quase diários de tabaco, entre 2012 e 2017, registou uma ligeira redução, passando de 95,2 % para 94,0 % (DGS, 2017a).

Em relação ao tabagismo nos jovens, a mesma entidade, aponta para a idade média de início de consumo entre os 16 e os 24 anos, e registou-se no mesmo grupo etário, entre 2012 e 2017, um aumento no consumo de tabaco nos últimos 30 dias.

Relativamente ao álcool, é a substância que sendo indutora de dependência, produz as maiores repercussões quer a nível social, quer para a saúde da pessoa.

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As consequências para a saúde do consumo de álcool, incluem as doenças agudas (intoxicação, envenenamento), crónicas (dependências, cancros, doenças gastrointestinais, cardiovasculares e neuropsiquiátricas) e socioeconómicas (desemprego, violência, estigmatização e disrupção familiar). De acordo com George (2004), o consumo exagerado de álcool constitui um importante problema de Saúde Pública.

King et al (1996), classificam os consumos de álcool como: Consumo de risco, padrão de consumo que poderá implicar dano físico ou mental se esse padrão perseverar; Consumo nocivo, padrão de consumo que causa danos à saúde, sendo estes físicos ou mentais; Dependência, padrão de consumo constituído por um conjunto de aspetos clínicos e comportamentais que podem desenvolver-se após repetido uso de álcool, desejo intenso de consumir bebidas alcoólicas e descontrolo sobre o seu uso.

Horas de sono

A quantidade de sono que uma pessoa adulta necessita, diariamente, para manter um nível de funcionamento adequado é variável. A maioria das pessoas necessita de dormir entre sete a nove horas por dia, contudo, estas necessidades variam ao longo do ano, no Inverno é necessário dormir mais que o período normal (George, 2004).

Comportamentos sexuais

O instinto sexual é algo que desde os insetos ao ser humano aparece de uma maneira extremamente forte, levando a certos comportamentos e gastando energias que só se justificam biologicamente, porque tornam possível algo fundamental à vida, nomeadamente a propagação da espécie.

Educar os jovens sobre a vida sexual traduz-se numa importante forma de prevenção de problemas ligados à saúde sexual e reprodutiva. A educação sexual deve ser um processo de aprendizagem, com transmissão de informação e o desenvolvimento de atitudes e comportamentos saudáveis (Ramiro et al, 2011).

Má gestão do stresse

A gestão de stresse assume em Saúde Pública um papel importante, uma vez que está relacionada com a prevenção de doenças que provocam incapacidades e que podem levar à morte em Portugal, como exemplo disso, o Acidente Vascular Cerebral, Hipertensão e Doenças Cardíacas.

Existe também o stresse provocado no dia-a-dia de cada pessoa, resultante de fatores sociais (principalmente quem vive ou trabalha em cidades), pois estes estão expostos a situações de grande stresse.

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A intervenção sobre os estilos de vida obriga à implementação de estratégias de promoção da saúde, multissectoriais, multidisciplinares e sujeitas a avaliação (DGS, 2010).

Segundo a Carta de Ottawa, essas estratégias podem sistematizar-se em cinco grandes domínios: definição de políticas, legislação e regulamentação; criação de ambientes de suporte; reforço da ação comunitária; informação, educação para a saúde e capacitação individual e coletiva (empoderamento), e reorientação dos serviços de saúde.

Na década de oitenta, com o intuito de melhorar as abordagens neste domínio, a OMS promove uma estratégia de prevenção integrada de fatores de risco de doenças não transmissíveis. Em 1987, Portugal adere ao Programa de Intervenção Integrada sobre Doenças não Transmissíveis, cuja coordenação foi atribuída ao Instituto de Cardiologia Preventiva, à Direção-Geral da Saúde e ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Este Programa assentou numa abordagem integrada de fatores de risco de doenças não transmissíveis: tabaco, álcool, alimentação, atividade física e stresse. Utilizou abordagens pluridisciplinares e estratégias de cooperação intersectorial assentes em intervenções centradas na comunidade.

Segundo George (2004), a promoção de estilos de vida saudáveis foi considerada uma das prioridades cimeiras. A DGS em colaboração com OMS criou o “Programa Nacional de Intervenção Integrada sobre Determinantes da Saúde Relacionadas com os Estilos de Vida”, tendo como objetivo geral “reduzir a prevalência de fatores de risco de doenças crónicas não transmissíveis e aumentar a prevalência de fatores de proteção, relacionados com os estilos de vida, através de uma abordagem integrada e intersectorial“, George (2004:28-29).

O mesmo programa apresenta como objetivos específicos:  Reduzir a proporção de fumadores;

 Aumentar o número de espaços públicos livres de fumo de tabaco;

 Aumentar a proporção de população fisicamente ativa (pelo menos trinta minutos diários de atividade física moderada);

 Reduzir o consumo de sal (menos de 5 g/dia);

 Reduzir a prevalência de excesso de peso e obesidade (IMC> 25);

 Aumentar o consumo adequado de frutos, legumes e vegetais (pelo menos 400 g/dia);  Reduzir o consumo total de gorduras para valores entre 15% a 30% da ingestão calórica

diária);

 Reduzir o consumo excessivo de gorduras saturadas (10%m da ingestão calórica diária);  Reduzir o consumo excessivo de gorduras trans (1 % da ingestão calórica diária);

 Reduzir a prevalência de consumidores excessivos de álcool (menor que 16 g de etanol/dia nas mulheres e 24 g/dia nos homens).

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No atual Plano Nacional de Saúde 2012-2020, são focados como fatores prioritários de intervenção, o consumo de tabaco, a alimentação, o consumo de álcool, a atividade física e a gestão do stresse.

A opção pelos estilos de vida saudáveis depende do modo como se relacionam as aprendizagens da pessoa no seu processo de socialização, por isso promover a saúde é um processo complexo que deve não só incluir as ditas ações educativas, mas também possibilitar a aquisição ou o desenvolvimento de competências, que promovam o desenvolvimento social e pessoal, habilitando e responsabilizando a pessoa pelas suas opções.

“… assegurar a saúde das populações não representa apenas um imperativo ético é também uma condição indispensável para o sucesso económico num mundo em profunda transformação, já que esta é o bem supremo a que todo o indivíduo e sociedade aspiram. Promover e manter a saúde deve constituir uma preocupação geral, isto porque, viver com saúde e saber aproveitá-la, é sem dúvida, uma aspiração e um direito comum a todos os seres humanos”, Augusto (2011:2)

1.3 ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR E ESTILO DE VIDA

No ensino superior o estudante adquire um estilo de vida com caraterísticas muito próprias, na maioria dos casos, tal poderá dever-se ao afastamento do seio familiar, ao aumento das responsabilidades e da autonomia nas suas próprias escolhas. Para Pinheiro (2004), esse período de transição na vida do jovem adulto, pode afetar e alterar de forma permanente o seu estilo de vida, pois fatores como a alimentação, o exercício físico, os hábitos de consumo de álcool, tabaco ou outras drogas, o comportamento sexual e o bem-estar psicológico, podem ser alterados de forma negativa e vincadamente para o resto da sua vida.

O ingresso no ensino superior representa uma das metas mais desejadas pelos estudantes, e ao mesmo tempo a mais difícil que o mesmo vivenciará, pelas mudanças que ocorrem ao nível do processo educativo/formativo e de desenvolvimento que se desencadeiam no ensino superior, principalmente durante o primeiro ano (Pinheiro, 2004).

Segundo o mesmo autor, o ingresso no ensino superior confronta a maioria dos jovens com vários desafios, o sair de casa e separar-se dos seus familiares e amigos; viver num meio que lhe é desconhecido; criar novos laços de amizades e eventualmente uma relação mais íntima; assumir novas responsabilidades e desenvolver a sua autonomia; e reconhecer a importância dessa fase da vida na construção da sua identidade e formação profissional.

Pinheiro (2011), afirma ser consensual a ideia de que a adaptação ao ensino superior provoca mudanças comportamentais, cognitivas, afetivas e consequentemente provoca alterações

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no estilo de vida dos jovens, geralmente negativas, com tendência a manterem-se ao longo da vida e a influenciar a sua saúde e o bem-estar a curto e a longo prazo.

Corroborando com a mesma ideia, Almeida (2013) sustenta que, o ingresso no ensino superior é a etapa mais importante na vida de qualquer estudante. Para além de poder adquirir um conhecimento específico numa determinada área, o ingresso no ensino superior coloca o jovem adulto perante novos papéis e expectativas enquanto estudantes. Este terá uma vida académica com novos métodos pedagógicos e sistemas de avaliação, ou seja, o jovem adulto enquanto estudante enfrenta todo um conjunto de alterações que exige a capacidade de modificar rotinas do quotidiano e adquirir novos hábitos de estudo.

Silva et al (2015:13) reforçam a ideia,

“a viragem que os estudantes vivenciam com a transição para o ensino superior, não acontece apenas ao nível do percurso propriamente escolar e laboral, mas ganha extensão em outras dimensões da vida, menos conhecidas de um ponto de vista científico. As instituições de ensino superior são, efetivamente, um contexto onde os estudantes entram em contacto com novas realidades culturais e sociais, suscetíveis de reconfigurar os seus círculos sociais, quadros simbólicos de referência e hábitos quotidianos.”

Seguindo a linha de pensamento dos autores supra citados, é provável que a adaptação ao ensino superior provoque alterações de comportamento e de hábitos de consumo, consequentemente os problemas que ocorrem com mais frequência no seio da população académica são a ansiedade, o stresse, o isolamento/solidão, o abuso de álcool, tabaco e outras drogas, alterações na dieta e hábitos de exercício físico e sono. Com tudo isto, e no que se refere ao estilo de vida do jovem universitário, este encontra-se perante o risco de um estilo de vida pouco saudável, o que trará repercussões na sua saúde e bem-estar a curto e longo prazo (Santos, 2011).

Perante toda esta problemática que envolve o jovem adulto enquanto estudante, é fundamental que “a partir das ciências sociais, se consiga produzir conhecimentos mais aprofundados e rigoroso sobre a entrada e as vivências no ensino superior, enquanto momento potencialmente reestruturador dos estilos de vida dos jovens” (Silva et al, 2015:14).

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2. A INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

O enfermeiro no desempenho da sua prática, segundo a WHO (2009), realiza a função de educador para a saúde, identifica as necessidades da pessoa, grupo ou comunidade, estabelece objetivos e delineia estratégias de intervenção, realiza atividades de aprendizagem para aumentar os conhecimentos e dessa forma influencia atitudes e comportamentos, capacitando a pessoa para escolhas saudáveis.

Para Correia (2001), a prática de enfermagem centra-se no cuidado da pessoa pertencente a um grupo ou comunidade. O papel do enfermeiro passa pela promoção da saúde e da autonomia da pessoa, reforçando as capacidades da mesma individualmente e em grupo ou comunidade, respeitando as decisões da pessoa com base na sua experiência de saúde e aumentado a disponibilidade de informação para uma melhor saúde.

O presidente do Conselho Internacional de Enfermagem, Ghebrehiwet (2009) afirma que, os enfermeiros trabalham em diversos ambientes que proporcionam oportunidades ideais para a promoção da saúde e criar dessa forma casas, escolas, cidades e locais de trabalho mais saudáveis. Ainda segundo o mesmo autor, os enfermeiros a nível individual e através das associações nacionais, podem ser eficazes abrindo o caminho para a saúde através da sua promoção, e juntamente com outros prestadores de cuidados de saúde, gestores e responsáveis de tomada de decisão política podem:

- realizar uma consciencialização sobre os múltiplos e mutáveis determinantes da saúde; - promover ações conjuntas no sentido da criação de serviços públicos e ambientes mais saudáveis;

- estabelecer uma rede com outras organizações e setores para eliminar obstáculos à promoção da saúde;

- promover ambientes cuidadores das pessoas e que favoreçam o apoio que as mesmas necessitam;

- exercer pressão no sentido da criação de condições de vida e de trabalho que sejam seguras;

- fortalecer a ação e o envolvimento da comunidade no estabelecimento de prioridades, tomada de decisão, estratégias de planeamento e sua implementação para conseguir uma saúde melhor;

- proporcionar ao público a informação e a educação para a saúde, que o prepare para o autocuidado em diferentes etapas das suas vidas e o ajude a lidar com doenças crónicas e lesões;

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- ajudar as pessoas a desenvolverem aptidões pessoais, que melhorem a sua capacidade de controlarem a sua própria saúde e de tomarem decisões saudáveis;

- estabelecer alianças com outras associações de profissionais de saúde e grupos de atuação comunitária;

- colaborar ativamente no alinhamento dos serviços de saúde para se centrarem na prevenção primária e nos serviços de promoção da saúde.

A enfermagem assenta a sua prática numa base legal, com leis e regulamentada através de competências estabelecidas pela Ordem dos Enfermeiros (OE). A educação para a saúde é uma prática de todos os enfermeiros no seu dia-a-dia. Para Sands & Wilson (2003), os enfermeiros são os profissionais de saúde mais competentes no processo de educação para a saúde, tendo como preocupação o bem-estar e a satisfação das necessidades da pessoa.

“Na procura permanente da excelência no exercício profissional, o enfermeiro ajuda os clientes a alcançarem o máximo potencial de saúde”(OE, 2011:12). A OE define as competências do enfermeiro de cuidados gerais, e revela que o exercício da atividade profissional dos enfermeiros tem como objetivos fundamentais a promoção da saúde, a prevenção da doença, o tratamento, a reabilitação e a reinserção social (OE, 2004).

Existem ainda outras competências que são atribuídas aos enfermeiros, na área da promoção e educação para a saúde, nomeadamente:

 Competência 35: Participa nas iniciativas de promoção da saúde e prevenção da doença, contribuindo para a sua avaliação;

 Competência 36: Aplica conhecimentos sobre recursos existentes para a promoção da saúde e educação para a saúde;

 Competência 37: Atua de forma a dar poder à pessoa, à família e à comunidade, para adotarem estilos de vida saudáveis;

 Competência 38: Fornece informação de saúde relevante para ajudar as pessoas, a família e a comunidade a atingirem os níveis ótimos de saúde e de reabilitação;

 Competência 39: Demonstra compreender as práticas tradicionais dos sistemas de crenças sobre a saúde das pessoas, das famílias ou das comunidades;

 Competência 40: Proporciona apoio e educação no desenvolvimento, e na manutenção das capacidades para uma vivência independente;

 Competência 41: Reconhece o potencial da educação para a saúde nas intervenções de enfermagem;

 Competência 42: Aplica o conhecimento sobre estratégias de ensino e de aprendizagem nas interações com as pessoas, as famílias e as comunidades;

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A prática de enfermagem foca a atenção na promoção dos projetos de saúde que cada pessoa vive e pretende alcançar. Segundo a OE (2002:8-9), existe a tendência de ao longo de todo o ciclo vital, “prevenir a doença e promover os processos de readaptação, a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das atividades de vida, procura-se a adaptação funcional aos défices e a adaptação a múltiplos fatores – frequentemente através de processos de aprendizagem do cliente”.

Tendo em consideração que o objetivo primordial da promoção da saúde é promover alterações positivas nos comportamentos de saúde das pessoas, os enfermeiros como promotores da saúde, devem possuir conhecimentos e competências que lhes permitam fomentar atitudes ou condutas benéficas para aquela pessoa, respeitando o seu ritmo e as suas necessidades, em termos de saúde mobilizando motivações junto da pessoa em vez de imposições.

A promoção da saúde revela-se de máxima importância, e é desta forma que se consegue obter o máximo potencial de saúde. Para que tal ocorra, é necessária a identificação da situação de saúde da população e a identificação dos recursos de saúde que a pessoa, família e comunidade têm ao seu dispor; a elaboração e a aplicação de atividades que promovam estilos de vida saudáveis; o desenvolvimento do potencial de saúde individual; e a capacitação de novas competências pela pessoa, através de uma informação dirigida a si mesmo e que lhe permita decidir com conhecimento. O envolvimento da família neste processo é fundamental, em particular se o objetivo for a adoção de hábitos e estilos de vida saudáveis, (OE, 2002).

Segundo o Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) em 2010, os enfermeiros para influenciarem comportamentos e atitudes promotoras de estilos de vida saudáveis, podem intervir nos locais de trabalho e nas escolas para promover ambientes e praticas mais saudáveis e devem utilizar todas as oportunidades para informar e orientar a pessoa e família, na busca e adoção de hábitos mais saudáveis. Ainda segundo o CIE (2010), esta ação da prática de enfermagem deve ser realizada a nível individual por todos os enfermeiros.

Para Redman (2003), os enfermeiros ao estarem inseridos nas equipas de saúde, são elementos ativos e corresponsáveis junto dos grupos e comunidades, sendo assim necessário conhecer os comportamentos de saúde da população.

Está preconizado pela OE (2002), que o enfermeiro nesta relação com a pessoa deverá ter uma prática assente sobre os seguintes pressupostos:

- as pessoas são responsáveis pela sua própria saúde;

- as pessoas, grupos e comunidades têm capacidade para a mudança positiva ou negativa; - as pessoas devem ter direito à informação que lhes permita decidir acerca do seu comportamento e escolher o seu estilo de vida;

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- as pessoas assimilam comportamentos saudáveis, que consideram pessoalmente relevantes e aceitáveis na sociedade.

“Hoje, os enfermeiros têm uma oportunidade única de contribuir significativamente para a vida das pessoas e, de um modo positivo, influenciar a saúde da sociedade, ajudando as pessoas a fazer escolhas informadas de estilos de vida saudáveis” (Sands & Wilson, 2003:57).

A promoção da saúde e a educação para a saúde, são ações por excelência dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária. Estes estabelecem um contacto muito próximo e permanente com a população/comunidade, e possuem um conhecimento privilegiado dos hábitos, crenças, atitudes e comportamentos das pessoas, o que facilita uma ação promotora de saúde dirigida às famílias e à comunidade.

2.1- O CONTRIBUTO DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

A Enfermagem Comunitária tem a sua intervenção principal na promoção da saúde da pessoa, das populações e das comunidades. Para tal, atua na capacitação das mesmas para obtenção de ganhos em saúde. O enfermeiro participa num processo de permanente interação, onde são identificadas as necessidades de saúde da pessoa, família, grupo e comunidade, estabelece prioridades e estratégias e avalia os resultados obtidos.

O Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária tem um papel fundamental neste processo, pois possui competências para coordenar e implementar programas de saúde que envolvam a comunidade ao nível da saúde, da educação, das redes sociais, e dos mais variados meios que visem a capacitação de grupos e comunidades. Segundo a OE (2012a), o enfermeiro tem a responsabilidade de criar, planear e executar programas de intervenção comunitária com o objetivo de realizar a prevenção, proteção e promoção da saúde, tendo em conta as necessidades das pessoas, grupos e comunidades.

O enfermeiro especialista em Enfermagem Comunitária tem como finalidade principal prevenir a doença na pessoa e comunidades e promover os processos de readaptação, bem como o máximo de autonomia nas escolhas de saúde da pessoa, grupos e comunidades. Segundo a OE (2010), as competências específicas definidas para os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem Comunitária são as seguintes: estabelece, com base na metodologia do planeamento em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade; contribui para o processo de capacitação de grupos e comunidades; integra a coordenação dos programas de saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do PNS; realiza e coopera na vigilância epidemiológica de âmbito geodemográfico.

Referencias

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